História Resumida da Maçonaria
Primeira Parte[1]
Texto
desenvolvido por: Genaldo Luis Sievert M∴M∴
Este relato tem por finalidade expor de forma sucinta a
História da Maçonaria de acordo com o conteúdo das obras, A Maçonaria – Símbolos, segredos, significado - de autoria do Ilustre
Irmão W. Kirk MacNulty, membro de Lojas na Inglaterra e nos Estados Unidos da
América do Norte, bem como muito
extrairemos em conteúdo de outras obras e entre elas está: A era das revoluções de Eric J. Hobsbawm, bem como da obra de
Camino, Isaacson e Costa.
Desta forma, especificamente,
pinçaremos extratos teóricos que reforçam a importância da participação de
homens probos, íntegros e voltados ao bem comum.
A intenção primeira é a
exposta no paragrafo anterior, porém, sob o manto da curiosidade a intenção
segunda é provocar e estimular a busca do conhecimento, sua ampliação e
discussão, junto aos Irmãos da Loja[2] Aurora
Maçônica, n°. 186 do Grande Oriente do Paraná, e todos aqueles, cuja intenção,
é dilatar os horizontes intelectuais por meio do estudo.
Assim iniciamos com um primeiro apanhado da obra de
MacNulty (2007, p. 77):
“A História da Maçonaria propriamente dita começa numa
taverna de Londres em 1717. Em trinta anos, a Ordem já estava presente em quase
todos os países da Europa Ocidental, e logo depois chegou também às colônias de
ultramar, entre as quais a Índia, a China e – o que talvez seja mais importante
– a América do Norte. Embora perseguida pelos governos e pela Igreja, já no
século XIX tornara-se uma instituição verdadeiramente global”.
Um segundo pinçamento nos chama para uma reflexão sobre a
origem da Maçonaria e, aqui sim, percebemos a importância da fundamentação
teórica no que diz respeito ao estudo para que possamos distinguir fatos de
especulações. Vejamos então o que o autor nos traz:
“A origem da Maçonaria é um dos maiores enigmas da
história. O ofício operativo dos pedreiros medievais, os Cavaleiros Templários,
os arquitetos e artesãos que construíram o Templo do Rei Salomão[3], até os
Mistérios do mundo antigo – todos foram apresentados como possíveis
originadores da Ordem. Estudos mais recentes, porém, demonstraram que boa parte
da fundamentação filosófica da Maçonaria surgiu no Renascimento, quando uma
curiosa fusão de tradições místicas como as da Cabala[4] e do
Hermetismo[5] veio
sobrepor-se uma estrutura simbólica derivada das corporações de ofício
medievais”(MacNulty, 2007, p. 43).
Diante destas considerações iniciais e visando propiciar
uma rápida e ampla visão sobre a História da Ordem, apresentamos a organização dos
conteúdos em tabelas conforme segue:
Tabela n° 01.
Discussões de diversos autores citados na obra de MacNulty |
|
A Defence of Masonry – 1730/1738 |
Obra anônima publicada pela primeira vez em 1730 e incluída
na edição de 1738 das Constituições de
Anderson. Propõe a ideia de que a
Maçonaria descende diretamente dos cultos de Mistérios da Grécia e da Roma
clássicas. Essa ideia foi novamente defendida pelo maçom norte-americano
Albert Pike,no livro Morals and Dogmas (século
XIX). |
No ponto de vista oposto
Autores como: Henry Coil (Masonic
Encyclopedia – 1961); Frances A. Yates estudou a história do pensamento
durante o Renascimento (século XIV Itália). |
Coil afirma que o vínculo direto da Maçonaria com os
Mistérios da Antiguidade é impossível e que tal interpretação do simbolismo
maçônico é tolice, pois, não existem provas de uma ligação ininterrupta entre
os construtores do mundo clássico e os de meados do século XVII; e, além
disso, nenhuma organização suspeita de guardar importantes segredos teria
sobrevivido à Inquisição católica. Yates demonstrou que a essência da
filosofia renascentista foi um corpo doutrinal chamado “tradição
hermético-cabalística”. Demonstrou que o Renascimento não foi marcado apenas
por desenvolvimentos na arte e arquitetura, mas sim por uma profunda mudança
na atividade intelectual europeia. |
W. Kirk MacNulty |
Deixa claro que sua hipótese é: “... que a Maçonaria seja
uma codificação da tradição hermético-cabalística; e talvez seja conveniente
dedicar algum tempo ao exame dessa ideia”. |
Mais teoria[6] |
Outra teoria que gozou de recente popularidade foi a ideia
de que a Maçonaria descende diretamente dos Cavaleiros Templários[7] –
ideia que, mais uma vez, deve ter sido inspirada pelo Segredo Maçônico. A
Capela de Rosslyn, na Escócia, há muito é associada à Ordem do Templo, e é
tida em alta estima pelos maçons. |
|
É razoável entender que as ideias maçônicas foram derivadas
não da Antiguidade diretamente, mas da revivescência da cultura antiga no
Renascimento. |
Sobre os Cavaleiros Templários |
Fazia parte da Ordem do Templo, ordem cristã de cavalaria
fundada em 1118 para proteger os peregrinos que faziam a viagem à Terra
Santa. No decorrer do tempo, eles construíram muitas igrejas, frequentemente
de forma circular, imitando a Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém. Também
adquiriram grande riqueza e influencia, gerando a inveja que lhes causou a
queda. Jacques de Molay foi o último Grão-Mestre da Ordem do Templo. Foi
acusado de heresia e queimado em 1314. Este fato foi o ponto culminante da
perseguição aos Templários. |
Fonte: O Autor. Organizado e resumido a partir da obra
de MacNulty.
A
importância do Renascimento
O destaque: Marcos Vitrúvio
Polião, nasceu por volta de 80 a.C. Durante sua vida teve no exército romano,
porém, não foi esta atividade, durante a sua vida, a sua grande motivação.
Segundo Isaacson, 2017, Vitrúvio se destacou na arte da arquitetura e nos
projetos de construção de máquinas de artilheira. Vitrúvio, quase sempre, é
citado em obras em que a história da Maçonaria é destaque. Deste modo a nossa
curiosidade nos remete a mostrar a importância do personagem em questão, e,
tomamos a liberdade, após pesquisar sobre o mesmo em trazer para este relato um
trecho da obra de Isaacson, 2017, p. 173, que descreve:
Suas missões o
levaram a lugares tão remotos quanto o norte da África e regiões que agora
pertencem à Espanha e à França. Mais tarde Vitrúvio se tornaria arquiteto e
construiria um templo, que não existe mais, no Vilarejo de Fano, na Itália. Seu
feito mais importante é uma obra literária, o único livro sobre arquitetura da
Antiguidade Clássica que sobreviveu até nossos dias: De Architectura, conhecido atualmente como Dez livros sobre a arquitetura.
Isaacson descreve ainda que a obra
de Vitrúvio permaneceu silenciosa e adormeceu por cantos de prateleiras
empoeiradas e somente deixou o estado de adormecimento no século XV. A partir
daí tornou-se uma das várias obras da Antiguidade, assim como o foram o poema
épico de Lucrécio – Sobre a natureza das
coisas, e os discursos de Cícero. Estas e muitas outras obras formaram a
base para o surgimento da Renascença.
E por que esta citação a obra de
Vitrúvio é importante nesse contexto? Pelo simples fato de que a obra de
Vitrúvio remete os estudiosos a “uma representação concreta de uma analogia que
remonta aos tempos de Platão e dos antigos e que se tornara uma metáfora
definidora do Humanismo Renascentista: a relação entre o microcosmo do homem e
o macrocosmo da terra”. Conforme Isaacson, 2017, p. 173.
E para nós Maçons que salientamos e
valorizamos o aperfeiçoamento individual dos membros da Ordem, essa citação
ajuda a firmar o aspecto de evolução e aperfeiçoamento do indivíduo para a sua
participação no coletivo social.
Leonardo da Vinci anotou em sua arte
e escritos que “Os antigos chamavam o homem de mundo menor, e, com certeza, o
uso dessa expressão é muito bem aplicado, pois seu corpo é análogo ao mundo”,
conforme citado por Isaacson, 2017.
A obra de Vitrúvio tomou proporções
de importância à época, pois este assinalara que, em relação às construções,
deveria haver “uma correlação precisa entre seus componentes, assim como ocorre
no caso de um homem com formas perfeitas”, Issacson, 2017.
Vitrúvio, segundo Isaacson, foi o
precursor do Homem vitruviano, que
foi inicialmente idealizado de forma a ser colocado simetricamente um homem
dentro de um círculo e um quadrado, para então, determinar as proporções ideais
de uma igreja. Cabe lembrar-se da importância do estudo do círculo e do
quadrado na Ordem Maçônica.
Mas foi Leonardo da Vinci que
elaborou, após muita pesquisa, o Homem de
vitrúvio mais preciso de forma científica e artística; para demonstrar tal
precisão transcrevemos a seguir um trecho da obra de Isaacson 2017 em que
Leonardo da Vinci se refere às proporções do Homem vitruviano: “Se você abrir as pernas o suficiente para que
sua cabeça seja rebaixada em um quatorze avos de sua altura e levantar os
braços até que seus dedos toquem a linha que passa pelo topo da cabeça, saiba
que o centro dos membros estendidos será o umbigo, e o espaço entre as pernas
formará um triângulo equilátero”.
Figura[8] N° 01.
Os escritos de Vitrúvio e de tantos outros, com certeza, é que motivaram
estudiosos a relacionar o surgimento da Ordem Maçônica aos tempos mais remotos;
a apropriação é quase que inevitável, porém, a que se terem cautela e
fundamentos com base em pesquisas para tal relação.
De qualquer forma a inclusão deste
breve comentário sobre Vitrúvio é esclarecedor e enriquece o conceito histórico
que acompanha o desenvolvimento da Maçonaria pelo mundo: o estudo e o
aperfeiçoamento individual para formar um coletivo forte para apoiar e
sedimentar uma sociedade justa para com os seus cidadãos.
Após estas considerações retomamos as
considerações de MacNulty, que descreve que Vicenzo Scamozzi analisa e discorre
sobre elementos da arquitetura.
Vincenzo Scamozzi descreveu as colunas Toscanas, Dórica, Jônica, Coríntia
e a Composta (também conhecida como Romana). Identificou e classificou pela
primeira vez e definiu o profissional arquiteto, determinando que o mesmo deva
ser capaz de desenhar e deve conhecer filosofia, história, aritmética,
geometria, música, medicina, direito e astronomia.
Durante o Renascimento, segundo
MacNulty, houve um crescente interesse pela arquitetura mística e “pela
tentativa de reconstruir com precisão as escrituras Bíblicas”. Além disto,
ocorreu, também, “um grande interesse pelas filosofias místicas e alquímicas. A
“Árvore da Vida” [9]
cabalística, do século XVI, é uma representação do homem primordial”.
Após estes eventos MacNulty, relata
que a Ordem Rosa-Cruz “é um dos mais curiosos enigmas da história da Europa. Supostamente
fundado no século XV por Christian Rosenkreutz, que teria viajado ao Oriente e
trazido consigo um conhecimento esotérico essencial; é quase certo que ela só
surgiu no século XVII, mas é possível que jamais tenha existido como uma Ordem
operante, sendo apenas uma ideia filosófica. Há três documentos rosa-cruzes
“autênticos” publicados em três anos sucessivos: dois manifestos – a Fama Fraternitatis e a Confessio Fraternitatis, de 1614 e 1615
– e, por fim, O matrimônio alquímico de
Christian Rosenkreutz, de 1616. A Ordem parece ter-se dedicado ao estudo da
natureza para alcançar a intuição espiritual”.
Segunda Parte[10]
Este segundo relato tem por finalidade expor de forma
sucinta a História da Maçonaria, de acordo, com o conteúdo da obra A Maçonaria – Símbolos, segredos,
significado, de autoria do Ilustre Irmão W. Kirk MacNulty, membro de Lojas na
Inglaterra e nos Estados Unidos da América do Norte. Iniciamos a primeira
discorrendo e trazendo, no nosso entendimento, os fatos e comentários do autor,
mais relevantes. Nesta Segunda Parte teremos como ponto de partida a seguinte
primeira citação:
“Em 1723, seis anos após a fundação da primeira Grande
Loja, James Anderson publicou as Constituições da Maçonaria, o primeiro
regulamento escrito referente à Ordem. As Constituições delinearam – e tornaram
públicas – os princípios sobre os quais se fundava a Ordem” (2007, p. 75).
Diante da necessidade de resumir o
conteúdo de tão brilhante relato histórico, iremos organizar em uma tabela, de
forma cronológica, os principais eventos, que esclarecedores, nos darão uma
dimensão da grandeza das ações dos Irmãos que exortaram os próprios Irmãos de
Ordem e ao público em geral sobre as atividades da Maçonaria.
Tabela n° 02.
Data |
Fato |
Comentário do Autor do texto ou do
livro base para estudo |
1717 |
Primeira Grande Loja |
Criada oficialmente proporcionou a sua evolução
rapidamente. |
1719 |
A importância do terceiro Grão Mestrado |
Jean Téophile Desagulier (religioso francês). Membro da
Royal Society. Atraiu para a Ordem diversos membros da vida intelectual
local. |
1720 |
O interesse por parte do público e as consequências. |
Provocou o surgimento das primeiras revelações que
pretendiam denunciar os “segredos da Maçonaria”. Nesta década o trabalho mais
relevante foi o escrito por Samuel Pichard. Neste trabalho relatava com
detalhes o ritual a que havia assistido. |
1723 |
Assume o Grão Mestrado o Duque de Montagu. Grande número de
nobres aderiu à Ordem. |
Desta forma aumentou o interesse do público pelos eventos
maçônicos. Novas Lojas surgiram, este fato gerou a necessidade de Grandes
Lojas Provinciais, na própria Inglaterra e nos territórios de ultramar. |
1726 |
Na França |
Loge Au Louis
d’Argent. Foi
reconhecida pela Grande Loja da Inglaterra em 1732. |
1734 - 1735 |
Holanda |
A primeira Loja reuniu-se em uma taverna de Haia (1734).Uma
segunda Loja foi formada no ano seguinte na mesma cidade. Quase que em
seguida o Governo decretou a ilegalidade das Lojas. |
1735 |
A Franco Maçonaria em expansão. |
Surge a Grande Loja da França. |
1738 |
Os poderes da Igreja |
Bula Papal proíbe seus membros de se tornarem Maçons[11]. |
1738 |
Alemanha |
“Frederico II foi iniciado na Loge d’Homburg”. Em 1740 este
se tornou Rei da Prússia e tomou a Maçonaria sob sua tutela. A Ordem
expandiu-se rapidamente, talvez, pelo fato de haver na Alemanha muitos
principados. Em dado momento chegou a haver quinze Grandes Lojas naquele
país. Hoje há pelo menos cinco. Há noticias de que a maioria já se juntou à
Grande Loja Unida da Alemanha. |
1739 |
A tentativa para conter a revelação. |
A primeira Grande Loja mudou a palavra de reconhecimento
associada aos dois primeiros Graus. |
1740 |
As consequências da mudança de reconhecimento. |
Irlandeses que estavam na Inglaterra não eram reconhecidos,
pois, não tinham a palavra de reconhecimento que havia sido alterada. Diante
deste fato passaram a constituir Lojas próprias. |
1740 |
Dificuldades superadas. |
Autorizado o funcionamento das Lojas os trabalhos seguiram
regularmente e em 1756 surgiu a Grande Loja da Holanda. |
1751 |
Os Irlandeses na Inglaterra. |
Diante da dificuldade de acesso às Lojas Inglesas e por
terem fundados suas próprias Lojas, constituíram neste ano a sua Grande Loja,
que foi denominada como: Grande Loja dos Antigos. O motivo é que desejam que
seus trabalhos reflitam a prática antiga e original da maçonaria. |
1756 - 1813 |
Modernos versus Antigos |
Por anos divergiram. Em 1756 os “Antigos” publicaram sua
própria Constituição Ahiman Rezon. Os
“Antigos” inicialmente so tinham Lojas em Londres, mas expandiram devido ao
esforço de Laurence Dermott
(Grão-Secretário). A reconciliação após todos estes anos aconteceu em
1813. |
1766 |
França: as primeiras dificuldades |
Neste ano suas atividades foram proibidas por Lei. As
reuniões secretas foram entendidas como uma ameaça ao Governo. |
1771 |
A retomada dos trabalhos |
Reinicio dos trabalhos na França sob o Grão Mestrado de
Louis-Philippe d’Orleans, então primo do Rei Luis XVI. Neste período
intelectuais de destaque estiverem entre colunas: Montesquieu, Lavoisier,
Mirabeau. Já naquela época e particularmente na França havia diversidade de
interpretação sobre ensinamentos da Arte – “particularmente sobre a iniciação
de mulheres e de ateus”. Muitas Lojas se desligaram e consequentemente novas
Grandes Lojas surgiram. |
1776 |
A América do Norte |
Durante os séculos XVII e XIX a Ordem se difundiu pelas
colônias europeias. Já havia nas colônias norte americanas Lojas ligadas às
Grandes Lojas dos Modernos e dos Antigos. MacNulty cita que durante o
processo de independência dos Estados Unidos muitos modernos, fiéis ao Rei,
migraram para o Canadá. Consta em sua obra que nos Estados Unidos as Lojas
são de origem “Antiga” e muitas dão
a sua Constituição o título de “Ahiman
Rezon”. Nos Estados Unidos a Maçonaria se difundiu e cresceu rapidamente,
sendo que no século XX já eram milhões. É uma Maçonaria com fortes traços de
cultura material sedimentada com símbolos da doutrina e da moral maçônicas. E
foi neste país que surgiu a Maçonaria Prince Hall “que de início so era
aberta a afro-americanos”. |
1801 |
Nos Estados Unidos |
“foi nos Estados Unidos que surgiu o Rito Escocês tal como
o conhecemos hoje. O número de Maçons norte-americanos continuou aumentando
até meados do século XX, mas esse século também assistiu aos mais selvagens
episódios de repressão à Ordem, especialmente na Alemanha de Hitler e na
Espanha de Franco”. |
1879 |
A presença feminina na Maçonaria |
Marie Deraismes, foi iniciada na Maçonaria na Loge Libre
Penseurs da Grande Loja Simbólica da Fança. Era uma Loja masculina. Este
evento resultaria na formação de”Le
Droit Humain”. Uma Ordem
Internacional de Lojas andróginas. O Dr. George Martins, advogado e Senador
em Paris, Maçom, no final do século XIX, criou com ela a primeira Loja
Co-Maçônica. Foi por seus esforços que “Le
Droit Humain” tornou-se uma Ordem internacional, com sede em Paris. |
Fonte: O Autor. Organizado e resumido a partir da obra
de MacNulty.
“Os princípios da Maçonaria são o Amor Fraterno, a Beneficência e a
Verdade. É importante praticá-los todos de forma equilibrada, mas a Verdade é o
objetivo final”. (MacNulty, p. 136).
Nesta segunda parte do relato a que nos propomos, abordaremos, também, os
três Graus Simbólicos que segundo MacNulty “constituem o próprio coração da
Maçonaria. Mediante elaborados rituais e palestras, eles proporcionam ao maçom
as ferramentas e o conhecimento necessários para trabalhar em seu
desenvolvimento interior, enquanto a atmosfera fraterna da Loja lhe fornece um
ambiente favorável para tal”. (p. 143).
O grande destaque para esta questão, dos Graus Simbólicos, é o processo
do autoconhecimento; conhecer a si mesmo é sem dúvida o grande desafio que o
Maçom terá pela frente.
Aliás, este desafio se lhe apresenta, quando do seu nascimento.
É no âmbito da família que inicia a sua caminhada; onde se percebe como
pertencente a uma célula iniciática familiar, educativa, corretiva e condutora,
no sentido mais puro de educação para conviver em sociedade.
Como tal percebe-se sujeito do processo. Do complexo processo da vida
junto à sociedade com todas as suas facilidades e dificuldades.
E como sujeito ativo desta sociedade, um dia será “descoberto” por um
Maçom e este o incitará a se revelar como um futuro Iniciado, aquele que
principia a caminhada para o aperfeiçoamento pessoal, intimamente pessoal,
fraterno e único, pois, quando, já como Maçom irá se deparar com a realidade de
ter que compreender que somos, absolutamente, imperfeitos, e que a busca da
correção para esta vida material será longa e cheia de percalços.
Conhecer a si mesmo passará a ser o desafio.
Simples assim.
Quando nos deparamos com as questões e os desafios do pensamento maçônico,
percebemos, então, que os desafios se tornarão maiores, mas, com uma vantagem,
todos os Irmãos o abraçarão e o manterão em proteção, para que possa seguir nos
estudos e no aperfeiçoamento individual, que será adicionado ao coletivo, face
às futuras contribuições sociais e intelectuais que este novo Maçom irá
produzir.
Reflexão, eis a condição inata e única da individualidade.
Para tanto esta condição deve ser estimulada continuamente nos Maçons,
mesmo que nos mais antigos, não há como agir distintamente, visto que, todos,
indistintamente, são eternos Aprendizes e o aperfeiçoamento lhes é condição
única para alavancar o aprimoramento.
Desta forma, os Graus Simbólicos são tratados isoladamente e em cada um
deles o Maçom avança de forma ordenada. Não há nota de avaliação, não há
julgamento. Há sim, entendimento de que o Irmão está pronto para avançar os
estudos, com determinação, e acima de tudo solidificar a sua fé de crença na
Divindade, que, na Maçonaria, é identificada como o Grande Arquiteto do Universo.
Os Graus Simbólicos são aqueles que alicerçam a caminhada Maçônica e
auxiliam ao Irmão na sua vida profana.
Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, estes três primeiros graus serão o
alicerce para uma profícua caminhada maçônica.
Terceira Parte[12]
Diante destas breves anotações, como
citamos inicialmente, Hobsbawm em sua obra também nos brinda com citações
textuais relevantes sobre a participação dos Maçons, principalmente a partir do
século XVIII, por meio da trilogia cujos títulos anotamos: 1) A era das
revoluções, 1789 – 1848; 2) A era do capital 1848 – 1875; e 3) A era dos
Impérios, 1875 – 1914. Destes procuraremos organizar de forma clara e sucinta
as principais citações pertinentes ao envolvimento de membros da Ordem, tendo
como fonte principal o primeiro título citado.
Segundo Hobsbawm (2013, p. 20) o
período compreendido em 1789 e 1848 “[...] constitui a maior
transformação da história humana desde os tempos remotos quando o homem
inventou a agricultura e a metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado. Esta
revolução transformou e continua a transformar o mundo inteiro”.
Sem aprofundamento iremos nos ater –
como pretendido inicialmente – às citações e observações do autor quanto aos
eventos em que Maçons e Maçonaria estiveram lado a lado com a sociedade e seus
movimentos em prol de um mundo mais justo.
A primeira referência foi
identificada no Capitulo 1, O mundo na
década de 1780, desta, extraímos:
A grande Enciclopédia de Diderot e d’Alembert não era
simplesmente um compêndio do pensamento político e social progressista, mas do
progresso científico e tecnológico. Pois, de fato, o “iluminismo”, a convicção
no progresso do conhecimento humano, na racionalidade, na riqueza e no controle
sobre a natureza – de que estava profundamente imbuído no século XVIII –
derivou sua força primordialmente do evidente progresso da produção, do
comércio e da racionalidade econômica e científica que se acreditava estar
associada a ambos. E seus maiores campeões eram as classes economicamente
progressistas, as que mais diretamente se envolviam nos avanços tangíveis da
época: os círculos mercantis e os financistas e proprietários economicamente
iluminados, os administradores sociais e econômicos de espírito científico, a
classe média instruída, os fabricantes e os empresários. Estes homens saudaram
Benjamin Franklin, impressor e jornalista, inventor, empresário, estadista e
negociante astuto, como símbolo do cidadão do futuro, o self-made-man racional e ativo. Na Inglaterra, onde os novos homens
não tinham necessidade de encarnações revolucionárias transatlânticas, estes
homens formavam as sociedades provincianas das quais nasceram tanto o avanço
político e social quanto o científico. A sociedade
lunar de Birmingham incluía entre seus membros o oleiro Josiah Wedgwood, o
inventor da moderna máquina a vapor James Watt e seu sócio Mathew Boulton, o
químico Priestley, o biólogo e gentil-homem Erasmus Darwin (pioneiro das
teorias da evolução e avô do grande Darwin) e o grande impressor Baskerville.
Estes homens se organizavam por toda a parte em lojas de franco-maçonaria, em
que as distinções de classe não importavam e a ideologia do Iluminismo era
propagada com um desinteressado denodo. (Hobsbawm, 2012, pp. 47-48).
No decorrer da obra – primeiro livro – conforme citado
anteriormente, no Capítulo 3, Hobsbawm, avança em análise sobre a Revolução
Francesa. Neste momento específico o agravante econômico atingia a monarquia. A
França havia se envolvido em conflitos além mar. Segundo Hobsbawm “A crise do
governo deu à Aristocracia e aos parlaments
a sua chance”.
Hobsbawm (2013, p. 106), durante a análise da
influência dos fatores que levaram à eclosão da Revolução Francesa, cita a
participação maçônica conforme abaixo:
Em sua forma mais geral, a ideologia de 1789 era a maçônica,
expressa com tão sublime inocência na Flauta
mágica de Mozart (1791), uma das primeiras grandes obras de arte
propagandísticas de uma época em que as mais altas realizações artísticas
pertenceram tantas vezes à propaganda. Mais especificamente, as exigências do burguês foram delineadas na famosa
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Este documento é um
manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um
manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária.
No Capítulo 4, intitulado A Guerra, Hobsbawm analisa a guerra quase que ininterrupta, de 1792
a 1815 na Europa. Havia também guerras simultâneas fora do continente (Índia e
Antilhas, p.e.). Uma época em que a literatura e o desenvolvimento das
sociedades eram o “rumo” a seguir.
Neste momento na
Irlanda, “o descontentamento agrário e nacional deu ao “jacobinismo”[13] uma
força política muito além do apoio efetivo de que desfrutava a ideologia
maçônica e livre pensadora dos líderes “Irlandeses Unidos”. (Hobsbawm, 2013, p.
138)”. O autor segue descrevendo que “Na
Itália, o predomínio do Iluminismo e da maçonaria tornou a revolução
imensamente popular entre os cidadãos instruídos [...] e uma pequena parte da
nobreza [...] organizada nas lojas maçônicas”.
No Capítulo 6 (pp. 179 –
211), intitulado As Revoluções, Hobsbawm descreve: “Poucas vezes a incapacidade
dos governos em conter o curso da história foi demonstrada de forma mais
decisiva do que na geração pós-1815”.
Aqui Hobsbawm descreve
que ocorreram três ondas revolucionárias importantes no mundo ocidental entre
1815 e 1848, sendo elas:
ü A primeira: “ocorreu em 1820
– 1824. Ficou limitada a Europa”. Espanha, Nápoles e Grécia.
ü A segunda: “ocorreu em 1829
– 1834 e afetou toda a Europa a oeste da Rússia e o continente norte-americano,
pois a grande época de reformas do presidente Andrew Johnson (1829-1837), embora
não diretamente ligada aos levantes europeus, deve ser entendida como parta
dela”.
ü A terceira a de 1848: “[...]
na França, em toda a Itália, nos Estados alemães, na Suíça”. “[...] O que em
1789 fora o levante de uma só nação era agora, assim parecia, “a primavera dos
povos” de todo um continente”.
E neste período Hobsbawm (2013, p. 189) destaca que:
“Pode-se observar de passagem que a sociedade secreta ritualística e
hierárquica, como a maçonaria, atraia muito fortemente os militares por razões
compreensíveis”.
Ao avançarmos na obra em
questão nos deparamos com o Capítulo 12 (2013, pp. 339 – 362) com o título A ideologia Religiosa.
Vamos extrair alguns pontos sobre o tema abordado pelo
autor, para que possamos refletir a respeito:
ü O que os homens pensam a
respeito do mundo é uma coisa, e outra muito distinta são os termos em que o
fazem.
ü A religião, uma coisa
semelhante ao céu, da qual ninguém escapa e que abarca tudo o que está sobre a
terra, tornou-se algo parecido com um acúmulo de nuvens, uma grande
característica do firmamento humano, embora limitado e variável.
ü Os homens polidos e
instruídos poderiam tecnicamente acreditar no ser supremo, embora esse ser não
tivesse qualquer função exceto a de existir, e certamente sem interferir nas
atividades humanas nem exigir de outra forma de veneração do que o reconhecimento
benevolente.
ü Por fim Hobsbawm descreve
que: “Se havia uma religião florescente entre a elite do final do século XVIII,
esta era a maçonaria racionalista, Iluminista e anticlerical” (p. 340-341,
2013)[14].
Avante. Encontramos no
Capítulo 14 (2013, pp. 391 – 426), o título As
Artes.
As artes foram e sempre será uma forma expressiva que
os humanos possuem de registrar e demonstrar sua evolução, sua crença – sejam
no concreto ou no abstrato, os desejos e aspirações por dias melhores. A
revelação do seu intimo, os anseios e desejos não realizados no amor familiar e
material. A seguir transcrevemos trecho do capítulo:
Neste período, sem dúvida, os artistas eram
diretamente inspirados e envolvidos pelos assuntos públicos. Mozart escreveu
uma ópera propagandística para a altamente política maçonaria (A flauta mágica
em 1790), Beethoven dedicou a Eroica a Napoleão como herdeiro da Revolução
Francesa. Goethe foi, pelo menos, um homem de Estado e laborioso funcionário.
Dickens escreveu romances para atacar os abusos sociais. Dostoiesvski foi
condenado à morte em 1849 por atividades revolucionárias. Wagner e Goya foram
para o exílio político. [...] Nunca foi menos verdadeiro definir os artistas
criativos como “não compreendidos”.
Avançamos - nos tornamos
românticos na vida e na arte. Neste período Hobsbawm detecta novamente a
participação e influência da maçonaria, o que passamos a transcrever:
[...] a tradição moral do Iluminismo do século XVIII e
da maçonaria fazia o mesmo no setor mais emancipado e antirreligioso. Exceto na
busca do lucro e na lógica, a vida da classe média era uma vida de emoção
controlada e de perspectivas limitadas deliberadamente. A enorme parcela da
classe média que, no continente europeu, não estava envolvida em negócios mas em
funções governamentais, como funcionários, professores, ou em alguns casos como
pastores, estava ausente até mesmo da fronteira expansionista da acumulação de
capital, e o mesmo acontecia com o modesto burguês de província que, consciente
de que a riqueza da cidade pequena era o limite de suas possibilidades, não se
deixava impressionar pelos padrões de riqueza e poderio de sua época. (2013,
pp. 418-419).
Não se referindo
diretamente a ações de Maçons ou da Maçonaria, mas, descrevendo ações que iriam
interferir diretamente nas políticas dos Estados Modernos, Hobsbawm descreve e
pontua algumas ações oriundas da Revolução Francesa, que anotaremos, pois, são antes
de qualquer coisa reflexo dos anseios individuais de qualquer membro da
sociedade à época e atual.
Vejamos aquelas que
tornaram moderno o Estado Francês – por orientação de Napoleão - e estimularam
o desenvolvimento de outras Nações:
ü Criação da Escola
Politécnica em 1795; que pretendia ser uma escola para técnicos de todas as
especialidades;
ü Primeiro esboço da Escola
Normal Superior, 1794;
ü Renascimento da Academia
Real;
ü Criação do Museu de História
Natural 1794;
ü Influências: em Praga, Viena
e Estocolmo, São Petersburgo, Copenhague, Alemanha e Bélgica, Zurique e
Massachusetts, mas não na Inglaterra.
ü Impactou a educação na
Prússia e a nova Universidade de Berlim.
ü A Inglaterra sob o impacto
de uma forte economia baseada na pesquisa tornava possível a criação de
laboratórios particulares.
Quarta Parte
Muito mais do que os autores já citados nos proporcionaram,
incluiremos também a obra de Rizzardo da Camino intitulada Introdução à Maçonaria: história, filosofia, doutrina, como um
elemento orientador ao entendimento dos fatos que sedimentaram a Maçonaria no
Brasil.
Camino, assim como Costa e MacNulty traçam um longo e
esclarecedor discurso, sendo os dois primeiros, firmes em lançar mãos de
elementos sólidos que remontam às evidências históricas oriundas dos Egípcios,
Hebreus e Gregos.
Camino e Costa caminham textualmente respeitando a
tênue linha que separa ciência e pesquisa do perigoso campo das suposições.
Costa (2006, p. 51) discorre segundo suas intenções, esclarecendo que: “Na
compilação e elaboração deste livro não se adotou o método de pesquisa
histórica, embora nele estejam citados diversos fatos históricos. É muito menos
significativo determinar a origem da Maçonaria. Mais importante é mostrar o que ela realmente ensina”.
Da obra de Costa indicamos a leitura dos capítulos
constantes entre a página 51 e 179.
Sobre as condenações da Igreja Católica para com a
Maçonaria é esclarecedor o conteúdo apresentado por Camino nos Capítulos
intitulados: Constituição “In Eminenti”,
de Clemente XII, sendo esta a primeira condenação expressa por uma autoridade
da Igreja Católica, cuja razão principal para tal é: “caráter sigiloso e
secreto desta associação, segredo que é mantido sob juramento e penas graves”
(2005, p. 62). O segundo estaque é intitulado “Constituição Quod Graviora”, de Leão XII.
Sobre esta questão se destaca também, a Carta “Quamquam Dolores”, a Dom Frei Vital, de
Pio IX. É de Pio IX a “Encíclica sobre a
Maçonaria no Brasil” bem como a locução “Multiplices Inter Machinationes”.
Pio IX renovou em mais de 20 documentos a condenação à
Maçonaria, porém a mais longa publicação contra a Maçonaria é a “Encíclica Humanum Genus” de Leão XIII,
publicada em 1884. (2005, p. 80).
A todas estas condenações Giuseppe Mazzani escreve uma carta reagindo à Última Encíclica Papal
contra a Maçonaria, conforme consta em Camino (2005, p. 100 – 112). Giuseppe
nesta resposta histórica concita o Papa a rever seus conceitos de fé e história
e termina “Reconciliai-vos com Deus; com
a humanidade, já não podeis”.
Especificamente sobre a chegada da Maçonaria às terras
brasileiras Camino relata que “Até chegar ao Brasil, a Maçonaria percorre toda
a América”. Prossegue o autor (2005, p. 117):
Entre os séculos XVI e XIX, a influência dos ingleses
no Brasil foi tão notável que se pode afirmar ter sido a espinha dorsal do
desenvolvimento cultura e social. Os piratas, aventureiros, comerciantes,
técnicos, missionários, professores, médicos e cônsules, eis os ingleses que,
desde os primórdios do descobrimento até o fim do século passado, entrosaram-se
de tal forma no Brasil que suas atuações e infiltrações passaram despercebidas
até há bem pouco, quando historiadores, como Gilberto Freire, aprofundaram-se
nos arquivos para examinar o que houvera com todos os detalhes e minúcias,
pecando porém no que diz respeito à atuação da Maçonaria britânica. É evidente
que a presença da cultura inglesa nos foi benéfica: seu comércio pela honradez
propiciou um exemplo digno de ser imitado. Não se pode deixar de lado o fato
coincidente de que as primeiras Lojas Maçônicas instaladas no Rio de Janeiro
foram justamente nas ruas onde dominava o comércio dos ingleses. Para cá
acorreram grandes vultos, cientistas e escritores podendo ser citados: Darwin,
Mawe, Luccock, Koster, Maia Graham, Walsh, Bates, Wallace, Burton, etc. Os
escritores ingleses retrataram o Brasil justamente na fase inicial, quando aqui
ninguém sonharia fazê-lo. History, de Robert Southey. Interior do Brasil, de Burton.
Sobre o Amazonas, de Bates. Brazilian Sketches, de Kipling. Brazilian Mystic:
The life and miracles of Antonio Conselheiro, de R. B. Cunninghame Graham.
Voyage to Brazil, de Maia Graham.
Em
todas estas obras, segundo Camino não há preocupação literária, mas sim
documental e retratam especialmente seus concidadãos ingleses.
O
autor enumera diversos fatos que iremos resumir e apresentar abaixo:
ü Gilberto
Freire não captou a estratégia inglesa e não se apercebeu de que a Maçonaria
inglesa não deixaria escapar a oportunidade de se fazer presente por meio de
todo inglês que por aqui aportasse.
ü O
escritor Félix Ferreira era Maçom e foi protegido pela Maçonaria; escapou às
garras da polícia lisboeta e veio refugiar-se no Brasil, mais exatamente em
Pernambuco.
ü A
proteção da Maçonaria britânica ligava-se à elevada missão de Hipólito da Costa
de ser um dos elos indispensáveis e eficientes da Independência da América.
ü O
Visconde de Taunay fez referência, em seu livro Estrangeiros Ilustres e
Prestimosos ao Brasil, aos nomes de
Cochrane, James Norton e tantos outros como participantes de todas as guerras e
de todas as revoluções.
ü A
presença constante dos ingleses no Brasil justifica a notícia de que a
Maçonaria madrugara no Brasil.
ü A
presença Maçônica inglesa teve grande influência na abolição da escravatura.
ü Os
ingleses fundaram diversas Lojas sendo que a noticia da presença maçônica
inglesa no Brasil, segundo James Martins Harvey (English Freemasonary in Brazil), dá como iniciada em 1815, pelas
mãos do Irmão Joseph Ewbank, que mais tarde filiou-se à Loja Comércio e Artes,
em 1822.
ü Devido
a sua influência a maçonaria inglesa fundou inúmeras Lojas, como por exemplo,
na Jamaica 1739; Ilha Antigo 1738; Martinica, com patente de Paris 1738;
Barbados 1740; [...] Guiana Britânica 1771 pela Holanda; Guiana Francesa 1755
pelo Oriente da França, entre tantas outras.
Ainda segundo
Camino “A notícia que temos do surgimento da primeira Loja nos diz que foi em
Pernambuco, com a denominação mascarada de “Areópago de Itambé”, sendo
instalada em 1796 pelo botânico Manoel de Arruda Câmara, ex-frade Carmelita,
diplomado em medicina pela Faculdade de Montpellier”; inúmeras Lojas começaram
a surgir, Assim, para facilitar o entendimento e melhor visualizar a evolução
cronológica de fundação destas Lojas, iremos organizar os dados em uma tabela.
Tabela N° 03.
Ano ou data de
referência |
Denominação da Loja |
Localidade |
1801 |
União ou Reunião |
Praia Grande Niterói, mais tarde uniu-se com as Lojas
Constância e Filantropia. |
1802 |
Academia de Suassuna |
Cidade do Cabo – província de Pernambuco. |
1802 |
Academia do Paraiso |
Recife |
1802 – 5 de julho |
Virtude e Razão |
Salvador |
1803 |
Lojas Constância e Filantropia |
Fundadas por emissários portugueses. |
1807 – 30 de março |
Virtude e Razão Restaurada, depois alterado para Humanidade. |
|
1809 |
Regeneração |
Próximo a Olinda |
1812 |
Distintiva |
Em terras fluminenses |
1812 a 1816 |
Oficina de Igarassu, Universidade Democrática, Pernambuco
do Oriente, Pernambuco do Ocidente, Guatimosim. |
Respectivamente: Pernambuco; Recife; Recife; Pernambuco;
Recife. |
1813 – 12 de setembro |
Obreiros da Loja Virtude e Razão fundaram a Loja União |
Bahia |
1813 |
As três Lojas: Virtude Razão; Humanidade e União instalaram
o primeiro Grande Oriente do Brasileiro. |
Primeiro Grão-Mestre Antônio Carlos Ribeiro de Andrada |
1815 – 15 de novembro |
Comércio e Artes |
Rio de Janeiro - filiou-se ao Grande Oriente Lusitano. |
1816 |
Beneficência e São João de Bragança – ambas originarias da
“Comércio e Artes”.. |
Rio de Janeiro, para que as Lojas funcionassem uníssonas,
foi criada uma “Grande Loja Provincial”. |
1819 |
Loja disfarçada denominada “Clube Recreativo e Cultural da
Velha Guarda” |
Fechada em 26 de fevereiro de 1821. Em 24 de abril de 1821,
D. João VI retornou a Portugal. |
1821 – 24 de junho |
Reinstalação da Loja Comércio e Artes com o nome de Loja
Comércio e Artes na Idade do Ouro. |
|
|
Surge o primeiro jornal que se possa considerar maçônico:
Revérbero Constitucional Fluminense. |
|
1822 – 9 de janeiro |
Surge o manifesto obra de Clemente Pereira e Joaquim
Gonçalves Ledo, com 8 mil assinaturas |
Entregue ao Príncipe - constitui o primeiro passo a
descoberto a caminho da Independência. |
1822 – 17 de junho |
É criado o Grande Oriente Brasileiro. |
Grão-Mestre José Bonifácio de Andrade e Silva. |
1822 |
A Loja Comércio e Artes é desdobrada em três Lojas
Metropolitanas: |
|
Fonte: O Autor
a partir da obra de Camino, 2005.
Segundo descrições de Camino os primeiros movimentos Maçônicos
mantiveram-se ligados, obviamente, às Potências estrangeiras, Grandes Lojas da
Inglaterra, França e Portuguesa.
A partir de 1822 foi oficializado o Grande Oriente Brasileiro e
posteriormente algumas Grandes Lojas, naquele momento denominadas de Grande
Oriente, como p.e., o Grande Oriente Provincial do Rio de Janeiro, Paulistano,
entre outros, os quais legitimaram o Grande Oriente Brasileiro.
Para o Grande Oriente Brasileiro foi eleito o Senador Nicolau Pereira de
Campos Vergueiro, porém, com a reabilitação de José Bonifácio, este retorna às
atividades e se dá como reinstalado ao antigo Grande Oriente do Brasil.
Respeitadas as mais diversas opiniões a Maçonaria Brasileira passou
durante anos a fio por conflitos de autoridade, reconhecimento ou não por parte
de Grandes Lojas.
Irmãos de forma arbitrária, por parte de suas Potências deixaram de
praticara a Inter visitação.
E não devemos nos lançar ao passado mais remoto, não, nada disso é
necessário, estas decisões absurdas e sem sentido, e que se apoiam sob o manto
do egoísmo e da busca pelo poder é que tornam difícil a arte de praticar
Maçonaria.
Poderíamos nos estender, encetar pesquisas amplas e profundas, porém,
todas fugiriam ao princípio básico que está contido na palavra irmandade.
Se somos Irmãos por que não nos reconhecemos como iguais? Qual a
importância de uma estrelinha a mais nos paramentos? Será que o “poder” de
assinar, determinar, proibir, etc., suplanta a vontade de boa convivência entre
Irmãos? Com certeza não.
Para citar apenas um fato, entre tantos outros, alguns bastante recentes,
basta consultar a obra de Camino, no capítulo intitulado Círculo Beneditino[15].
Vamos ficar com o simples: somos todos Irmãos. O motivo é único: estamos
inseridos no mesmo contexto, somos Maçons e entendemos, também, que as divisões
por motivos os mais diversos possíveis continuarão a acontecer, também por um
motivo bastante simples, somos humanos suscetíveis às mazelas do egoísmo e do
suposto poder que um Grau qualquer poderá nos dar.
Abbagnano, Nicola. Dicionário de
Filosofia. 6° Ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,2012.
Camino,
Rizzardo da. Introdução à Maçonaria: história, filosofia, doutrina. São Paulo:
Madras, 2005.
Costa, Wagner
Veneziani. Maçonaria: Escola de Mistérios: A Antiga Tradição e seus Símbolos.
São Paulo: Madras, 2006.
Hobsbawm, Eric
J. A era das revoluções, 1789 – 1848. 32° Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2013.
Hobsbawm, Eric
J. A era do capital, 1848 – 1875, 21° Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
Hobsbawm, Eric
J. A era dos Impérios, 1875 – 1914, 17° Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
Isaacson,
Walter. Leonardo da Vinci. 1. Ed. Rio de Janeiro: Intrinseca, 2017.
MacNulty, W. Kirk. A Maçonaria,
Símbolos, segredos, significado. WMF Martins Fontes, São Paulo, 2007. Revisão
de técnica de Z. Rodrix.
[1]
Para esta Primeira Parte a partir da obra de MacNulty o resumo para estudo se
refere ao subtítulo “A Aurora da Maçonaria”.
[2]
“As nuanças de significado da palavra “Loja" são complexas. Podia ser um
edifício, desde um barracão tosco a uma estrutura permanente [...]”. Costa,
2006, p. 139.
[3]
Para saber mais: “As chaves de Salomão – o Falcão de Sabá” de autoria de Ralph
Ellis, São Paulo: Madras, 2004. ”Os Segredos do Templo de Salmão”, Kevin L.
Gest. São Paulo: Madras, 2009.
[4] Kabalah
(= tradição). Uma das fontes da filosofia judaica medieval; é uma doutrina
secreta que foi de início transmitida oralmente, depois exposta por alguns
rabinos em certo número de tratados, dos quais dois nos chegaram íntegros ou
quase, O livro da Criação (Yetsirah) e
o Livro do Esplendor (Zohar). Esses
livros expõem uma doutrina semelhante à dos neoplatônicos e dos neopitagóricos
dos primeiros séculos da era cristã.
[5]
Hermetismus. Indica-se com este termo a doutrina filosófica contida em alguns
textos místicos que apareceram no século I d,C. e chegaram até nos com o nome
de Hermes Trismegisto. Esses escritos tendem a reintegrar a filosofia grega na
religião egípcia. Hermes é identificado com o deus egípcio Theut ou Thot.
Trata-se de textos de tom místico que, em oposição ao cristianismo, defendem o
paganismo e as religiões orientais. Notas 4 e 5 obtidas a partir de: Abbagnano,
Nicola. 1901-1990. Dicionário de Filosofia, 1° Ed. Brasileira. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012.
[6]
Para ampliar o conhecimento a respeito consultar o capítulo “Os Templários”,
parte integrante da obra Maçonaria: Escola de Mistérios: A Antiga Tradição e
seus Símbolos. Wagner Veneziani Costa. São Paulo: Madras, 2006.
[7]
Para saber mais indicamos a obra: Templários: as sociedades secretas e o
mistério do Santo Graal; Olsen, Oddvar, 1971. Rio de Janeiro: BestSeller, 2011.
[8]
Obtido a partir de: https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://static.significados.com.br/foto/homem-vitruviano-leonardo-da-vinci_bg.gif&imgrefurl=https://www.significados.com.br/homem-vitruviano/&h=492&w=500&tbnid=DhzU8gJyZne_6M:&tbnh=186&tbnw=189&usg=__CQcnfSnUODM6PfcJMyMpEtHSG4s%3D&vet=10ahUKEwiS06ndr6PZAhUJC5AKHVleBn0Q_B0IwwEwDQ..i&docid=Epyv7WDO9tgqZM&itg=1&sa=X&ved=0ahUKEwiS06ndr6PZAhUJC5AKHVleBn0Q_B0IwwEwDQ
– em 13Fev18.
[9]
Para saber mais: Consultar a obra Guia de Simbolos, de Claudio Blanc, Editora
Online, disponível para Kindle.
[10]
Para esta Segunda Parte a partir da obra de MacNulty o resumo para estudo se
refere ao subtítulo “A reconstrução do Templo”.
[11]
Data de 1738, a primeira condenação expressa e formal da Maçonaria por parte da
suprema autoridade da Igreja Católica. [...] indicada por Clemente XII.
Conforme Camino (2005, p. 62).
[12]
Anotações pesquisadas e destacadas a partir da obra de Eric J. Hobsbawm. Ver
referências.
[14]
O Capitulo 12, em especial, deve ser alvo de estudo aprofundado por parte dos
leitores, diante da complexidade existente entre “fé e superstição”. Nota deste
Autor. Ver páginas 339 a 362.
[15]
Obra citada à página, 260.