A
filosofia Perene: uma interpretação dos grandes místicos do oriente e do
ocidente
A filosofia, ou amor pelos
saberes, é o caminho que leva a um dos mais vastos campos do pensamento humano,
seja no aspecto da pesquisa quanto no da evolução do campo do conhecimento no
que diz respeito a tudo o que nos envolve física e espiritualmente, e assim, as
mais diversas vertentes ou propostas são apresentadas por estudiosos desde os
tempos mais remotos. O título apresentado é fruto de estudo, reflexão e
discussão por Aldous Huxley, primeira edição de 2010. Após a leitura estou
compilando uma série de excertos, os quais dedico para reflexão dos irmãos e,
recomendo a leitura. A obra está disponível por e-book e brochura e, a leitura
é muito mais do que um prêmio, é ao final uma conquista de saberes distintos e
que enriquecem àqueles que possuem amor pelo conhecimento. Afinal, o passado e
o presente cujos conhecimentos não podem ser corroídos, pavimentam o nosso
futuro.
Vejamos, então, alguns dos
trechos selecionados:
O conhecimento é uma função do
ser. Quando há uma mudança no ser que conhece, há outra mudança correspondente
na natureza e na quantidade do que se conhece.
Aquilo que sabemos depende
também daquilo que, como seres morais, nós mesmos escolhemos. “A prática”, nas
palavras de William James, “pode mudar nosso horizonte teórico, e isso se dá de
forma dúplice: pode levar a novos mundos e assegurar novos poderes. O
conhecimento que poderíamos nunca obter, ao permanecermos como somos, pode se
tornar alcançável em consequência de poderes maiores e de uma vida mais nobre,
que podemos conquistar moralmente.”
“O astrolábio dos mistérios de
Deus é o amor”.
A certeza autovalidada da
consciência direta não pode, na própria natureza das coisas, ser conquistada
senão por aqueles equipados com o “astrolábio moral” dos mistérios de Deus.
Para quem não for um sábio ou santo, o melhor que se pode fazer, no campo da
metafísica, é estudar a obra daqueles que o foram e que, na medida em que modificaram
seu modo meramente humano de ser, foram capazes de obter um tipo e uma
quantidade mais do que meramente humanos de conhecimento.
Ao se estudar a Filosofia
Perene, podemos começar ou por baixo, com a prática e a moralidade; ou por
cima, com uma consideração das verdades metafísicas; ou, enfim, pelo meio, no
ponto focal onde a mente e a matéria, a ação e o pensamento, convergem na
psicologia humana. O portão inferior é o preferido pelos professores
estritamente práticos — homens que, como Gautama Buda, não veem utilidade na
especulação e cuja principal preocupação é apagar nos corações humanos as
chamas medonhas da ganância, do ressentimento e das paixões mundanas. Pelo
portão superior seguem aqueles cuja vocação é pensar e especular — os filósofos
e teólogos natos. O portão médio dá entrada aos expoentes do que foi chamado de
“religião espiritual” — os contemplativos devotos da Índia, os sufis do islã,
os místicos católicos da Baixa Idade Média e, na tradição protestante, homens
como Denk, Franck e Castellio, como Everard e John Smith, os primeiros quacres
e William Law. É por essa porta central, e apenas porque é central, que faremos
nossa entrada pelo assunto deste livro. A psicologia da Filosofia Perene tem
sua fonte na metafísica e deságua logicamente em um modo de vida e sistema
ético característicos. Partindo desse ponto médio da doutrina, é fácil para a
mente seguir em qualquer uma das outras direções.
O ser humano completamente
iluminado sabe, com a Lei, que Deus “está presente na parte mais profunda e
mais central de sua própria alma”; mas ele também é, ao mesmo tempo, um
daqueles que, nas palavras de Plotino, “enxergam todas as coisas, não no
processo do devir, mas em Ser, e se enxergam no outro. Cada ser contém em si
todo o mundo inteligível. Portanto, Tudo está em toda parte. O cada está no
Todo, e o Todo, no cada. O homem como é agora deixou de ser o Todo. Mas, quando
deixa de ser um indivíduo, ele se eleva novamente e penetra o mundo inteiro”.
Não perguntes se o Princípio
está nisso ou naquilo; ele está em todos os seres. É por esse motivo que lhe
aplicamos os epítetos de supremo, universal, total […] Ele ordena que todas as
coisas sejam limitadas, mas ele próprio é ilimitado, infinito. No tocante à
manifestação, o Princípio causa a sucessão de suas fases, mas não é essa
sucessão. Ele é o autor das causas e efeitos, mas não é as causas e efeitos. É
o autor das condensações e dissipações (morte e nascimento, mudanças de
estado), mas não é, ele próprio, as condensações e dissipações. Tudo procede
dele e está sob sua influência. Ele está em todas as coisas, mas não é idêntico
aos seres, pois não é nem diferenciado nem limitado.
Quem é Deus? Não posso pensar
em nenhuma resposta melhor do que: Ele que é. Nada é mais adequado a essa
eternidade que é Deus. Se você chamar a Deus de bom, ou grande, ou bendito, ou
sábio, ou qualquer outra coisa do gênero, está incluído nessas palavras, a
saber: Ele é. São Bernardo.
O destino final do ser humano,
o propósito de sua existência, é amar, saber e se unir à Divindade imanente e
transcendente. E essa identificação do si-mesmo com o não si-mesmo espiritual
só pode ser conquistada ao se “morrer para” o individualismo e se viver para o
espírito.
GENALDO
LUIS SIEVERT - M.´.M.´.
Oriente de Curitiba, 23 de abril de 2023.
Huxley, Aldous. A
filosofia perene: Uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do
Ocidente. Biblioteca Azul. Edição do Kindle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário