quarta-feira, 19 de julho de 2023

 

A filosofia Perene: uma interpretação dos grandes místicos do oriente e do ocidente

 

A filosofia, ou amor pelos saberes, é o caminho que leva a um dos mais vastos campos do pensamento humano, seja no aspecto da pesquisa quanto no da evolução do campo do conhecimento no que diz respeito a tudo o que nos envolve física e espiritualmente, e assim, as mais diversas vertentes ou propostas são apresentadas por estudiosos desde os tempos mais remotos. O título apresentado é fruto de estudo, reflexão e discussão por Aldous Huxley, primeira edição de 2010. Após a leitura estou compilando uma série de excertos, os quais dedico para reflexão dos irmãos e, recomendo a leitura. A obra está disponível por e-book e brochura e, a leitura é muito mais do que um prêmio, é ao final uma conquista de saberes distintos e que enriquecem àqueles que possuem amor pelo conhecimento. Afinal, o passado e o presente cujos conhecimentos não podem ser corroídos, pavimentam o nosso futuro.  

Vejamos, então, alguns dos trechos selecionados:

O conhecimento é uma função do ser. Quando há uma mudança no ser que conhece, há outra mudança correspondente na natureza e na quantidade do que se conhece.

Aquilo que sabemos depende também daquilo que, como seres morais, nós mesmos escolhemos. “A prática”, nas palavras de William James, “pode mudar nosso horizonte teórico, e isso se dá de forma dúplice: pode levar a novos mundos e assegurar novos poderes. O conhecimento que poderíamos nunca obter, ao permanecermos como somos, pode se tornar alcançável em consequência de poderes maiores e de uma vida mais nobre, que podemos conquistar moralmente.”

“O astrolábio dos mistérios de Deus é o amor”.

A certeza autovalidada da consciência direta não pode, na própria natureza das coisas, ser conquistada senão por aqueles equipados com o “astrolábio moral” dos mistérios de Deus. Para quem não for um sábio ou santo, o melhor que se pode fazer, no campo da metafísica, é estudar a obra daqueles que o foram e que, na medida em que modificaram seu modo meramente humano de ser, foram capazes de obter um tipo e uma quantidade mais do que meramente humanos de conhecimento.

Ao se estudar a Filosofia Perene, podemos começar ou por baixo, com a prática e a moralidade; ou por cima, com uma consideração das verdades metafísicas; ou, enfim, pelo meio, no ponto focal onde a mente e a matéria, a ação e o pensamento, convergem na psicologia humana. O portão inferior é o preferido pelos professores estritamente práticos — homens que, como Gautama Buda, não veem utilidade na especulação e cuja principal preocupação é apagar nos corações humanos as chamas medonhas da ganância, do ressentimento e das paixões mundanas. Pelo portão superior seguem aqueles cuja vocação é pensar e especular — os filósofos e teólogos natos. O portão médio dá entrada aos expoentes do que foi chamado de “religião espiritual” — os contemplativos devotos da Índia, os sufis do islã, os místicos católicos da Baixa Idade Média e, na tradição protestante, homens como Denk, Franck e Castellio, como Everard e John Smith, os primeiros quacres e William Law. É por essa porta central, e apenas porque é central, que faremos nossa entrada pelo assunto deste livro. A psicologia da Filosofia Perene tem sua fonte na metafísica e deságua logicamente em um modo de vida e sistema ético característicos. Partindo desse ponto médio da doutrina, é fácil para a mente seguir em qualquer uma das outras direções.

O ser humano completamente iluminado sabe, com a Lei, que Deus “está presente na parte mais profunda e mais central de sua própria alma”; mas ele também é, ao mesmo tempo, um daqueles que, nas palavras de Plotino, “enxergam todas as coisas, não no processo do devir, mas em Ser, e se enxergam no outro. Cada ser contém em si todo o mundo inteligível. Portanto, Tudo está em toda parte. O cada está no Todo, e o Todo, no cada. O homem como é agora deixou de ser o Todo. Mas, quando deixa de ser um indivíduo, ele se eleva novamente e penetra o mundo inteiro”.

Não perguntes se o Princípio está nisso ou naquilo; ele está em todos os seres. É por esse motivo que lhe aplicamos os epítetos de supremo, universal, total […] Ele ordena que todas as coisas sejam limitadas, mas ele próprio é ilimitado, infinito. No tocante à manifestação, o Princípio causa a sucessão de suas fases, mas não é essa sucessão. Ele é o autor das causas e efeitos, mas não é as causas e efeitos. É o autor das condensações e dissipações (morte e nascimento, mudanças de estado), mas não é, ele próprio, as condensações e dissipações. Tudo procede dele e está sob sua influência. Ele está em todas as coisas, mas não é idêntico aos seres, pois não é nem diferenciado nem limitado.

Quem é Deus? Não posso pensar em nenhuma resposta melhor do que: Ele que é. Nada é mais adequado a essa eternidade que é Deus. Se você chamar a Deus de bom, ou grande, ou bendito, ou sábio, ou qualquer outra coisa do gênero, está incluído nessas palavras, a saber: Ele é. São Bernardo.

O destino final do ser humano, o propósito de sua existência, é amar, saber e se unir à Divindade imanente e transcendente. E essa identificação do si-mesmo com o não si-mesmo espiritual só pode ser conquistada ao se “morrer para” o individualismo e se viver para o espírito.

GENALDO LUIS SIEVERT - M.´.M.´.  Oriente de Curitiba, 23 de abril de 2023.

 

Huxley, Aldous. A filosofia perene: Uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do Ocidente. Biblioteca Azul. Edição do Kindle.

 

 

 

 

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