quarta-feira, 19 de julho de 2023

 

OS PEREGRINOS MAÇONS

GENALDO LUIS SIEVERT - M.´.M.´.

Oriente de Curitiba, 21 de maio de 2022

 

O peregrino maçom começa sua jornada quando aceita ser iniciado em uma Loja Simbólica Maçônica; o faz por ter sido escolhido por um Maçom Regular e assim como em qualquer outra iniciação recebe os princípios fundamentais que nortearão a sua caminhada.

Parece haver uma aura de simplicidade e pureza que absorvida pelo novo peregrino irá, quando aceita por ele, ser a base que o motivará a se manter firme, frequente e estudioso dos princípios que amparam as colunas na maçonaria.

Por que o termo “peregrino” foi aplicado aqui? Porque foi a forma mais simples e didática e, que considero apropriada para identificar a viagem no espaço tempo que o Maçom fará.

Esta estrada pavimentada por teorias e amparada por inúmeros personagens teve seu ápice quando do evento das Cruzadas, cujo patrocínio foi realizado pela cristandade medieval com amparo à ideia de libertar os cristãos mantidos pelos mulçumanos, além de, obter vantagens ao recuperar relíquias e territórios sagrados.

Mas adventos anteriores sustentam os eventos dos cruzados, e, a maçonaria explora e narra em lenda a saga do povo judeu que, liderados por Moisés retornaram a terra prometida. Lança na jornada teórica toda a evolução do sucesso e dos reveses sofridos. Explora o conceito da construção do Templo de Salomão, que, da teoria aporta no campo do aperfeiçoamento espiritual e, tem como objetivo o aperfeiçoamento do homem, já adulto que é apresentado em assembleia maçônica. Esta assembleia tem por missão e dever orientar o peregrino que nos primeiros passos é tratado como Aprendiz.

Este é o início daquilo que denomino “peregrinação”.

A longa caminhada terá como objetivo principal o aperfeiçoamento do homem, peregrino, agora maçom, que provido de novos saberes, lapidará a sua pedra bruta interior, o seu templo, a sua verdadeira morada, o seu casulo, cuja libertação será a plena aceitação do Grande Arquiteto do Universo.

Esse encontro acontecerá quando o peregrino entender os conceitos da virtude cristã fundamental: "Ama o próximo como a ti mesmo”. Fé, caridade e esperança; sendo a caridade a maior de todas. “A caridade tudo suporta, em tudo tem fé, tudo sustenta [...] Agora existem a fé, a esperança e a caridade, essas três coisas; mas a caridade é a maior de todas” (Cor., I, 13)[1].

Mas, as peregrinações também são entendidas em sua essência, como jornadas a lugares considerados santos, onde, os devotos reafirmam a sua fé e assumem inúmeros compromissos nos quais buscam a sustentação para as atribulações da vida. Estas peregrinações ocorrem desde a antiguidade e, são realizadas individualmente ou em grandes grupos. Tais eventos, na modernidade, continuam a motivar os indivíduos a buscar apoio espiritual, seja para compreender a complexidade da vida, seja como um conjunto de motivações para poder alcançar seus objetivos, seja não por último, como uma forma de sucesso, mas, principalmente, para entender-se como um ser vivo, no micro e no macrocosmo, pois, a grandeza da criação nos encanta, absorve, intriga e nos desafia na busca por um dia a dia melhor, saudável e, principalmente voltado para superar os desafios imposto que é, pelo desenvolvimento. Este mesmo é o que nos motiva e é o que nos sufoca e nos remete à reflexão; esta mesma reflexão é que gera os questionamentos e dúvidas, as mais diversas e complexas e que nos colocam, muitas vezes, à beira do abismo da dúvida e, remetem à reflexão.

O desafio que temos como peregrino maçom é, exatamente, o de buscar, eis o desafio, o bem-estar espiritual, aquele cujo conforto, só alcançará pela fé, na vida e no aperfeiçoamento individual. O desafio é o entendimento, você por você, por nós, nos por você, todos em busca do mesmo destino, o aperfeiçoamento espiritual, na individualidade e na comunidade universal, pois, a universalidade é para os maçons a demonstração de que somos uma única sociedade.

Para tanto estimulamos e somos estimulados para aperfeiçoar o nosso Templo interior.

Mas os homens desde a antiguidade entenderam que o “Senhor”, aquele que nos abriga em infinita bondade, é merecedor de um templo material, um local onde nos reunimos, ricamente decorado, para orarmos e refletirmos sobre as nossas dificuldades e desejos.

Eis que o primeiro templo foi dado como tarefa a Davi, tarefa esta concluída por Salomão. Esse mesmo templo, cuja origem era um tabernáculo, montado e desmontado à medida que a peregrinação avançava. Quando materializado, se tornou objeto de cobiça e destruição. A ostentação superava a fé, a esperança e caridade.

Apresento abaixo em uma tabela a sequência cronológica dos templos, os quais foram construídos, destruídos, reconstruídos, numa insana busca por algo que está apenas dentro ti.

Templos da Bíblia[2]

Identificação

Data

Descrição

Referências

O tabernáculo (templo móvel)

Por volta de 1444 a.C.

Plano detalhado recebido do Senhor por Moisés. Construído por artesãos divinamente designados. Profanado por Nadabe e Abiú.

Ex 25 a 30;35:30 a 40:38; Lv 10:1-7.

O Templo de Salomão

966-586 a.C.

Planejado por Davi. Construído por Salomão. Destruído por Nabucodonosor.

2Sm 7:1-29; 1Rs 8:1-66.

O templo de Zorobabel

516-169 a.C.

Dado por meio de visão à Zorobabel. Construído por Zorobabel e os anciãos dos judeus. Profanado por Antíoco Epífanes.

Ed 3:1-8; 4:1-14; 6:1-22.

O templo de Herodes

19 a.C. -70 d.C.

O templo de Zorobabel restaurado por Herodes, o Grande. Destruído pelos Romanos.

Mc 13:2,4-23; Lc 1:11-20; 2:22-38; 2:42-51; 4:21-24; At 21:27-33.

O templo atual

Era atual

Encontrado no coração do cristão. O corpo do cristão é o único templo do Senhor, até que o Messias volte.

1Co 6:19-20; 2Co 6:16-18.

O templo de Apocalipse 11

Período de tribulação

A ser construído pelo anticristo durante a tribulação. A ser profanado e destruído.

Dn 9:2; Mt 24:15; 2Ts 2:4; Ap 17:1.

O templo de Ezequiel (milênio)

Milênio

Dado por meio de visão ao profeta Ezequiel. A ser construído pelo Messias durante o seu reinado milenar.

Ez 40:1 a 42:20; Zc 6:12-13.

O templo eterno da presença de Deus

O reino eterno

O maior de todos (“o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são o templo”). Um templo espiritual.

Ap 21:22; 22:1-21.

Organizado e adaptado pelo autor.

 

O peregrino maçom caminha nesse sentido, a busca pelo reino eterno, o maior de todos, o templo espiritual, onde a caridade, a fé e a esperança entrelaçadas, são o alimento necessário para a jornada.

É na mente e corpo do peregrino maçom que se instalará a espiritualidade. Aceita esta, a sua peregrinação, mesmo que vitimada por contratempos, seguirá com tranquilidade; esta tranquilidade é o apoio incondicional de todos os maçons que o cercam.

Normalmente nos admiramos com a beleza de alguns templos maçônicos, sua riqueza em detalhes primorosos. Justificamos nosso anseio por um templo ricamente decorado, cuja importância atrelamos ao simbolismo de tudo que vivemos como maçons, mas será que isto é fundamental? Onde realmente está a essência da maçonaria? No intelecto e na espiritualidade de cada um de nós peregrinos. Peregrinos cuja missão é o aperfeiçoamento pelo estudo e aplicação dos preceitos morais e éticos, cuja origem é a família e, que com ousadia é tomada pela maçonaria, no sentido de aperfeiçoar o homem, que pronto, extraímos da sociedade. Trinta e três são os degraus de uma jornada mística, cujo destino, é a irmandade.

 

 

BIBLIOGRAFIA E INDICAÇÕES PARA LEITURA

 

MacArthur, John. Manual bíblico MacArthur. Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.

Azevedo, Antonio Carlos do Amaral; Geiger, Paulo. Dicionário histórico de religiões. Lexikon. Edição do Kindle. Posição 7504.

Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Editora WMF Martins fontes, 2012.

Le Goff, Jacques. Em busca do tempo sagrado. 1. ed. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

 



[1] In Abbaganano, 2012, p. 135

[2] MacArthur, John. Manual bíblico MacArthur (posição, 3229). Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.

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