sábado, 3 de novembro de 2012


Eu, Morin, Capra, Campbel, Freire e Gardner: o que temos em comum?

 Sievert, Genaldo Luis

Certamente uma cabeça bem feita não é uma cabeça bem cheia. Assim Morin (2011) inicia a sua argumentação em “A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento”. É pertinente salientar que o que está bem cheio não significar estar com o melhor conteúdo, seja no nível de compreensão intelectual ou material. É certo que encher um balde com água até o limite de sua borda não é, com certeza, o entendimento correto de que a mesma quantia de água chegará ao destino, o que deseja e entende o proponente da ação. É certo que uma margem de acerto ou erro deve ser considerada em qualquer caso que possamos imaginar, caso contrário, a ação em si deixará de ser efetiva ou concludente. O “bem cheia” refere-se às aptidões em geral e aos princípios organizadores que devem permear a ação humana, no geral e nas particularidades.  Morin nos aponta os desafios, a condição de ser humano, do aprender a viver e enfrentar as incertezas, do ser cidadão e do reaprender ser cidadão, do reformar e reciclar o pensamento, do conviver em si e com os demais as contradições intrínsecas do “ser” humano.

            As especificidades estão constituídas na complexidade. As complexidades a discutir nesta temática estão na evolução do indivíduo e do seu posicionamento no contexto em que vive e convive. O ir e vir, as transformações do ambiente social em que nos situamos como sujeitos ativos e transformadores, mesmo que não o percebamos em/ou determinados momentos da nossa existência é que provocam as alterações/transformações no contexto.

            Dos muitos desafios que, como num cenário em terceira dimensão se apresentam ao nosso dia a dia, há um que como professores e difusores da cultura, da educação, da ética, do aprender e do ensinar, do produzir conhecimento cientifico ou não surgem como desafios e que devem ser pensados e repensados, transformados com o objetivo de preparar para melhor e inserir indivíduos ao mundo em que vivemos e inconscientemente individualizamos, destruímos, eco-egoisticamente – trazendo o egoísmo ao convívio ecológico - modificamos em nome do desenvolvimento e da sobrevivência da raça humana.

            Onde está o sociológico, o cívico, o educar? Morin (2011) considera que a reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento e esta deve conduzir à reforma do ensino.

            Estamos partindo para onde se nem mesmo sabemos de onde viemos? Conduzimos o quê se nem mesmo entendemos as consequências do que produzimos/destruímos? Para Campbell (1990) a noção de que alguém literalmente fez o mundo é tido como artificialismo, é uma maneira infantil de pensar. Campbell ainda descreve que procedemos de um só fundamento de ser e que para entrar em acordo com a grande sinfonia que é o mundo, para colocar a harmonia do nosso corpo em harmonia com este universo em que vivemos, devemos realizar um grande esforço de conscientização; assim, enfatiza que: “aquele que pensa ter encontrado a verdade definitiva está enganado”. (1990). 

            O pensamento de qualquer indivíduo, aparentemente, sempre se volta para a liberdade. A liberdade de pensar. Mas o que é a liberdade? A questão é tão ampla que não vamos recorrer a um dicionário para citação. Paulo Freire (2010) diz que a liberdade tem antigas ressonâncias, anteriores mesmo ao pensamento liberal. Para Freire a transição é um caminho perene e que deve ser percorrido por aqueles que ensejam desenvolver-se e desenvolver outros com quem convivem; encontrar-se como indivíduo é para o nobre escritor a essência, a coerência, o reconhecer-se em sociedade.

            Não pretendemos nesta breve abordagem resolver, polemizar ou inserir novos problemas, mas apenas discutir ou lançar elementos que possam provocar a reflexão, a ação, à polinização de inquietações em outros indivíduos.

            Pouco mais que provocar é a alegria que temos de verificar que intelectuais das mais diversas formações questionam a forma que hoje consideramos não como um modelo, mas como uma adequação, para a condução e/ou formação de indivíduos. Capra (1997) nos traz discussões sobre as teorias sistêmicas – a discussão das partes para o todo e do todo para as partes numa ação de integração. Num grande e infinito sistema de encaixes a vida humana se sobrepôs aos demais viventes compostos por espécies diversas e que quando aos primeiros causa qualquer incomodo uma pronta reação, sofrem os segundos. Ao reagir aqueles que sofreram a ação, o fazem, entendendo que a dominação não deve ser imposta, ao invés, vivida em equilíbrio. A sensatez deixa de ser uma condição, a harmonia deixa de ser uma forma equilibrada de convivência.

            Que diferenças há entre nos que provocam tamanha discussão? Por que tantos intelectuais ocupam-se de tais questões? Complexidade, pensamento, ensinamentos, transformação, metamorfose, equilíbrio. Por que não conseguimos concluir? Por que talvez esta seja a motivação de que necessitamos para prosseguir. Prosseguir em busca de um mundo melhor, onde as corporações dos mais diversos seguimentos estejam voltadas para a continuidade da vida humana e não para exploração desta em nome da ciência, da sobrevivência, de uma vida melhor. O que é melhor?  Melhor é entender que não podemos descartar a convivência entre alunos, professores e comunidades. É compreender que há pessoas capazes em todas as fases da evolução biológica. Que interagir, respeitar, ouvir e buscar compreender pode ser a passagem através do portal tridimensional após vencer o mestre da incoerência, da ingratidão, da miséria, da insensibilidade, da aversão aos miseráveis, da aversão à justiça social, da incompreensão àqueles que dizem de forma simples: “nós também entendemos, queremos e podemos melhor; nós não só também queremos transformar, mas também queremos contribuir e obter o respeito que merecemos como seres deste complexo biossistema”.

            Temos padrões, temos condutas em todas as sequencias programadas por um sistema em nossas vidas. Por que não temos um sistema que nos possibilite conviver em harmonia? Que condição é esta em que currículos são impostos. Para Maurice Holt, in: Capra, Alfabetização Ecológica (2006), é possível tornar tanto professores quanto alunos responsáveis, sem recorrer a um sistema falho de avaliação qualitativa; o autor evoca uma metáfora para criar uma visão da educação inspirada nos “plácidos prazeres sensuais de uma refeição civilizada” como antídoto para o que ele chama de “modelo hambúrguer de educação”.  Segundo o mesmo autor, padrões é um veneno.

            Fast food ou fast school?(Holt, In: Capra, 2006).

            O que nos nutre não é o padrão, talvez, apenas nos de uma condição para produzir mais, melhor e mais rapidamente. Ainda bem que o sistema capitalista não inventou um setor nas diversas organizações com a descrição: “deixe o seu cérebro no cabide”.

            Eu sou free.

            Posso não saber... Mas... É por que não procuro?

            Não é bem assim. Tenho múltiplas inteligências. Posso não saber bem como utilizá-las, mas são minhas. Tira a mão daí!

            Para Howard Gardner (1995) a noção de escolas dedicadas às inteligências múltiplas ainda está em seu período de bebê, e existem tantas receitas plausíveis quanto chefs educacionais.

            O autor continua e afirma o seguinte: “Eu espero que a ideia das inteligências múltiplas se torne parte da formação dos professores. Embora a existência de diferenças entre alunos (e entre professores) seja aparentemente aceita, tem havido poucas tentativas sistemáticas de elaborar as implicações educacionais dessas diferenças”.

            O estímulo ao desenvolvimento nos mais diversos campos da formação humana, acredito, deva ser a mola propulsora para o desenvolvimento de uma cultura voltada para a convivência em harmonia em uma sociedade cosmopolita, capaz de absorver as diferenças sociais, capaz de buscar eliminar a miséria, a exclusão social, a exclusão de acesso às estruturas políticas locais ou internacionais.

            Que as ciências sociais ou exploratórias sejam capazes de reunir em seu entorno as diferenças que unem as pessoas. Que as ações públicas e privadas, individuais e comunitárias sejam capazes de unir e reunir pessoas em prol de uma convivência mais humana, respeitosa e compreensiva.

            Que as conexões ocultas, aqui referenciando a obra de Capra (2005), possam ser tornadas claras e compreensíveis ao público em geral para uma vida sustentável com progresso científico voltado para o todo, fracos e fortes, mais ou menos evoluídos intelectualmente.

            Que a revolução provocada pela tecnologia possa trazer e fazer mais humanas as relações de igualdade, de distribuição de renda, de respeito às crenças – visto que estas representam o que há de mais íntimo em cada ser humano, que possamos compreender o mínimo para se possível atingir o máximo – quando isto não for prejudicial e venha a desfavorecer a comunidade.

            Que possamos entender o que significa ser ecologicamente correto – de forma simples quer dizer: conviver em harmonia e respeito aos demais viventes deste complexo planeta terra.

            Que a minha ousadia em iniciar com Eu e os autores citados não seja entendido como um ato de soberba, mas, apenas e tão somente como uma indagação para a reflexão, pois, o que temos em comum é apenas o seguinte: querer saber mais, fazer mais, compreender mais e... Viver mais e melhor num mundo em harmonia.

           

Referências

CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.

CAPRA, Fritjof, et al. Alfabetização ecológica: a educação de crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma compreensão cientifica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultirx, 2006.

CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2005.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.

GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 19 ª ed.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

sábado, 29 de setembro de 2012


AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PEDAGOGIA HOSPITALAR


Genaldo Luis Sievert[1] SIEVERT, G.L.

Jacques de Lima Ferreira²


Resumo

O presente artigo discute sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de aprendizagem do escolar hospitalizado e marca o rumo da investigação no desenvolvimento dessa pesquisa que tem o objetivo de investigar e analisar quais as TICs que são utilizadas pelos professores no processo de ensino-aprendizagem junto aos escolares hospitalizados e qual a sua contribuição à prática pedagógica. A investigação desse artigo apresenta uma pesquisa qualitativa de modalidade estudo de caso e utiliza um questionário semiestruturado que foi aplicado para a obtenção e análise dos dados com a participação de cinco professores que atuam na Pedagogia Hospitalar com alunos/pacientes do ensino médio de um hospital público de Curitiba. Diante do questionário respondido pelos professores foi possível verificar que a TIC mais utilizada pelos professor na Pedagogia Hospitalar é o material impresso e que as TICs contribuem significativamente a prática pedagógica quando ocorre disponibilidade de tecnologias, conhecimento e acessibilidade de informações no ciberespaço, interações entre o contexto social e escolar permitindo que o aluno/paciente mantenha contato com a sua escola de base, seus familiares e amigos. Contribui também para que à aprendizagem se torne autônoma, intrínseca e colaborativa na relação professor-aluno no ambiente hospitalar, clarifica e exemplifica os conteúdos estudados e facilita o processo de aprendizagem do aluno/paciente em isolamento hospitalar. É essencial que a cultura digital seja estimulada na Pedagogia Hospitalar para que o docente utilize de todas as potencialidades das TICs a favor de um processo de ensino-aprendizagem dinâmico, inovador e flexível.


Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação; ensino-aprendizagem; Pedagogia Hospitalar.


Introdução


            O presente artigo discute sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de aprendizagem do escolar hospitalizado e marca o rumo da investigação no desenvolvimento dessa pesquisa que tem o objetivo de investigar e analisar quais as TICs que são utilizadas pelos professores no processo de ensino-aprendizagem junto aos escolares hospitalizados e qual a sua contribuição à prática pedagógica.

            A investigação deste artigo apresenta uma pesquisa qualitativa de modalidade estudo de caso e utiliza um questionário semiestruturado que foi aplicado para a obtenção e análise dos dados com a participação de cinco professores que atuam na Pedagogia Hospitalar com alunos/pacientes do ensino médio de um hospital público de Curitiba. Diante da participação dos professores dessa pesquisa, alertamos ao fato de que a Pedagogia Hospitalar não acontece em todos os hospitais públicos e particulares, com isso, a amostra dessa pesquisa apresenta um número pequeno de professores que atuam nesta modalidade de educação não formal.

            As tecnologias chegaram ao ambiente hospitalar muito antes da introdução das atividades da Pedagogia Hospitalar. O avanço da ciência proporcionou aos pacientes inúmeras possibilidades de cura, mesmo assim, ainda é presente o número de crianças e adolescentes que continuam hospitalizados por longos períodos sem acesso ao atendimento pedagógico no ambiente hospitalar.

                As TICs passam por evoluções, transformações e inovações que facilitam a vida na sociedade contemporânea, assim como na escola e no hospital. Esses recursos possibilitam que o processo de ensino e aprendizagem se torne inovador, dinâmico e flexível contribuindo assim para a prática pedagógica que acontece no hospital, um ambiente complexo que necessita de cuidados e atenção. Portanto, é necessário que os professores estejam se atualizando para que realmente possam colaborar ao processo de aprendizagem do aluno/paciente utilizando as TICs como recurso que auxilia a escolarização hospitalar.


As TICs no processo de ensino-aprendizagem na educação não formal


A tecnologia é um conjunto de conhecimentos que permite nossa intervenção no mundo, essa mediação possibilita que o professor atue em diferentes níveis e contextos com o objetivo de ensinar além do espaço físico de uma sala de aula. As TICs são tecnologias que possibilitam a veiculação da informação e da comunicação com flexibilidade, rapidez e dinamismo (SANCHO, 2001).

As interações das pessoas com as tecnologias possibilitaram diversas transformações no mundo e na vida das pessoas. As TICs facilitam a comunicação e o acesso ao fluxo de informações que acontecem diariamente na sociedade contemporânea. Entretanto, é relevante que o professor saiba processar e escolher as informações diante dos riscos e das consequências frente à quantidade de informações que estão disponíveis atualmente.

Pons (2001, p. 52) comenta que:

[...] com os anos 80 chegam, sob a denominação de “novas tecnologias da informação e da comunicação”, novas opções apoiadas no desenvolvimento de máquinas e dispositivos projetados para armazenar, processar e transmitir, de modo flexível, grandes quantidades de informação.


 Segundo Delors (1998) os professores precisam estar em um processo de formação (long life learning), na perspectiva de educação permanente em que a formação do professor precisa acompanhar o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico para que possa realmente contribuir ao processo de ensino-aprendizagem. As TICs impõem desafios aos professores que atuam na educação formal e não formal.

As constantes inovações que acontecem nas TICs possibilitam a criação de materiais audiovisuais ou de materiais relacionados à informática cada vez mais modernos e integrados a sociedade atual. Essas inovações constantes estão muitas vezes presentes no ambiente hospitalar ajudando os profissionais que lá estão a realizar ações em prol da saúde. Nos hospitais em que a Pedagogia Hospitalar já é uma realidade quais as contribuições que as TICs podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem? Todas as TICs presentes hoje na sociedade e no hospital podem contribuir a Pedagogia Hospitalar?

Discutir e refletir a respeito das indagações acima e sobre a utilização das TICs na Pedagogia Hospitalar requer a compreensão de que essa educação não formal não é uma realidade que acontece em todo o Brasil, as escolas brasileiras apresentam uma diversidade cultural e social muito grande, isso se torna um desafio ao professor que atua na Pedagogia Hospitalar e que utiliza as TICs no processo de ensino-aprendizagem.

O professor precisa compreender esse referencial cultural e social e perceber que para que ocorra o processo de ensino-aprendizagem utilizando as TICs é necessário conhecimento sobre as tecnologias, suporte técnico, estrutura física adequada e acessibilidade.

Várias pesquisas já vêm sendo desenvolvidas por pesquisadores da Pedagogia Hospitalar como Mattos e Mugiatti (2009), Matos (2010) e Matos e Torres (2011) que identificam claramente as potencialidades das TICs como um recurso a favor da aprendizagem no ambiente hospitalar.

Diariamente utilizamos as tecnologias e suas mídias para gerar oportunidades diversas no processo de ensino-aprendizagem e nas tantas outras possíveis aplicações, como é o caso da Educação à distância (EAD) que acontece somente se o aluno tiver um suporte tecnológico para que ocorra a mediação. O Censo ead.br (2010, p. 74) apresenta as TICs mais utilizadas pelos professores, tutores ou mediadores no ensino superior são: material impresso, e-learning, vídeo, CD, DVD, videoconferência, televisão, telefone celular, satélite, teleconferência e rádio.

 O material impresso como TIC continua à frente na preferência das instituições que oferecem cursos à distância. O rádio e a televisão, veículos tradicionais de transmissão de comunicação, possuem a vantagem de atingir locais onde o acesso à internet ainda é restrito.

Segundo Mattar (2011, p. 15): “O e-mail continua a ser uma ferramenta simples, mais muitos poderosa”.  Profissionais dos mais diversos segmentos e professores o adotam visto a facilidade e agilidade proporcionadas pelos diversos provedores de e-mails que disponibilizam espaço para armazenar e trocar informações.

Esta mídia é uma boa alternativa para a comunicação entre professores e alunos, podendo ser útil na mediação com os familiares do aluno. Vence distancias, é documental evitando custos adicionais de comunicação, como por exemplo, um telefonema. Logicamente, que essa mídia ou qualquer tipo de TIC que favorece o processo de ensino-apredizagem precisa de suporte e de conhecimento prévio para que se estabeleça uma troca de informação ou uma mediação pedagógica.

      Os vídeos são uma excelente alternativa que os professores podem utilizar para auxiliar ou complementar o processo de ensino-aprendizagem. O YouTube Edu, versão educacional do YouTube é uma mídia que agrega diversas instituições de ensino que ali depositam seus conteúdos com o objetivo de compartilhar e trocar conhecimento.

Mattar, (2010, p. 15) destaca: “Além do YouTube, podem ser mencionados outros serviços para vídeos educacionais na web, como: iTunesU (Apple), Academic Earth, Edutopia e TeacherTube”.

As redes sociais como o Facebook e o Orkut além de bloggs e micobloggs também são uma excelente alternativa para a mediação pedagógica do aluno/paciente.

 Encontramos no ciberespaço milhares de blogs utilizados para divulgar e trocar informações ou conhecimento. Esta mídia pode ser utilizada como um meio de comunicação entre o professor e o aluno. Cabe ao docente analisar o caráter didático-pedagógico do blog para que seja possível sua utilização como recurso a favor da aprendizagem.

As TICs possibilitam a comunicação síncrona e assíncrona utilizadas em fóruns, chats, e-mails, postagem de recados ou troca instantânea de informação. Além destas facilidades é pessoal e proporciona a aglutinação de grupos de interesse. As novas formas de comunicação e interação poderão ser um fator agregador entre professor e aluno/paciente no processo de aprendizagem.  

As Mídias instantâneas como o Skype e o MSN são relevantes e podem ser utilizadas de forma dinâmica e instrucional gratuitamente. Estas mídias possibilitam que a comunicação seja dinâmica, armazenando as chamadas não atendidas e outras informações como é possível acontecer em secretárias eletrônicas de alguns equipamentos.

Os livros eletrônicos se tornaram uma realidade agradável àqueles que já estão habituados com a possibilidade de leitura em tabletes ou em iPhones e muitos são gratuitos o que os torna mais atrativos e podem servir como ferramenta para estimular a leitura e o aprendizado do aluno hospitalizado.

Uma mídia interessante e dinâmica que merece destaque é a utilização de programas de reconhecimento de voz para auxiliar o aluno/paciente hospitalizado em condições especiais ou não na leitura de textos variados. Programas como Svox e o Dragon Naturally Speaking são práticos e de fácil aplicação em casos como, por exemplo, de um aluno/paciente com deficiência visual. O professor poderá digitar o conteúdo a ser assimilado em um programa compatível com as mídias citadas e após o término o texto será “lido” por uma voz sintetizada. Cabe ressaltar que alguns ajustes serão necessários para que o sincronismo necessário aconteça. Este aplicativo é utilizado em tabletes.

A aplicação das diversas mídias por meio das tecnologias disponíveis somente será bem sucedida se for observado: “a escolha e o balanço correto no uso dessas diversas ferramentas, em função do público alvo, do desenho pedagógico do curso, das atividades propostas e de outras variáveis, que tendem a determinar o sucesso ou o fracasso [...]” (MATTAR, 2010, p. 23).


O professor que atua na Pedagogia Hospitalar com as TICs


As TICs como recursos a favor da aprendizagem contribuem para a prática pedagógica do professor que atua na Pedagogia Hospitalar. Behrens (2011, p. 27), destaca que: “Este cuidado no atendimento diferenciado demanda preparação do (a) professor (a) que, em geral, envolve um profissional amoroso e humanitário, além de competente para realizar este trabalho educativo”. A autora também salienta que os entraves são muito maiores do que a realidade tem demonstrado, pois os processos de inclusão em geral, começam aparecer com mais ênfase no início do século XXI.

             O aluno hospitalar necessita de cuidados especiais pertinentes à sua condição de saúde e deverá ter em seu benefício o seguinte:


A definição e implementação de procedimentos de coordenação, avaliação e controle educacional devem concorrer na perspectiva do aprimoramento da qualidade do processo pedagógico. Compete às Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, e do Distrito Federal, o acompanhamento das classes hospitalares e do atendimento pedagógico domiciliar. O acompanhamento deve considerar o cumprimento da legislação educacional, a execução da proposta pedagógica, o processo da melhoria da qualidade dos serviços prestados, as ações previstas na proposta pedagógica, a qualidade dos espaços físicos, instalações, os equipamentos e a adequação às suas finalidades, a articulação da educação com a família e a comunidade (BRASIL, 2002, p.19).


Neste contexto é considerada a aplicação de novas tecnologias e as mídias possíveis e cabíveis a cada aluno hospitalizado, respeitadas as particularidades de cada caso. O professor para atuar no ambiente hospitalar deverá (BRASIL, 2002, p.22):


 - Estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes vivências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar a escola, definindo e implantando estratégias de flexibilização e adaptação curriculares;

- Ser capaz de fazer parte da equipe de assistência ao educando;

- Ter formação pedagógica preferencialmente em Educação especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas.


A Pedagogia Hospitalar surge como pilar possível de equilibrar estas ações de caráter pedagógico-humanitário acrescido das múltiplas funções de utilização com as novas tecnologias. Matos (2009, p. 141) destaca:


A inclusão digital no contexto hospitalar propicia, assim, o ensejo a novos olhares e ações, criando com isso espaços para troca, interação, informação e acréscimo a novos saberes por meio do computador, softwares e Internet. Promove, em decorrência, um ambiente de maior integração do enfermo com seus familiares e com os funcionários do hospital. É um novo tempo, um novo olhar e um novo agir que também possibilita a integração com as demais ações relacionadas ao processo de cura e reabilitação.


O professor deverá ser capaz de fazer com que os alunos hospitalizados entendam a importância que desempenham na realização desta prática educativa com a utilização das TICs, destacando as facilidades que poderão obter em aspectos como a comunicação.

            O professor que atua na Pedagogia Hospitalar deverá estar atento à utilização das TICs no processo de ensino e de aprendizagem do aluno/paciente seguindo as seguintes características:

- Utilizar apenas tecnologia que sirva aos objetivos da aprendizagem;

- Manter a tecnologia em um nível simples, a fim de que seja transparente para o aluno;

- Certificar-se de que os alunos têm habilidades necessárias para usar a tecnologia;

- Limitar o uso de áudio e vídeo se for usá-los;

- Utilização de ferramenta de comunicação síncrona/assíncrona quando estiver certeza da habilidade dos alunos para tal;

- Acompanhar os alunos que não participam das atividades ou cujo nível de participação sofre variação;

- Apoiar o desenvolvimento de boas habilidades com o uso das TIC;

- Orientar para que as atividades com utilização de mídias sejam enviadas através destas;

- Estimular os alunos a perguntar e discutir as mais variadas situações;

- Variar as atividades visto que estes alunos permanecem durante todo o tempo no mesmo ambiente;

- Realizar perguntas abertas que estimulem a reflexão e discussão;

- Inclua o acesso às redes sociais, quando for o caso, como um estímulo a ampla participação deste aluno junto à comunidade.

Diante deste contexto podemos entender a importância da utilização das TICs por meio das tecnologias disponíveis visto que os nativos digitais já estão integrados a este novo cenário como salienta Harasim (2005, p. 221):


A comunicação mediada por computador oferece aos educadores oportunidades e desafios únicos. Professores e instrutores com anos de experiência em sala de aula relatam que as redes de computador estimulam a interação de alta qualidade – o coração da educação. Elas permitem o contato próximo entre os alunos e entre estes e os professores, independentemente de sua aparência, do local onde estão ou de sua assertividade.


            No processo de ensino-aprendizagem o docente pode utilizar as TICs para ensinar os alunos que se encontram em isolamento hospitalar, que apresentam dificuldades de aprendizagem decorrente de alguma doença, possibilita que o processo de ensino-aprendizagem seja à distância, flexibiliza o horário para estudos, motiva o aluno a estudar quando se encontra fazendo tratamento de saúde prolongado, facilita a troca de informações do aluno/paciente com o seu contexto social e escolar e estimula a aprendizagem intrínseca.


Metodologia


            A investigação desse artigo apresenta uma pesquisa qualitativa de modalidade estudo de caso e utiliza um questionário semiestruturado que foi aplicado para a obtenção e análise dos dados com a participação de cinco professores que atuam na Pedagogia Hospitalar com alunos/pacientes do ensino médio de um hospital público de Curitiba.

            Diante do contexto de pesquisa, Yin (2010, p. 24) afirma que:


Um método do estudo de caso permite que os investigadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, a mudança de vizinhança, desempenho escolar, as relações internacionais e a maturação das indústrias.


Análise dos relatos dos professores em relação às TICs na Pedagogia Hospitalar


            Diante do questionário respondido pelos professores participantes da pesquisa foi possível identificar e analisar quais as TICs que são utilizadas pelos professores no processo de ensino-aprendizagem junto aos escolares hospitalizados e qual a sua contribuição à prática pedagógica. Pela análise do questionário foi possível perceber que:

- A idade média dos professores é de trinta a quarenta anos, com experiência profissional na Pedagogia Hospitalar variando entre um a cinco anos. Sendo quatro professoras e um professor.

- Três professores possuem licenciatura plena e especialização em outras áreas do conhecimento, os outros dois professores só possuem licenciatura. Nenhum professor possui especialização em Pedagogia Hospitalar ou Educação Especial ou outra área do conhecimento que atenda essa forma de educação não formal.

Os professores foram questionados em relação à utilização das TICs no processo de ensino-aprendizagem e de acordo com o questionário os docentes responderam que utilizam como recurso em maior quantidade o material impresso, depois a TV com DVD e o rádio. Foi unânime a utilização do material impresso como recurso no processo de ensino-aprendizagem e todos os professores responderam que esse tipo de TIC facilita a prática pedagógica, não tem um custo elevado e o docente não precisa se atualizar para utilizar esse recurso.

 Nenhum professor respondeu que utiliza o computador na sua prática pedagógica, muito menos a utilização de mídias. Alguns professores responderam que não integram o computador na Pedagogia Hospitalar por ser um recurso tecnológico caro e alguns desconhecem algumas mídias que são muito utilizadas na Educação como é o caso do You Tube.

Os professores ao serem questionados sobre a contribuição das TICs à prática pedagógica responderam:

Professor 1: As TICs contribuem a minha prática pedagógica, percebo que quando utilizo os alunos gostam e ficam motivados, principalmente quanto utilizo o rádio. As TICs complementam a minha aula e utilizo quando percebo que os alunos não chegam ao objetivo proposto.

Professor 2: Gosto muito de utilizar as TICs na minha prática como professora, algumas dessas tecnologias eu nunca utilizei na Pedagogia Hospitalar por não ter esse recurso.

Professor 3: No Hospital que atuo não consigo trabalhar a distância com o meu aluno que se encontra em isolamento hospitalar porque não temos notebooks à disposição dos alunos. Gostaria muito de utilizar as TICs nas minhas aulas, mas estando dentro de um hospital público percebo também que muitos recursos tecnológicos estão faltando para os profissionais da saúde.

Professor 4: Sim, as TICs contribuem a minha prática pedagógica. Gosto muito de utilizar na minha aula o DVD, mas percebo que muitos não ficam motivados. Vou mudar a minha metodologia e preciso me atualizar em relação às mídias utilizadas na educação.

Professor 5: As TICs como recursos no processo de aprendizagem motivam o aluno e facilitam a aprendizagem quando a tecnologia é um recurso que o aluno domina. Alguns alunos já me solicitaram TICs que a instituição não tem. Gostaria de utilizar mais tecnologias a favor da aprendizagem, mas tem o limitante de ter o recurso tecnológico, de ter acesso e saber utilizar adequadamente.


Considerações finais


O objetivo deste estudo foi investigar e analisar quais as TICs que são utilizadas pelos professores no processo de ensino-aprendizagem junto aos escolares hospitalizados e qual a sua contribuição à prática pedagógica.

Diante da análise dos questionários foi possível verificar que a TIC mais utilizada pelos professores é o material impresso. Foi unânime a utilização desse recurso no processo de ensino-aprendizagem e todos os professores responderam que esse tipo de TIC facilita a prática pedagógica, não tem um custo elevado e o docente não precisa se atualizar para utilizar esse recurso.

As TICs contribuem a prática pedagógica quando ocorre disponibilidade de tecnologias, conhecimento e acessibilidade de informações no ciberespaço, interações entre o contexto social e escolar permitindo que o aluno/paciente mantenha contato com a sua escola de base, seus familiares e amigos. Contribui também para que à aprendizagem se torne autônoma, intrínseca e colaborativa na relação professor-aluno no ambiente hospitalar, clarifica e exemplifica os conteúdos estudados e facilita o processo de aprendizagem do aluno/paciente em isolamento hospitalar.

Nenhum professor respondeu que utiliza o computador na sua prática pedagógica, muito menos a utilização de mídias. Sabemos que o Ministério da Educação (MEC) investe em tecnologias educacionais no Brasil, mas sabemos também que esse recurso não chega a todas as escolas. As TICs também não estão presentes em todos os hospitais do Brasil e como a grande maioria dos hospitais que realiza a Pedagogia Hospitalar é de hospitais públicos os recursos muitas vezes são limitados. Por mais que exista uma parceria entre secretaria da educação e secretaria da saúde.

A partir dos relatos dos professores percebemos que todos utilizam as TICs na sua prática educativa, porém diante do avanço tecnológico que acontece na sociedade contemporânea é fundamental que o docente inove diante da sua prática pedagógico com o uso de recursos tecnológicos que realmente facilitem o processo de ensino-aprendizagem do escolar hospitalizado.

             Ao analisar os questionários percebe-se que os professores não apresentam conhecimento específico em algumas mídias que são muito utilizadas na educação. As TICs seriam muito úteis no processo de ensino e de aprendizagem, pois o professor poderia adaptar o recurso tecnológico dependendo da condição de saúde que o aluno/paciente apresenta.

Portanto, é necessário que o professor domine os recursos tecnológicos disponíveis que a Pedagogia Hospitalar apresenta em sua realidade e que as limitações apresentadas possam se tornar motivações para que o docente inove diante de sua prática pedagógica.


Referências


BEHRENS, Marilda Aparecida. Conexão Paradigmática da Saúde e Educação: desafio do reencontro possível. In: Elizete Lúcia Moreira Matos, Patrícia Lupion Torres. (Org.) Teoria e Prática na Pedagogia Hospitalar: novos cenários, novos desafios. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Champagnat, 2011, p. 23-44.


BRASIL. Ministério da Educação. Classe hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações. Secretaria de Educação Especial. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_ead.pdf>. Acesso em 19 de mar. 2012.


CENSO ead.br/oranização, Associação Brasileira de Educação a Distância. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.


DELORS, Jacques. (Org.). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez-MEC/UNESCO, 1998.


HARASIM, Linda. et al. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem online. ed. Senac, São Paulo, 2005.


MATOS, Elizete Lúcia Moreira. MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 4. ed. Petropólis, RJ. Vozes, 2009.


MATOS, Elizete Lúcia Moreira. (Org.). Escolarização Hospitalar: educação e saúde de mãos dadas para humanizar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.


MATOS, Elizete Lúcia Moreira. TORRES, Patricia Lupion, (Org.). Teoria e prática na Pedagogia Hospitalar: novos cenários, novos desafios. 2. ed. rev. e ampliada. Curitiba: Champagnat, 2011.


MATTAR, João. Guia de Educação à Distância. Cengage Learning. São Paulo, 2011.


PONS, Juan de Pablos. Visões e conceitos sobre a tecnologia educacional. In: SANCHO, Juana. María. (Org.) Para uma Tecnologia Educacional. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 50-71.


SANCHO, Juana. María. A tecnologia: um modo de transformar o mundo carregado de ambivalência. In: __________. (Org.) Para uma Tecnologia Educacional. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 23-49.


YIN, Robert. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.






[1] Mestrando pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) - Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). E-mail: glsievert@gmail.com
² Doutorando pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) - Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE).

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Pesquisando com o Google


Olá. Organizamos para você uma sequencia de passos que irão auxiliá-lo em pesquisas futuras e durante a realização de cursos. Siga a orientação e boa pesquisa!

 1° Passo: possuir uma conta no GMAIL do Google ou criá-la seguindo a orientação abaixo;

2° Passo: ao acessar o site do Google e iniciar uma pesquisa com o link: http://books.google.com.br/googlebooks/library.html


 3° Passo Visão Geral entrando por Minha Biblioteca.



4° Passo: escolha, ver um exemplo (em saiba mais - rapidamente) e a tela abaixo aparecerá. Ao clicar em Adicionar à minha biblioteca será solicitado sua conta e e-mail para dar continuidade ao processo.





5° Passo: ao acessar sua conta clicar em Minha Biblioteca, a sua esquerda você terá os seguintes itens para organização à medida que realiza sua pesquisa: Meus livros, Favoritos (adicione resultados da sua pesquisa), Vou ler (você pode adicionar livros, artigos, etc., para ler depois).


Você poderá observar que muitos livros estarão disponíveis trazendo iluminadas” as palavras da pesquisa solicitada.



Abaixo destaque da seção Vou ler.



Abaixo destaque da seção Favoritos.



 6° Passo: você pode realizar a pesquisa combinando palavras ou títulos conforme apresentado nas ilustrações abaixo.







7° Passo: explore a lista disponível, de opções, no Menu à esquerda da sua tela.  Ao clicar sobre um dos resultados da pesquisa o conteúdo abaixo poderá estar disponível.



 8° Passo: Ao clicar no Menu, esquerda da tela, Encontrar uma biblioteca, a seguinte tela se apresentará:



9° Passo: Voce já possui uma conta no GMAIL!!!! Acessar a conta e abrir o Menu + conforme ilustrado abaixo. Escolher livros . Terá também acesso a sua: “Minha Biblioteca”.







A você BOA SORTE!

Lembre-se: ao utilizar conteúdos de outros autores efetuar o devido crédito, com citações e referências.