terça-feira, 23 de agosto de 2011

REDUÇÃO DE CUSTOS NA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
CLEYTON ERNESTO DE SOUZA
FÁBIO GOMES DA SILVA
GENALDO LUIS SIEVERT
ROGÉRIO MARIANO DE OLIVEIRA
VINICIOS MICKOS
REDUÇÃO DE CUSTOS NA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS
ESPONTÂNEOS – SOLUÇÃO OU PROBLEMA?
Case empresarial apresentado como pré-requisito à obtenção do grau de especialista no curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão estratégica de Custos e Preços da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Orientador: Profº Giovani Bordini
CURITIBA - PR
2010

 
A empresa Star Distribuidora, situada em Curitiba no estado do Paraná, estava passando por problemas devido à crise internacional e a novos entrantes no mercado em que atua, quando recebeu orientação de sua matriz para reduzir custos com o plano de saúde, que representava aproximadamente 7,32% do total gasto com despesas de pessoal. Diante disso o desafio da empresa era reduzir custos sem prejudicar os colaboradores com o benefício espontâneo da empresa, de modo que precisava encontrar a melhor solução para ambos.
Palavras chaves: custos, plano de saúde, benefício espontâneo.
A empresa Star Distribuidora recebeu orientação de sua matriz para reduzir seus gastos com pessoal, especificamente os custos relacionados ao plano de saúde. O problema surgiu a partir da crise mundial no final do ano de 2008, e naquela ocasião o desconto era de 33,33% para titular e igualmente a cada dependente inserido no plano, de modo que a empresa arcava com os 66,67% restantes. Para tanto a sugestão era aumentar o percentual de desconto da assistência médica nos salários passando para 50% o desconto do titular e 100% o desconto dos dependentes.
A empresa, que distribui materiais para redes de cabeamento estruturado e produtos para o mercado de CFTV (Circuito Fechado de TV), está situada em Curitiba, no Paraná, e faz parte de um grupo de empresas localizadas em diferentes regiões e estados. O caso é relatado sob o ponto de vista do diretor da unidade, Sr. José Luiz Silva, que diante desta situação precisava encontrar a melhor opção, e para tanto contou com o auxilio dos diretores da empresa, da prestadora do serviço do plano de saúde, além dos próprios colaboradores, os principais interessados.
A Star Distribuidora de Produtos para Redes de Tecnologia Ltda. é uma empresa do seguimento de distribuição de materiais para redes de cabeamento estruturado e produtos para o mercado de CFTV (Circuito Fechado de TV), e faz parte de um grupo de empresas de controle familiar, com inexistência de processos de avaliação de desempenho, paternalista e com foco nas vendas, localizadas em diferentes regiões e estados, com diferentes características.
Fundada em 24 de julho de 1998, a Star firmou-se como líder no segmento levando cultura de aplicação de produtos ao interior dos estados do Paraná e de Santa Catarina, onde desenvolveu parcerias com universidades e faculdades promovendo a montagem de laboratórios cooperados para os cursos de tecnologia. A empresa surgiu da percepção e da visão da direção do grupo da Star e da necessidade de atender localmente as empresas prestadoras de serviços, então carentes de recursos e de informações tecnológicas atualizadas. Hoje a Star atende as necessidades de uma das regiões mais exigentes em termos de qualidade e recursos tecnológicos e pode se considerar agente ativo do processo evolutivo dessa região.
Por ocasião do quinto aniversário da empresa, as suas instalações físicas foram ampliadas e modernizadas, passando, inclusive, a disponibilizar amplo estacionamento para conforto dos clientes e funcionários. Nessa nova sede foram aplicados produtos de última geração na implantação de sua nova rede de dados, voz e imagem, devidamente certificada e com garantia estendida. Também desenvolveu novos parceiros comerciais, como revendas localizadas nas principais cidades do estado, política de acompanhamento de projetos e desenvolvimento de novos integradores de serviços e treinamento especializado para todos os seus profissionais. Com o apoio voluntário de seus colaboradores realiza ações sociais em conjunto com entidades de apoio a crianças carentes visando auxiliar na redução do número de analfabetos digitais.

A Star Distribuidora, que importa grande parte dos produtos que distribui, desde que se instalou a crise mundial, iniciada no final de 2008 e presente em todo o ano de 2009, vem sofrendo com os novos entrantes e com a concorrência dos produtos nacionais, de maior aceitação no segmento. Em face disso a empresa buscou medidas para melhorar seu resultado e manter-se no mercado, quando verificou que possuía altos custos de despesas com pessoal em relação às demais empresas do grupo.
Neste cenário verificou-se que a organização oferece alguns benefícios, tais como: seguro de vida coletivo, incluindo os que atuam internamente e externamente; cesta básica para os salários de até R$ 1.500,00; vale refeição; plano de saúde; e um bônus distribuído ao final de cada semestre que pode chegar ao mesmo valor do salário (para aqueles que não atuam na área comercial).
Gráfico 1 – Composição dos gastos com pessoal
Fonte: Equipe de Trabalho.
Identificou-se entre as despesas com pessoal o gasto relevante com assistência médica, e em abril de 2009, a direção da empresa Star Distribuidora recebeu orientação da matriz situada em São Paulo para reduzir custos com o plano de saúde, que representava aproximadamente 7,32% do total gasto com despesas com pessoal, conforme composição apresentada no gráfico 1.
Naquela ocasião o desconto do plano de saúde era de 33,33% para titular e igualmente a cada dependente, de modo que a empresa arcava com os 66,67% restantes.
A fim de obter informações para dar suporte à tomada de decisão a direção da empresa reuniu documentos como: relação dos colaboradores e seus dependentes e o quanto é retido em folha de pagamento de cada um deles; cópia dos contra cheques; planilha das despesas com pessoal e resultado geral da empresa, além do contato com a empresa prestadora do serviço para obtenção de orçamento com vistas à mudança do plano de saúde. Também se obtiveram junto às outras unidades situadas na região sudeste do Brasil os procedimentos por elas praticados relativos ao plano de saúde.
Foi detectado pelo Diretor Comercial da região sul, o Sr. José Luiz Silva, que a recém adquirida unidade do Rio Grande do Sul possui uma forma de concessão de benefícios oposta àquela que se apresenta na unidade do Paraná, especificamente no que diz respeito ao plano de saúde.
Na unidade do RS o plano de saúde é oferecido aos colaboradores da seguinte forma: o colaborador participa com 50% do custo do titular e o benefício não inclui os dependentes, estes se incluídos serão arcados em sua totalidade pelo colaborador. Na orientação para que fosse alterado o desconto a matriz sugeriu que a Star Distribuidora poderia utilizar política de desconto semelhante à utilizada na unidade do RS.
Verifica-se nos gráficos a seguir a representatividade dos descontos feitos ao funcionário e a parte que cabe a empresa pagar. No gráfico 2 é demonstrada a situação atual e no gráfico 3 a proposta sugerida pela matriz.

Gráfico 2 – Composição do gasto com plano de saúde – situação atual
Fonte: Equipe de Trabalho.
Gráfico 3 – Composição do gasto com plano de saúde – proposta da matriz
Fonte: Equipe de Trabalho.
Buscando uma alternativa ao problema a empresa tentou reduzir o custo contratual com o prestador através de negociação durante os meses de junho e julho de 2009, o que se não fosse possível a empresa buscaria com outros prestadores no mercado.
No mês de agosto de 2008 foi aplicada pela prestadora a correção de 6,88% nas tarifas do plano, integralmente repassada aos colaboradores. Em outubro de 2009, após negociação com a prestadora do serviço de saúde, a direção da Star recebeu comunicado, através de ofício, onde se verifica que: “após negociações entre as partes ficou estabelecido que não houvesse aplicação do percentual de reajuste para o período de 01/09/2009 a 31/08/2010”.
Em reunião realizada com os colaboradores a direção da Star Distribuidora comunicou o fato e também que estava em curso um estudo para modificação da concessão do benefício espontâneo, plano de saúde, e que esta provável mudança acarretaria em aumento do valor do desconto dos titulares e de seus dependentes, passando para 50% para o titular e 100% para os seus dependentes. A reação foi negativa, pois, consideram que um benefício não pode ser alterado sem um estudo de viabilidade. As Gerências de Vendas, Técnica e Financeira comentaram que iriam apresentar um plano para possibilitar a manutenção dos descontos do plano de saúde nos mesmos níveis.
Na empresa Star o clima de relacionamento entre a direção e seus colaboradores sempre foi muito bom. Quando da tomada de decisões de caráter comercial ou de mudanças administrativas a direção da empresa costuma trazer a equipe para participar nas responsabilidades sobre possíveis mudanças. Os colaboradores se orgulham disso e entendem que o momento de dificuldade leva a direção da empresa a buscar alternativas para a contenção de despesas com pessoal.
Ao entrevistar um dos colaboradores da empresa da área de controle de estoque, Sr. Mariano Souza, o mesmo afirmou que “nunca havia vivido a experiência de trabalhar em uma empresa onde os pagamentos rigorosamente acontecem nos dias estipulados, que cumpre com todas as suas obrigações sociais com o governo e com seus colaboradores”, e destacou ainda que “a empresa realiza ações sociais, para a qual solicita a participação de todos os colaboradores. Isto ocorre devido ao envolvimento de toda a direção e é motivo de satisfação saber que a opinião de cada colaborador é importante para a tomada de decisões”.
Em nova reunião realizada em janeiro de 2010, conforme proposto pelas Gerências de Vendas, Técnica e Financeira, foi sugerido por estas um plano em que os descontos para os colaboradores e dependentes fosse de 45%. Deste modo os colaboradores não ficariam tão onerados e a empresa reduziria os custos com o plano de saúde.
A seguir são apresentados gráficos para comparação entre as propostas do custo do plano de saúde no salário de cada colaborador.
No gráfico 4 se verifica a proporção ocupada atualmente pelo custo do plano de saúde no salário bruto de cada colaborador.

Gráfico 4 – Representatividade do plano de saúde no salário[1] – situação atual
Fonte: Equipe de Trabalho.
Considerando a proposta realizada pela matriz e que atualmente é utilizada pela unidade do RS, em que o colaborador arcaria com 50% do custo de seu plano de saúde e 100% do custo de seus dependentes, verifica-se no gráfico 5 como ficaria a proporção do custo do plano de saúde em relação ao salário bruto de cada colaborador.

Gráfico 5 – Representatividade do plano de saúde no salário[2] – proposta 1
Fonte: Equipe de Trabalho.
Observa-se que, nesta simulação, alguns colaboradores apresentam um aumento considerável em seu desconto referente ao plano de saúde, que ocorre principalmente em decorrência do custo de seus dependentes, cujo desconto passou de 33,33% para 100%.
No gráfico 6 verifica-se uma simulação com a proposta dos gerentes, em que o desconto do plano de saúde para o colaborador seria de 45% tanto para titular quanto para dependentes. Nesta proposta o custo para o colaborador é maior do que o praticado na situação atual, porém é menos oneroso do que o sugerido na proposta 1.

Gráfico 6 – Representatividade do plano de saúde no salário[3] – proposta 2
Fonte: Equipe de Trabalho.
No gráfico 7, a seguir, verifica-se um comparativo entre o custo atual do plano de saúde para a empresa (por colaborador) e a simulação dos custos conforme as propostas 1 e 2.

Gráfico 7 – Custo do plano de saúde para a empresa – por colaborador [4]
Fonte: Equipe de Trabalho.
No gráfico 8 observa-se o mesmo comparativo apresentado no gráfico 7, porém considerando o custo total mensal da empresa com plano de saúde.

Gráfico 8 – Custo do plano de saúde para a empresa – total do mês[5]
Fonte: Equipe de Trabalho.
Verificando os valores apresentados no gráfico 8 observa-se que se a empresa adotasse a proposta 1 teria uma economia de R$ 2.375,45 por mês com o plano de saúde, e, se adotasse a proposta 2 economizaria R$ 649,92 no mesmo período.
A Star Distribuidora não possui problemas de fluxo de caixa, pois os caixas das empresas do grupo são integrados, existindo portanto empréstimos entre elas, e os problemas são sanados de acordo com a necessidade de cada empresa[6], porém existe a necessidade de melhorar as margens de contribuição. O que o grupo deseja é uma melhora na condição de concessão de benefícios, e que cada unidade forneça este benefício dentro das limitações de captação de receita de cada região.
A direção da Star Distribuidora alertou em reunião com os colaboradores que esperava uma contra proposta dos gerentes e que incluísse o aumento das receitas e melhores margens, atrelados à proposta apresentada de desconto único de 45% para titulares e dependentes, deste modo não haveria necessidade de onerar tanto o custo do plano de saúde descontado dos salários. Nesta ocasião também foi informado que foi solicitada ao fornecedor do serviço uma alternativa para o caso de alguns colaboradores desejarem alterar o plano de saúde. Foi sugerido que esta possibilidade poderia beneficiar os colaboradores com maior número de dependentes e menores salários, proporcionando a manutenção do benefício. A direção da Star Distribuidora comprometeu-se a buscar solução que seja consenso entre todos.
Devido a solicitação da empresa matriz para reduzir custos com gastos de pessoal, especificamente relacionados ao plano de saúde dos colaboradores, a Star Distribuidora se encontrou diante de um dilema, em que poderia tentar reduzir o custo contratual do plano de saúde ou repassar maior parte deste mesmo custo para os colaboradores.
O maior repasse para os colaboradores implicaria em insatisfação dos mesmos e poderia gerar outros problemas, como demissões e queda na produtividade. Por outro lado a redução do custo contratual seria conveniente para a empresa, porém não é um objetivo fácil de alcançar, e ainda assim, o contrato sofre reajustes periódicos, o que poderia anular esse efeito no reajuste seguinte. Além dessas questões verificou-se a inexistência de um departamento específico para administrar salários e gerir a concessão de benefícios na empresa, de modo que houvesse a gestão adequada das políticas salariais e de benefícios para que estas estivessem de acordo com a realidade da empresa.
Diante deste dilema a empresa precisava decidir pela opção que melhor resolvesse o seu problema de custos sem criar um novo problema relacionado aos colaboradores, sendo assim qual seria a melhor opção?

BREVE história da evolução do ensino à distância.

Resumo


Com o advento da sociedade do conhecimento e da exigência crescente por pesquisas e produção do conhecimento rompe-se com a reprodução e estimula-se a produção daquele. Este sentimento caminhará por todos os setores da sociedade sendo notório o avanço nos campos da Administração, por exemplo, com teóricos como Peter Drucker, Robert Kaplan, David Norton e Henry Mintzberg.

No Brasil a partir da Lei de Diretrizes e Bases, diversas instituições governamentais e particulares aglutinaram-se para em conjunto impulsionar a evolução desta inovadora forma de ensinar.

Assim podemos entender o rápido avanço das redes sociais, propagação dos depósitos de conteúdos de produção literária, das rápidas contribuições que são adicionadas incessantemente aos mais diversos locais disponibilizados por organizações com ou sem fins lucrativos. Ensino e Educação estão atrelados pelas algemas do conhecimento hoje dinâmico e pulsante e mais que tudo aceito pelos indivíduos sedentos que estão de libertar-se pelo conhecimento. A Internet deverá permanecer como uma das mais, senão a mais revolucionária ferramenta de produção e distribuição de conhecimento bem como de união entre as mais variadas nações e suas populações.

A sociedade com sua evolução antes mesmo de Gutenberg, passando pela Reforma Protestante em 1517, protagonizada por Martinho Lutero e avançando até chegar o momento de James Watt apresentar ao mundo a máquina a vapor, deste estendeu-se à chegada de A Riqueza das Nações de Adam Smith. Na continuidade, 40 anos após, a batalha de Waterloo encerra as guerras napoleônicas. A população mundial ainda iria vivenciar duas grandes guerras e o fenômeno da globalização atingindo a economia mundial como um poderoso e incontrolável vírus. As pesquisas no campo educacional avançaram e um novo discurso e ferramentas, como objetos na Internet, chegaram para ficar.


Palavras-chave: Evolução da EAD; Conhecimento; Internet; Rede social.

Introdução

Das rápidas passadas de um mensageiro, do galope de um cavalo dos correios nos Estados Unidos, da aceleração das locomotivas pelas planícies de alguns países, dos vôos curtos em alguns destes mesmos países e depois em escala transoceânica, da evolução da ciência espacial até o momento em que as primeiras informações foram trocadas entre dois computadores surge ao final do século XX, ainda incipiente, a Internet. Uma nova janela para o conhecimento surgia como se fosse o sol nos lembrando por muitas manhãs, as possibilidades de transformação que o conhecimento pode nos proporcionar. Uma longa e tortuosa viagem foi realizada pela humanidade. Estas viagens, muitas vezes, foram registradas em escritas nas formas mais rudimentares, outras vezes em pergaminhos. Em muitas ocasiões e face às dificuldades de material disponíveis muitos povos transmitiram seus conhecimentos apenas pela palavra oral. Não fosse a obstinação dos humanos organizados que foram em sociedades numerosas a diversidade não existiria, as riquezas dos diferenciais de cultura e costumes seriam cinza e fria como uma manhã de inverno na Europa. Graças à coragem, inteligência e ousadia as sociedades organizadas provocaram através da pesquisa e dos interesses econômicos um significativo avanço. Como uma breve e dinâmica passagem do tempo pela nossa Galáxia, descrevemos uma curta história da evolução do ensino à distância.

Desenvolvimento
 
Em 20 de dezembro de 1996 surge oficialmente a EAD no Brasil através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Era promulgada naquele momento a Lei n. 9.394 que foi normatizada através do Decreto 2.561 de 27 de abril de 1998, acrescido de detalhamentos pela Portaria Ministerial 301 de 7 de abril de 1998. A Lei 9.394, LDB, insere de forma específica, através do Artigo 80, a EAD. O Artigo 80 foi regulamentado pelo Decreto 5.622 de 19 de dezembro de 2005 e caracteriza a EAD. Segundo Mattar (2011, p. 68) o Brasil tem várias empresas que oferecem softwares e campi virtuais. Observa-se que muitas Universidades Brasileiras oferecem cursos de graduação e especialização e até mesmo de mestrado e doutorado via online, estas últimas ainda não reconhecidas. Exemplo disto é a Universidade Federal de Santa Catarina através do LED (Laboratório de Ensino a Distância). Estas atividades estendem-se pelo Brasil. Mattar (2011) afirma a presença em São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e em Pernambuco o Projeto Virtus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na esteira do desenvolvimento da EaD surgiu a Abed, Associação Brasileira de Educação a Distância e a Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância. Em 8 de junho de 2006 por meio do Decreto 5.800, o Ministério da Educação instituiu o Sistema Universidade Aberta do Brasil.

Esta nova forma de ensinar a aprender e aprender ensinando surge através da inovadora e revolucionária infovia encontrada no ciberespaço proporcionado pelo advento da internet. A partir dos anos 80 e após anos de estudos realizados e de utilização desta ferramenta para fins militares e governamentais o sistema foi disponibilizado para a sociedade e chegou ao Brasil com força a partir dos anos 90. Quinze anos depois, 2005, é regulamentado o EAD no Brasil. As transformações provocadas trouxerem avanço para a área educacional e rapidamente muitas instituições de ensino obtiveram autorização para ofertar a modalidade. O Brasil de dimensões continentais enfrenta com determinação seus problemas. Os dirigentes são pressionados pela sociedade, pois, a internet e as redes sociais proporcionaram ao público em geral esta poderosa ferramenta e através dela expressam seus anseios. Algumas ações específicas e de incentivo por parte do Governo proporcionaram o acesso a milhares de brasileiros ao fantástico mundo da interação virtual. Mas como inserir ou disponibilizar neste mundo virtual o conhecimento acadêmico nos seus variados níveis? Como medir o nível de satisfação e absorção do conhecimento? Encontramos em Brandão (2010, p. 22-23) a seguinte citação: “A modernidade se caracteriza por uma ruptura com a tradição que leva à busca, no sujeito pensante, de um novo ponto de partida alternativo para a construção e a justificação do conhecimento. O indivíduo será, portanto, a base deste novo quadro teórico, deste novo sistema de pensamento”.

Como ondas no tempo

Moore discorre sucintamente sobre a evolução da EAD, conforme segue:

A primeira geração ocorreu quando o meio de comunicação era o texto, e a instrução, por correspondência. A segunda geração foi o ensino por meio da difusão pelo rádio e pela televisão. A terceira geração não foi muito caracterizada pela tecnologia de comunicação, mas, preferencialmente, pela invenção de uma nova modalidade de organização da educação, de modo mais notável nas universidades abertas. Em seguida, na década de 1980, tivemos a nossa primeira experiência de interação de um grupo em tempo real à distância, em cursos por áudio e videoconferência transmitidos por telefone, satélite, cabo e redes de computadores. Por fim, a geração mais recente de educação a distância envolve ensino e aprendizado online, em classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologias da internet. (MOORE, 2010, p. 25).


Evolução histórica

Para fins de registro histórico sobre a evolução do EAD no Brasil vale a citação integral da organização elaborada por Mattar (2011):



Evolução da EAD no Brasil – 1904 a 1977.
1904
Ensino por correspondência
1923
Educação pelo rádio
1939
Instituto Monitor
1941
Instituto Universal Brasileiro
1947
Universidade do Ar (Senac e Sesc)
1961
Movimento de Educação de Base (MEB)
1965
Criação das TVs Educativas pelo poder público
1967
Projeto Saci (INPE)
1970
Projeto Minerva
1977
Telecurso (Fundação Roberto Marinho)

Quadro 1. Elaborado pelo Autor (Mattar, 2011, p.72-73).


Evolução da EAD no Brasil – 1980 a 2007.
1985
Uso do computador stand alone ou em rede local nas universidades
1985
Uso de mídias de armazenamento (videoaulas, disquetes, CD-ROM etc.) como meios complementares
1989
Criação da Rede Nacional de Pesquisa (uso de BBS, Bitnet e e-mail)
1990
Uso intensivo de teleconferência (cursos “via” satélite em programas de capacitação a distância
1991
Salto para o Futuro
1994
Início da oferta de cursos a distância por mídia impressa
1995
Fundação da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) Disseminação da Internet nas Instituições de Ensino Superior, via RNP
1996
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Criação da Secretaria de Educação a Distância (Seed)
1997
Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Início da oferta de especialização a distância, via internet, em universidades públicas e particulares
1998
Decretos e Portaria que normatizam a EAD
1999
Criação de redes públicas para cooperação em tecnologia e metodologia para o uso das NTIC na EAD
Credenciamento oficial de instituições para atuar em Educação a Distância
2000
Fundação do Cederj
2003
Referenciais de Qualidade em EAD (primeira versão)/Instituição do Dia Nacional da EaD
2005
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
2006
Congresso do ICDE no Rio de Janeiro
2007
e-Tec

Quadro 2. Elaborado pelo Autor (Mattar, 2011, p.72-73).


Para entendermos melhor a evolução das atividades do EAD no contexto global, apresenta-se abaixo a tabela que contempla um resumo da seqüência de eventos ocorridos a partir de 1840 nos Estados Unidos da América e na Europa e destacados na obra de Moore:
 

Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1840 a 1900.
1840
Na Grã-Bretanha Isaac Pitman utilizou o sistema postal para ensinar seu sistema de taquigrafia.
1850
Na Europa o francês Charles Toussaint e o alemão Gustav Langenscheidt iniciaram o intercâmbio do ensino de líbguas, levando à criação de uma escola de idiomas por correspondência.
1862
Instituído o ensino a distância na Universidade de Land Grant devido a política expressa na Lei Morril do mesmo ano que determinava a “oportunidade de obter educação” aberta a pessoas de todas as origens sociais.
1873
Anna Eliot Ticknor cria uma das primeiras escolas de estudo em casa, a Society to Encourage Estudies at Home com finalidade de ajudar as mulheres a quem era negado, em grande parte, o acesso à educação formal.
1881
Criado o Círculo Literário Chautauqua – este evento foi possibilitado devido a criação dos serviços postais em 1880.
1883
Chautauqua College of Liberal Arts é autorizado a conceder diplomas e graus de bacharel por correspondência.
1883
Colliery Engineer School of Mines, oferece curso sobre segurança nas minas, em 1891 passou a ser conhecida como International Correspondence Schools (ICS).
1892
William Rainey Harper foi nomeado presidente da University of Chicago, inspirado por suas experiências no Chautauqua, criou um programa de estudos por correspondência iniciando o primeiro programa formal no mundo da educação à distância.
1900
Martha Van Rensselaer foi indicada para desenvolver um programa para mulheres na região agrícola, norte, do Estado de Nova York. Em cinco anos o programa tinha mais de 20 mil mulheres.

Quadro 3. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).


Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1921 a 1956.
1921
Primeira autorização para uma emissora educacional.
1925
A State University of Salt Lake City oferecia seus primeiros cursos por rádio.
1926
Instituições com fins lucrativos organizaram o Conselho Nacional de Estudo em Casa (NHSC – National Home Study Council).
1934
State University of Iowa  realizou transmissões pela televisão sobre temas do tipo higiene oral e astronomia, em 1939 havia transmitido quase 400 programas educacionais.
1941
Fundado o United States Army Institute, depois United States Armed Forces Institute (USAFI), já oferecia mais de 200 cursos
1945
Após a Segunda Guerra Mundial foram distribuídas as freqüências de televisão. 242 dos 2053 canais foram concedidos para uso não comercial.
1956
Escolas públicas foram unidas em um serviço de televisão em circuito fechado.

Quadro 4. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).


Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1961 a 1974.
1961 (I)
O Programa do Meio-Oeste para Instrução pela Televisão com Apoio Aéreo envolveu seis Estados na criação e produção de programas veiculados a partir de transmissores transportados em aviões. Duraram seis anos. Ajudou a eliminar obstáculos para o intercâmbio educacional. Indicou o caminho para futura transmissão educativa via satélite. Surge o Serviço Fixo de Televisão Educativa.
1961 (II)
ITFS – Instructional Television Fixed Services, sistema de distribuição de custo reduzido e baixa potência que transmite imagens para até quatro canais em qualquer área geográfica, uma antena custava 500 dólares. Professores especializados eram compartilhados para educação continuada de docentes.
1962
A lei federal de televisão educativa financiou a instalação de estações de televisão educativa.
1965 (I)
A Comissão Carnegie de Televisão educativa emitiu relatório que levou à aprovação, pelo Congresso, da Lei para instalação de Televisão Educativa (1967) estabelecendo a Corporation for Public Broadcasting (CPB). Surge o projeto AIM – Articulated Instructional Media Project (Projeto de Mídia de Instrução Articulada) 1964 e a Universidade Aberta da Grã-Bretanha, 1969.
1965 (II)
Iniciada a era do satélite de comunicações em 6 de abril com o lançamento do satélite Early Bird, disponibilizava 240 circuitos telefônicos ou um canal de televisão.
1967
Quatro satélites da INTELSAT – International Telecommunications Satellite Organization estavam em órbita.
1968
Um estudo determinou que houvesse aproximadamente três milhões de estudantes utilizando este sistema de ensino, televisão educativa.
1969
A Stanford Instructional Television Network iniciou a transmissão de 120 cursos de engenharia para 900 engenheiros de 16 empresas. O governo norte americano através do Departamento de Defesa, através de sua Advanced Research Projects Agency (ARPA) criou uma rede para vincular computadores da Forças Armadas, universidades e empresas contratadas.
1971
A University of Alaska oferecia educação continuada para professores via satélite. Surge o microprocessador e o primeiro computador pessoal o Altair 8800 é lançado em 1975.
1972
A FCC, Federal Communications Commission exigiu que todas as operadoras a cabo tivessem um canal educativo.
1974
O USAFI foi substituído pelo Defense Activity for Non-Traditional Education Support (DANTES) um novo programa que terceirizava efetivamente os serviços do USAFI.

Quadro 5. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).
 

Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1982 a 2002.
1982
Surge o primeiro consórcio de universidades americanas inicialmente com 66 participantes cresceu para mais de 250.
1984
A California State University em Chico usou o ITFS para transmitir cursos de ciência da computação para empregados da Hewlett-Packard em cinco estados.
1986
Michale G. Moore iniciou os primeiros cursos completos de graduação transmitidos por tele-conferência nos dois sentidos por vídeo compactado.
1989
De acordo com o Bureau of Census dos Estados Unidos, 15% de todas as residências norte-americanas possuíam um computador pessoal.
1990
Desenvolvida a tecnologia DBS – Direct Broadcast Satelite, que permitia que as pessoas ou escolas recebessem programas diretamente a baixo custo.
1992
Surge AACIS, American Association for Collegiate Independent Study, para defender os interesses dos profissionais independentes. Surge a possibilidade de troca de e-mails e arquivo de dados. Neste ano a web continha apenas 50 páginas.
1993
Primeiro navegador da web denominado Mosaic.
1994
O NHSC alterou sua denominação para Distance Education Training Council (DECT), Comissão de Educação e Treinamento a Distância.
1995
Somente 9% dos adultos norte-americanos acessavam a internet, cerca de 17,5 milhões de pessoas.
1999
No final desta década 84,1% das universidades públicas e 83,3% das faculdades públicas com cursos de quatro anos ofereciam cursos online. Os porcentuais foram menores para as instituições privadas, sendo 53,8% e 35,5% respectivamente.
2000
Estima-se que há aproximadamente 1 bilhão de páginas na web.
2002
66% dos adultos nos Estados Unidos utilizam a internet em casa ou no trabalho, em média 8 horas por semana.

Quadro 6. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).
Considerações finais

Ao observamos os quadros podemos considerar que as bases fortemente sedimentadas nas Instituições de Ensino na Europa e nos Estados Unidos da América são os pilares que deram sustentação à evolução cultural e tecnológica. Mesmo que os interesses das classes dominantes sejam os motivadores desta conseqüência é fato que a riqueza e a inserção, mesmo que não plena, são fundamentais para que as atitudes sejam levadas a termo pelos membros daquelas sociedades.  O que nos motiva com certeza é que mesmo que tardias as ações serão bem vindas em nossa Nação. A partida rumo aos novos destinos, como: educação, inserção, melhor distribuição de riqueza, melhores professores e cidadãos, melhores governantes, mais tolerância, mais humanidade, mais diálogo, mais participação. Menos ganância, menos preguiça, menos o que é mais fácil, menos futilidades, menos intrigas, menos pobreza, menos corrupção entre tantas outras ações negativas serão bem vindas e conseqüência da boa educação e ensino.

 Referências


BRANDÃO, Zaia (org.). A crise dos paradigmas e a educação. SP, 11. Ed. Cortez, 2010.

MATTAR, João. Guia de Educação a Distância. SP, Cengage Learning, 2011.

MOORE, Michael G. Educação a distância: uma visão integrada. SP, Cengage Learning, 2010.