sexta-feira, 27 de setembro de 2013



TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA PROFISSIONAIS QUE ATUAM JUNTO AOS ESCOLARES HOSPITALIZADOS OU EM ATENDIMENTO DOMICILIAR: UMA REAL POSSIBILIDADE PARA A PEDAGOGIA HOSPITALAR?


Documento aprovado para publicação e apresentação no XI Congresso Nacional de Educação - Educere - PUCPR - 2013.

SIEVERT, Genaldo Luis[1] SIEVERT, G.L.
MATOS, Elizete L. M.[2]

                                                             Grupo de trabalho: Pedagogia Hospitalar
                                          Agência financiadora: não contou com financiamento


Resumo

 Este documento tem por objetivo identificar a real possibilidade de utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no atendimento de escolares hospitalizados ou em tratamento de saúde domiciliar, bem como identificar, na legislação pertinente, os aspectos legais que fundamentam a atividade. O Corpus analisado são relatos de Fóruns de três salas virtuais, de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), de um curso de formação continuada, de uma Universidade do estado do Paraná, para profissionais que atuam com alunos em tratamento de saúde. São dados empíricos pinçados dos relatos dos diversos personagens; utilizando o recurso de pesquisa do Word duas palavras-chave tecnologia e computador, nos nortearam para encontrar elementos que visam identificar a utilização/aplicação de recursos tecnológicos nas atividades de atendimento ao aluno impossibilitado de frequentar a escola. Estas salas virtuais são compostas por cerca de 150 alunos professores que atuam na modalidade conhecida como Pedagogia Hospitalar ou como profissionais da Classe Hospitalar. O amparo teórico estará sob a ótica da legislação que norteia estas práticas e de pesquisas já realizadas e disponibilizadas em livros, periódicos e links na Internet. Os autores que utilizamos para apoiar o presente artigo, por ordem de citação, são: Coll (2012), de Souza Fontes (2008), Matos e Mugiatti (2009), Carneiro (2012), Ceccim (2010), Matos (2010), Behrens (2011), Palfrey (2011), Palloff e Pratt (2204) e Strauss e Corbin (2008).


Palavras-chave: TIC. Escolar hospitalizado. Fórum. Pedagogia hospitalar.

Introdução

A Sociedade exige além de aspectos legais de amparo aos alunos na condição de atendimento hospitalar ou em domicilio a aplicação de recursos que possam facilitar a comunicação e a reinserção junto à sociedade. Os alunos que momentaneamente se encontram afastados para tratamento de saúde têm na atualidade o amparo legal que regulamenta a ação de profissionais que obrigatoriamente devem estar habilitados para atuar no apoio a este indivíduo.
Na atual sociedade em que o fluxo de informação e comunicação, percorre os canais de distribuição com a velocidade que é oferecida pelas redes da Web faz-se necessário a adaptação dos indivíduos envolvidos na maioria dos contextos que permeiam os núcleos sociais, sem distinção de classes, raças ou crenças. As ações governamentais são no sentido de permitir a inserção ao direito à educação, à participação e construção de um bem comum familiar e social. Existem inúmeros argumentos que podem amparar estas ações e/ou necessidades de inclusão ou amparo para atendimento aos alunos em atendimento hospitalar ou domiciliar. Encontramos em Coll (2012, p. 68), alicerce inicial para a nossa argumentação:

Neste cenário, a educação deixou de ser vista apenas como um instrumento para promover o desenvolvimento, a socialização e a enculturação das pessoas, um instrumento de construção da identidade nacional ou um meio para construir a cidadania. Neste cenário a educação adquire uma nova dimensão: transforma-se no motor fundamental do desenvolvimento econômico e social. [...] Além disso, a utilização combinada das tecnologias multimídia e da Internet torna possível aprender em praticamente qualquer cenário (na escola, na universidade, no lar, no local de trabalho, nos espaços de lazer, etc.).

Não é diferente o que está previsto na legislação Brasileira no que concerne ao direito à educação formal. A Constituição Brasileira de 1988, (BRASIL, 1988, p.42), a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Lei 9.394, de 20/12/96 (BRASIL, 1996, p.42-43) e outros documentos sustentam as ações que devem ser desenvolvidas em prol de um acompanhamento digno e humanizador aos alunos em condições de internação prolongada ou em condição de atendimento domiciliar.
Devemos, então, buscar entendimento sobre o que é a pratica conhecida como Pedagogia Hospitalar. Encontramos inicialmente no artigo de, de Souza Fontes, (2005, p. 4), para entendermos o que é Pedagogia Hospitalar:
Podemos entender pedagogia hospitalar como uma proposta diferenciada da pedagogia tradicional, uma vez que se dá em âmbito hospitalar e que busca construir conhecimentos sobre esse novo contexto de aprendizagem que possam contribuir para o bem estar da criança enferma.

Para ampliar nosso entendimento destacamos o que Matos e Mugiatti, (2009, p. 37), apontam como pedagogia hospitalar:

[...] por suas peculiaridades e características, situa-se numa inter-relação entre os profissionais da equipe médica e a educação. Tanto pelos conteúdos da educação formal, como para a saúde e para a vida, como pelo modo de trazer continuidade do processo a que estava inserida de forma diferenciada e transitória a cada enfermo.

O abrigo legal encontra-se na Constituição Federal de 1988, à luz dos Artigos 205 e 206 que versa sobre a matéria e relata ser obrigação do Estado conduzir à universalização do atendimento escolar, a saber, (BRASIL, 1988, p. 42):

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios ; I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, define a Educação, em seu Artigo 1°, (BRASIL, 1996, p. 1) como: “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.
O mesmo documento registra que a educação é dever da família e do Estado, “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana”, (BRASIL, 1996, p.1) Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino o poder público deve criar formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino. Nesta mesma Lei, no Capítulo V que trata da Educação especial em seu Artigo 58, encontramos os seguintes aspectos relevantes, que são destacados por Carneiro (2012, p. 425):

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. [...] O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes de ensino regular.

No artigo 58 da LDB, também é salientado o que deve ser entendido como serviço de apoio especializado, e Carneiro (2012, p. 429), destaca:

§ 1° - Os serviços de apoio especializado disponíveis na escola regular para complementação de atendimento ao aluno da educação especial estão previstos nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Estes serviços podem ser, assim, desenvolvidos: a) Nas classes comuns: através da educação de professor da educação especial, de professores intérpretes das linguagens e códigos e de outros profissionais (Fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, assistentes sociais, professores de educação física, professores de arte etc.); b) Nos atendimentos itinerantes: através de equipes de professores especializados que se dirigem a várias escolas, para, em conjunto com professores das classes regulares, complementar o trabalho; c) No atendimento escolar hospitalar: através de professor especializado ou eventualmente, preparado para atender o aluno com deficiência que se encontra hospitalizado, em caráter transitório ou permanente; d) Nas salas de recursos: através de professor da educação especial ou compartilhadamente com profissional de apoio, de outra área, que oferece uma programação de complementação e/ou suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos.

O documento da SEESP - Secretaria de Educação Especial, Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar, estratégias e orientação, (BRASIL, 2002), destaca a necessidade de uma política de inclusão para alunos em condição especial, hoje um compromisso universal.
Desta forma é importante compreendermos o que é classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar. Segundo o que se apresenta no documento da SEESP (BRASIL, 2002, p. 13), é:

Denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. Atendimento pedagógico domiciliar é o atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar a escola ou esteja ele em casa de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade.

Neste contexto cabe salientar, também, o que Ceccim, In (PARANÁ, 2010, p. 33) denomina como classes educacionais hospitalares:

[...] são uma modalidade de atendimento pedagógico-educacional oferecido às crianças em internação hospitalar, não esgotam o conceito de atendimento pedagógico e nem significam a presença de uma escola formal no interior dos hospitais. A principal “novidade” da classe educacional hospitalar está em assegurar o compromisso das áreas da educação e da saúde com o desenvolvimento das crianças, tanto cognitivo como afetivo. Atender as demandas do desenvolvimento é condição para a atenção integral à saúde e uma exigência ao tratamento de crianças quando hospitalizadas, uma vez que esta condição oferece risco ao desenvolvimento e seu não atendimento acentua as vulnerabilidades em saúde.

A mesma firmeza que traduz a capacidade de definição de Ceccim (2010, p. 35) faz com que façamos a citação, in continuum, visto a importância apontada ao trabalho das classes hospitalares, conforme segue:
As necessidades a serem atendidas pelas classes hospitalares correspondem ao restabelecimento de ligações com a vida em casa e na escola (como no cotidiano e com colegas); realização da mediação didático-educativa do desenvolvimento; promoção da maior segurança aos pais e às crianças; garantia de atenção profissional ao desenvolvimento e às aprendizagens complexas; e, finalmente, oportunidade à manutenção ou recuperação ou, ainda, ao início dos vínculos com a escolaridade.

Assim, como afirmamos anteriormente vamos buscar atingir o nosso objetivo, ao pinçar diálogos que possam identificar e corroborar o que desejamos.

Desenvolvimento

A relevância do documento que ora apresentamos se fundamenta na necessidade de inovação e de mudança buscando superar barreiras impostas, mesmo que involuntariamente, pelo ambiente hospitalar e consequentemente aos profissionais que ali atuam em apoio aos alunos.

É oportuno destacar o que Matos (2010, p. 48), ressalta:

A função docente, sob tal ótica, é uma perspectiva integradora da dimensão de ação e operação pessoal com atividades racionais, técnicas e práticas significativas em espaços ordenados. Uma concepção de prática educativa contempla o conceito integral da educação, enquanto melhora o crescimento e aperfeiçoamento humano, bem como a realização de cada pessoa.

É importante salientar com relação à pessoa hospitalizada, conforme documento da Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 2002, p. 10), que:

[...] o tratamento de saúde não envolve apenas os aspectos biológicos da tradicional assistência médica à enfermidade. As experiências de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; separar-se de familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se a procedimentos invasivos e dolorosos e, ainda, sofrer com a solidão e o medo da morte – uma realidade constante nos hospitais. Reorganizar a assistência hospitalar, para que dê conta desse conjunto de experiências, significa assegurar, entre outros cuidados, o acesso ao lazer, ao convívio com o meio externo, às informações sobre seu processo de adoecimento, cuidados terapêuticos e ao exercício intelectual.

Encontramos literaturas recentes pertinentes ao atendimento hospitalar que refletem, também, esta preocupação de atendimento humanizado. Verificamos em Behrens (2011, p. 34), o seguinte:

Os ambientes de atendimento da área de saúde, seja nos centros médicos, nos hospitais ou nos ambulatórios, exigem sensibilidade e respeito humano, mas o grande volume de pessoas para serem atendidas reforça a formação técnica racional e objetiva no sentido de empreender rapidez e frieza no atendimento. Neste sentido repensar a formação dos profissionais na busca de um paradigma inovador que leve a superar a visão “homem-máquina”, assentada na prática da técnica pela técnica. Esta denúncia implica uma realidade vivenciada também em várias situações que exigem o discernimento dos profissionais que atuam na área para eleger as prioridades na utilização dos recursos informatizados e das máquinas para o atendimento da população. Acredita-se que esta situação pesa eticamente na atuação dos profissionais da saúde, em especial, os que refletem sobre os direitos ao acesso legal das pessoas à saúde e à educação.

O documento Classe hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações, da Secretaria de Educação Especial, 2002, recomenda que os ambientes devam ser projetados com a finalidade de favorecer o desenvolvimento proporcionando a construção do conhecimento àqueles que necessitam de apoio em situação de internamento hospitalar, sejam crianças, jovens ou adultos, (BRASIL, 2002, p.15).
As condições mínimas para tal prática são: uma sala com mobiliário adequado e uma bancada com pia, além de instalações sanitárias completas, bem como espaço ao ar livre para atividades físicas e ludo-pedagógicas,  (BRASIL, 2002, p. 17).
Adiciona-se a estes requisitos, sempre que possível, de acordo com (BRASIL, 2002, p.17):

[...] recursos audiovisuais, como computador em rede, televisão, vídeo-cassete, máquina fotográfica, filmadora, videokê, antena parabólica digital e aparelho de som com CD e k7, bem como telefone, com chamada a ramal e linha externa. Tais recursos se fazem essenciais tanto ao planejamento, desenvolvimento e avaliação do trabalho pedagógico, quanto para o contato efetivo da classe hospitalar, seja com a escola de origem do educando, seja com o sistema de ensino responsável por prover e garantir seu acesso escolar. Da mesma forma, a disponibilidade desses recursos propiciarão as condições mínimas para que o educando mantenha contato com colegas de sua escola, quando for o caso.

Não poderia deixar de ser precisa a redação do documento visto que nos encontramos em um tempo em que os nativos digitais se fazem presentes e encontram nos equipamentos de comunicação e nas diversas mídias, múltiplas possibilidades de contato com seus familiares e amigos.
Desta forma é importante destacar a relevância da inserção deste pedagogo ao mundo digital para que possa comunicar-se com estes nativos digitais e com os demais profissionais e instituições às quais estão ligados por laços profissionais.
Há hoje uma necessidade de desenvolvimento de habilidades para utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação e, não só o nativo digital as utiliza, os Colonizadores Digitais – não nativos do ambiente digital, porque cresceram em um mundo apenas analógico, mas que ajudaram a moldar seus contornos, também as utiliza, Palfrey (2011, p. 13).
A ação da Pedagogia Hospitalar deverá enfrentar, além das dificuldades impostas pelo ambiente, a falta de habilidade de muitos dos profissionais avessos ao uso de tecnologias ou sem a habilidade adequada para utilização destas. Destaca-se assim importância da utilização de elementos oferecidos pelas TIC por profissionais que atuam em ambientes hospitalares ou em atendimento domiciliar, que, além do conhecimento que possuem, outros irão acrescentar e, muitos outros irão partilhar, contribuindo, desta forma, para o aprimoramento das suas atividades.
No caso de atendimento domiciliar deverá ser providenciado a promoção de serviços em parceria com os serviços de saúde e de assistência social, no sentido de adequar o ambiente às necessidades do educando em consenso com a família. Dentro da expectativa por melhores momentos de aprendizagem deverá o ambiente, de acordo com as condições de cada caso, ser provido de meios de comunicação para uso do pedagogo e dos alunos e seus familiares.

É notória a preocupação com a relevância da situação de assistência ao aluno em condição de atendimento especial para continuidade de seus estudos que há a previsibilidade de apoio dos sistemas integrados de saúde em todas as instâncias.
A necessidade de aprimoramento de seus conhecimentos é uma constante na vida deste profissional que atua no atendimento pedagógico ao educando hospitalizado ou em domicilio. Ele deverá estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes vivências culturais, identificando necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar a escola. Deverá ser capaz de propor estratégias de flexibilização e adaptação curricular,  (BRASIL, 2002, p. 23).
Quanto ao aspecto formativo este profissional deverá, conforme proposto em  (BRASIL, 2002, p. 23):

[...] ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo.

Como anotamos no resumo deste trabalho o nosso objetivo é identificar nos relatos dos Fóruns investigados se há a utilização e/ou aplicação de recursos tecnológicos no atendimento aos alunos em condição de internamento hospitalar ou atendimento domiciliar e se os profissionais envolvidos no curso online o entendem como importante para desenvolvimento de seus trabalhos.
Os Fóruns em questão visavam à integração dos professores alunos e lhes foi solicitado uma breve apresentação e relato de suas atividades. Os professores tutores/mediadores utilizaram o momento para intensificar a integração que num primeiro momento, segundo Pallof e Pratt (2004), são essenciais para criar um ambiente dinâmico, descontraído e que permita ao novo aluno, já experiente ou não, tornar-se inserido ao ambiente virtual, participando e contribuindo ativamente.
Neste viés Palloff e Pratt, afirmam que a comunicação assíncrona, como ocorre em um Fórum é a melhor maneira de sustentar a interatividade de um curso on-line.  Os autores apresentam outros esclarecimentos importantes: “Uma vez que os alunos determinem um ritmo e comecem a interagir ativamente, eles assumirão a responsabilidade de sustentar esse contato, seja pela interação social, seja como uma resposta às perguntas para discussão enviadas pelo professor” Palloff e Pratt (2004, p. 47).
Os tutores/mediadores envolvidos na organização do curso que eram responsáveis pelo desenvolvimento e estímulo aos alunos respondiam incentivando-os. Um dos professores lançou a seguinte pergunta ao longo dos três Fóruns com o objetivo de identificar o objeto de pesquisa deste documento. A pergunta apresentada foi: “Uma curiosidade. Você já utiliza tecnologias nas suas atividades docentes? Se sim contribua sinalizando-as”. O resultado desta pergunta gerou os seguintes relatos:

Fórum da Sala “A”:

Aluno A3: “Sim. As tecnologias nos beneficiam muito na educação. Hoje vejo-as tão importantes quanto o livro didático. A Internet, os quites multimídia, os acessórios que tornaram-se indispensáveis no dia a dia para podermos ilustrar nossas aulas, diferenciar nosso trabalho da rotina, deixaram a sala de aula mais interessante. Nos casos em que o aluno encontra-se afastado da rotina da sala de aula, a internet pode ser, quando bem focada, uma ferramenta importantíssima para o professor e o aluno”.
Aluno A4: “As tecnologias se faz presente na vida de todos os cidadãos e na escola ela é mais uma ferramenta utilizada pelos educadores. Porém sabemos que ainda no Brasil existem regiões que as informações tecnológicas ainda não chegaram”.
Aluno A1: “Sim, prof P2 . Como eu trabalho numa Sala de Recursos, utilizo algumas tecnologias, como o notebook, computador, impressora, data show, televisão, aparelhos de DVDs e de som. Também utilizamos softwares educativos, disponibilizados pelo MEC e pelo Departamento Municipal de Educação. Estamos a espera de outros recursos, como a lupa e a lousa digitais, computadores e acessórios adaptados, enfim... A internet também é um grande recurso para auxiliar meu trabalho com os alunos, pois utilizamos várias ferramentas de cunho pedagógico e educativo, que muitas vezes demoram a chegar nas Salas de Recursos. É isso, espero ter contribuído. Abraços”.
Aluno A8: “As tecnologias se encontram presentes na vida de todos, embora em alguns locais com um pouco mais de dificuldades, mas já é a ferramenta mais utilizada pelos educandos e educadores. Com certeza, ainda temos um longo caminho a percorrer até que as tecnologias possam atender a toda a rede educacional e superar as dificuldades de muitos educadores que não dominem o uso das tecnologias de informação. Sabemos da importância destes meios e de que não há volta, mas acredito que isto é uma mera questão de tempo, uma vez que a geração que está vindo aí, já se encontra muito mais familiarizada com as utilidades desta forma de educar, seja ela nos programas de SAREH ou não”.

Fórum da “Sala B”:

Aluno B13: Olá professor, sim, em minha sala de recursos multifuncional, entre outros atendo alunos com deficiência intelectual, TDAH, um método bastante satisfatório é o trabalho com a informática, que inclui digitação e formatação de textos, jogos pedagógicos, que estimulam a atenção, concentração, raciocínio lógico e coordenação motora, também quando temos alguma data comemorativa importante, levo os alunos até os computadores para realizar uma pesquisa sobre a data e depois em sala eles fazem a interpretação e expõe aos colegas o que pesquisaram e como pesquisaram, uma vez durante a semana levo-os para a sala de informática onde desenvolvemos atividades diversificadas, eles gostam muito e o resultado é satisfatório, também temos as TV pendrive, que é um instrumento muito bom para trabalharmos com, vídeos, músicas, trechos de filmes, apresentação de slides.
Aluno B18: “Trabalho quase sempre usando jogos, televisor, DVD, computador e suas ferramentas como internet e sites para diversificar e tornar as atividades mais atrativas e prazerosas, e utilizo adaptações assistivas simples como engrossar o lápis e colocar velcro no alfabeto móvel para facilitar a realização das tarefas para o aluno. Gostaria que me mandassem ideias para melhor utilização desses recursos em sala”.

Fórum da “Sala C”:

Aluno C17: “Obrigada pelo acolhimento! Farei o possível para socializar a alegria e alguns saberes da Bahia. Mas, quero e tenho certeza que trarei também, de todos vocês, muitas contribuições para nossa terra. Em nosso espaço escolar no hospital, temos o privilégio de contar sim com algumas tecnologias. Em nossa sala que é diferenciada de uma sala regular, temos computadores disponíveis para as crianças, utilizamos notebooks e DVD's nos leitos das enfermarias. Entretanto, o que se destaca são os jogos eletrônicos como o Nintendo Wii, o ‘Soletrando Júnior’ também faz muito sucesso com meninada. Temos outros tipos de videogames também, mas no momento não me lembro de mais nenhuma outra tecnologia. Espero ter ajudado. Abraços”.

Considerações finais

A presente pesquisa realizada em um AVA teve por objetivo identificar a utilização/aplicação de recursos tecnológicos nas atividades de atendimento aos alunos que se encontram, temporária ou permanentemente, impossibilitados de frequentar a escola bem como apontar os aspectos legais que apoiam estas atividades. Os Fóruns em análise tiveram ampla participação e intensa troca de diálogos envolvendo apresentações, relatos resumidos das atividades realizadas pelos professores-alunos envolvidos no atendimento ao aluno em tratamento de saúde. “Na Sala A” de 59 inscritos 50 participações foram identificadas; na “Sala B” 48 participações de 56 inscritos e na “Sala C” 48 participações de 64 inscritos. Os professores num total de 9 envolvidos no processo mediático e tutorial para as três salas.
A pesquisa qualitativa em questão fundamentou-se na possibilidade de poder ocorrer a análise sobre o que as pessoas ou profissionais em foco realizam ao longo de suas atividades e no que utilizam para potencializar o seu trabalho.
Desta forma ressaltamos o que Strauss e Corbin (2008, p. 23), descrevem como pesquisa qualitativa:
[...] qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções e sentimentos, e também à pesquisa sobre funcionamento organizacional, movimentos sociais, fenômenos culturais e interação entre nações. Alguns dados podem ser quantificados, como no caso do censo ou de informações históricas sobre pessoas ou objetos estudados, mas o grosso da análise é interpretativa. [...] Ao falar sobre análise qualitativa, referimo-nos não à quantificação de dados qualitativos, mas, sim, ao processo não matemático de interpretação, feito com o objetivo de descobrir conceitos e relações nos dados brutos e de organizar esses conceitos e relações em um esquema explanatório teórico.

Assim identificamos fundamentação legal na Constituição Brasileira de 1988, (BRASIL, 1988), na Lei n° 9.394, Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional,  (BRASIL, 1996), bem como no documento denominado Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações, da Secretaria de Educação Especial, do Ministério da Educação e Cultura, (BRASIL, 2002). Outros documentos como o Estatuto da Criança, e do Adolescente,  (BRASIL, 1990), e outras Leis ou Diretrizes específicas também regulam o assunto em questão,  (BRASIL, 2011), (BRASIL, 1991).
Desta forma podemos considerar, com base nos relatos obtidos junto aos participantes dos Fóruns, que as TIC são fator importante para desenvolvimento das atividades dos profissionais da pedagogia hospitalar, podendo transformar-se em um potencializador na aplicação diária e auxiliando na comunicação entre estes profissionais, alunos e familiares, coordenadores e instituições envolvidas no processo o que pode ser observado no relato do Aluno A3: Nos casos em que o aluno encontra-se afastado da rotina da sala de aula, a internet pode ser, quando bem focada, uma ferramenta importantíssima para o professor e o aluno”.
O Aluno A1 também salienta a importância da Internet: “A internet também é um grande recurso para auxiliar meu trabalho com os alunos, pois utilizamos várias ferramentas de cunho pedagógico e educativo, que muitas vezes demoram a chegar nas Salas de Recursos. É isso, espero ter contribuído. Abraços”.
Algumas dificuldades também são identificadas, apontam os alunos: A4 “Porém sabemos que ainda no Brasil existem regiões que as informações tecnológicas ainda não chegaram”; A1 “Estamos a espera de outros recursos, como a lupa e a lousa digitais, computadores e acessórios adaptados, enfim...”.

Um professor aluno apresenta em seu relato, de forma pontual a utilização dentro do hospital: C17 “Em nosso espaço escolar no hospital, temos o privilégio de contar sim com algumas tecnologias. Em nossa sala que é diferenciada de uma sala regular, temos computadores disponíveis para as crianças, utilizamos notebooks e DVD's nos leitos das enfermarias. Entretanto, o que se destaca são os jogos eletrônicos como o Nintendo Wii, o ‘Soletrando Júnior’ também faz muito sucesso com meninada. Temos outros tipos de videogames também, mas no momento não me lembro de mais nenhuma outra tecnologia”.
Os Alunos B13 e B18 também trazem contribuições que afirmam o objeto de pesquisa, respectivamente:

Olá professor, sim, em minha sala de recursos multifuncional, entre outros atendo alunos com deficiência intelectual, TDAH, um método bastante satisfatório é o trabalho com a informática, que inclui digitação e formatação de textos, jogos pedagógicos, que estimulam a atenção, concentração, raciocínio lógico e coordenação motora [...]”; “Trabalho quase sempre usando jogos, televisor, DVD, computador e suas ferramentas como internet e sites para diversificar e tornar as atividades mais atrativas e prazerosas [...]”.

REFERÊNCIAS

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STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Porto Alegre: Artmed, 2008.





[1] Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação da Escola de Educação e Humanidades-PUCPR, Administrador, Professor Universitário. Especializações: Formação Pedagógica do Professor Universitário-PUCPR e Formação Estratégica de Custos e Preços-PUCPR. glsievert@gmail.com
[2] Doutora em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, Mestre em Educação pela Universidade Católica do Paraná-PUCPR, Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Recursos Humanos pela PUCPR, Coordenadora dos cursos de Especialização em Formação Pedagógica do Professor Universitário, Pedagogia Hospitalar e Tecnologias Educacionais e professora titular da PUCPR. Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação e do curso de Pedagogia. elizete.matos@pucpr.br