Avaliação
de mudanças sociais, uma reflexão
Genaldo Luis Sievert
Aceitei o desafio, mesmo sem conhecer profundamente as
teorias econômicas e as mudanças provocadas por elas, ou a história do
pensamento humano, este com certeza a mola propulsora de todo os
desenvolvimentos nos mais diversos campos, de discorrer um pouco sobre tão
vasto, intrigante e polêmico tema. Entendo que mudança social atravessa o tempo
abraçado com a história do desenvolvimento humano relacionado ao trabalho e ao
valor do capital a ele atribuído. Enveredei, recentemente, leitura da obra de
Adam Smith, A riqueza das Nações, e ali se nota o poder da inquirição sobre a
observação dos mais diversos fatos que motivaram e motivam a transformação
social, que se efetiva pela análise e discussão do gênio humano. Com certeza
poderia declinar centenas de fatos históricos e comprovadamente importantes,
para demonstrar a importância das mudanças sociais e a contra partida de sua
avaliação. Revolucionários e revoluções seriam citadas para justificar cada uma
das empreitadas, os motivos mais relevantes, as idéias mais inovadoras, os
gênios pensantes, como grandes governantes e cientistas, seriam lembrados. Mas,
a mudança social está em cada um de nós, do valor que temos a respeito das alterações,
da capacidade de assimilação de cada um, da capacidade de divergência
individual ou coletiva. Avaliar mudança social está no intimo de cada um de
nós, para tanto temos que possuir a noção exata de onde estamos inseridos,
advém desta premissa o fato concreto que, para tanto, temos que evoluir
intelectualmente de forma que possamos ser contínuos críticos do que fazemos,
vivemos, e do que sofremos ao influir ou ao sermos influenciados por outrem.
Não bastassem as constantes mudanças que desconfiguram os cenários sociais e
econômicos temos que lidar com nossos anseios, erros e acertos, já que somos
sem dúvida, movidos pela curiosidade. As
mudanças sociais não estão contidas na comunidade em que vivemos ou observamos,
elas crescem no nosso íntimo e é ai que percebemos o que podemos ou desejamos
influenciar nestas possíveis alterações. O nosso engrandecimento pessoal irá
definir o quanto poderemos realizar de mudanças, avaliá-las e na continuidade
provocar eventuais modificações no contexto social em que nos inserimos. Por
osmose ou por vontade própria os elementos humanos conseguem definir ou demolir
contextos sociais. Ambos de forma positiva ou negativa são poderosas armas de
avaliação e elas começam na célula familiar que ao multiplicar-se provocam os erros
e acertos. Como já mencionei a capacidade de mudança está no intimo de cada um
e se assim acontece é na elementar educação familiar e na posterior lapidação
da convivência social em que seremos inseridos que está a virtuose da
adaptação, do consenso, da aceitação, da comunicação, da sabedoria norteada
pelo amor ao próximo.
Quando iniciados, elevados ou exaltados, somos conduzidos
ao estudo e aprimoramento do pensar. Não é só o fato de praticar o amor ao
próximo ou de combater os males que assolam a sociedade que nos trazem até a
maçonaria; na primeira pessoa do singular busco uma satisfação pessoal e
espiritual que havia abandonado achando que as muitas ocupações do dia a dia
não me permitiam acompanhar. Doce engano este, de fato sempre há espaço para mais
fazer. A satisfação pessoal e espiritual é que nos trazem gratificação e
entendimento e daí surgirá ações em prol das transformações por meio das
argumentações. Sem questionamentos não haverá progresso de qualquer natureza.
Durante as dezenas, centenas e milhares de sessões de maçonaria realizadas por
todo o mundo o chamamento comum a todas é: fraternidade e amor ao próximo; o
bem fazer prevalece nas milhares de mensagens que cruzam o planeta através da
rede mundial – este fenômeno tecnológico abriu o característico modo de
exprimir pensamentos, dos maçons, para o mundo. Mas será que todo este
movimento em prol do bem querer é suficiente para provocar mudanças sociais?
Será que aqueles que recebem as ações de bem fazer estão preparados para
recebê-las? Será que a ação em prol destes não será um fator de acomodação
social? Será que a velada manifestação do pensamento de maçons pelo mundo é
suficiente, ou insuficiente? Mais que levantar questionamentos deverá sem
dúvida prevalecer ações em prol do bem querer e de mudanças sociais e não
esqueçamos que para qualquer avaliação e posterior mudança deverá prevalecer a
boa vontade de cada um de nós.