sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


O PROCESSO INICIAL PARA ANÁLISE DE CONTEÚDO
DE UM GRUPO FOCAL EM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

SIEVERT, Genaldo Luis[1] SIEVERT, G. L. - PUCPR.

Grupo de trabalho: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas.
Agência financiadora: não contou com financiamento.

Resumo

Este documento é um relato de uma experiência vivenciada durante a participação na disciplina Seminário de Pesquisa II: Análise de Dados Qualitativos com Recursos Tecnológicos, no primeiro semestre de 2013, na PUCPR; tem por objetivo demonstrar a real possibilidade de utilização de um software como instrumento para análise de conteúdo de um Grupo Focal que está inserido em um Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. O Corpus analisado é um Fórum de um curso de formação continuada, para profissionais que atuam com alunos em tratamento de saúde. São dados empíricos obtidos a partir da extração dos conteúdos disponíveis no AVA. Neste documento serão apresentadas as etapas iniciais necessárias ao preparo do conteúdo a ser analisado, bem como a elaboração de uma metodologia específica para o caso em questão. Serão descritas passo a passo as etapas necessárias, iniciais, para a formação de um conjunto de códigos, categorizações e famílias, elementos necessários para projetar as condições apropriadas à fase posterior: a análise dos conteúdos encadeados com o suporte do software. O presente texto é um recorte de uma dissertação em desenvolvimento e que encontra no software Atlas.ti apoio técnico e organizacional que proporcionam ao pesquisador condições especiais para ampliar a visão da análise. O resultado oriundo desta organização inicial é a posterior facilidade para a elaboração de elementos codificadores e categorizadores no software Atlas.ti. A pesquisa é exploratória e qualitativa. O apoio teórico recaiu nos seguintes autores: Strausse Corbin (2008), Stake (2011), Gray (2012), Flick (2009), Lankshear e Knobel (2008), Gibbs (2009) e Bardin (2011), por ordem de citação.

Palavras-chave: Análise de conteúdo. Software. Grupo focal. Atlas.ti, AVA.
 Introdução
 Encontramo-nos em um tempo em que a busca por elementos facilitadores para o dia a dia é uma constante.
Percebemo-nos frequentemente em busca da rapidez na comunicação com familiares, amigos e colegas de trabalho, bem como, quando na condição de uma ação no âmbito profissional nas relações na empresa nas suas mais diversas extensões. Não é diferente quando estamos frente a frente com uma condição de estudo, seja relacionada a uma pesquisa ou a uma simples condição de preparação para a realização de uma avaliação.
A Sociedade exige de todos nós uma nova postura, atitude ou posicionamento quanto à utilização de novas tecnologias, como por exemplo, quanto ao uso de equipamentos ou softwares. Na vida acadêmica não é diferente quando nos deparamos em uma condição em que realizar ou desenvolver uma pesquisa para graduação ou Stricto Sensu, se torna um grande desafio, e é neste momento que é oportuno compreender a importância de adquirir novas habilidades, aqui neste contexto compreendida como as condições necessárias para utilizar e aplicar as facilidades que um software pode e deve proporcionar.
Mas cabe um alerta: um software por si só não é suficiente para desenvolvimento de qualquer trabalho de pesquisa. Antes de qualquer coisa é preciso compreender que a atitude do pesquisador é fundamental para que a pesquisa venha a fluir, sabendo-se que poderá encontrar-se como um rio, em alguns momentos com águas fluindo calmamente e em harmonia com o ambiente ao seu redor e em outros, agitado e conturbado. Assim elementos que o pesquisador não venha a considerar poderão estar contrariando os objetivos iniciais, e interferindo no desenvolvimento do trabalho a ser executado.
Nada mais nada menos do que tomar uma atitude é o que está à nossa frente em todos os momentos dos nossos dias. Não é diferente na condição de pesquisador, um posicionamento, uma crítica, uma aceitação, uma contradição, uma explicação, estas serão as nossas companhias na construção de uma análise ou no desenvolvimento de uma teoria.
 Desenvolvimento
Temos uma consideração inicial importante a destacar: o que é a pesquisa qualitativa, e encontramos amparo em Strauss e Corbin (2008, p. 24) com o seguinte conteúdo para apoiar a nossa arguição:
Com o termo “pesquisa qualitativa” queremos dizer qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções e sentimentos, e também à pesquisa sobre funcionamento organizacional, movimentos sociais, fenômenos culturais e interação entre nações. Alguns dados podem ser quantificados, como no caso do censo ou de informações históricas sobre pessoas ou objetos estudados, mas o grosso da análise é interpretativa. [...] Ao falar sobre analise qualitativa, referimo-nos não à quantificação de dados qualitativos, mas, sim, ao processo não matemático de interpretação, feito com o objetivo de descobrir conceitos e relações em um esquema explanatório teórico.
Eis, então, uma nota inicial que nos posiciona quanto a importância deste tipo de pesquisa, da relevância para o desenvolvimento de conteúdos resultantes de uma análise em qualquer campo da pesquisa acadêmica.
Neste sentido Stake (2011, p. 46) contribui com a seguinte argumentação: “A pesquisa qualitativa é algumas vezes, definida como pesquisa interpretativa. Todas as pesquisas exigem interpretações e, na realidade, o comportamento humano exige interpretações a cada minuto”.
Assim entendemos que para desenvolver a pesquisa temos que elaborar um método para dar sustentação quanto ao aspecto como orientar-se na organização da coleta de dados.
Desta forma elaboramos um roteiro que nos apoiará enquanto fazemos a extração dos dados de um dos Fóruns.
Objetivando alcançar o sucesso na intervenção nas salas virtuais de aprendizagem, cujo objetivo é a análise dos aspectos mediáticos, interacionais e contributivos, uma metodologia de trabalho específica para o caso em questão, foi elaborada.
Para sustentar o que apresentamos a seguir, como os passos que orientaram o nosso trabalho, buscamos em Strauss e Corbin, (2008, p. 17), que metodologia, métodos e codificação, são respectivamente: [...] “uma forma de pensar sobre a realidade social e de estudá-la. [...] um conjunto de procedimentos e técnicas para coletar e analisar dados. [...] os processos analíticos por meio dos quais os dados são divididos, conceitualizados e integrados para formar a teoria”.
Entenda-se que o contexto do campo de análise é um AVA e para iniciar um procedimento específico elaboramos uma sequencia para nos auxiliar em todas as etapas, inclusive, envolvendo os procedimentos necessários para a utilização do software Atlas.ti, que, é utilizado para uma etapa seguinte da exploração em estudo.
Este material foi extraído com expansão de todos os diálogos realizados nos fóruns sob análise, da seguinte maneira:
a) acesso ao espaço online;
b) acesso a sala virtual;
c) acesso ao Menu – Fórum;
d) expansão de todas as caixas de diálogo;
e) seleção individual de cada participante seguida da seleção do conteúdo produzido;
f) copiar e transferir para um arquivo no Word o material selecionado;
g) quando o conteúdo for extenso a caixa de resposta do Fórum, é aberta para possibilitar a seleção e cópia do conteúdo;
 h) o tempo de duração da extração deve ser marcado, em horas para cada um dos fóruns;
 i) no Word, os conteúdos devem ser codificados, conforme sugerido a seguir, sendo utilizadas as letras A, B, C, D e E, identificando cada sala virtual; para identificar os alunos virtuais, as letras podem ser acrescidas de um número a partir do número 1, em ordem crescente conforme o acesso de um novo aluno/professor nos diálogos textuais iniciais com os números inseridos entre parênteses, A(1), B(3), C(5), D(8) E(31)... E(41);
j) Para os professores/tutores foi utilizada a letra P, seguida de um número a partir do número 1, em ordem crescente por ordem de aparição durante o desenvolvimento dos diálogos textuais com os números inseridos entre parentes, P(1), P(2)... P(10);
k) após a transferência para o Word, é importante efetuar uma leitura total de todos os conteúdos; este procedimento deve ser repetido para tentar evitar retrabalho;
l) após esta leitura deve ser realizada uma formatação para melhorar a estética dos textos extraídos, mantendo-se os conteúdos intactos;
m) após esta providencia inicia-se o processo de codificação dos alunos virtuais;
n) feita a codificação elabora-se uma planilha para onde os nomes completos dos alunos virtuais são transferidos juntamente com a codificação;
o) durante o processo de extração dos conteúdos há a ocorrência de participação, por vezes, de um mesmo aluno virtual e isto ocasiona, em poucas situações, a codificação de um mesmo participante com códigos diferentes;
p) quando isto ocorre é mantida a primeira codificação e a posterior não é redirecionada a nenhum outro participante, prosseguindo-se com a sequencia estipulada; a detecção desta eventual falha foi possível ao utilizarmos para conferência dos códigos, o recurso de localização do Word 2010 que apresenta uma caixa lateral onde é possível localizar o que foi digitado Assim quando um nome é digitado traz consigo o código a ele destinado, indicando, inclusive, as páginas em que estava inserida a referência a ele destinada;
q) após a codificação todos os nomes dos alunos/professores virtuais são excluídos, bem como os dos professores/tutores;
r) após esta providencia uma nova leitura é executada com o objetivo de identificar: apresentação dos alunos virtuais, relato de uma experiência, citação de utilização de TIC em suas atividades, desenvolvimento de diálogos entre alunos/professores e professores/tutores/alunos, entre outras características próprias de um fórum;
s) os autores consultados para apoiar e fundamentar o problema de pesquisa, metodologia e teoria ao longo do desenvolvimento da dissertação, deve constar, sem exceções da lista de referencia;
t) após a citação dos diálogos dos participantes dos fóruns é efetuada uma verificação dos conteúdos transferidos para o corpo de um capítulo, por exemplo, utilizando-se para isto a ferramenta do Word, já citada anteriormente, Figura 1;
  
Figura 1. Verificando o número de vezes em que o participante aparece.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013



TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA PROFISSIONAIS QUE ATUAM JUNTO AOS ESCOLARES HOSPITALIZADOS OU EM ATENDIMENTO DOMICILIAR: UMA REAL POSSIBILIDADE PARA A PEDAGOGIA HOSPITALAR?


Documento aprovado para publicação e apresentação no XI Congresso Nacional de Educação - Educere - PUCPR - 2013.

SIEVERT, Genaldo Luis[1] SIEVERT, G.L.
MATOS, Elizete L. M.[2]

                                                             Grupo de trabalho: Pedagogia Hospitalar
                                          Agência financiadora: não contou com financiamento


Resumo

 Este documento tem por objetivo identificar a real possibilidade de utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no atendimento de escolares hospitalizados ou em tratamento de saúde domiciliar, bem como identificar, na legislação pertinente, os aspectos legais que fundamentam a atividade. O Corpus analisado são relatos de Fóruns de três salas virtuais, de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), de um curso de formação continuada, de uma Universidade do estado do Paraná, para profissionais que atuam com alunos em tratamento de saúde. São dados empíricos pinçados dos relatos dos diversos personagens; utilizando o recurso de pesquisa do Word duas palavras-chave tecnologia e computador, nos nortearam para encontrar elementos que visam identificar a utilização/aplicação de recursos tecnológicos nas atividades de atendimento ao aluno impossibilitado de frequentar a escola. Estas salas virtuais são compostas por cerca de 150 alunos professores que atuam na modalidade conhecida como Pedagogia Hospitalar ou como profissionais da Classe Hospitalar. O amparo teórico estará sob a ótica da legislação que norteia estas práticas e de pesquisas já realizadas e disponibilizadas em livros, periódicos e links na Internet. Os autores que utilizamos para apoiar o presente artigo, por ordem de citação, são: Coll (2012), de Souza Fontes (2008), Matos e Mugiatti (2009), Carneiro (2012), Ceccim (2010), Matos (2010), Behrens (2011), Palfrey (2011), Palloff e Pratt (2204) e Strauss e Corbin (2008).


Palavras-chave: TIC. Escolar hospitalizado. Fórum. Pedagogia hospitalar.

Introdução

A Sociedade exige além de aspectos legais de amparo aos alunos na condição de atendimento hospitalar ou em domicilio a aplicação de recursos que possam facilitar a comunicação e a reinserção junto à sociedade. Os alunos que momentaneamente se encontram afastados para tratamento de saúde têm na atualidade o amparo legal que regulamenta a ação de profissionais que obrigatoriamente devem estar habilitados para atuar no apoio a este indivíduo.
Na atual sociedade em que o fluxo de informação e comunicação, percorre os canais de distribuição com a velocidade que é oferecida pelas redes da Web faz-se necessário a adaptação dos indivíduos envolvidos na maioria dos contextos que permeiam os núcleos sociais, sem distinção de classes, raças ou crenças. As ações governamentais são no sentido de permitir a inserção ao direito à educação, à participação e construção de um bem comum familiar e social. Existem inúmeros argumentos que podem amparar estas ações e/ou necessidades de inclusão ou amparo para atendimento aos alunos em atendimento hospitalar ou domiciliar. Encontramos em Coll (2012, p. 68), alicerce inicial para a nossa argumentação:

Neste cenário, a educação deixou de ser vista apenas como um instrumento para promover o desenvolvimento, a socialização e a enculturação das pessoas, um instrumento de construção da identidade nacional ou um meio para construir a cidadania. Neste cenário a educação adquire uma nova dimensão: transforma-se no motor fundamental do desenvolvimento econômico e social. [...] Além disso, a utilização combinada das tecnologias multimídia e da Internet torna possível aprender em praticamente qualquer cenário (na escola, na universidade, no lar, no local de trabalho, nos espaços de lazer, etc.).

Não é diferente o que está previsto na legislação Brasileira no que concerne ao direito à educação formal. A Constituição Brasileira de 1988, (BRASIL, 1988, p.42), a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Lei 9.394, de 20/12/96 (BRASIL, 1996, p.42-43) e outros documentos sustentam as ações que devem ser desenvolvidas em prol de um acompanhamento digno e humanizador aos alunos em condições de internação prolongada ou em condição de atendimento domiciliar.
Devemos, então, buscar entendimento sobre o que é a pratica conhecida como Pedagogia Hospitalar. Encontramos inicialmente no artigo de, de Souza Fontes, (2005, p. 4), para entendermos o que é Pedagogia Hospitalar:
Podemos entender pedagogia hospitalar como uma proposta diferenciada da pedagogia tradicional, uma vez que se dá em âmbito hospitalar e que busca construir conhecimentos sobre esse novo contexto de aprendizagem que possam contribuir para o bem estar da criança enferma.

Para ampliar nosso entendimento destacamos o que Matos e Mugiatti, (2009, p. 37), apontam como pedagogia hospitalar:

[...] por suas peculiaridades e características, situa-se numa inter-relação entre os profissionais da equipe médica e a educação. Tanto pelos conteúdos da educação formal, como para a saúde e para a vida, como pelo modo de trazer continuidade do processo a que estava inserida de forma diferenciada e transitória a cada enfermo.

O abrigo legal encontra-se na Constituição Federal de 1988, à luz dos Artigos 205 e 206 que versa sobre a matéria e relata ser obrigação do Estado conduzir à universalização do atendimento escolar, a saber, (BRASIL, 1988, p. 42):

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios ; I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, define a Educação, em seu Artigo 1°, (BRASIL, 1996, p. 1) como: “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.
O mesmo documento registra que a educação é dever da família e do Estado, “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana”, (BRASIL, 1996, p.1) Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino o poder público deve criar formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino. Nesta mesma Lei, no Capítulo V que trata da Educação especial em seu Artigo 58, encontramos os seguintes aspectos relevantes, que são destacados por Carneiro (2012, p. 425):

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. [...] O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes de ensino regular.

No artigo 58 da LDB, também é salientado o que deve ser entendido como serviço de apoio especializado, e Carneiro (2012, p. 429), destaca:

§ 1° - Os serviços de apoio especializado disponíveis na escola regular para complementação de atendimento ao aluno da educação especial estão previstos nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Estes serviços podem ser, assim, desenvolvidos: a) Nas classes comuns: através da educação de professor da educação especial, de professores intérpretes das linguagens e códigos e de outros profissionais (Fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, assistentes sociais, professores de educação física, professores de arte etc.); b) Nos atendimentos itinerantes: através de equipes de professores especializados que se dirigem a várias escolas, para, em conjunto com professores das classes regulares, complementar o trabalho; c) No atendimento escolar hospitalar: através de professor especializado ou eventualmente, preparado para atender o aluno com deficiência que se encontra hospitalizado, em caráter transitório ou permanente; d) Nas salas de recursos: através de professor da educação especial ou compartilhadamente com profissional de apoio, de outra área, que oferece uma programação de complementação e/ou suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos.

O documento da SEESP - Secretaria de Educação Especial, Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar, estratégias e orientação, (BRASIL, 2002), destaca a necessidade de uma política de inclusão para alunos em condição especial, hoje um compromisso universal.
Desta forma é importante compreendermos o que é classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar. Segundo o que se apresenta no documento da SEESP (BRASIL, 2002, p. 13), é:

Denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. Atendimento pedagógico domiciliar é o atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar a escola ou esteja ele em casa de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade.

Neste contexto cabe salientar, também, o que Ceccim, In (PARANÁ, 2010, p. 33) denomina como classes educacionais hospitalares:

[...] são uma modalidade de atendimento pedagógico-educacional oferecido às crianças em internação hospitalar, não esgotam o conceito de atendimento pedagógico e nem significam a presença de uma escola formal no interior dos hospitais. A principal “novidade” da classe educacional hospitalar está em assegurar o compromisso das áreas da educação e da saúde com o desenvolvimento das crianças, tanto cognitivo como afetivo. Atender as demandas do desenvolvimento é condição para a atenção integral à saúde e uma exigência ao tratamento de crianças quando hospitalizadas, uma vez que esta condição oferece risco ao desenvolvimento e seu não atendimento acentua as vulnerabilidades em saúde.

A mesma firmeza que traduz a capacidade de definição de Ceccim (2010, p. 35) faz com que façamos a citação, in continuum, visto a importância apontada ao trabalho das classes hospitalares, conforme segue:
As necessidades a serem atendidas pelas classes hospitalares correspondem ao restabelecimento de ligações com a vida em casa e na escola (como no cotidiano e com colegas); realização da mediação didático-educativa do desenvolvimento; promoção da maior segurança aos pais e às crianças; garantia de atenção profissional ao desenvolvimento e às aprendizagens complexas; e, finalmente, oportunidade à manutenção ou recuperação ou, ainda, ao início dos vínculos com a escolaridade.

Assim, como afirmamos anteriormente vamos buscar atingir o nosso objetivo, ao pinçar diálogos que possam identificar e corroborar o que desejamos.

Desenvolvimento

A relevância do documento que ora apresentamos se fundamenta na necessidade de inovação e de mudança buscando superar barreiras impostas, mesmo que involuntariamente, pelo ambiente hospitalar e consequentemente aos profissionais que ali atuam em apoio aos alunos.

É oportuno destacar o que Matos (2010, p. 48), ressalta:

A função docente, sob tal ótica, é uma perspectiva integradora da dimensão de ação e operação pessoal com atividades racionais, técnicas e práticas significativas em espaços ordenados. Uma concepção de prática educativa contempla o conceito integral da educação, enquanto melhora o crescimento e aperfeiçoamento humano, bem como a realização de cada pessoa.

É importante salientar com relação à pessoa hospitalizada, conforme documento da Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 2002, p. 10), que:

[...] o tratamento de saúde não envolve apenas os aspectos biológicos da tradicional assistência médica à enfermidade. As experiências de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; separar-se de familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se a procedimentos invasivos e dolorosos e, ainda, sofrer com a solidão e o medo da morte – uma realidade constante nos hospitais. Reorganizar a assistência hospitalar, para que dê conta desse conjunto de experiências, significa assegurar, entre outros cuidados, o acesso ao lazer, ao convívio com o meio externo, às informações sobre seu processo de adoecimento, cuidados terapêuticos e ao exercício intelectual.

Encontramos literaturas recentes pertinentes ao atendimento hospitalar que refletem, também, esta preocupação de atendimento humanizado. Verificamos em Behrens (2011, p. 34), o seguinte:

Os ambientes de atendimento da área de saúde, seja nos centros médicos, nos hospitais ou nos ambulatórios, exigem sensibilidade e respeito humano, mas o grande volume de pessoas para serem atendidas reforça a formação técnica racional e objetiva no sentido de empreender rapidez e frieza no atendimento. Neste sentido repensar a formação dos profissionais na busca de um paradigma inovador que leve a superar a visão “homem-máquina”, assentada na prática da técnica pela técnica. Esta denúncia implica uma realidade vivenciada também em várias situações que exigem o discernimento dos profissionais que atuam na área para eleger as prioridades na utilização dos recursos informatizados e das máquinas para o atendimento da população. Acredita-se que esta situação pesa eticamente na atuação dos profissionais da saúde, em especial, os que refletem sobre os direitos ao acesso legal das pessoas à saúde e à educação.

O documento Classe hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações, da Secretaria de Educação Especial, 2002, recomenda que os ambientes devam ser projetados com a finalidade de favorecer o desenvolvimento proporcionando a construção do conhecimento àqueles que necessitam de apoio em situação de internamento hospitalar, sejam crianças, jovens ou adultos, (BRASIL, 2002, p.15).
As condições mínimas para tal prática são: uma sala com mobiliário adequado e uma bancada com pia, além de instalações sanitárias completas, bem como espaço ao ar livre para atividades físicas e ludo-pedagógicas,  (BRASIL, 2002, p. 17).
Adiciona-se a estes requisitos, sempre que possível, de acordo com (BRASIL, 2002, p.17):

[...] recursos audiovisuais, como computador em rede, televisão, vídeo-cassete, máquina fotográfica, filmadora, videokê, antena parabólica digital e aparelho de som com CD e k7, bem como telefone, com chamada a ramal e linha externa. Tais recursos se fazem essenciais tanto ao planejamento, desenvolvimento e avaliação do trabalho pedagógico, quanto para o contato efetivo da classe hospitalar, seja com a escola de origem do educando, seja com o sistema de ensino responsável por prover e garantir seu acesso escolar. Da mesma forma, a disponibilidade desses recursos propiciarão as condições mínimas para que o educando mantenha contato com colegas de sua escola, quando for o caso.

Não poderia deixar de ser precisa a redação do documento visto que nos encontramos em um tempo em que os nativos digitais se fazem presentes e encontram nos equipamentos de comunicação e nas diversas mídias, múltiplas possibilidades de contato com seus familiares e amigos.
Desta forma é importante destacar a relevância da inserção deste pedagogo ao mundo digital para que possa comunicar-se com estes nativos digitais e com os demais profissionais e instituições às quais estão ligados por laços profissionais.
Há hoje uma necessidade de desenvolvimento de habilidades para utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação e, não só o nativo digital as utiliza, os Colonizadores Digitais – não nativos do ambiente digital, porque cresceram em um mundo apenas analógico, mas que ajudaram a moldar seus contornos, também as utiliza, Palfrey (2011, p. 13).
A ação da Pedagogia Hospitalar deverá enfrentar, além das dificuldades impostas pelo ambiente, a falta de habilidade de muitos dos profissionais avessos ao uso de tecnologias ou sem a habilidade adequada para utilização destas. Destaca-se assim importância da utilização de elementos oferecidos pelas TIC por profissionais que atuam em ambientes hospitalares ou em atendimento domiciliar, que, além do conhecimento que possuem, outros irão acrescentar e, muitos outros irão partilhar, contribuindo, desta forma, para o aprimoramento das suas atividades.
No caso de atendimento domiciliar deverá ser providenciado a promoção de serviços em parceria com os serviços de saúde e de assistência social, no sentido de adequar o ambiente às necessidades do educando em consenso com a família. Dentro da expectativa por melhores momentos de aprendizagem deverá o ambiente, de acordo com as condições de cada caso, ser provido de meios de comunicação para uso do pedagogo e dos alunos e seus familiares.

É notória a preocupação com a relevância da situação de assistência ao aluno em condição de atendimento especial para continuidade de seus estudos que há a previsibilidade de apoio dos sistemas integrados de saúde em todas as instâncias.
A necessidade de aprimoramento de seus conhecimentos é uma constante na vida deste profissional que atua no atendimento pedagógico ao educando hospitalizado ou em domicilio. Ele deverá estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes vivências culturais, identificando necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar a escola. Deverá ser capaz de propor estratégias de flexibilização e adaptação curricular,  (BRASIL, 2002, p. 23).
Quanto ao aspecto formativo este profissional deverá, conforme proposto em  (BRASIL, 2002, p. 23):

[...] ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo.

Como anotamos no resumo deste trabalho o nosso objetivo é identificar nos relatos dos Fóruns investigados se há a utilização e/ou aplicação de recursos tecnológicos no atendimento aos alunos em condição de internamento hospitalar ou atendimento domiciliar e se os profissionais envolvidos no curso online o entendem como importante para desenvolvimento de seus trabalhos.
Os Fóruns em questão visavam à integração dos professores alunos e lhes foi solicitado uma breve apresentação e relato de suas atividades. Os professores tutores/mediadores utilizaram o momento para intensificar a integração que num primeiro momento, segundo Pallof e Pratt (2004), são essenciais para criar um ambiente dinâmico, descontraído e que permita ao novo aluno, já experiente ou não, tornar-se inserido ao ambiente virtual, participando e contribuindo ativamente.
Neste viés Palloff e Pratt, afirmam que a comunicação assíncrona, como ocorre em um Fórum é a melhor maneira de sustentar a interatividade de um curso on-line.  Os autores apresentam outros esclarecimentos importantes: “Uma vez que os alunos determinem um ritmo e comecem a interagir ativamente, eles assumirão a responsabilidade de sustentar esse contato, seja pela interação social, seja como uma resposta às perguntas para discussão enviadas pelo professor” Palloff e Pratt (2004, p. 47).
Os tutores/mediadores envolvidos na organização do curso que eram responsáveis pelo desenvolvimento e estímulo aos alunos respondiam incentivando-os. Um dos professores lançou a seguinte pergunta ao longo dos três Fóruns com o objetivo de identificar o objeto de pesquisa deste documento. A pergunta apresentada foi: “Uma curiosidade. Você já utiliza tecnologias nas suas atividades docentes? Se sim contribua sinalizando-as”. O resultado desta pergunta gerou os seguintes relatos:

Fórum da Sala “A”:

Aluno A3: “Sim. As tecnologias nos beneficiam muito na educação. Hoje vejo-as tão importantes quanto o livro didático. A Internet, os quites multimídia, os acessórios que tornaram-se indispensáveis no dia a dia para podermos ilustrar nossas aulas, diferenciar nosso trabalho da rotina, deixaram a sala de aula mais interessante. Nos casos em que o aluno encontra-se afastado da rotina da sala de aula, a internet pode ser, quando bem focada, uma ferramenta importantíssima para o professor e o aluno”.
Aluno A4: “As tecnologias se faz presente na vida de todos os cidadãos e na escola ela é mais uma ferramenta utilizada pelos educadores. Porém sabemos que ainda no Brasil existem regiões que as informações tecnológicas ainda não chegaram”.
Aluno A1: “Sim, prof P2 . Como eu trabalho numa Sala de Recursos, utilizo algumas tecnologias, como o notebook, computador, impressora, data show, televisão, aparelhos de DVDs e de som. Também utilizamos softwares educativos, disponibilizados pelo MEC e pelo Departamento Municipal de Educação. Estamos a espera de outros recursos, como a lupa e a lousa digitais, computadores e acessórios adaptados, enfim... A internet também é um grande recurso para auxiliar meu trabalho com os alunos, pois utilizamos várias ferramentas de cunho pedagógico e educativo, que muitas vezes demoram a chegar nas Salas de Recursos. É isso, espero ter contribuído. Abraços”.
Aluno A8: “As tecnologias se encontram presentes na vida de todos, embora em alguns locais com um pouco mais de dificuldades, mas já é a ferramenta mais utilizada pelos educandos e educadores. Com certeza, ainda temos um longo caminho a percorrer até que as tecnologias possam atender a toda a rede educacional e superar as dificuldades de muitos educadores que não dominem o uso das tecnologias de informação. Sabemos da importância destes meios e de que não há volta, mas acredito que isto é uma mera questão de tempo, uma vez que a geração que está vindo aí, já se encontra muito mais familiarizada com as utilidades desta forma de educar, seja ela nos programas de SAREH ou não”.

Fórum da “Sala B”:

Aluno B13: Olá professor, sim, em minha sala de recursos multifuncional, entre outros atendo alunos com deficiência intelectual, TDAH, um método bastante satisfatório é o trabalho com a informática, que inclui digitação e formatação de textos, jogos pedagógicos, que estimulam a atenção, concentração, raciocínio lógico e coordenação motora, também quando temos alguma data comemorativa importante, levo os alunos até os computadores para realizar uma pesquisa sobre a data e depois em sala eles fazem a interpretação e expõe aos colegas o que pesquisaram e como pesquisaram, uma vez durante a semana levo-os para a sala de informática onde desenvolvemos atividades diversificadas, eles gostam muito e o resultado é satisfatório, também temos as TV pendrive, que é um instrumento muito bom para trabalharmos com, vídeos, músicas, trechos de filmes, apresentação de slides.
Aluno B18: “Trabalho quase sempre usando jogos, televisor, DVD, computador e suas ferramentas como internet e sites para diversificar e tornar as atividades mais atrativas e prazerosas, e utilizo adaptações assistivas simples como engrossar o lápis e colocar velcro no alfabeto móvel para facilitar a realização das tarefas para o aluno. Gostaria que me mandassem ideias para melhor utilização desses recursos em sala”.

Fórum da “Sala C”:

Aluno C17: “Obrigada pelo acolhimento! Farei o possível para socializar a alegria e alguns saberes da Bahia. Mas, quero e tenho certeza que trarei também, de todos vocês, muitas contribuições para nossa terra. Em nosso espaço escolar no hospital, temos o privilégio de contar sim com algumas tecnologias. Em nossa sala que é diferenciada de uma sala regular, temos computadores disponíveis para as crianças, utilizamos notebooks e DVD's nos leitos das enfermarias. Entretanto, o que se destaca são os jogos eletrônicos como o Nintendo Wii, o ‘Soletrando Júnior’ também faz muito sucesso com meninada. Temos outros tipos de videogames também, mas no momento não me lembro de mais nenhuma outra tecnologia. Espero ter ajudado. Abraços”.

Considerações finais

A presente pesquisa realizada em um AVA teve por objetivo identificar a utilização/aplicação de recursos tecnológicos nas atividades de atendimento aos alunos que se encontram, temporária ou permanentemente, impossibilitados de frequentar a escola bem como apontar os aspectos legais que apoiam estas atividades. Os Fóruns em análise tiveram ampla participação e intensa troca de diálogos envolvendo apresentações, relatos resumidos das atividades realizadas pelos professores-alunos envolvidos no atendimento ao aluno em tratamento de saúde. “Na Sala A” de 59 inscritos 50 participações foram identificadas; na “Sala B” 48 participações de 56 inscritos e na “Sala C” 48 participações de 64 inscritos. Os professores num total de 9 envolvidos no processo mediático e tutorial para as três salas.
A pesquisa qualitativa em questão fundamentou-se na possibilidade de poder ocorrer a análise sobre o que as pessoas ou profissionais em foco realizam ao longo de suas atividades e no que utilizam para potencializar o seu trabalho.
Desta forma ressaltamos o que Strauss e Corbin (2008, p. 23), descrevem como pesquisa qualitativa:
[...] qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções e sentimentos, e também à pesquisa sobre funcionamento organizacional, movimentos sociais, fenômenos culturais e interação entre nações. Alguns dados podem ser quantificados, como no caso do censo ou de informações históricas sobre pessoas ou objetos estudados, mas o grosso da análise é interpretativa. [...] Ao falar sobre análise qualitativa, referimo-nos não à quantificação de dados qualitativos, mas, sim, ao processo não matemático de interpretação, feito com o objetivo de descobrir conceitos e relações nos dados brutos e de organizar esses conceitos e relações em um esquema explanatório teórico.

Assim identificamos fundamentação legal na Constituição Brasileira de 1988, (BRASIL, 1988), na Lei n° 9.394, Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional,  (BRASIL, 1996), bem como no documento denominado Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações, da Secretaria de Educação Especial, do Ministério da Educação e Cultura, (BRASIL, 2002). Outros documentos como o Estatuto da Criança, e do Adolescente,  (BRASIL, 1990), e outras Leis ou Diretrizes específicas também regulam o assunto em questão,  (BRASIL, 2011), (BRASIL, 1991).
Desta forma podemos considerar, com base nos relatos obtidos junto aos participantes dos Fóruns, que as TIC são fator importante para desenvolvimento das atividades dos profissionais da pedagogia hospitalar, podendo transformar-se em um potencializador na aplicação diária e auxiliando na comunicação entre estes profissionais, alunos e familiares, coordenadores e instituições envolvidas no processo o que pode ser observado no relato do Aluno A3: Nos casos em que o aluno encontra-se afastado da rotina da sala de aula, a internet pode ser, quando bem focada, uma ferramenta importantíssima para o professor e o aluno”.
O Aluno A1 também salienta a importância da Internet: “A internet também é um grande recurso para auxiliar meu trabalho com os alunos, pois utilizamos várias ferramentas de cunho pedagógico e educativo, que muitas vezes demoram a chegar nas Salas de Recursos. É isso, espero ter contribuído. Abraços”.
Algumas dificuldades também são identificadas, apontam os alunos: A4 “Porém sabemos que ainda no Brasil existem regiões que as informações tecnológicas ainda não chegaram”; A1 “Estamos a espera de outros recursos, como a lupa e a lousa digitais, computadores e acessórios adaptados, enfim...”.

Um professor aluno apresenta em seu relato, de forma pontual a utilização dentro do hospital: C17 “Em nosso espaço escolar no hospital, temos o privilégio de contar sim com algumas tecnologias. Em nossa sala que é diferenciada de uma sala regular, temos computadores disponíveis para as crianças, utilizamos notebooks e DVD's nos leitos das enfermarias. Entretanto, o que se destaca são os jogos eletrônicos como o Nintendo Wii, o ‘Soletrando Júnior’ também faz muito sucesso com meninada. Temos outros tipos de videogames também, mas no momento não me lembro de mais nenhuma outra tecnologia”.
Os Alunos B13 e B18 também trazem contribuições que afirmam o objeto de pesquisa, respectivamente:

Olá professor, sim, em minha sala de recursos multifuncional, entre outros atendo alunos com deficiência intelectual, TDAH, um método bastante satisfatório é o trabalho com a informática, que inclui digitação e formatação de textos, jogos pedagógicos, que estimulam a atenção, concentração, raciocínio lógico e coordenação motora [...]”; “Trabalho quase sempre usando jogos, televisor, DVD, computador e suas ferramentas como internet e sites para diversificar e tornar as atividades mais atrativas e prazerosas [...]”.

REFERÊNCIAS

BEHRENS, Marilda Aparecida. Conexão paradigmática da saúde e educação: desafio do reencontro possível. In: Elizete Lucia Moreira Matos; Patricia Lupion Torres (Orgs). Teoria e prática na pedagogia hospitalar: novos cenários, novos desafios. 2, ed. rev. e ampl. Curitiba: Champagnat, 2011. p. 23-44.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_13.07.2010/CON1988.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2013.

BRASIL. Decreto n° 7.611, de 17 de novembro de 2011. Brasília, 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm>. Acesso em: 29 mar. 2013.

BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 01 abr. 2013.

BRASIL. Lei n° 8.242, de 12 de outubro de 1991. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8242.htm>. Acesso em: 01 abr. 2013.

BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 23 abr. 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Classe hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações. Brasília: MEC; SEESP, 2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_ead.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2012.

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva, artigo a artigo. Petropólis: Vozes, 2012.

CECCIM, Ricardo Burg. Classes educacionais hospitalares e a escuta pedagógica no ambiente hospitalar.In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Diretoria de Políticas e Programas Educacionais. Núcleo de Apoio ao Sareh. Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh). Curitiba: Seed-PR, 2010. (Cadernos temáticos). p. 33-38. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_sareh.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2013.

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MATOS, Elizete Lúcia Moreira Matos; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

MATOS, Elizete Lúcia Moreira Matos. A hospitalização escolarizada e a formação do professor para atuar em contexto hospitalar. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Diretoria de Políticas e Programas Educacionais. Núcleo de Apoio ao Sareh. Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh). Curitiba: Seed-PR, 2010. (Cadernos temáticos). p. 45-54. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_sareh.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2013.

DE SOUZA FONTES, Rejane. Da classe à pedagogia hospitalar: A educação para além da escolarização. Linhas, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 72-92,  jan./jun. 2008.  <http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1395/1192>. Acesso: em 29 mar. 2013.

PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011.

PALLOFF, Rena M; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.

STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Porto Alegre: Artmed, 2008.





[1] Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação da Escola de Educação e Humanidades-PUCPR, Administrador, Professor Universitário. Especializações: Formação Pedagógica do Professor Universitário-PUCPR e Formação Estratégica de Custos e Preços-PUCPR. glsievert@gmail.com
[2] Doutora em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, Mestre em Educação pela Universidade Católica do Paraná-PUCPR, Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Recursos Humanos pela PUCPR, Coordenadora dos cursos de Especialização em Formação Pedagógica do Professor Universitário, Pedagogia Hospitalar e Tecnologias Educacionais e professora titular da PUCPR. Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação e do curso de Pedagogia. elizete.matos@pucpr.br

segunda-feira, 12 de agosto de 2013



FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA POR MEIO DE UM AMBIENTE VIRTUAL: UMA EXPERIÊNCIA PESSOAL NA FORMAÇÃO DOCENTE NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

SIEVERT, Genaldo Luis[1] - PUCPR SIEVERT, G.L.

Documento aprovado para publicação e apresentação no XI Congresso Nacional de Educação - Educere - PUCPR - 2013.

Grupo de trabalho: Formação de Professores e Profissionalização Docente

Agência financiadora: não contou com financiamento.


Resumo


Este documento traduz em forma de relato pessoal a experiência vivenciada em um curso de formação continuada de professores por meio de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), de uma Instituição de Ensino Superior de Curitiba, realizado nos meses de agosto e setembro de 2012. O objetivo deste relato é demonstrar se há relevância na formação continuada de professores por meio de AVAs. A pesquisa para avaliar a relevância é qualitativa. A metodologia envolveu coleta de dados no ambiente virtual e a extração de dados de um dos Chats realizado durante o Curso. Os autores que amparam este relato por ordem de citação são: Drucker (2010), Sancho (2006), Behar (2009), López-Barajas (2012), Navas (21012), Morin (2011), Palfrey (2011), Behrens (2010), Bernabé (2012), Enricone (2009), Paloff e Pratt (2004), Moore (2010) e Belloni (2010). O curso foi desenvolvimento em cinco módulos com aplicação de avaliação imediata após os estudos. Também era composto pela leitura de uma apostila composta por 65 páginas, em cinco módulos ao final dos quais eram fornecidos questões de fixação de conteúdo. A carga horária total de 36 horas e 47 professores participando. O Objetivo geral do curso: refletir sobre a necessidade e a validade do planejamento, reconhecendo os fatores intercorrentes para que se efetive de forma significativa. Os Objetivos específicos do curso: definir planejamento educacional; identificar justificativas frequentes para a não efetivação do planejamento; bem como a validade, as qualidades e as necessidades do planejamento; reconhecer o planejamento como uma ação-reflexão; conhecer a perspectiva do planejamento na dimensão conceitual, atitudinal e procedimental; reconhecer no planejamento participativo uma forma de prática pedagógica significativa para uma configuração. Durante a realização do curso estavam programados dois chats, sendo um considerado obrigatório e um fórum, não obrigatório. O critério para aprovação: 70%. Realizamos 17 acessos, tempo online: 09h32min: 20s.


Palavras-chave: Formação continuada. Ensino a distância. Planejamento. Ambiente virtual.

Introdução


A formação continuada é destaque neste novo cenário em que a denominada “sociedade do conhecimento”, Drucker (2010) prima por aperfeiçoamento constante, qualidade e integração via Web. Com o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC), uma considerável soma de instituições de ensino, atuando nos mais diversos níveis tem ofertado cursos de capacitação. Aqui neste espaço estaremos descrevendo a vivência em um curso de formação continuada. O aprimoramento dos professores é direcionado para as salas virtuais de ensino.

As Instituições de Ensino Superior (IES) tem destinado aos profissionais docentes uma grande quantidade de cursos de curta duração, deixando assim, de custear estes na forma presencial. É fato que estas novas tecnologias atuam como um elemento facilitador, por um lado, e de outro ocorre uma transferência de responsabilidade pelo aprimoramento à figura do professor-discente. É este que deverá procurar inserir-se neste contexto. Não podemos deixar de salientar que, a maioria dos professores que atuam neste cenário é oriunda de uma formação pedagógica “dura” conforme aponta Sancho (2006).

Viver neste espaço com acesso constante e sem precedente às informações e às redes sociais não significa estar apto a utilizar mídias em prol de uma nova forma de ensinar.            

Mesmo considerando, que este relato, é baseado em uma recente realização de curso de formação continuada há que se salientar que estes cursos oferecidos como capacitação para professores de nível superior estão emparelhados com a formação oferecida em cursos presenciais. Não há inovação expressiva na forma em que se desenvolve o curso ou mesmo a avaliação. O que diferencia uma situação da outra é apenas e tão somente o espaço em que o ato se desenvolve. Sancho (2006, p. 20) alerta que:

[...] no momento em que em diferentes setores da sociedade são valorizadas a criatividade e a iniciativa, na escola se fomenta a homogeneidade. Quando se defende a desregulamentação como forma de aflorar a criatividade, a escola se torna cada vez mais controlada e com menos espaço para abordar sua própria transformação... Os educadores inquietos para renovar e melhorar a educação com o uso das TIC se sentem prisioneiros das estruturas administrativas e organizativas.

Por outro lado ressalta-se que esta nova modalidade de aprimoramento em Ensino a Distância (EAD) está proporcionando o surgimento de um novo espaço para a pedagogia, a organização e o planejamento das atividades, conforme é anotado por Behar (2009, p. 16):


Portanto, pode-se dizer que um novo espaço pedagógico está em fase de gestação, cujas características são: o desenvolvimento das competências e habilidades, o respeito ao ritmo individual, a formação de comunidades de aprendizagem e as redes de convivência, entre outras. É preciso enfocar a capacitação, a aprendizagem, a educação aberta e a distância e a gestão do conhecimento. Assim, estudos sobre construção do conhecimento, autonomia, autoria e interação contribuem para a construção de um espaço hierárquico, sendo que esse é pautado pela cooperação, pelo respeito mútuo, pela solidariedade, por atividades centradas no aprendiz e na identificação e na solução de problemas. Nesse processo, configuram-se os alicerces deste novo modelo que está emergindo.

Antes mesmo de continuar o desenvolvimento desta abordagem cabe o entendimento de educação continuada, descrito por López-Barajas (2012, p. 63):

A educação permanente (ou a educação continuada ao longo da vida) é a aprendizagem necessária para o desenvolvimento das competências das pessoas, de funcionários ou de usuários nos momentos oportunos para eles. Uma vez que esse processo de competência tecnológica é dinâmico e constante, ele exige que os cidadãos submetam-se a tal aprendizagem tecnológica se não quiserem se ver excluídos dessa sociedade de conhecimento cientifico e tecnológico.

Desenvolvimento

Durante os primeiros dias do curso online os acessos foram realizados visando à localização dos conteúdos, agenda para controle das atividades e a localização dos detalhes visuais disponíveis no ambiente.

A experiência anterior de ter construído um curso em um ambiente virtual de aprendizagem foi de uma riqueza inestimável neste momento. Durante este processo foi utilizado à realização de fórum, palestra presencial e uma aula via RádioWeb. Dos elementos citados os que mais se destacaram foram por ordem de importância o fórum e o programa de rádio. Uma percepção é que conhecer mais de um AVA é um aspecto relevante, pois, cada ambiente virtual possui características distintas, funcionalidades proprietárias e design que, respeitadas as características construtivas, auxiliam ou dificultam. Pode-se perceber, claramente, que facilidades para comunicação e usabilidade são relevantes nestes ambientes.

Neste sentido é importante destacar a argumentação de Navas (2012, p. 87):

Em função da vertiginosa rapidez das mudanças na cultura, na tecnologia e na produção na atual Sociedade do Conhecimento, também chamada de Sociedade da Informação, as pessoas deveriam adquirir e desenvolver, melhorar e atualizar suas competências para promoção pessoal, social e individual. [...] Por isso, a cada dia se torna mais patente a crescente importância da formação contínua no desenvolvimento das qualificações.


Independentemente das necessidades pessoais de adquirir novos conhecimentos é importante ressaltar o esforço que todos devemos realizar para nos inserirmos neste novo cenário multicultural, dinâmico e que se reinventa em curtos intervalos de tempo.

Novos cenários surgem à frente destes profissionais docentes e para enfrentá-los são necessárias estratégias, pois esta permitirá, segundo Morin (2011, p. 79): “A estratégia permite, a partir de uma decisão inicial, prever certo número de cenários para a ação, cenários que poderão ser modificados segundo as informações que vão chegar no curso da ação e segundo os acasos que vão se suceder e perturbar a ação”. 

Na atualidade nos é permitido ousar. Professor/aluno, principalmente aquele considerado imigrante digital, deve buscar superar seus limites ante as dificuldades eventuais no que diz respeito ao uso de tecnologias (equipamentos e mídias). Há hoje uma necessidade de desenvolvimento de habilidades para utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação e, não só o nativo digital as utiliza, os Colonizadores Digitais – não nativos do ambiente digital, porque cresceram em um mundo apenas analógico, mas que ajudaram a moldar seus contornos, também as utiliza Palfrey (2011, p. 13).

É necessário estar em consonância com as condições atuais mesmo que neste momento consideremos que transferir capacitação para um espaço virtual possa ser entendido como uma manobra destas novas instituições modeladas ao cenário capitalista.

Deixando um suposto ranço de lado descrevo a ação realizada para superar as dificuldades, visto que, estar realizando um curso de pós-graduação em nível de Mestrado, dirigir uma empresa e dar aulas à noite, impõe uma condição de busca de espaço/tempo para realizar o curso de capacitação. Mas cabe buscar em Behrens (2010, p. 55) o seguinte entendimento:

A produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a sua aceitação. Portanto, na prática pedagógica o professor deve propor um estudo sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a visão de que o aluno é um objeto e torná-lo sujeito e produtor de seu próprio conhecimento.

Muito mais do que saber fazer o pedagógico é necessário aprender a utilizar novas ferramentas e proporcionar a adaptação destas ao novo contexto proporcionado pela evolução e disponibilidade de novas TIC.

A educação continuada de docentes no concernente à utilização de novas TIC é recente e requer cuidado específico visto a grande disponibilidade de ferramentas que surgiram com a Internet. Assim como estas ferramentas podem trazer boas e novas condições aos docentes também podem, em contrapartida, provocar inibições aos docentes e aos discentes.

Assim, Bernabé (2012, p. 80) aponta o seguinte:

O aprendizado dos professores é um processo ativo e baseado na experiência, mediante a qual o conhecimento é representado, construído e revisado. O aprendizado docente está sujeito a muitas influências. É complexo e resistente à padronização. Essa complexidade se reflete na interação entre o profissional e o pessoal, o individual e o social, o objetivo, o formal e o informal, e tem especial incidência na definição do aprendizado ao longo da vida dos professores. As tecnologias digitais podem desempenhar o papel de ferramentas que permitem aos docentes, na qualidade de estudantes, alcançarem seu potencial de aprendizado. O uso destas ferramentas pode ampliar ou melhorar as habilidades do corpo docente e também permitir criar novas maneiras de enfrentar as tarefas que, por sua vez, mudam a própria natureza de uma atividade. As tecnologias também proporcionam limitações e estruturação às atividades, influenciando em seu sentido e suas limitações. Essas possibilidades e limitações podem ser favoráveis e servir de complemento, se os docentes-alunos a usarem com este propósito, mas não existem de maneira absoluta ou como entidades com poder por si próprias.

Aproveitamento das TIC como elemento essencial na interação aluno/professor é caminhar rumo à nova sociedade onde as possibilidades de integração e humanização deverá ser uma realidade. A pedagogia na essência é a base das transformações do saber ensinar. Do saber fazer e do ser. Enquanto aprendiz o professor deve ser capaz de conhecer suas limitações pessoais e por isto mesmo ser um ser que reconhece a necessidade de constante aprimoramento.

Neste viés ao realizar este curso foi necessário o desdobramento em etapas não regulares e que foram sendo executadas à medida que um espaço de tempo surgia em meio às múltiplas tarefas docentes, aulas e tarefas do curso Stritu Senso, atividades comerciais e viagens. Dentre as muitas habilidades exigidas de um docente está a capacidade de planejamento e de readequação deste às alterações impostas pelo calendário e instituições. Enricone (2009, p. 7) nos auxilia para uma melhor compreensão:

Os saberes docentes são constituídos por conhecimentos, habilidades e competências que capacitam para a atividade profissional, construídos com base na formação inicial e ao longo da vida nas situações habituais de trabalho. Incluem experiências pessoais dos professores em seus processos de escolarização.

Observa- se que as maiores dificuldades dos docentes das Instituições de Ensino Superior estão relacionadas ao fato de não haver dedicação exclusiva na função o que provoca, sem dúvida, inúmeras dificuldades para os envolvidos, como já citamos anteriormente.

Mas alguns valores pessoais devem ser destacados e são importantes para que um aluno seja bem sucedido em um curso online, principalmente na modalidade à distância: disciplina, interatividade, organização, capacidade de escrever e compreender na diversidade comunicacional que se apresenta de forma assíncrona e síncrona, entre outras habilidades.

O objetivo do curso em questão era proporcionar uma visão ampla do que é planejar para a prática da docência e permitir ao aluno-professor compreender que a característica flexibilidade deve caminhar lado a lado com a aplicação de todos os demais recursos utilizados na condução da atividade do professor.

A intensidade do diálogo foi relevante e ao contrário de muitos outros chats a comunicação foi rica e pertinente ao conteúdo do curso o que demonstra o comprometimento dos alunos-professores, o que vai de encontro ao que Palloff e Pratt (2004) destacam, que para fazer isto de maneira eficaz, o aluno no ambiente virtual dever ser aberto, flexível, honesto e ter, de fato, vontade de assumir responsabilidade pela formação da comunidade e trabalhar em prol dela.

No ambiente em questão ficou evidente a cortesia e o respeito que deve pautar as relações entre os participantes de uma atividade realizada num AVA como pode ser percebido no que nos é apresentado por Moore (2010, p.178), que identifica como relevante para os participantes de um curso em EAD, apreciação, estímulo e prazer e conveniência de aprender a distância:

Um número reduzido desses alunos mencionou o receio, em parte porque são alunos de pós-graduação bem-sucedidos e experientes.  Louretta disse sentir algum receio e ansiedade: “Achei o curso estressante”; Richard F. sentiu “ansiedade com relação ao projeto final”; Caroline: “me senti perdida” inicialmente. Eles apreciam a atividade de interação aluno-aluno. Caroline: “[gostei de] expressar minhas ideias e de partilhar opiniões com colegas de classe”; Susan também comentou: “Gostei da interação no quadro de avisos pela internet”. Eles gostaram do humor, que ajuda a diminuir a tensão e desenvolver um ambiente alegre, muito propício ao aprendizado. Eles gostaram de variedade, expressa, neste caso, pela apreciação da mescla entre mídias e o número de diferentes palestrantes convidados.

O autor salienta, ainda, que as duas atitudes adultas mais importantes e típicas que essa análise demonstra sejam uma apreciação da eficiência e a valorização de um ambiente de aprendizado agradável.

Após o fechamento da sala não foi realizada uma avaliação processual, porém, é possível perceber durante o diálogo do primeiro chat que houve entendimento da importância do tema e da relevância para a prática docente. Abaixo transcrição de parte do diálogo ocorrido no chat do dia 23 de agosto de 2012, com 45’ de duração:

N1 (professor responsável): Exatamente, e quem sabe aqueles que já sabem possam interagir e ajudar quem não sabe.

A1 (tutor): Por isso eu afirmo é difícil o professor que segue o plano de ensino entregue ao coordenador.

A2: no contexto da aprendizagem nada se perde... Pelo contrário tudo é ganho... Tanto para nós professores como para os alunos.

A2: na verdade para mim o plano é como se fosse um esqueleto... Preciso levá-lo como base... Mas se houver necessidade há como fazer mudanças... Por isso ele não é estático... Em minha opinião.

G1: Planos podem e devem ser modificados.

A1: Para A2: É isso mesmo.

O1: Concordo com A2, o Plano de ensino é nossa base, vamos moldando-o conforme o andamento das aulas.

A1: Pessoal as estratégias também são importantes nesse tópico de planejamento.

N1: É bem como o G1 falou: os planos estão ai para serem modificados, eles são norteadores do nosso trabalho.

A2: Sim... Muitas vezes acabamos por planejar aulas maravilhosas (na nossa opinião) e quando percebemos deixamos passar elementos simples que ajudam na construção da aprendizagem. Isso mesmo o plano é um norte... Direciona-nos a um determinado lugar.

A1: Muitos deles abordam como estratégia apenas: exposição dialogada.

G1: Estratégia é conduzir para o futuro.

G1: Se é preciso alteramos em função de circunstâncias.

Considerações finais

            Como pode ser percebido algumas dificuldades e/ou facilidades devem ser reconhecidas e tornam relevante a formação continuada para o aluno-professor são claras:

Negativas:

O fator tempo é o elemento crítico e deve ser levado em consideração neste cenário específico visto que o aluno-professor na prática docente no ensino superior é na maioria dos casos exercida por profissionais que atuam em organizações dos mais diversos segmentos.

Os chats foram organizados em horário comercial o que implicou em um pequeno número de participantes.

A não realização de nenhum encontro presencial.

A ausência de uma área onde os dados dos participantes pudessem ser utilizados como uma forma de identificação por áreas de atuação ou como uma possibilidade de aumentar a socialização entre os participantes e ainda uma maior integração de profissionais das diversas Unidades da IES.

Positivas:

A possibilidade de realizar a atividade e/ou curso em qualquer lugar e tempo é relevante.

A realização do Fórum, pois é uma possibilidade de participação em qualquer horário mesmo havendo horário para iniciar e para encerrar.

A oferta do Curso por parte da IES, como uma forma de permitir e estimular o aperfeiçoamento técnico e pedagógico.

O que poderia contribuir para aprender mais:

Na estruturação do curso poderia ter sido utilizado uma série de atividades, como por exemplo: portfólio digital, postagem de vídeos e/ou links de artigos relacionados à temática do curso em questão.

A obrigatoriedade de uma primeira mensagem de apresentação contendo um mini currículo de cada participante.

Pelo menos um encontro presencial com a realização de dinâmicas e trocas de experiências entre os docentes-alunos.

Mesmo diante de toda e qualquer dificuldade nota-se uma energia e uma vontade incontestável de progredir na carreira de professor. Indivíduos como estes que participaram deste diálogo apresentam-se prontos para o desafio neste novo cenário e diferentemente do que se espera em diálogo de um chat este se mostrou rico e harmonioso. Os desafios estão presentes na vida diária de todos em todos os campos e para Belloni (2010, p. 256):


As tendências mais prováveis no mundo, hoje, indicam uma convergência das duas modalidades de ensino (presencial e a distância) e sinergias positivas entre elas, com vantagens para ambas: o ensino convencional se beneficiaria com as inovações técnicas e metodológicas trazidas pela EaD e o ensino a distância seria beneficiado pela longa experiência e excelência acadêmica das universidades. Acredito fortemente que a formação de professores a distância, desde que obedeça a critérios precisos de qualidade, pode contribuir para transformar a educação em geral: tanto a qualidade do ensino superior presencial (contribuição, sobretudo metodológica) quanto a expansão com qualidade da escola básica integral, único caminho para a inclusão social da maioria das crianças e adolescentes brasileiros.

Para Belloni (2010) a UAB (Universidade Aberta do Brasil) deve apostar na convergência de paradigmas e seguir criando sinergias positivas com o ensino presencial, ou seja, integrando tecnologia aos processos educacionais. Há uma clara tendência das Instituições em propor e realizar cursos de formação continuada em EaD, e com certeza um dos propósitos na base da questão é: a inserção deste profissional em um novo cenário para prepará-lo para atender as necessidades desta nova geração e auxiliar àqueles que de gerações anteriores prosseguem no campo da educação.

Por fim, tenho plena consciência que o conhecimento continuado é fundamental para a manutenção e perenidade de uma base social sólida e que propiciará o progresso individual e coletivo.

REFERÊNCIAS

BEHAR, Patricia Alejandra (orgs.). Modelos Pedagógicos em Educação a Distância. Porto Alegre, Ed. Artmed, 2009.

BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 4. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

BELLONI, Maria Luiza. Mídia-educação e Educação a Distância na formação de professores. In: MILL, Daniel. Pimentel; Nara Maria. Educação a distância: desafios contemporâneos. São Carlos:EdUFSCar, 2010. p.245-266.

BERNABÉ, Iolanda. Os professores como aprendizes com as TICs. In: Computadores em sala de aula: métodos e usos; BARBA, Carme, et al. Porto Alegre: Penso, 2012.cap. 4, p. 77 a 83.

DRUCKER, Peter Ferdinand. Gestão. RJ, Agir, 2010.

ENRICONE, Délcia (org.). Professor como aprendiz: saberes docentes. Porto Alegre: EDPUCRS, 20009.

LÓPEZ-BARAJAS ZAYAS, Emilio. A elaboração de programas inovadores de educação permanente. O paradigma da educação continuada. LÓPEZ-BARAJAS ZAYAS, Emilio, et al. Porto Alegre: Penso, 2012. cap. 2, p.60-83.

MOORE, Michael G. Educação a Distância: Uma Visão Integrada. SP, Ed. Cengage Learning, 2010.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 4 ed. Porto Alegre: Sulina, 2011.

NAVAS, Maria del Carmen Ortega; ORTEGA SANCHEZ, Isabel Maria Desenvolvimento de competências e certificação. In: LÓPEZ-BARAJAS ZAYAS, Emilio, et al. O paradigma da educação continuada.  Porto Alegre: Penso, 2012. cap. 4, p. 114-135.

PALFREY, John. GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011.

PALLOFF, Rena M. PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.

SANCHO, Juana Maria... [et al]. Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006.




[1] Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação da Escola de Educação e Humanidades-PUCPR, Administrador, Professor Universitário. Especializações: Formação Pedagógica do Professor Universitário-PUCPR e Formação Estratégica de Custos e Preços-PUCPR.