quinta-feira, 15 de novembro de 2018

PARA ONDE DESEJO IR, a jornada rumo a Jerusalém Celeste, nosso templo espiritual.


PARA ONDE DESEJO IR, a jornada rumo a Jerusalém Celeste, nosso templo espiritual.
Genaldo Luis Sievert
MM

            A jornada a que nos dedicamos desde quando iniciados na Maçonaria nos remete ao estudo e ao direcionamento para encontrar e lapidar no nosso “eu”, na mais íntima viagem de encontro ao seu templo interior, a capacidade para de posse da razão, chegar a verdade.
            Numa das muitas sessões de estudo o caminho para a Jerusalém Celeste nos é oferecido. O encontro com a mística Jerusalém é digno de reflexão. O Livro da Lei (Bíblia) registra em 1Rs 8.1, 11.36 e 14.21, respectivamente o seguinte sobre Jerusalém:
Salomão reuniu em Jerusalém os anciãos de Israel e todos os líderes das tribos, os chefes das famílias dos israelitas, para trazerem a arca da alinça ao SENHOR da Cidade de Davi, que é Sião. [...]. Porém, darei uma tribo a seu filho, para que meu servo Davi sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, cidade que escolhi para alí colocar o meu nome. [...]. Roboão, filho de Salomão, reinou em Judá. Ele tinha quarenta e um anos quando começou a reinar, e reinou dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o SENHOR escolhera de todas as tribos de Israel para pôr ali o seu nome. Sua mãe era amonita e se chamava Naamá. (Water, 2014, p. 380).
Sobre a descrição da Jerusalém Celeste: é uma inspiração do conteúdo dos Capítulos 21 e 22 do  livro do Apocalipse de São João.
Faremos alguns registros extraídos do Livro da Lei, pois, é esse livro que norteia a moral, a ética e o respeito, que devem permear a condução da vida dos Maçons.
Na jornada para receber a Jerusalém Celeste nos deparamos com algumas palavras, as quais, face ao profundo significado, serão descritas a seguir:
Aleluia: é a forma grega da palavra hebraica Hallelujah – que significa “Louvado seja o Senhor”, a qual começa e termina alguns Salmos (106, 111, 112, 113), conforme Water, 2014, p. 463.
Alfa: é a primeira letra do alfabeto grego, assim como o ômega é a última. Essas letras aparecem nos textos do Apocalipse 1.8, 11; 21.6; 22.13, e são representadas por “alfa” e “ômega”. Elas significam o primeiro e o último. Entre os símbolos da igreja cristã primitiva essas duas letras são frequentemente combinadas com a cruz ou com o monograma de Cristo a fim de representar sua divindade. (idem, 2014, p. 463).
Amém: essa palavra hebraica significa “firme”, portanto também fiel (Ap 3.14), [...] Normalmente é traduzido por em verdade ou em verdade vos digo. [...] É usada quando se faz um juramento bem como no final de orações, conforme Water, 2014, p. 463-464.
Apocalipse: é o nome grego do livro da revelação das últimas coisas. (idem, p. 464).
Luz: essa palavra é encontrada em abundância nas literaturas de natureza maçônica. É de extrema importância para a humanidade, pois, a luz do sol, inspirou a conduta da humanidade na sua caminhada evolutiva. Vejamos algumas citações do Livro da Lei:
Haja luz. E houve luz. (Gn 1.3).
O povo que andava em trevas viu uma grande luz sobre os que habitavam na terra da sombra da morte.(Is 9.2).
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. (Mt 5.14).
Cuide, então, para que a luz que há em ti não sejam trevas. (Lc 11.35).
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. (Jo 9.5).
Deus é luz, e nele não há treva alguma. (1Jo 1.5).
A palavra LuzLumen ou Lux, neste caso derivada do latim pode representar muitas manifestações e traduzir-se em muitos significados. Assim filósofos como Aristóteles, Cicero, Plotino entre outros estudaram seu significado, manifestando-se em estudos sobre a vida, a amizade e as intemperanças e esperanças dos homens.
            É a Luz[1] que nos torna racionais, sensatos, tolerantes e benevolentes. É a Luz contínua que mantém o canal de comunicação com Deus e que nos conduz à Fé. É a Luz que nos torna críticos e racionais, que torna possível distinguir o bem do mal, a verdade da mentira, a tolerância da intolerância, a Luz é o fio tênue e firme que cruza o universo, separa impurezas, traduz incertezas em certezas, traduz a dúvida em clareza, transforma impurezas em belezas, abriga vidas, interliga natureza e homem e esta mesma Luz não se sobrepõe à escuridão e nem esta àquela. Esta mesma Luz se manifesta na vida de todas as vidas em seus mais distintos espaços, mesmo daquelas que não visualizamos a olho nu.
Boucher, (2015, p. 109) descreve que: “de acordo com a Ciência, a matéria mais gorsseira é finalmente formada de luz, e essa concepção dá razão à Bíblia, que, no Gênesis, faz com que Deus crie a Luz no primeiro dia e o Sol no quarto”.
Razão: do Latim Rattio e segundo Abbaganano, (2012. P. 969-970), possui os seguintes significados fundamentais.
1° Referencial de orientação do homem em todos os campos em que seja possível a indagação ou a investigação. Nesse sentido, dizemos que a R. é uma “faculdade” própria do homem, que o distingue dos animais.
2° Fundamento ou R. de ser. Visto que a R. de ser de uma coisa é a sua essência necessária ou substância expressa na definição, assume-se às vezes por “R.” a própria substância ou a sua definição. Este é um significado frequente na filosófia aristotélica ou nas correntes nela inspiradas.
3° Argumento ou prova. Nesse sentido dizemos “Ele expôs sua R.” ou “É preciso ouvir as R. do adversário”. A esse significado refere-se também a expressão “Ter R.”, que significa ter argumentos ou provas suficientes, portanto, estar com a verdade.
4° Relação, no sentido matemático. Nesse sentido fala-se também em “R. direta” ou “R. inversa”.
No significado de referencial da conduta humana no mundo, a R. pode ser entendida em dois significados subordinados: a) como faculdade orientadora geral; b) como procedimento específico de conhecimento.
Virtude: Segundo Abbagnano, 2012, p. 1198: “este termo designa uma capacidade qualquer ou excelência, seja qual for a coisa ou ser a que pertença. Seus significados especiais podem ser reduzidos a três: 1° capacidade ou potência em geral; 2° capacidade ou potência própria do homem; 3° capacidade ou potência moral do homem”.
: O Senhor é quem vai à tua frente. Ele estará contigo, não te deixará nem te desamparará. Não temas nem te espantes. (Dt 31.8).
Em Abbagnano, 2012, p. 501, nos deparamos com o seguinte: Crença religiosa, como confiança na palavra revelada. Enquanto a crença em geral, é o compromisso com uma noção qualquer, a Fé é o compromisso com uma noção que se considera revelada ou testemunhada pela divindade. [...] S. Paulo resumiu as características fundamentais da Fé nas celébres palavras: Fé é a garantia das coisas esperadas e a prova das que não se vêem. (Hebr., II, I).
Honra: “É toda manifestação de consideração e estima tributada a um homem por outros homens, assim como  a autoridade, o prestigio ou o cargo de que o reconheçam investido”. Segundo Abbagnano os antigos reconheciam a H. como um bem fundamental da vida social.
Moral: É o mesmo que Ética e o objeto desta é a conduta dirigida ou disciplinada por normas.
Consciência: Segundo Abbagnano, em geral, é a possibilidade que tem cada um de dar atenção aos seus próprios modos de ser e às suas próprias ações, bem como de exprimí-los com a linguagem. Essa possibilidade é a única base de fato sobre a qual foi edificada a noção filosófica de “consciência”.
Virtude: Termo que designa uma capacidade qualquer ou excelência, seja qual for a coisa ou o ser a que pertença.
Jesuralém Celeste “é o Templo da Razão; e irrecusável. Como é, que aquele Templo é o da VerdadeI ou do Amor; fica implicita esta consequencia: a Razão é o Amor; a Razão é a Verdade. Ora, a Razão é o método, é o meio de se chegar à Verdade, não podendo, nunca, ser um fim em si mesma, como o é a Verdade, como o é o Amor”[2].
Se somos dotados e capazes para o uso do sopro Divino da inteligência, nos é possível o entendimento de que a unicidade contida em cada homem universal o torna um centro único, assim, esta condição o torna um Templo Espiritual, cuja viagem se inicia quando do início da sua materialidade, ou seja, da sua concepção.
O Templo Espiritual de cada um de nos é a nossa Jerusalém Celeste. O nosso momento único em toda a nossa evolução material e espiritual.
Construimos, destruimos, reconstruimos nossas vidas todos os dias e noites, pois, nossas dúvidas e incertezas somente são vencidas pelo ato da fé; é nela que encontramos o entendimento para superar os obstáculos; é na busca pela verdade, na superação dos desafios, na caridade, na tolerância, na busca e difusão de que a verdade liberta e nos conduz rumo ao apagar do nosso Sopro Divino, a partir daqui nossa Jerusalém Celeste se manifestará e a verdadeira vida nos será dada.
BIBLIOGRAFIA
WATER, Mark. Enciclopédia de fatos de Bíblia. São Paulo: Hagnos, 2014.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 6ª Ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
BOUCHER, Jules. A simbólica maçônica ou a arte real reeditada e corrigida de acordo com as regras da simbólica esotérica e tradicional. 2ª Ed. São Paulo: Pensamento, 2015.


[2] Conforme Luiz Caramaschi in Jerusalém Celeste, Falando do Amor, Piraju-SP, 2008.