segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

EaD: A ESTRUTURA DE UM CURSO ONLINE SOB A ÓTICA DA LITERATURA EXISTENTE

Publicado na Revista Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu - ISSN 1519-8529 - Vol. 8, nº 31 (2014) Julho



EaD: A ESTRUTURA DE UM CURSO ONLINE SOB A ÓTICA DA TEORIA

Sievert, Genaldo Luis.[1] SIEVERT, G.L.
Matos, Elizete Lucia Moreira.[2]

Resumo

Este artigo é um recorte de uma Dissertação e tem por objetivo descrever a análise realizada em uma estrutura de um curso online, utilizando como suporte as teorias desenvolvidas pelos seguintes autores: Harasim (2005), Mattar (2012), Palloff e Pratt (2004), Silva (2010) e Behar (2009). O curso online foi desenvolvido na plataforma Eureka, um Ambiente Virtual de Aprendizagem. A pesquisa realizada é exploratória, qualitativa e realizada em cinco salas virtuais. A seguinte metodologia foi utilizada: a) acesso ao Plano de Trabalho; b) Expansão do conteúdo de cada Unidade de Ensino; c) Expansão de cada Atividade das Unidades de ensino; d) Abertura de arquivos e checagem dos conteúdos; e) Acompanhamento dos Chats, Fóruns e troca de mensagens. Para chancelar a análise um Quadro de checagem da teoria utilizada foi elaborado. A análise apurou aspectos importantes como: conteúdos apropriados, reconhecimento de diferenças regionais na temática do curso, uma prévia ambientação além de feedback positivo por parte dos participantes quanto a conteúdo apropriado e estratégias de desenvolvimento do curso online. Os aspectos negativos foram a aplicação dos Chats e a falta de feedback.

Palavras-chave: AVA. Pesquisa qualitativa. Curso online. Educação a Distância.   

The structure of an online course from the theorical view
ABSTRACT
This paper is part of a Thesis and aims to describe an analysis made in the structure of an online course, basing it on the theories developed by the following  authors: Harpassem (2005), Mattar (2012), Palloff and Pratt (2004), Silva (2010) and Behar (2009). This online course was developed with Eureka platform, a Virtual Learning Environment.The survey was exploratory, qualitative and was taken from five virtual rooms. The methodology applied was: a) access to the Work Plan; b) Development of the Content in every Learning Unit; c) Development of every Activity in the learning unity; d) Opening files and checking on the contents; e) Following up Chats, Forums and the messages exchanges. In order to highlight the analysis, it was produced a checking chart.The investigation pointed important aspects like: suitable contents, acceptance of the regional differences concerning to the course theme, early environment familiarization, furthermore a positive feedback from the partakers about setting contents and strategies adopted for de online course development. The negative aspects were the appliance of chats and lacking of feedback.

Key-words: LVE. Qualitative Survey. Online Course. Distance Education.  





  
1. Introdução
A evolução proporcionada com o advento da Word Wide Web[3] alcançou todos os segmentos da sociedade e não foi diferente com o segmento relacionado à educação. Este setor, apoiado por ações governamentais, evoluiu e há ai uma grande oportunidade para pesquisadores, principalmente, àqueles que desejam realizar pesquisas em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), seja em cursos regulares, de formação continuada, extensão ou de outra natureza levados a termo em plataformas virtuais. As oportunidades se multiplicam e oportunizam a todos que desejam iniciar, continuar ou aperfeiçoar seus estudos condições nunca antes imaginadas.
Assim, desejoso de compreender se a estrutura de um curso específico vai de encontro aos anseios dos participantes e às teorias dos autores citados, iremos tecer nossas primeiras considerações.
Um curso online deve ter como ponto de partida uma plataforma consistente que possa oferecer a professores e alunos uma interface que contemple múltiplas possibilidades. Neste sentido deverá ser possível estruturar as disciplinas, aportar conteúdos, delimitar horários de abertura e fechamento de atividades, além de ser possível oferecer espaço aos alunos e professores para inserção de conteúdos de trabalhos solicitados e/ou documentos que as partes envolvidas possam considerar útil para contribuição junto aos participantes. Neste viés estaremos verificando, de forma sucinta, o que foi ofertado em cada disciplina e a estrutura oferecida como elemento orientador aos discentes.
O Curso de Extensão ofertado na modalidade de Educação a Distância (EaD) por meio do AVA Eureka ocorreu no período compreendido entre o mês de agosto e o mês de novembro de 2012. O curso foi organizado em 12 Unidades de Aprendizagem sendo algumas compostas por Fóruns e Chats além de intensa atividade para 60 horas de trabalho e um total de 301 alunos distribuídos em 5 salas virtuais, e reúne profissionais de diversos estados do Brasil.
A estrutura e desenvolvimento do curso e escolha das atividades, o sincronismo entre as atividades, a caracterização dos conteúdos com a intenção e objetivo do curso ofertado são preocupações que encontramos em destaque nas obras de Harasim (2005, p. 189), Mattar (2012, p.117), Pallof e Pratt (2004, p.63-64), Silva (2010, p. 215) e Behar (2009); estes autores enfatizam a necessidade de um bom e adequado planejamento e que para isto é relevante a experiência do professor: Harasim entende que: “o professor precisa determinar de que tipo de treinamento os alunos precisam – se deve começar o trabalho em grupo ou aos poucos implementá-lo”; Mattar destaca: “o professor de EaD deve também elaborar o design das atividades que utilizará com os alunos. Em termos gerais as atividades podem ser divididas em síncronas e assíncronas”;  Pallof e Pratt comentam que: “Reconhecer os modos diferentes pelos quais os alunos podem responder às técnicas de ensino on-line e estar sensível às barreiras culturais e aos obstáculos são outros meios de fazer com que a sala de aula on-line se torne mais aberta a diferentes culturas”; Silva salienta: “O professor precisará estar em sintonia com o desenho didático do curso para não subutilizá-lo e, a partir dele, formar e educar”, e Behar sinaliza a importância de “não transferir o conteúdo do ensino presencial para o virtual, simplesmente”.

2. Analisando a estrutura do curso online
As atividades iniciais do curso online foram marcadas pela ambientação ao sistema Eureka e pela realização de um Fórum inicial para cada uma das cinco salas virtuais. Muitas atividades marcaram as primeiras atividades, como por exemplo, enviar uma mensagem de boas vindas a todos os participantes do curso, via e-mail. Além de participar do Fórum os alunos também deveriam postar materiais na pasta da sala, além de links de acordo com a orientação contida nas duas Unidades iniciais.
Nesse sentido é importante o que apontam Palloff e Pratt (2004, p. 107) que acreditam que:
[...] a primeira semana de um curso on-line deve ser utilizada para as atividades de construção da comunidade, tais como o envio de apresentações pessoais e dados biográficos, discussão de objetivos de aprendizagem e das diretrizes do curso. Isso estabelece o ambiente adequado para o curso on-line, antecipa aos alunos o que acontecerá no curso durante o semestre, ajudando-os a desenvolver expectativas realistas sobre o tempo que precisarão dedicar ao curso.
Diante destas considerações iniciais apresentamos a seguir um Quadro onde estão identificadas todas as Unidades do curso online.
Quadro 1 – Estrutura do curso online
Unidade 01
Informações Básicas
Unidade 02
Fórum de Ambientação e Integração
Unidade 03
Atendimento pedagógico educacional do escolar em tratamento de saúde
Unidade 04
Políticas Públicas Educacionais voltadas ao escolar em tratamento de saúde
Unidade 05
Mudança de Paradigmas na educação e na saúde
Unidade 06
Educação e Saúde: cuidados básicos do professor no atendimento pedagógico
Unidade 07
SAREH – Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar
Unidade 08
Escolarização hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar – SME
Unidade 09
Contação de história
Unidade 10
Múltiplas linguagens
Unidade 11
Portfólio
Unidade 12
Fórum: Seminário final
Fonte: os autores 2013.

Os conteúdos são essenciais na educação à distância e devem ser preparados pelos próprios professores com o objetivo de se evitar a utilização de materiais elaborados por conteudistas. Mattar (2012) ressaltada que tal condição pode levar a situações embaraçosas e que causam desconforto ao Moderador. Para Behar (2009, p. 27), o conteúdo é “o que” será trabalhado. A autora salienta que este pode ser desde um simples material instrucional, páginas da Web, objetos de aprendizagem e algumas vezes um software. Se junta a estes fatores o design do material, além de aspectos pedagógicos, se é motivador e interativo e a disponibilização dos materiais. Não bastam trazer do ensino presencial os conteúdos, pois, não há como transferir uma proposta do presencial para o virtual Behar et al(2009); Palloff e Pratt (2004).
A estruturação e a ordem de apresentação dos conteúdos tornam-se, desta forma, fator de sucesso e bom desenvolvimento por parte dos alunos. Para extração dos dados do Plano de Trabalho do AVA foi estabelecida a seguinte metodologia: a) acesso ao Plano de Trabalho; b) Expansão do conteúdo de cada Unidade de Ensino; c) Expansão de cada Atividade das Unidades de ensino; d) abertura de arquivos e checagem dos conteúdos; e) acompanhamento dos Chats, Fóruns e troca de mensagens.
Visto que as atividades iniciais foram de Ambientação vamos a partir de agora nos ater às Unidades.
A Unidade 03 (U03): na atividade 01 o aluno é convidado a assistir dois vídeos e a ler cinco frases de autoria de Paulo Freire. Após isto é convidado a elaborar um conceito inicial sobre o atendimento pedagógico a escolares em tratamento de saúde; após deverá enviar o arquivo salvo clicando em “Enviar Trabalho”. 
Na atividade 02 os discentes deveriam ler um arquivo disponibilizado intitulado “Descrição das práticas pedagógicas em efeito: projeto mirim de hospitalização escolarizada”, composto por 18 páginas.
Na atividade 03 foram postados para leitura e consulta 06 arquivos e 06 vídeos. Objetivo: potencializar a prática educativa. Um Chat, com apoio teórico de um arquivo denominado “Educação e Saúde” em formato Power Point, foi programado com duração estimada de 30 minutos. Quanto ao Chat é relevante o que descreve Mattar (2012, p. 119): “Entretanto, é muito interessante que sejam propostos, antes dos Chat, alguns temas, textos para leitura, links, vídeos, etc., para que os participantes cheguem preparados para o debate”.
A Unidade 04 (U04): denominada “Políticas Públicas Educacionais voltadas ao escolar em tratamento de saúde”, é composta por duas atividades. Na atividade 01 são disponibilizados um texto, uma apresentação de conteúdo elaborado pelas professoras responsáveis pela Unidade com 56 lâminas e um vídeo. O texto intitulado “Políticas Educacionais para o atendimento a estudantes hospitalizados: algumas questões”. É composto por 13 páginas.
O objetivo desta Unidade é gerar uma reflexão sobre Políticas Públicas Educacionais voltadas ao escolar em tratamento de saúde. Para tal foi solicitado aos alunos que realizassem a leitura do artigo e do conteúdo da apresentação e, também, assistir ao vídeo. Após a realização destas tarefas os alunos deverão elaborar um parágrafo, até cinco linhas, a respeito das Políticas Públicas voltadas para a Educação Hospitalar, no Brasil ou no seu Estado. Após esta etapa os alunos deveriam socializar com seus colegas por intermédio de um Fórum. Esta etapa é conteúdo da atividade 02 desta Unidade.
A Unidade 05 (U05). Esta Unidade com o tema “Mudanças de Paradigmas na Educação e na Saúde” tem por objetivo desenvolver o senso crítico do aluno virtual situando-o no ambiente complexo em que vivemos nas últimas décadas do século XX e início do XXI e que exigirá destes profissionais uma reflexão para a prática de novas abordagens de forma inovadora e adaptada aos alunos em tratamento de saúde em hospitais e/ou domicílio.
O desenvolvimento da Unidade exigiu a leitura de um texto, assistir a um vídeo e, após isto, a apresentação de um texto em que o aluno/professor deveria estar relatando uma experiência que pode ser considerada inovadora na prática de atendimento escolar hospitalar. O texto indicado para leitura foi: Conexão paradigmática da saúde e educação: desafio do reencontro possível, de autoria da Professora Doutora Marilda Aparecida Behrens.
Para desenvolvimento da Unidade 06 (U06) intitulada “Educação e saúde: cuidados básicos do professor no atendimento pedagógico”, compostas por duas atividades foram propostos: a leitura de um artigo destacando a relevância do professor no contexto hospitalar, assistir a seis vídeos relacionados à temática e um vídeo de boas vindas, compondo a Atividade 01. A atividade 02 foi composta pela leitura do texto e a posterior participação em um Fórum para discussão da importância da aplicação de princípios básicos de higienização, e a importância da formação continuada para os profissionais que atuam nesta atividade específica. Os alunos deveriam estar respondendo aos questionamentos do professor, no Fórum, além de realizar um comentário sobre a atividade desta Unidade de ensino.
A Unidade 07 (U07), intitulada “Conhecendo o SAREH – Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar”.
As atividades a realizar foram: leitura de um texto e de uma apresentação em Power Point, além de links de atividades relacionadas à legislação. Além destes elementos foram disponibilizados links para uma webconferência disponível no site da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, com duração de 46’ (minutos) e o segundo link apontando para um vídeo disponível no site do YouTube.
Como atividade complementar os alunos/professores deveriam, após assistir aos vídeos e a realização das leituras apresentar um texto com relato de uma experiência no atendimento ao escolar em tratamento de saúde.
A Unidade 08 (U08) foi intitulada “Escolarização Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar”.
O objetivo desta Unidade foi conduzir o aluno/professor à compreensão do que é realizado pela Secretaria Municipal da Educação de Curitiba.
Foram disponibilizados vídeos, além de diversos textos pertinentes à escolarização hospitalar, política do atendimento pedagógico domiciliar, orientações a este atendimento e aspectos legais com destaque para a legislação que apoia esta atividade.
Podemos perceber de forma clara que os vídeos têm permeado as Unidades disponibilizadas pelos professores/tutores, mesmo por que, estas mídias são altamente motivadoras e destacam trabalhos realizados por profissionais do contexto em estudo. Estes momentos são únicos levados a termo por profissionais proativos e que encontram nestes ambientes uma motivação ímpar própria dos humanos preocupados com o bem estar e a recuperação de crianças e adolescentes em tratamento de saúde em hospitais e em domicílio.
A Unidade 09 (U09) trouxe ao contexto um aspecto que tem permeado a história da humanidade: a Contação de História. Quem de nós não se lembra de uma história contada por um de nossos avós, tios, ou pais. Estes momentos sempre foram repletos de visões elaboradas pela vivência pessoal de cada um em seu espaço/tempo e foram tão importantes quanto os ensinamentos que nos foram transmitidos nas escolas. Fantasias ou não o que dá importância a estes momentos é o fato de que nos somos aquilo que ouvimos, vivemos e presenciamos. Assim, para uma criança ou adolescente em um leito hospitalar um momento como este pode ser altamente motivador, pode leva-los a refletir, sorrir e, principalmente, por um breve momento fazê-los sentir-se inseridos no mundo que ficou lá fora, saber-se querido e importante para a sociedade e família poderá, neste momento, fazer uma enorme diferença e motivá-los a prosseguir na luta contra a adversidade que o acometeu, mesmo que temporariamente.
Durante esta Unidade os participantes foram convidados a destacar a importância da Contação de História na formação do indivíduo no processo de ensino e aprendizagem durante o tratamento de saúde.
Um texto e um link foram utilizamos como material de apoio.
O Texto apresentado destaca a importância do planejamento da atividade Contação de História em Ambientes Hospitalares.
Além das atividades já citadas o professor/tutor da Unidade solicitou aos alunos/professores que um relato de vida fosse transformado em um conto de fadas. Este é um momento único para todos estes alunos/professores, onde poderão deixar fluir a capacidade de abstração e reflexão, elementos importantes, já destacados e corroborados por autores de destaque na literatura mundial.
Após transformar esta experiência numa Contação de História o aluno/professor deveria presentear uma criança em tratamento de saúde com a história por ela vivenciada e transformada, de modo a torna-la um elemento didático-pedagógico único. Esta atividade é altamente relevante visto a transformação de vivencias experienciais pessoais em vivencias de transformação e transmissão de conhecimento. O aluno/professor deveria, também, realizar o registro desta atividade por meio da apresentação de um portfólio incluindo fotos e outros elementos que considerasse relevante para o registro da atividade.
A professora/tutora apresentou diversos links de filmes e de campanhas publicitárias para orientar o aluno/professor em formação continuada quanto à pertinência do assunto desta Unidade.
A Unidade 10 (U10), com o título “Múltiplas Linguagens” teve como objetivo dar subsídios teóricos a respeito do tema objetivando a reflexão sobre a importância desta temática para aplicação aos escolares em tratamento de saúde.
Assim, foram apresentados dois textos e um link, sendo que os alunos/professores deveriam escolher um dos textos, acessar ao link de um vídeo, apresentar um link criativo, também de um vídeo, e participar do Fórum pertinente à temática.
Após a escolha do texto e de assistir ao vídeo os participantes deveriam elaborar um posicionamento de cinco linhas a partir das considerações dos autores e socializar no Fórum, discutindo os aspectos relacionados às Múltiplas Linguagens.
Unidade 11 (U11) com o tema “Portfólio Digital” teve como objetivo o seguinte: orientar o aluno/professor sobre como deveria elaborar o seu Portfólio Digital, sendo este elemento da avaliação do curso. A avaliação do Curso Online em sua totalidade foi composta por 75% de participação nas Unidades do Curso e os 25% restantes pela apresentação do Portfólio Digital. Como estímulo a esta atividade foi considerado que os melhores Portfólios seriam escolhidos para uma publicação; os alunos/professores foram orientados quanto aos aspectos de autorização de uso de imagens e filmagens, bem como de imagens fotografadas, além do termo de livre consentimento assinado por todos os envolvidos.
A atividade disponibilizou um tutorial para o desenvolvimento do Portfólio.
Na Unidade em análise também foi feito convite para a elaboração de um artigo voltado a formação de professores que atuam com escolares em tratamento de saúde, sendo este inédito e devendo obedecer às normas da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. Outras orientações pertinentes à organização dos artigos foram disponibilizadas no AVA.
Acrescido a estas atividades foi proposta a realização de um Chat com participação não obrigatória.
A Unidade 12 (U12) foi organizada com o propósito de realização de um “Seminário de Debate Coletivo sobre o Curso Online”, com a intenção de obter, em um último momento de interação, as impressões, positivas ou negativas dos alunos/professores, além de haver a solicitação de apresentação de sugestões, é solicitado, também, que o participante deixe uma mensagem a todos que compartilharam este espaço virtual, podendo ainda, interagir com os demais.
E para comprovar se as estratégias e conteúdos foram de encontro às citações iniciais adicionamos abaixo o Quadro 2 que servirá para a verificação da relevância dos conteúdos e estratégias elencadas pelos professores do curso online.
Quadro 2 – Checando as recomendações dos autores citados
Aspecto relevante
Autor
Elemento teórico citado

O início dos trabalhos

Harasim (2005)
“o professor precisa determinar de que tipo de treinamento os alunos precisam – se deve começar o trabalho em grupo ou aos poucos implementá-lo”.

O professor deve elaborar as atividades

Mattar (2012),
“o professor de EaD deve também elaborar o design das atividades que utilizará com os alunos. Em termos gerais as atividades podem ser divididas em síncronas e assíncronas”.

Reconhecer o modo diferente do ensino online

Pallof e Pratt (2004)
“reconhecer os modos diferentes pelos quais os alunos podem responder às técnicas de ensino on-line e estar sensível às barreiras culturais e aos obstáculos são outros meios de fazer com que a sala de aula on-line se torne mais aberta a diferentes culturas”.

Sintonia com a estrutura da plataforma utilizada

Silva (2010)
“o professor precisará estar em sintonia com o desenho didático do curso para não subutilizá-lo e, a partir dele, formar e educar”.


Conteúdo apropriado ao ambiente

Behar (2009)
“não transferir o conteúdo do ensino presencial para o virtual, simplesmente”.
Fonte: os autores 2013.

É nosso desejo, também, apresentar alguns dados pertinentes às interações ocorridas nos Fóruns, pois, observamos durante nossa análise que a maioria dos professores o utilizaram no sentido de fomentar o diálogo textual e aprimorar o conhecimento por meio da troca de informações e por ser esta condição essencial para o sucesso de um curso online. Nas considerações que adicionamos a seguir avaliamos a importância de um Fórum inicial para ambientação e integração dos alunos/professores. Traçamos nossas considerações, trazendo-as à luz de teorias de autores já consagrados no cenário nacional e internacional.
Fomentar o diálogo, aprender fazendo, trocando experiências, estímulos, narrando expectativas e práticas vivenciais, esta é, sem dúvida, uma maneira humana de socializar, de romper barreiras às dificuldades de comunicação que a narrativa oral provoca. O que é ouvido e não registrado de pouca lembrança ou utilidade nos é, porém, ao narrar experiências deixando-as registradas em um caderno, livro ou mídia eletrônica, provavelmente para a posteridade ficará.
As comunicações online e a participação necessária de todos os envolvidos acentua o papel do aluno/professor e a sua responsabilidade para a criação da comunidade. Incentivar os alunos e acompanha-los é essencial para o sucesso do curso, interação e mediação, colaboração. A diversidade de comentários é de uma riqueza ímpar visto que há alunos-professores de vários estados do Brasil.
Os processos interacionais são originados quando os alunos virtuais são chamados a refletir e, esta é uma qualidade fundamental aos participantes de um curso online visto que a estes será solicitada a participação em Fóruns ou Chats em momentos específicos e para o início de uma destas atividades, quase sempre, os professores/tutores utilizam um texto, um vídeo, ou mesmo uma mensagem instigante, para dar início à tarefa. Palloff e Pratt (2004, p. 32) entendem que:
O fato de apenas pedir aos alunos para responderem às questões de discussão e às mensagens de seus colegas é o suficiente para dar início ao processo de reflexão. Os alunos aprendem que um dos aspectos mais belos da aprendizagem online é que eles têm tempo para refletir sobre o material que estudam e sobre as ideias de seus colegas antes de escreverem suas próprias respostas.
A interação quando estimulada em um Fórum pode se tornar fonte de uma grande massa de dados que poderá ser utilizada durante vários estudos de pesquisa. Tamanha é a diversidade que emergem das reflexões dos participantes que as dificuldades de organização do material pode se tornar uma grande tarefa a ser executada por um longo período.
Um Fórum inicial foi instituído e teve como proposito: inserir o aluno virtual no ambiente e fazê-lo perceber a importância de contribuir, de cumprir um período estipulado para a postagem de conteúdo, compreender a necessidade de socializar-se para, além de contribuir, obter diferentes percepções a respeito do que realiza profissionalmente. Para que as trocas experienciais fossem levadas a termo foi solicitado que os alunos/professores anotassem em seus relatos uma apresentação criativa, sua formação, área de atuação e uma experiência com escolares em tratamento de saúde.
De acordo com Moore (2010, p. 152-153), três tipos de interação distintos podem caracterizar-se como apresentados no Quadro 1:
Quadro 3 - Tipos de interação
Tipo de interação
Aspecto geral resumido
Aluno/Conteúdo
[...] É a interação com o conteúdo que resulta nas alterações da compreensão do aluno, aquilo que algumas vezes denominamos uma mudança de perspectiva. Na educação a distancia, o conteúdo necessário para esse processo é criado e apresentado pelos profissionais que elaboram o curso e ajudam cada aluno à medida que ele interage com o conteúdo e o transforma em conhecimento pessoal.
Aluno/Instrutor
[...] os instrutores proporcionam conselhos, apoio e incentivo a cada aluno, embora a extensão e a natureza desse apoio variem de acordo com o nível educacional, a personalidade e a filosofia do professor e outros fatores educacionais e organizacionais.
Aluno/Aluno
[...] Trata-se da interação dos alunos, da interação de um aluno com outros alunos. [...] é a interação de aluno para aluno em ambientes on-line, quando as pessoas não se reúnem face a face [...].
Fonte: Adaptado de Moore, 2010.
 Este procedimento inicial vai de encontro à necessidade humana de comunicar-se de modo constante, incessante e, talvez isto tenha sido o fator de sucesso, estrondoso, que se atribuiu às redes sociais apoiadas na grande rede mundial, a Internet.
Nunca estivemos sós, nunca nos percebemos absolutamente isolados. Em algum momento, mesmo que sozinhos, estamos em contato com o ambiente a nossa volta. Kenski (2012, p. 120), nos apresenta uma interessante reflexão de Amir Klink quanto a este aspecto:
[...] Amir Klink, que diz que nunca se sente só – apenas desacompanhado. Pela aparelhagem eletrônica que dispõe em seu barco, ele consegue interagir e se comunicar o tempo todo com os técnicos que o auxiliam na viagem, a família, os amigos e muitas outras pessoas. Sem a interação e a colaboração permanente dessas pessoas, o navegador jamais conseguiria levar adiante seus audaciosos projetos.
Kenski (2012) ressalta que há uma suposta confusão quando imaginamos que estamos falando de processos e de momentos diferentes, quanto à interação. Para ela, neste momento estamos falando de mediação realizada pelas tecnologias o que simplesmente acelerou a forma como interagimos, pois, desde os mais remotos tempos é possível perceber a necessidade que a nossa espécie tem de interagir com os outros e com o ambiente em que está inserido. Estamos apenas em um novo tempo e contexto.
A interação com relação ao aluno-instituição e alunos-alunos pode ser mais bem compreendida quando observamos o que destaca Belinski (2009, p. 92-93) com relação ao aluno:
Desde a pré-inscrição é importante manter contato sistemático e permanente com ele para estimular sua continuidade. Em alguns casos, é até necessário enviar panfletos impressos para mostrar o que o curso e a instituição exigem na realidade. Com a matricula do aluno é possível tornar virtual esse contato por e-mail ou celular. O importante é planejar como será a interação, se mais constante ou pontual. Para o aluno é importante criar um sentimento de pertencer a um grupo, principalmente em cursos mais longos, como uma graduação de quatro anos.

Torres (2003, p. 36-37) destaca a importância do trabalho colaborativo para a educação a distância e aponta que há inúmeras soluções pedagógicas que podem auxiliar na superação do paradigma do trabalho individualizado. Salienta que as soluções online visam à construção do saber no grupo ou no indivíduo quando destinado a neutralizar a redução do distanciamento físico e temporal.
Um Fórum é uma das ferramentas mais adequadas para dialogar em um ambiente online.
Segundo Vaillant (2012, p. 210), “a comunicação assincrônica através do fórum de discussão foi a que mais atenção recebeu de pesquisadores”. Não poderia ser diferente nos Fóruns propostos para os profissionais neste curso online.
É nesta condição que com certeza iremos encontrar aspectos marcantes da socialização entre estes alunos/professores e seus tutores/mediadores. A autora destaca, também, que: “A dimensão social vem a incluir todas aquelas declarações dos alunos ou tutores nas quais se fomenta a criação de uma dinâmica de grupo, promovem-se as relações sociais, além da expressão de emoções e a formação de grupos” (Vaillant, 2012, p. 212).
Entendemos, então, que os alunos que participam de Fóruns de integração devem fazê-lo de forma a entregar-se ao diálogo e à troca escrita de relatos de experiências.
É importante por parte dos alunos, também, atender aos chamamentos dos seus tutores quando houver uma especificidade, como por exemplo, apresentar-se declinando seu currículo e sua vivência neste ou naquele campo de atuação, por exemplo. Muitas são as formas que poderão evidenciar a presença de alunos no ambiente virtual. Entendemos que comunicar-se, e partilhar sua experiência, vivência e capacidade de transmitir por meio textual, seja uma das mais importantes.
Para Palloff e Pratt (2004, p. 47), a comunicação assíncrona, como ocorre em um Fórum é a melhor maneira de sustentar a interatividade de um curso on-line.  Os autores apresentam outros esclarecimentos importantes: “Uma vez que os alunos determinem um ritmo e comecem a interagir ativamente, eles assumirão a responsabilidade de sustentar esse contato, seja pela interação social, seja como uma resposta às perguntas para discussão enviadas pelo professor”.


3. Considerações

Podemos considerar que elementos de importância fundamental foram alcançados como: conteúdo elaborado/organizado pelos professores/tutores, a sintonia dos conteúdos com a proposta do Curso, reconhecimento das diferenças culturais regionais entendendo que não ha apropriação de uma ação específica já realizada em um estado brasileiro como modelo, o início com a participação de todos no reconhecimento do ambiente virtual e de um Fórum inicial de socialização.           
Outros pontos importantes ao longo do Curso Online foram as atividades realizadas com o apoio de Fóruns e Chats. Nestes espaços de comunicação assíncrona e síncrona é que ocorreram momentos relevantes, sendo possível, perceber nas participações dos alunos/professores e dos professores/tutores uma enorme vontade para interagir trocando experiências pessoais e profissionais em um campo de atuação específico e que se desenvolve em um ambiente dinâmico onde as exigências profissionais e de equilíbrio pessoal são fundamentais. E as melhores estratégias foram as aplicações de fóruns e a disponibilização de vídeos e a aplicação do portfólio. As que obtiveram mais considerações negativas foram o Chat e as eventuais faltas em devolutivas por parte dos professores/tutores, apontadas que foram pelos alunos/professores.
            Abaixo apresentamos o Quadro 4 onde é possível perceber o grau de satisfação dos alunos/professores que participaram do curso online e que comprova a pertinência dos conteúdos abordados, a interação e compartilhamento.
Quadro 4 – Checando as manifestações dos participantes[4]
Identificação do aluno/professor
Manifestação
A11
O curso teve uma boa organização. Ensinou-nos a lidar com as ferramentas da internet, para depois adentrar ao assunto propriamente do curso.
A48
A participação e a interação com vários colegas e tutores foi um dos fatores relevantes que promoveram trocas de informações e conhecimentos que poderão ser utilizados em nosso cotidiano. O material do curso foi muito bem escolhido e o atendimento às nossas solicitações foi relevante e prontamente atendido.
B43
Com relação a impressão sobre o curso considero que teve somente pontos positivos, porque às leituras que realizei foram muito relevantes, pois os conteúdos dos documentos encaminhados eram de teor crítico e reflexivo, que proporcionaram aprofundar meus conhecimentos, bem como, perceber com as trocas realizadas que não estou sozinha nas dificuldades e anseios. O que me agradou desde o inicio foi a relação humana dos moderadores com os cursistas, pois quando eu entrava no EUREKA para acessar o plano de estudo, os e-mails, eu me sentia em casa, pelo cuidado e atenção com que haviam elaborado a unidade, e também nas mensagens enviadas [...].
C2
As atividades propostas tiveram uma sequência lógica, proporcionando um aprofundamento teórico necessário, principalmente em nosso campo de ensino – Educação Hospitalar. Os materiais postados como suporte à leitura e os vídeos também, tiveram uma riqueza tanto em conteúdo, quanto nas mensagens de força, perseverança no dia a dia de nosso trabalho.
D10
A equipe muito organizada, a começar pelo 1° vídeo de apresentação das tutoras que se fizeram presentes durante todo o tempo. Os materiais são ótimos, como sou tutora em EAD, aproveitei muitos deles, e guardei todo o material para futuros trabalhos. [...] Outro diferencial nesta formação continuada, são as oportunidades de publicações que foram dadas aos cursistas! Enfim, o conteúdo estava sob medida, as estratégias utilizadas foram diversificadas e os tutores de alto nível de conhecimento.
E32
Os textos, os vídeos, as trocas de experiência através dos fóruns e chats, enfim, todo o material disponibilizado e a metodologia empregada contribuíram para a aquisição de novos conhecimentos que, com certeza, farão a diferença no meu desempenho profissional.
D24
Senti falta das devolutivas referentes às tarefas entregues por parte de alguns professores, creio que poderia ter acontecido.
D3
Poucos professores responderam as atividades, pastas, portfólio. Os chats foram pouco acessados e a troca bem restrita. Os orientadores poderiam comentar as publicações do fórum com perguntas provocativas para respostas mais aprofundadas.
Fonte: os autores 2013.
Diante das manifestações e da checagem do que foi aplicado no curso online e do que os autores citados enfatizam, além das manifestações do alunos/professores, é possível afirmar que houve a realização de um curso online pertinente, com temática apropriada e inserida de forma específica em um cenário de atuação único, a atividade de apoio ao escolar hospitalizado e/ou em tratamento de saúde em domicilio.

REFERÊNCIAS
ATLAS TI. [Programa de computador]. 2013. Disponível em: < www.software.com.br/AtlasTI >. Acesso em: 01 de mar. 2012.
BEHAR, Patricia Alejandra (Org.). Modelos pedagógicos em educação a distância. Porto Alegre: Artmed, 2009.
BELINSKI, Ricardo. Suporte ao aluno. PR, IESDE, 2009.
 HARASIM, Linda [et al]. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem on-line. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas, SP: Papirus, 2012.
MATTAR, João. Tutoria e interação em educação a distância. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
MOORE, Michael G. Educação a Distância: Uma Visão Integrada. SP, Ed. Cengage Learning, 2010.
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[1] Mestre em Educação, Administrador, Professor Universitário. Especializações: Formação Pedagógica do Professor Universitário-PUCPR e Formação Estratégica de Custos e Preços-PUCPR.
[2] Doutora em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, Mestre em Educação pela Universidade Católica do Paraná-PUCPR, Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Recursos Humanos pela PUCPR, Coordenadora dos cursos de Especialização em Formação Pedagógica do Professor Universitário, Pedagogia Hospitalar e Tecnologias Educacionais e professora titular da PUCPR. Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação e do curso de Pedagogia.
[3] Literalmente, “Teia (Rede) Mundial”. A World Wide Web é um acervo universal de páginas da Web (Web pages) interligadas por vínculos (links), as quais fornecem ao usuário informações de um completo banco de dados multimídia, utilizando a Internet como mecanismo de transporte. Sawaya (1999, p. 516).
[4] Os códigos de identificação dos alunos/professores foram mantidos de acordo com o conteúdo original constante em: SIEVERT, G. L. Formação online para professores que atuam com alunos em tratamento de saúde. Orientadora: Elizete Lúcia Moreira Matos. Curitiba: PUCPR, 2013.