terça-feira, 23 de agosto de 2011

REDUÇÃO DE CUSTOS NA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
CLEYTON ERNESTO DE SOUZA
FÁBIO GOMES DA SILVA
GENALDO LUIS SIEVERT
ROGÉRIO MARIANO DE OLIVEIRA
VINICIOS MICKOS
REDUÇÃO DE CUSTOS NA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS
ESPONTÂNEOS – SOLUÇÃO OU PROBLEMA?
Case empresarial apresentado como pré-requisito à obtenção do grau de especialista no curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão estratégica de Custos e Preços da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Orientador: Profº Giovani Bordini
CURITIBA - PR
2010

 
A empresa Star Distribuidora, situada em Curitiba no estado do Paraná, estava passando por problemas devido à crise internacional e a novos entrantes no mercado em que atua, quando recebeu orientação de sua matriz para reduzir custos com o plano de saúde, que representava aproximadamente 7,32% do total gasto com despesas de pessoal. Diante disso o desafio da empresa era reduzir custos sem prejudicar os colaboradores com o benefício espontâneo da empresa, de modo que precisava encontrar a melhor solução para ambos.
Palavras chaves: custos, plano de saúde, benefício espontâneo.
A empresa Star Distribuidora recebeu orientação de sua matriz para reduzir seus gastos com pessoal, especificamente os custos relacionados ao plano de saúde. O problema surgiu a partir da crise mundial no final do ano de 2008, e naquela ocasião o desconto era de 33,33% para titular e igualmente a cada dependente inserido no plano, de modo que a empresa arcava com os 66,67% restantes. Para tanto a sugestão era aumentar o percentual de desconto da assistência médica nos salários passando para 50% o desconto do titular e 100% o desconto dos dependentes.
A empresa, que distribui materiais para redes de cabeamento estruturado e produtos para o mercado de CFTV (Circuito Fechado de TV), está situada em Curitiba, no Paraná, e faz parte de um grupo de empresas localizadas em diferentes regiões e estados. O caso é relatado sob o ponto de vista do diretor da unidade, Sr. José Luiz Silva, que diante desta situação precisava encontrar a melhor opção, e para tanto contou com o auxilio dos diretores da empresa, da prestadora do serviço do plano de saúde, além dos próprios colaboradores, os principais interessados.
A Star Distribuidora de Produtos para Redes de Tecnologia Ltda. é uma empresa do seguimento de distribuição de materiais para redes de cabeamento estruturado e produtos para o mercado de CFTV (Circuito Fechado de TV), e faz parte de um grupo de empresas de controle familiar, com inexistência de processos de avaliação de desempenho, paternalista e com foco nas vendas, localizadas em diferentes regiões e estados, com diferentes características.
Fundada em 24 de julho de 1998, a Star firmou-se como líder no segmento levando cultura de aplicação de produtos ao interior dos estados do Paraná e de Santa Catarina, onde desenvolveu parcerias com universidades e faculdades promovendo a montagem de laboratórios cooperados para os cursos de tecnologia. A empresa surgiu da percepção e da visão da direção do grupo da Star e da necessidade de atender localmente as empresas prestadoras de serviços, então carentes de recursos e de informações tecnológicas atualizadas. Hoje a Star atende as necessidades de uma das regiões mais exigentes em termos de qualidade e recursos tecnológicos e pode se considerar agente ativo do processo evolutivo dessa região.
Por ocasião do quinto aniversário da empresa, as suas instalações físicas foram ampliadas e modernizadas, passando, inclusive, a disponibilizar amplo estacionamento para conforto dos clientes e funcionários. Nessa nova sede foram aplicados produtos de última geração na implantação de sua nova rede de dados, voz e imagem, devidamente certificada e com garantia estendida. Também desenvolveu novos parceiros comerciais, como revendas localizadas nas principais cidades do estado, política de acompanhamento de projetos e desenvolvimento de novos integradores de serviços e treinamento especializado para todos os seus profissionais. Com o apoio voluntário de seus colaboradores realiza ações sociais em conjunto com entidades de apoio a crianças carentes visando auxiliar na redução do número de analfabetos digitais.

A Star Distribuidora, que importa grande parte dos produtos que distribui, desde que se instalou a crise mundial, iniciada no final de 2008 e presente em todo o ano de 2009, vem sofrendo com os novos entrantes e com a concorrência dos produtos nacionais, de maior aceitação no segmento. Em face disso a empresa buscou medidas para melhorar seu resultado e manter-se no mercado, quando verificou que possuía altos custos de despesas com pessoal em relação às demais empresas do grupo.
Neste cenário verificou-se que a organização oferece alguns benefícios, tais como: seguro de vida coletivo, incluindo os que atuam internamente e externamente; cesta básica para os salários de até R$ 1.500,00; vale refeição; plano de saúde; e um bônus distribuído ao final de cada semestre que pode chegar ao mesmo valor do salário (para aqueles que não atuam na área comercial).
Gráfico 1 – Composição dos gastos com pessoal
Fonte: Equipe de Trabalho.
Identificou-se entre as despesas com pessoal o gasto relevante com assistência médica, e em abril de 2009, a direção da empresa Star Distribuidora recebeu orientação da matriz situada em São Paulo para reduzir custos com o plano de saúde, que representava aproximadamente 7,32% do total gasto com despesas com pessoal, conforme composição apresentada no gráfico 1.
Naquela ocasião o desconto do plano de saúde era de 33,33% para titular e igualmente a cada dependente, de modo que a empresa arcava com os 66,67% restantes.
A fim de obter informações para dar suporte à tomada de decisão a direção da empresa reuniu documentos como: relação dos colaboradores e seus dependentes e o quanto é retido em folha de pagamento de cada um deles; cópia dos contra cheques; planilha das despesas com pessoal e resultado geral da empresa, além do contato com a empresa prestadora do serviço para obtenção de orçamento com vistas à mudança do plano de saúde. Também se obtiveram junto às outras unidades situadas na região sudeste do Brasil os procedimentos por elas praticados relativos ao plano de saúde.
Foi detectado pelo Diretor Comercial da região sul, o Sr. José Luiz Silva, que a recém adquirida unidade do Rio Grande do Sul possui uma forma de concessão de benefícios oposta àquela que se apresenta na unidade do Paraná, especificamente no que diz respeito ao plano de saúde.
Na unidade do RS o plano de saúde é oferecido aos colaboradores da seguinte forma: o colaborador participa com 50% do custo do titular e o benefício não inclui os dependentes, estes se incluídos serão arcados em sua totalidade pelo colaborador. Na orientação para que fosse alterado o desconto a matriz sugeriu que a Star Distribuidora poderia utilizar política de desconto semelhante à utilizada na unidade do RS.
Verifica-se nos gráficos a seguir a representatividade dos descontos feitos ao funcionário e a parte que cabe a empresa pagar. No gráfico 2 é demonstrada a situação atual e no gráfico 3 a proposta sugerida pela matriz.

Gráfico 2 – Composição do gasto com plano de saúde – situação atual
Fonte: Equipe de Trabalho.
Gráfico 3 – Composição do gasto com plano de saúde – proposta da matriz
Fonte: Equipe de Trabalho.
Buscando uma alternativa ao problema a empresa tentou reduzir o custo contratual com o prestador através de negociação durante os meses de junho e julho de 2009, o que se não fosse possível a empresa buscaria com outros prestadores no mercado.
No mês de agosto de 2008 foi aplicada pela prestadora a correção de 6,88% nas tarifas do plano, integralmente repassada aos colaboradores. Em outubro de 2009, após negociação com a prestadora do serviço de saúde, a direção da Star recebeu comunicado, através de ofício, onde se verifica que: “após negociações entre as partes ficou estabelecido que não houvesse aplicação do percentual de reajuste para o período de 01/09/2009 a 31/08/2010”.
Em reunião realizada com os colaboradores a direção da Star Distribuidora comunicou o fato e também que estava em curso um estudo para modificação da concessão do benefício espontâneo, plano de saúde, e que esta provável mudança acarretaria em aumento do valor do desconto dos titulares e de seus dependentes, passando para 50% para o titular e 100% para os seus dependentes. A reação foi negativa, pois, consideram que um benefício não pode ser alterado sem um estudo de viabilidade. As Gerências de Vendas, Técnica e Financeira comentaram que iriam apresentar um plano para possibilitar a manutenção dos descontos do plano de saúde nos mesmos níveis.
Na empresa Star o clima de relacionamento entre a direção e seus colaboradores sempre foi muito bom. Quando da tomada de decisões de caráter comercial ou de mudanças administrativas a direção da empresa costuma trazer a equipe para participar nas responsabilidades sobre possíveis mudanças. Os colaboradores se orgulham disso e entendem que o momento de dificuldade leva a direção da empresa a buscar alternativas para a contenção de despesas com pessoal.
Ao entrevistar um dos colaboradores da empresa da área de controle de estoque, Sr. Mariano Souza, o mesmo afirmou que “nunca havia vivido a experiência de trabalhar em uma empresa onde os pagamentos rigorosamente acontecem nos dias estipulados, que cumpre com todas as suas obrigações sociais com o governo e com seus colaboradores”, e destacou ainda que “a empresa realiza ações sociais, para a qual solicita a participação de todos os colaboradores. Isto ocorre devido ao envolvimento de toda a direção e é motivo de satisfação saber que a opinião de cada colaborador é importante para a tomada de decisões”.
Em nova reunião realizada em janeiro de 2010, conforme proposto pelas Gerências de Vendas, Técnica e Financeira, foi sugerido por estas um plano em que os descontos para os colaboradores e dependentes fosse de 45%. Deste modo os colaboradores não ficariam tão onerados e a empresa reduziria os custos com o plano de saúde.
A seguir são apresentados gráficos para comparação entre as propostas do custo do plano de saúde no salário de cada colaborador.
No gráfico 4 se verifica a proporção ocupada atualmente pelo custo do plano de saúde no salário bruto de cada colaborador.

Gráfico 4 – Representatividade do plano de saúde no salário[1] – situação atual
Fonte: Equipe de Trabalho.
Considerando a proposta realizada pela matriz e que atualmente é utilizada pela unidade do RS, em que o colaborador arcaria com 50% do custo de seu plano de saúde e 100% do custo de seus dependentes, verifica-se no gráfico 5 como ficaria a proporção do custo do plano de saúde em relação ao salário bruto de cada colaborador.

Gráfico 5 – Representatividade do plano de saúde no salário[2] – proposta 1
Fonte: Equipe de Trabalho.
Observa-se que, nesta simulação, alguns colaboradores apresentam um aumento considerável em seu desconto referente ao plano de saúde, que ocorre principalmente em decorrência do custo de seus dependentes, cujo desconto passou de 33,33% para 100%.
No gráfico 6 verifica-se uma simulação com a proposta dos gerentes, em que o desconto do plano de saúde para o colaborador seria de 45% tanto para titular quanto para dependentes. Nesta proposta o custo para o colaborador é maior do que o praticado na situação atual, porém é menos oneroso do que o sugerido na proposta 1.

Gráfico 6 – Representatividade do plano de saúde no salário[3] – proposta 2
Fonte: Equipe de Trabalho.
No gráfico 7, a seguir, verifica-se um comparativo entre o custo atual do plano de saúde para a empresa (por colaborador) e a simulação dos custos conforme as propostas 1 e 2.

Gráfico 7 – Custo do plano de saúde para a empresa – por colaborador [4]
Fonte: Equipe de Trabalho.
No gráfico 8 observa-se o mesmo comparativo apresentado no gráfico 7, porém considerando o custo total mensal da empresa com plano de saúde.

Gráfico 8 – Custo do plano de saúde para a empresa – total do mês[5]
Fonte: Equipe de Trabalho.
Verificando os valores apresentados no gráfico 8 observa-se que se a empresa adotasse a proposta 1 teria uma economia de R$ 2.375,45 por mês com o plano de saúde, e, se adotasse a proposta 2 economizaria R$ 649,92 no mesmo período.
A Star Distribuidora não possui problemas de fluxo de caixa, pois os caixas das empresas do grupo são integrados, existindo portanto empréstimos entre elas, e os problemas são sanados de acordo com a necessidade de cada empresa[6], porém existe a necessidade de melhorar as margens de contribuição. O que o grupo deseja é uma melhora na condição de concessão de benefícios, e que cada unidade forneça este benefício dentro das limitações de captação de receita de cada região.
A direção da Star Distribuidora alertou em reunião com os colaboradores que esperava uma contra proposta dos gerentes e que incluísse o aumento das receitas e melhores margens, atrelados à proposta apresentada de desconto único de 45% para titulares e dependentes, deste modo não haveria necessidade de onerar tanto o custo do plano de saúde descontado dos salários. Nesta ocasião também foi informado que foi solicitada ao fornecedor do serviço uma alternativa para o caso de alguns colaboradores desejarem alterar o plano de saúde. Foi sugerido que esta possibilidade poderia beneficiar os colaboradores com maior número de dependentes e menores salários, proporcionando a manutenção do benefício. A direção da Star Distribuidora comprometeu-se a buscar solução que seja consenso entre todos.
Devido a solicitação da empresa matriz para reduzir custos com gastos de pessoal, especificamente relacionados ao plano de saúde dos colaboradores, a Star Distribuidora se encontrou diante de um dilema, em que poderia tentar reduzir o custo contratual do plano de saúde ou repassar maior parte deste mesmo custo para os colaboradores.
O maior repasse para os colaboradores implicaria em insatisfação dos mesmos e poderia gerar outros problemas, como demissões e queda na produtividade. Por outro lado a redução do custo contratual seria conveniente para a empresa, porém não é um objetivo fácil de alcançar, e ainda assim, o contrato sofre reajustes periódicos, o que poderia anular esse efeito no reajuste seguinte. Além dessas questões verificou-se a inexistência de um departamento específico para administrar salários e gerir a concessão de benefícios na empresa, de modo que houvesse a gestão adequada das políticas salariais e de benefícios para que estas estivessem de acordo com a realidade da empresa.
Diante deste dilema a empresa precisava decidir pela opção que melhor resolvesse o seu problema de custos sem criar um novo problema relacionado aos colaboradores, sendo assim qual seria a melhor opção?

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