sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


O PROCESSO INICIAL PARA ANÁLISE DE CONTEÚDO
DE UM GRUPO FOCAL EM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

SIEVERT, Genaldo Luis[1] SIEVERT, G. L. - PUCPR.

Grupo de trabalho: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas.
Agência financiadora: não contou com financiamento.

Resumo

Este documento é um relato de uma experiência vivenciada durante a participação na disciplina Seminário de Pesquisa II: Análise de Dados Qualitativos com Recursos Tecnológicos, no primeiro semestre de 2013, na PUCPR; tem por objetivo demonstrar a real possibilidade de utilização de um software como instrumento para análise de conteúdo de um Grupo Focal que está inserido em um Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. O Corpus analisado é um Fórum de um curso de formação continuada, para profissionais que atuam com alunos em tratamento de saúde. São dados empíricos obtidos a partir da extração dos conteúdos disponíveis no AVA. Neste documento serão apresentadas as etapas iniciais necessárias ao preparo do conteúdo a ser analisado, bem como a elaboração de uma metodologia específica para o caso em questão. Serão descritas passo a passo as etapas necessárias, iniciais, para a formação de um conjunto de códigos, categorizações e famílias, elementos necessários para projetar as condições apropriadas à fase posterior: a análise dos conteúdos encadeados com o suporte do software. O presente texto é um recorte de uma dissertação em desenvolvimento e que encontra no software Atlas.ti apoio técnico e organizacional que proporcionam ao pesquisador condições especiais para ampliar a visão da análise. O resultado oriundo desta organização inicial é a posterior facilidade para a elaboração de elementos codificadores e categorizadores no software Atlas.ti. A pesquisa é exploratória e qualitativa. O apoio teórico recaiu nos seguintes autores: Strausse Corbin (2008), Stake (2011), Gray (2012), Flick (2009), Lankshear e Knobel (2008), Gibbs (2009) e Bardin (2011), por ordem de citação.

Palavras-chave: Análise de conteúdo. Software. Grupo focal. Atlas.ti, AVA.
 Introdução
 Encontramo-nos em um tempo em que a busca por elementos facilitadores para o dia a dia é uma constante.
Percebemo-nos frequentemente em busca da rapidez na comunicação com familiares, amigos e colegas de trabalho, bem como, quando na condição de uma ação no âmbito profissional nas relações na empresa nas suas mais diversas extensões. Não é diferente quando estamos frente a frente com uma condição de estudo, seja relacionada a uma pesquisa ou a uma simples condição de preparação para a realização de uma avaliação.
A Sociedade exige de todos nós uma nova postura, atitude ou posicionamento quanto à utilização de novas tecnologias, como por exemplo, quanto ao uso de equipamentos ou softwares. Na vida acadêmica não é diferente quando nos deparamos em uma condição em que realizar ou desenvolver uma pesquisa para graduação ou Stricto Sensu, se torna um grande desafio, e é neste momento que é oportuno compreender a importância de adquirir novas habilidades, aqui neste contexto compreendida como as condições necessárias para utilizar e aplicar as facilidades que um software pode e deve proporcionar.
Mas cabe um alerta: um software por si só não é suficiente para desenvolvimento de qualquer trabalho de pesquisa. Antes de qualquer coisa é preciso compreender que a atitude do pesquisador é fundamental para que a pesquisa venha a fluir, sabendo-se que poderá encontrar-se como um rio, em alguns momentos com águas fluindo calmamente e em harmonia com o ambiente ao seu redor e em outros, agitado e conturbado. Assim elementos que o pesquisador não venha a considerar poderão estar contrariando os objetivos iniciais, e interferindo no desenvolvimento do trabalho a ser executado.
Nada mais nada menos do que tomar uma atitude é o que está à nossa frente em todos os momentos dos nossos dias. Não é diferente na condição de pesquisador, um posicionamento, uma crítica, uma aceitação, uma contradição, uma explicação, estas serão as nossas companhias na construção de uma análise ou no desenvolvimento de uma teoria.
 Desenvolvimento
Temos uma consideração inicial importante a destacar: o que é a pesquisa qualitativa, e encontramos amparo em Strauss e Corbin (2008, p. 24) com o seguinte conteúdo para apoiar a nossa arguição:
Com o termo “pesquisa qualitativa” queremos dizer qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções e sentimentos, e também à pesquisa sobre funcionamento organizacional, movimentos sociais, fenômenos culturais e interação entre nações. Alguns dados podem ser quantificados, como no caso do censo ou de informações históricas sobre pessoas ou objetos estudados, mas o grosso da análise é interpretativa. [...] Ao falar sobre analise qualitativa, referimo-nos não à quantificação de dados qualitativos, mas, sim, ao processo não matemático de interpretação, feito com o objetivo de descobrir conceitos e relações em um esquema explanatório teórico.
Eis, então, uma nota inicial que nos posiciona quanto a importância deste tipo de pesquisa, da relevância para o desenvolvimento de conteúdos resultantes de uma análise em qualquer campo da pesquisa acadêmica.
Neste sentido Stake (2011, p. 46) contribui com a seguinte argumentação: “A pesquisa qualitativa é algumas vezes, definida como pesquisa interpretativa. Todas as pesquisas exigem interpretações e, na realidade, o comportamento humano exige interpretações a cada minuto”.
Assim entendemos que para desenvolver a pesquisa temos que elaborar um método para dar sustentação quanto ao aspecto como orientar-se na organização da coleta de dados.
Desta forma elaboramos um roteiro que nos apoiará enquanto fazemos a extração dos dados de um dos Fóruns.
Objetivando alcançar o sucesso na intervenção nas salas virtuais de aprendizagem, cujo objetivo é a análise dos aspectos mediáticos, interacionais e contributivos, uma metodologia de trabalho específica para o caso em questão, foi elaborada.
Para sustentar o que apresentamos a seguir, como os passos que orientaram o nosso trabalho, buscamos em Strauss e Corbin, (2008, p. 17), que metodologia, métodos e codificação, são respectivamente: [...] “uma forma de pensar sobre a realidade social e de estudá-la. [...] um conjunto de procedimentos e técnicas para coletar e analisar dados. [...] os processos analíticos por meio dos quais os dados são divididos, conceitualizados e integrados para formar a teoria”.
Entenda-se que o contexto do campo de análise é um AVA e para iniciar um procedimento específico elaboramos uma sequencia para nos auxiliar em todas as etapas, inclusive, envolvendo os procedimentos necessários para a utilização do software Atlas.ti, que, é utilizado para uma etapa seguinte da exploração em estudo.
Este material foi extraído com expansão de todos os diálogos realizados nos fóruns sob análise, da seguinte maneira:
a) acesso ao espaço online;
b) acesso a sala virtual;
c) acesso ao Menu – Fórum;
d) expansão de todas as caixas de diálogo;
e) seleção individual de cada participante seguida da seleção do conteúdo produzido;
f) copiar e transferir para um arquivo no Word o material selecionado;
g) quando o conteúdo for extenso a caixa de resposta do Fórum, é aberta para possibilitar a seleção e cópia do conteúdo;
 h) o tempo de duração da extração deve ser marcado, em horas para cada um dos fóruns;
 i) no Word, os conteúdos devem ser codificados, conforme sugerido a seguir, sendo utilizadas as letras A, B, C, D e E, identificando cada sala virtual; para identificar os alunos virtuais, as letras podem ser acrescidas de um número a partir do número 1, em ordem crescente conforme o acesso de um novo aluno/professor nos diálogos textuais iniciais com os números inseridos entre parênteses, A(1), B(3), C(5), D(8) E(31)... E(41);
j) Para os professores/tutores foi utilizada a letra P, seguida de um número a partir do número 1, em ordem crescente por ordem de aparição durante o desenvolvimento dos diálogos textuais com os números inseridos entre parentes, P(1), P(2)... P(10);
k) após a transferência para o Word, é importante efetuar uma leitura total de todos os conteúdos; este procedimento deve ser repetido para tentar evitar retrabalho;
l) após esta leitura deve ser realizada uma formatação para melhorar a estética dos textos extraídos, mantendo-se os conteúdos intactos;
m) após esta providencia inicia-se o processo de codificação dos alunos virtuais;
n) feita a codificação elabora-se uma planilha para onde os nomes completos dos alunos virtuais são transferidos juntamente com a codificação;
o) durante o processo de extração dos conteúdos há a ocorrência de participação, por vezes, de um mesmo aluno virtual e isto ocasiona, em poucas situações, a codificação de um mesmo participante com códigos diferentes;
p) quando isto ocorre é mantida a primeira codificação e a posterior não é redirecionada a nenhum outro participante, prosseguindo-se com a sequencia estipulada; a detecção desta eventual falha foi possível ao utilizarmos para conferência dos códigos, o recurso de localização do Word 2010 que apresenta uma caixa lateral onde é possível localizar o que foi digitado Assim quando um nome é digitado traz consigo o código a ele destinado, indicando, inclusive, as páginas em que estava inserida a referência a ele destinada;
q) após a codificação todos os nomes dos alunos/professores virtuais são excluídos, bem como os dos professores/tutores;
r) após esta providencia uma nova leitura é executada com o objetivo de identificar: apresentação dos alunos virtuais, relato de uma experiência, citação de utilização de TIC em suas atividades, desenvolvimento de diálogos entre alunos/professores e professores/tutores/alunos, entre outras características próprias de um fórum;
s) os autores consultados para apoiar e fundamentar o problema de pesquisa, metodologia e teoria ao longo do desenvolvimento da dissertação, deve constar, sem exceções da lista de referencia;
t) após a citação dos diálogos dos participantes dos fóruns é efetuada uma verificação dos conteúdos transferidos para o corpo de um capítulo, por exemplo, utilizando-se para isto a ferramenta do Word, já citada anteriormente, Figura 1;
  
Figura 1. Verificando o número de vezes em que o participante aparece.