quarta-feira, 19 de julho de 2023

 

SALOMÃO, fatos e curiosidades.

 

Filho de Davib e Bat Sheva (Betsabé), rei de Israel (961-c.920 a.C.) e construtor do primeiro Templo. Seu nome hebraico era Shlomó, e sua história é contada no primeiro livro dos Reis, do Antigo Testamento. Por manobra de sua mãe e do profeta Natan, Salomão subiu ao trono quando seu pai, Davi, ainda vivia. A fim de trazer o centro religioso para Jerusalém e assim fortalecer seu poder político, construiu, com a ajuda do rei fenício de Tiro, Hiram, um majestoso templo, que foi concluído no 11º ano de seu reinado. O reinado de Salomão foi pontuado por obras e medidas importantes, como a divisão do reino em 12 províncias, a construção de cidades-fortalezas e cidades-celeiros e a construção de um porto em Eilat, abrindo caminhos marítimos para a África oriental, a península Arábica e a Ásia. A tradição judaica atribui a Salomão uma grande sabedoria, que lhe granjeou prestígio internacional (ilustrado no episódio da visita da rainha de Sabá). Opulência e magnificência caracterizaram sua corte, as artes proliferaram, e ao próprio Salomão são atribuídos textos literários, como o Cântico dos Cânticos, os Provérbios e Eclesiastes, incorporados aos Hagiógrafos. Mas todo esse esplendor custava caro, e o peso desse custo levou à decadência, ao enfraquecimento e às disputas internas. Com a morte de Salomão, o reino cindiu-se em dois, o reino de Judá, ao sul, e o de Israel, ao norte, e nunca tornou a se unir. (P.G.)[1]

SALOMÃO, FATOS E CURIOSIDADES.

FATOS

Salomão e a maçonaria, em busca de evidências da existência do herdeiro da casa de Davi.

Quem foi Salomão?

Salomão foi o terceiro rei do reino unido de Israel no período de 970 a 931 A.C., assumindo o legado deixado por seu pai o rei Davi; filho deste rei com Bate-Seba; foi considerado um rei sábio e rico e coube a ele a construção do Templo, cuja tarefa segundo relato bíblico foi dada por Deus a Moisés.

Nas escrituras bíblicas podemos encontrar diversos relatos que remetem à vida e tempo em que viveu Salomão.

A palavra Salomão tem por significado: pacífico, tranquilo; paz, a paz dele; tranquilidade. E foi diante destas noções de bondade, sabedoria e de um líder tranquilo e acolhedor que a maçonaria se ancorou na lendária figura deste sábio rei para apropriar-se das qualidades do mesmo e atribuí-la ao Venerável das Lojas/Templos maçônicos. Cabe então ao Venerável dirigir os trabalhos dentro dos ditames atribuídos a Salomão e, mais que tudo ter a sapiência de situá-la aos tempos em que vivemos.

Durante muito tempo da minha vida ouvi não haver evidências da existência do reino de Davi e Salomão e, como tal, a menção de Salomão e seus atributos de sabedoria e bondade levariam a conclusão de que a criatividade humana de um maçom ou maçons teria aludido à possibilidade de relacionar a lenda maçônica àquele que é considerado o mais sábio dos homens. Mas com a evolução da humanidade e consequentemente da ciência e, principalmente, do avanço da arqueologia é possível alterar a nossa percepção de que a Bíblia é tão somente um livro histórico; é sim um livro histórico, mais que isso é um livro histórico que fornece amparo a muitas descobertas em sítios arqueológicos e como tal permite iluminarmos este nosso trabalho com dados a partir de descobertas que apresentam evidências do reino de Salomão, a partir de extratos da obra de Randall Price e H. Wayne House, 2020, que organizamos em uma tabela:

 Tabela 1. Dados arqueológicos – eventos sobre o reinado de Salomão.

Nome

Idioma

Descobridor

Local da descoberta

Data da descoberta

Material encontrado

Data de origem

Relevância Bíblica

Palácio de Gezer

 

Steve Ortiz.

Geser (Israel).

2016

Palácio monumental semelhante aos existentes no mesmo período.

Século X a.C.

Ligado ao reinado de Salomão, dando apoio à descrição bíblica do reino israelita primitivo.

Bula de Khirbet Summeily

 

Hebraico

Jimmy Hardin, Jeff Blakely.

Khirbet Summily perto de Gaza, na antiga. fronteira entre Judá e Filístia.

2014

O assento de julgamento em Corinto, onde os julgamentos eram realizados.

Século X a.C.

A atividade administrativa nesse remoto posto da Judeia apoia a existência do antigo reino de Judá e dos reis bíblicos Davi e Salomão.

Santuários

cultuais de

Khirbet

Qeiyafa.

 

Yosef Garfinkel.

Khirbet Qeiyafa

(Shemarayim,

Israel).

2011

Modelos de argila

de santuário ritual

em forma de

templos.

Século X

a.C.

Revelando o significado dos tríglifos

na arquitetura do

Templo de Salomão.

Minas de

cobre de

Salomão.

 

Thomas Levy.

Sul do Jordão.

2008

Ferramentas para

mineração de cobre

do reino bíblico

de Judá.

Século X

a.C.

A produção de

metal em escala

industrial esteve em

operação no local

durante os reinados

de Davi e Salomão.

Relevo de

Sheshonq

(Bubastite

Portal).

Hieróglifos

do Egito

Médio.

Jean-François

Champollion.

Templo de

Karnac de Amun

(Egito).

1825

Campanhas militares de Sheshonq I =

Sisaque.

925 a.C.

Ataque contra

Roboão, filho de

Salomão (1Rs 11:40;

14:25; 2Cr 12:2-9).

Fonte: o autor. Adaptado de Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson (pp. 364-366, 2020).

Além do que apresentamos na Tabela 1, seguem mais alguns extratos da obra de Randall Price e H. Wayne House (pp. 236-251,2020):

Como uma evidência do reino de Salomão na capital de Jerusalém, em 2010, uma muralha da cidade com uma guarita datando do final do século X a.C. foi descoberta em Ofel. De acordo com Eilat Mazar, o arqueólogo que escavou o local, esse muro provavelmente está ligado à cidade de Davi e se encaixa com a descrição bíblica de que o rei Salomão construiu uma linha de fortificação em torno de suas novas construções do templo e do palácio do rei. [...] Com relação ao projeto comum, o relato bíblico da construção do Primeiro Templo revela que, do início ao fim, o trabalho foi projetado e executado por meio de uma habilidade regional dirigida pelo rei Hirão de Tiro. Josefo registra que Hirão também construiu um palácio real e um templo para Melqart, a divindade local da cidade fenícia de Tiro (Ag. Ap. i:17). Portanto, enquanto o rei Salomão empregava seus próprios trabalhadores, a habilidade na construção e a mobília do templo eram reconhecidas como um empreendimento estrangeiro. [...] Eusébio, um dos Pais da Igreja do século IV d.C. preservou o registro do sacerdote fenício Sanchuniathon, que também descreveu como o rei Hirão forneceu materiais para a construção do templo. [...] Hirão enviou seus arquitetos e artesãos fenícios para aconselhar seus colegas israelitas a construir o templo segundo especificações contemporâneas. Um deles era um artesão meio hebreu, meio fenício, chamado Huramabi (Hurão, NVI[2]), que recebia a supervisão dos artesãos do templo. O crédito é dado a ele pelos objetos decorativos, moldados e sobrepostos no templo (1Rs 7:13-45; 2Cr 2:13-14). Enquanto o imponente sarcófago de pedra calcária de Hirão ainda existe a sudeste de Tiro, na aldeia de Hanaway, é o estilo dos templos nessa região que são de maior interesse arqueológico, pois fornecem os paralelos mais próximos de como pode ter sido a aparência do Primeiro Templo bíblico.

 

O que nos motivou e permitiu que chegássemos até o momento de poder apresentar as evidências sobre Salomão foi a nossa curiosidade e mais que isto o estímulo ao estudo com disciplina. (o texto acima foi recortado de um trabalho de pesquisa de minha lavra intitulado “Palavras de origem hebraica e seu significado”, apresentado ao Collegio de Maçonologia).

CURIOSIDADES

MUITAS LENDAS FORAM contadas sobre os garimpos do interior africano, de onde vinha o abastecimento de pó de ouro que chegava à costa de Zanj. Elas persistiram por séculos e acabaram tendo um impacto dramático sobre o destino dos povos dos planaltos do sul da África. Marinheiros portugueses que se aventuravam ao longo da costa no século XV acreditavam que o pó de ouro que viam sendo carregado nos dhows árabes em Sofala deveria vir da terra de Ofir, uma cidade mencionada na Bíblia como o lugar de onde os navios do rei Salomão tinham levado ouro. Os rumores sobre a fabulosa riqueza de Ofir ganharam força no século XIX. Publicado em 1885, um romance best-seller de Rider Haggard, As minas do rei Salomão, conferiu status popular à ideia de uma região inexplorada ao norte do rio Limpopo que continha vastas riquezas minerais.[3]

De acordo com o Kebra Negast, ou o “Livro da glória dos reis”, os monarcas da Abissínia eram descendentes de uma união entre o rei Salomão e a rainha de Sabá que teve lugar em Jerusalém, no século X a.C. Ciente da grande sabedoria de Salomão, a rainha Makeda viajara de Sabá até Jerusalém, acompanhada de uma grande comitiva e uma caravana de camelos carregados com presentes de ouro, pedras preciosas e especiarias. A descrição de seu encontro é dada no Antigo Testamento: 1 Reis, capítulo 10.

Ainda de acordo com o Kebra Negast, Makeda ficou fascinada com a demonstração de conhecimento de Salomão e declarou: “A partir deste momento, não vou adorar o sol, e sim o Criador do sol, o Deus de Israel.” Na véspera de começar sua jornada para casa, Salomão a seduziu. O filho deles, Menelik, nasceu em seu caminho de volta para Sabá. Com 22 anos, Menelik viajou para Jerusalém, onde foi reconhecido por Salomão como seu filho e coroado rei. Ao partir de Jerusalém para Aksum, Menelik levou consigo a Arca da Aliança, o objeto mais sagrado dos tempos do Antigo Testamento, que continha as tábuas de pedra com a gravação dos Dez Mandamentos. Dois mil anos depois, de acordo com o Kebra Negast, a Arca ainda era mantida em um santuário em Aksum. A lenda continua até hoje.[4]

Escrito em ge’ez, o Kebra Negast baseou-se em uma série de relatos antigos que circulavam na Abissínia sobre as conexões entre o antigo reino de Aksum e a terra de Sabá, no sul da Arábia. O objetivo dos autores era fornecer aos reis da Abissínia uma longa linhagem de legitimidade e uma manifestação do favor divino. O Kebra Negast chegou a ser considerado um texto sagrado e gozava de grande popularidade. A história de Salomão, Makeda e Menelik foi repassada por contadores de histórias de uma geração a outra e representada em pinturas. Réplicas da Arca conhecidas como tabots tornaram-se itens corriqueiros na vida da igreja e eram levadas em procissão em tempos de festival.[5]

Genaldo Luis Sievert

glsievert@gmail.com

Sievert, G.L.

2021

 



[1] Azevedo, Antonio Carlos do Amaral; Geiger, Paulo. Dicionário histórico de religiões. Lexikon. Edição do Kindle (posição 10923).

 

[2] Nova Versão Internacional.

[3] Meredith, Martin. O destino da África (p. 111). Zahar. Edição do Kindle.

[4] Meredith, Martin. O destino da África (p. 114). Zahar. Edição do Kindle.

 

[5] Meredith, Martin. O destino da África (p. 115). Zahar. Edição do Kindle.

 

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