OS
PEREGRINOS MAÇONS
GENALDO LUIS
SIEVERT - M.´.M.´.
Oriente de Curitiba, 21 de maio de 2022
O peregrino maçom começa sua jornada quando
aceita ser iniciado em uma Loja Simbólica Maçônica; o faz por ter sido
escolhido por um Maçom Regular e assim como em qualquer outra iniciação recebe
os princípios fundamentais que nortearão a sua caminhada.
Parece haver uma aura de simplicidade e pureza
que absorvida pelo novo peregrino irá, quando aceita por ele, ser a base que o
motivará a se manter firme, frequente e estudioso dos princípios que amparam as
colunas na maçonaria.
Por que o termo “peregrino” foi aplicado aqui?
Porque foi a forma mais simples e didática e, que considero apropriada para
identificar a viagem no espaço tempo que o Maçom fará.
Esta estrada pavimentada por teorias e amparada
por inúmeros personagens teve seu ápice quando do evento das Cruzadas, cujo
patrocínio foi realizado pela cristandade medieval com amparo à ideia de
libertar os cristãos mantidos pelos mulçumanos, além de, obter vantagens ao
recuperar relíquias e territórios sagrados.
Mas adventos anteriores sustentam os eventos
dos cruzados, e, a maçonaria explora e narra em lenda a saga do povo judeu que,
liderados por Moisés retornaram a terra prometida. Lança na jornada teórica toda
a evolução do sucesso e dos reveses sofridos. Explora o conceito da construção
do Templo de Salomão, que, da teoria aporta no campo do aperfeiçoamento
espiritual e, tem como objetivo o aperfeiçoamento do homem, já adulto que é
apresentado em assembleia maçônica. Esta assembleia tem por missão e dever
orientar o peregrino que nos primeiros passos é tratado como Aprendiz.
Este é o início daquilo que denomino
“peregrinação”.
A longa caminhada terá como objetivo principal
o aperfeiçoamento do homem, peregrino, agora maçom, que provido de novos
saberes, lapidará a sua pedra bruta interior, o seu templo, a sua verdadeira
morada, o seu casulo, cuja libertação será a plena aceitação do Grande
Arquiteto do Universo.
Esse encontro acontecerá quando o peregrino entender
os conceitos da virtude cristã fundamental: "Ama o próximo como a ti
mesmo”. Fé, caridade e esperança; sendo a caridade a maior de todas. “A
caridade tudo suporta, em tudo tem fé, tudo sustenta [...] Agora existem a fé,
a esperança e a caridade, essas três coisas; mas a caridade é a maior de todas”
(Cor., I, 13)[1].
Mas, as peregrinações também são entendidas em
sua essência, como jornadas a lugares considerados santos, onde, os devotos
reafirmam a sua fé e assumem inúmeros compromissos nos quais buscam a
sustentação para as atribulações da vida. Estas peregrinações ocorrem desde a
antiguidade e, são realizadas individualmente ou em grandes grupos. Tais
eventos, na modernidade, continuam a motivar os indivíduos a buscar apoio
espiritual, seja para compreender a complexidade da vida, seja como um conjunto
de motivações para poder alcançar seus objetivos, seja não por último, como uma
forma de sucesso, mas, principalmente, para entender-se como um ser vivo, no
micro e no macrocosmo, pois, a grandeza da criação nos encanta, absorve,
intriga e nos desafia na busca por um dia a dia melhor, saudável e,
principalmente voltado para superar os desafios imposto que é, pelo
desenvolvimento. Este mesmo é o que nos motiva e é o que nos sufoca e nos remete
à reflexão; esta mesma reflexão é que gera os questionamentos e dúvidas, as
mais diversas e complexas e que nos colocam, muitas vezes, à beira do abismo da
dúvida e, remetem à reflexão.
O desafio que temos como peregrino maçom é,
exatamente, o de buscar, eis o desafio, o bem-estar espiritual, aquele cujo
conforto, só alcançará pela fé, na vida e no aperfeiçoamento individual. O
desafio é o entendimento, você por você, por nós, nos por você, todos em busca
do mesmo destino, o aperfeiçoamento espiritual, na individualidade e na
comunidade universal, pois, a universalidade é para os maçons a demonstração de
que somos uma única sociedade.
Para tanto estimulamos e somos estimulados para
aperfeiçoar o nosso Templo interior.
Mas os homens desde a antiguidade entenderam
que o “Senhor”, aquele que nos abriga em infinita bondade, é merecedor de um
templo material, um local onde nos reunimos, ricamente decorado, para orarmos e
refletirmos sobre as nossas dificuldades e desejos.
Eis que o primeiro templo foi dado como tarefa
a Davi, tarefa esta concluída por Salomão. Esse mesmo templo, cuja origem era
um tabernáculo, montado e desmontado à medida que a peregrinação avançava.
Quando materializado, se tornou objeto de cobiça e destruição. A ostentação
superava a fé, a esperança e caridade.
Apresento abaixo em uma tabela a sequência
cronológica dos templos, os quais foram construídos, destruídos, reconstruídos,
numa insana busca por algo que está apenas dentro ti.
Templos da Bíblia[2]
Identificação |
Data |
Descrição |
Referências |
O tabernáculo (templo
móvel) |
Por volta de 1444 a.C. |
Plano detalhado
recebido do Senhor por Moisés. Construído por artesãos divinamente
designados. Profanado por Nadabe e Abiú. |
Ex 25 a 30;35:30 a
40:38; Lv 10:1-7. |
O Templo de Salomão |
966-586 a.C. |
Planejado por Davi.
Construído por Salomão. Destruído por Nabucodonosor. |
2Sm 7:1-29; 1Rs
8:1-66. |
O templo de Zorobabel |
516-169 a.C. |
Dado por meio de visão
à Zorobabel. Construído por Zorobabel e os anciãos dos judeus. Profanado por
Antíoco Epífanes. |
Ed 3:1-8; 4:1-14;
6:1-22. |
O templo de Herodes |
19 a.C. -70 d.C. |
O templo de Zorobabel
restaurado por Herodes, o Grande. Destruído pelos Romanos. |
Mc 13:2,4-23; Lc
1:11-20; 2:22-38; 2:42-51; 4:21-24; At 21:27-33. |
O templo atual |
Era atual |
Encontrado no coração
do cristão. O corpo do cristão é o único templo do Senhor, até que o Messias
volte. |
1Co 6:19-20; 2Co
6:16-18. |
O templo de Apocalipse
11 |
Período de tribulação |
A ser construído pelo
anticristo durante a tribulação. A ser profanado e destruído. |
Dn 9:2; Mt 24:15; 2Ts
2:4; Ap 17:1. |
O templo de Ezequiel
(milênio) |
Milênio |
Dado por meio de visão
ao profeta Ezequiel. A ser construído pelo Messias durante o seu reinado
milenar. |
Ez 40:1 a 42:20; Zc
6:12-13. |
O templo eterno da
presença de Deus |
O reino eterno |
O maior de todos (“o
Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são o templo”). Um templo espiritual. |
Ap 21:22; 22:1-21. |
Organizado
e adaptado pelo autor.
O peregrino maçom caminha nesse sentido, a
busca pelo reino eterno, o maior de todos, o templo espiritual, onde a
caridade, a fé e a esperança entrelaçadas, são o alimento necessário para a
jornada.
É na mente e corpo do peregrino maçom que se
instalará a espiritualidade. Aceita esta, a sua peregrinação, mesmo que
vitimada por contratempos, seguirá com tranquilidade; esta tranquilidade é o
apoio incondicional de todos os maçons que o cercam.
Normalmente nos admiramos com a beleza de
alguns templos maçônicos, sua riqueza em detalhes primorosos. Justificamos
nosso anseio por um templo ricamente decorado, cuja importância atrelamos ao
simbolismo de tudo que vivemos como maçons, mas será que isto é fundamental?
Onde realmente está a essência da maçonaria? No intelecto e na espiritualidade
de cada um de nós peregrinos. Peregrinos cuja missão é o aperfeiçoamento pelo
estudo e aplicação dos preceitos morais e éticos, cuja origem é a família e,
que com ousadia é tomada pela maçonaria, no sentido de aperfeiçoar o homem, que
pronto, extraímos da sociedade. Trinta e três são os degraus de uma jornada
mística, cujo destino, é a irmandade.
BIBLIOGRAFIA E INDICAÇÕES PARA
LEITURA
MacArthur, John. Manual
bíblico MacArthur. Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.
Azevedo, Antonio Carlos do Amaral; Geiger, Paulo. Dicionário
histórico de religiões. Lexikon. Edição do Kindle. Posição 7504.
Abbagnano, Nicola. Dicionário de filosofia. São
Paulo: Editora WMF Martins fontes, 2012.
Le Goff, Jacques. Em busca do tempo sagrado. 1. ed.
- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
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