quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sobre justiça

 “Eu vos digo: mesmo que os Homens permaneçam calados, as pedras um dia falarão.” Lucas

            Pedras sobrepostas, sendo a maior apoio para a menor, parecem à primeira vista, ser diretamente o que há de mais harmonioso e justo. Porém, já observei pedras menores equilibrando as maiores. Neste caso específico entendemos haver uma contradição, pois, faz sentido que o maior ou mais forte deve prover apoio, justiça de equilíbrio e harmonia aos menores ou supostamente sem apoio. Na natureza, e isto aprendemos ao longo de nossa existência, há um perfeito e harmonioso equilíbrio entre as mais diferentes espécies e criaturas, sejam elas dos mais diversos reinos que ocupam o nosso planeta. Este fato estende-se para o universo como um todo, mas vamos concentrar forças no que acontece neste pequeno, porém relevante espaço que ocupamos.

            Há, sem dúvida, uma ordem natural para tudo. O que se observa em sentido contrário é fruto da evolução da espécie humana que se destaca por sua inteligência e capacidade de adaptação, por sua consciência, mobilidade, falácia, racionalidade, capacidade de persuasão, interpretação, formalização de posturas e costumes. Não bastassem todos estes sonoros atributos e que na maioria das vezes são elevados ao fator de soberba de subjugar a outrem, coube-nos a possibilidade de entender que usos e costumes de grupos, sociedades e grupos específicos quando determinados em normas serão utilizados para julgar, mesmo que a revelia, aquele que por desconhecimento descumpra uma lei ou ofenda a uma ordem estabelecida.

               O que penso e externo nestas breves linhas não têm a ver comigo mesmo e sim com a sociedade em que estou, pois, consigo me encontrar, aqui estou cidadão e buscando entender o contexto. Se há como afirmei anteriormente uma ordem natural para tudo, então o que vejo é correto? É correta a minha indignação com atos de corrupção, matança, conchavos em qualquer nível ou esfera da sociedade estabelecida? Onde estão os indignados ou os dignos de fazer justiça, bem formados, instruídos e que a público vem em nome da manutenção da ordem? Que universo é este em que desejar o bem e a justiça pode ser visto como um ato de aproveitamento?

            O que penso ser justiça tem a ver com indignação! Devemos demonstrar este sentimento sem vergonha e sem perturbação. A felicidade de outrem deve ser motivo de satisfação e a infelicidade de preocupação. Se há verdade em que os opostos se atraem haverá neste caso uma anulação e com esta surgirá a satisfação harmoniosa do bem querer e do bem viver.

            Fácil assim? Claro que não, estes momentos que deveriam ser perpetuados, mais uma vez serão rompidos pela capacidade única de todos os humanos pensantes: a inteligência, capacidade geradora das análises que tanto atormentam e que levam a espécie para os interesses pessoais e faz com que a desigualdade surja. Dignas são as pessoas propensas à indignação e que já alcançaram o bem maior que é a sabedoria, apoiada pelo amor ao próximo, estas pessoas, creio, são honestas e virtuosas, praticantes da beneficência sem a esperança de retorno em proveito próprio, sem que qualquer vantagem de ordem pessoal antecipe o ato e que, principalmente, esteja material, moral e espiritualmente pronta para realizar.

             O que penso ser justiça tem a ver com o dia-a-dia, com a conduta e a prática de bons atos e costumes. Tem a ver necessariamente com um cumprimento pessoal de bom dia, boa tarde, boa noite, muito obrigado, volte sempre, foi um prazer. Ótimo, estou pronto para atendê-lo.

            O que penso ser justiça tem a ver com o respeito e aceitação, disciplina, ordem, determinação, aceitação e bem fazer, a prudência e o bom senso.

            O que penso ser justiça tem a ver com a química única que une todos os seres humanos: a vontade de ser melhor!

            Ser melhor para quê? Para fazer melhor, entender melhor, observar e analisar melhor, para redigir normas de conduta adequadas e pertinentes ao contexto em que estamos inseridos.

            O que penso ser justiça tem a ver com ser confiante. A confiança é geradora de harmonia, de aceitação e de entendimento entre pessoas e instituições. A confiança é geradora de bem sucedidos cidadãos. Com ela afrontamos perigos e deixamos de ser insensíveis. Deixamos de lado diferenças econômicas e sociais e vamos à busca do bem comum. Passamos a ter como aliados situações contrárias das quais retiramos elementos para entender dificuldades e delas partir para a prática do bem fazer.

            O que penso ser justiça tem a ver com juízo. Juízo tem a ver com os tribunais. Conseqüência disto, confiança nos fatos, nos cidadãos e nas instituições estabelecidas.

            Assim, o que permeia este caminho? As ações humanas, o que podemos ou não evitar ou o que queremos ou não evitar; o que desejamos para nós indivíduos e nós sociedade; somos os autores da história da humanidade e da sociedade em que estamos inseridos por menor que seja. A importância está, sem dúvida, na nossa conduta e no que desejamos para o futuro. A vontade é uma tendência para o bem e será perene desde que possamos, sempre, manter aceso o sinal de alerta aos contra tempos provocados pelos invejosos, insensatos, propagadores do supérfluo.  A reflexão e o desejo do bem querer ao próximo será importante elemento para a redução de diferenças, sejam de justiça social ou econômica.

            O que penso ser justiça não está em igualar, mas em definir o ato ou ação, o limite ou abrangência, a sanidade ou a insanidade, o que é permito ou proibido e que estas definições permitam ao homem ser feliz. A felicidade é um bem supremo e atinge a todos os que habitam este planeta.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sobre disciplina e construção social

            Disciplina, conceitualmente: “disciplina significa etimologicamente discípulo, aquele que segue. Refere-se, também, a qualquer área de conhecimento estudada e ministrada. Aqueles que seguem uma disciplina podem ser chamados de discípulos.”

Por si só a disciplina pode significar ordem em ambientes comuns ou privados. É de fato admirável quando observamos que o sucesso em determinados empreendimentos acontece por conta da disciplina de seus formuladores. Dizemos constantemente que para sermos bem sucedidos na vida temos que praticar diariamente atos de disciplina, coerência e bom senso. Por outro lado observamos que durante a nossa evolução pessoal tem importância impar a indisciplina, a observação do caos individual, familiar e social. Se assim não fosse que capacidade de discernimento e análise de comparação teríamos?

Se apenas ouvir e concordar é um ato de disciplina deixamos de existir como indivíduos em liberdade; fato inquestionável é a nossa liberdade de pensar. Como pensadores, só conseguimos comparar, se livres para analisar e para expressar! Toda a construção evolutiva da humanidade está sedimentada sobre a capacidade de pensar, refletir, comparar, analisar sob as mais diferentes óticas, de aceitação ou de uma possível refutação do pensamento expresso ou demonstrado. A disciplina como elemento de construção ou desenvolvimento social é ferramenta dinâmica e utilizada adequadamente leva a grandes conquistas políticas e econômicas, que se traduzem em benefícios nas mais diferentes áreas, assim medicina, produção de alimentos, literatura, pesquisas cientificas, alianças políticas e comerciais, entre outras ações realizadas pela espécie humana são beneficiadas com a utilização da disciplina. Creio que a disciplina também está estreitamente relacionada à sensibilidade, percepção e capacidade de querer realizar. A construção de qualquer obra, por mais elementar que seja está diretamente relacionada aos aspectos distintos da disciplina, entre eles o respeito, a abnegação, a aceitação, o perdoar, a discrição, a organização, a ordenação. Vejamos por exemplo a nossa caminhada nos estudos: quão boa será se não for atrelada aos aspectos elementares da disciplina como horário de comparecimento, prazos para entrega de trabalhos, tempo para reflexões coletivas, para realização de reuniões com os amigos, para visitação a outras instituições de ensino. A prática das atividades diárias está intimamente atrelada aos aspectos da disciplina, pois, esta nos leva à reflexão. O pensar nos permite diferenciar, questionar, apresentar soluções, idéias as mais variadas. O abstrato do nosso pensamento não pode ser retirado à força, porém, com disciplina e bons argumentos podemos dividi-lo com nossos pares e com a sociedade em geral para bom e frutífero uso. Devo acrescentar, ainda, que a importância da disciplina como elemento de construção social está atrelado ao elemento da divisão, ou seja, aquilo que acumulamos durante a nossa caminhada não pode ser utilizado como energia para um acumulador, que se esgotará em algum momento futuro e sim dividido com aqueles que estão aptos a receber o conhecimento, orientação, instrução, bases para argumentação e reaproveitamento do saber. A disciplina como elemento de construção social, geradora de conhecimento, e da tradição, irá proporcionar aos construtores sociais, capacidade para a utilização da mesma para elaborar ações de caridade e de beneficência.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Fogão a lenha


É preto, de ferro

Frio no aço

Mas quando quente

Mais parece o calor de um abraço.



As chamas crepitantes

Laranja e amarelo

Tornam em brasa

As achas do tempo.



Eu, sentado e pensativo

Mais parecendo

Um gato pacato

Quieto e aquecido.



No verão quieto

No aço frio a sensação de frescor

No inverno o fogo crepitante

No aço quente a sensação do calor.



Na manhã friorenta

De neblina densa

A gente senta perto do fogão

E olhando para o vazio, fica preguiçoso.



O sol rasga o espaço

Os cães fazem estardalhaço

Eu saio do cochilo surpreso

Com o fogo quase exaurido.



Genaldo Luis Sievert, julho de 2010.


SOBRE LIBERDADE

            Liberdade universalmente está contida em cada ser que habita consciente ou inconscientemente este planeta. Para o homem consciente diante de Deus e a sociedade apresentam-se conceitos e definições contidas em Leis e em princípios éticos.

            Segundo Aurélio (p. 835) Liberdade se apresenta assim:

Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação. Poder de agir, no seio de uma sociedade organizada, segundo sua própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas: liberdade civil; liberdade de imprensa; liberdade de ensino. Faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei. Supressão ou ausência de toda a opressão considerada anormal, ilegítima, imoral: Liberdade não é libertinagem; Liberdade de pensamento é um direito fundamental do homem. Caráter ou condição de um ser que não está impedido de expressar, ou que efetivamente expressa, algum aspecto de sua essência ou natureza.

            Liberdade implica em viver para o bem. Implica em ser crítico, justo e imparcial em atos e palavras. Implica aceitar atos legais e idéias mesmo que contrárias ao que pensamos. Implica respeito ao próximo. Esopo em Fábulas cita, sobre Os bens e os males:

Sempre mais fracos, os Bens, sendo perseguidos pelos Males, subiram ao céu onde perguntaram a Zeus como deveriam comportar-se com os homens. Zeus lhes disse que deveriam aproximar-se dos homens não todos juntos, mas um de cada vez. Por isso, os males, por estarem mais perto dos homens, se achegam a eles em grupo, enquanto os bens, descendo do céu, fazem aos poucos. (Esopo, p. 17).

            Assim, facilmente observamos que mais males encontramos do que bens, porém, o julgamento que fazemos em liberdade pessoal nos permite impedir que aqueles prevaleçam sobre o bem. Ainda bem! Imaginemos o caos social que se instalaria em nossas comunidades. Assim ao sabermos distinguir bem e mal podemos entender como agir em atos de liberdade individual e coletiva, deixando de lado a omissão e as fraquezas do “depois vemos o que acontece”. Liberdade implica tomada de decisão em respeito a si e aos que com consigo vivem. Há que existir sempre um melhor caminho na escolha do agir em atitude de Liberdade. O homem é livre para questionar, mas, é responsável por isso e por todas as eventuais conseqüenciais oriundas deste ato. Enquanto homem, livre, cada ato é um recomeço, criado por sua liberdade individual de pensar, escolher, decidir e arcar com as respectivas responsabilidades. Cada um de nós está sozinho, quando nos referimos a Liberdade, seja qual for a sua finalidade. Expressar, ofender, defender, condenar, ajudar, suprimir, enfim cada indivíduo único perante as leis universais, deve conscientemente entender a sua posição no mundo, onde habita, e deve, ainda, buscar auxiliar aos seus semelhantes no entendimento e nas praticas do livre pensar e de realizar o bem. Os frutos serão colhidos em uma convivência mais fraterna, igualitária, de inserção para educação, enquanto indivíduo, para aprender a conviver para o bem. A Liberdade só será encontrada individualmente quando todos os indivíduos, inclusos aqui os dirigentes, responsáveis que são pela inserção dos cidadãos aos meios de educar, entenderem o que é respeito à Liberdade individual e coletiva. Este princípio básico, educar, está a caminhar lado a lado com a condição de praticar atos de liberdade individual e coletiva.

            Por que alguém faz um poço? Por que tem necessidades básicas que necessita atender, individual ou coletivamente. Um home só progride quando entende onde está, quando percebe sua potencialidade, quando aceita que agir em respeito terá como retorno a mesma fatia. Quando um índio caça não o faz por maldade e sim por necessidade. Este indivíduo é um dos seres, quando vivo, mais liberto do planeta. Mesmo sem a cultura da civilização que lhe é imposta consegue dar mostra de sua capacidade; consegue demonstrar que liberdade é na essência respeito ao ambiente em que vive.

            Já que somos o conjunto de nossos atos a soma de todos nos é o elemento macro que norteia a sociedade. As relações individuais somadas às coletivas é que direcionam os atos do poder público que é o retorno das melhorias individuais e coletivas dos grupos que a compõem. A Liberdade é decorrente de uma sociedade justa.

            Liberdade existe quando nos descobrimos como pessoas capazes, sensatas e possíveis de mudança em prol de uma causa melhor e mais justa. Só descobrimos o bem, que podemos ser melhor, quando descobrimos o outro dentro de nós. O importante é não parar de questionar. (Albert Einstein).

            Liberdade é opção. Escolhamos. Sejamos questionadores, tolerantes, porém, não devemos ignorar a vontade de todos em querer ser livre para pensar, expressar e melhorar. Liberdade requer mais que refletir, requer honestidade. Vejamos o que descreve Francisco Torrinha, Libertas: Liberdade; estado ou condição de homem livre. Permissão, liberdade de falar, franqueza; sinceridade. (Dicionário Latino/Português, p. 477).

            Liberdade é condição em que estará um povo próspero e culto, com renda distribuída de forma adequada; conduzidos politicamente por governantes justos opositores dos amigos do descaso, dos roubos e desrespeitos ao erário público. Por outro lado cabe a este povo livre a condição de questionar, de cumprir e exigir que sejam cumpridas as legalidades em prol das comunidades; que seja devolvida ao povo a condição, de contribuir para o bem comum, que lhe é cobrada. 

            Não posso fugir do que me flui à memória. Uma leitura recente de obra intitulada – Chaplin por ele mesmo aviva minha percepção de que há conteúdo extenso, porém rico, que permanece atual, marcante, digno, sincero, provocador e que deve ser inserido neste contexto, afinal liberdade implica escolhas. Escrito em 1940, outubro, o discurso abaixo transcrito, demonstra a perenidade de palavras e pensamentos de um visionário artista. Destaco a seguir a fala final de "O Grande Ditador":

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício, Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar a todos - se possível - judeus, gentios... negros... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. O Caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir, eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregareis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentaram a vossa vida... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar nos mesmos passos, que nos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como a um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumamos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou de um grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia -, usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos! Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah?! O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannh! Ergue os olhos! - Extraído de Chaplin por ele mesmo, (2004, pp. 155-158).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O QUE VOCÊ PREFERE? AS TARIFAS E IMPOSTOS QUE MATAM

            Alemanha 1757. O príncipe-arcebispo de Colônia ficou irado com a alta dos preços cobrados para as execuções e torturas. Seu carrasco-mor o estava asfixiando, pois, estava este enriquecendo e ele, o arcebispo, resolveu alterar as tarifas. O nobre carrasco recebeu à época o seguinte: 80 táleres do Reich, 20 albus, 12 malder de trigo (provavelmente para fazer cerveja) e 512 pés cúbicos de lenha. O arcebispo entendia que estava inflacionado o custo das execuções ou torturas e resolveu a bem do serviço público mandar publicar naquele ano uma tabela especificando 55 pagamentos para execução, tortura e os equipamentos e despesas relacionadas. Vejamos algumas na tabela adaptada de A Miscelânia Original de Schott(2002, p. 12):

Descrição da pena
Preço: Táleres do Reich/Albus (*)
Esquartejamento por quatro cavalos
5/26
Decapitar e queimar, tudo incluído
5/26
Estrangular e queimar
4/0
Queimar vivo
4/0
Decapitar e enfiar a cabeça num poste
3/26
Enforcamento
2/52
Colocar no pelourinho
0/52
Assustar, mostrando instrumento de tortura
1/0
Cortar a língua e queimar boca com ferro em brasa
5/0
*Táleres e Albus, antigas moedas alemãs.

Tabela Progressiva para o cálculo anual do Imposto de Renda de Pessoa Física a partir do exercício de 2011, ano-calendário de 2010. **

Base de cálculo anual em R$
Alíquota %
Parcela a deduzir do imposto em R$
Até 17.989,80
-
De 17.989,81 até 26.961,00
7,5
1.349,24
De 26.961,01 até 35.948,40
15,0
3.371,31
De 35.948,41 até 44.918,28
22,5
6.067,44
Acima de 44.918,28
27,5
8.313,35

** Tabela aprovada pela Lei nº 11.482, de 31 de maio de 2007, alterada pelo art. 15 da Medida Provisória nº 451, de 15 de dezembro de 2008.

Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/tabprogressiva20022011.htm em 18/7/11.

Você sabe qual o momento certo?

Você sabe qual é o momento certo?
Sabe aquele momento em que você diz assim: é agora! Não haverá outra chance de fazer isto!
Será?
Você lembra quando era adolescente e uma garota mais velha que você diz:
Puxa, você é tão legal. Adoro conversar com você. Há muito conteúdo nas nossas conversas, muito legal mesmo! Mas sabe, uma garota como eu precisa de alguém mais “maduro”, sabe como a conversa fica mais afinada...
Gente vamos falar sério. Que conversa mais sem propósito, Se gosta vai pra cima. Uau! Isto é o que se ouve hoje.
O que há de tão diferente neste diálogo que pode ter ocorrido no século passado e num determinado momento poderá ocorrer com dois ou mais jovens neste século lá pelo ano de 2014?
Nada de diferente exceto que estes jovens poderão estar conversando sem estar frente a frente sem sentir a pessoa em seus gestos ou trejeitos. Sem perceber suas reações mais sensuais ou até mesmo de deboche. Há algo que a tecnologia não vai tirar de nós. Sabe o que é? A nossa sensibilidade. A nossa percepção. As nossas expressões que permitem ao outro identificar se estamos afins ou não! Nossa afim? Neste caso é para expressar afinidade mesmo.  Quem diria que eu poderia estar brincando com estas palavras, mas é isto mesmo! Afim de... Com todo respeito que todos nós merecemos há coisas que jamais serão substituídas... Graças a Deus! Imagine se tudo, tudo mesmo daqui pra frente tivesse que ser executado através do uso das máquinas computadorizadas. Nem mesmo o aquecimento global ajudaria a aquecer o clima entre os paqueras.
Por isso meus amigos não deixem de lado as possibilidades de contato pessoal; não deixe de ouvir uma voz ou de perceber um olhar ou um detalhe de movimento que possa ser identificador de uma simpatia.
Por mais que possamos imaginar que os avanços tecnológicos irão melhorar as condições de vida, doméstica, por exemplo, de avanço da ciência, da produção ajustada, do comércio faturador, das quebras dos recordes anteriores de produção agrícola, enfim seja o que for não deixemos de lado o contato, a verbalização, o diálogo amigável, profissional ou familiar.
Percebamos meus caros amigos que com todos os possíveis avanços tecnológicos não conseguimos, ainda, colocar dois robôs frente a frente para discutir uma negociação; até por que ainda não conheço um robô que entre em um veículo, dirija algumas centenas de quilômetros, faça visitas, relatórios, detalhe traços de pessoas em reuniões ou coisa parecida. Após tudo isto retorne a sua base e continue a trazer uma coisa que só humanos podem trazer, a sua presença, agradável ou não, simpática ou não, gorda ou magra, ou não.


DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA

         Quero revelar a vocês, neste exato e feliz momento o meu estado de despertar da consciência: coloquem para tocar a música cantada por Rod Stewart e Amy Belle intitulada I Dont Want To Talk About It, ou outra que considerem adequada, e tentem perceber quanto a sonoridade de uma bela canção pode dizer a nós; quanto podemos sentir e viver em cada momento de nossas vidas, tão curta e tão distante de Deus a quem buscamos incessantemente.

            A minha felicidade de poder ter chegado aos 57 anos de vida eu quero dividir com vocês ao tratar deste tão vasto e curioso tema, o Despertar da Consciência; tão complexo e vibrante e paradigmático.

            Mas o que é despertar? Para muitos pode ser o raiar do sol; o despertar de uma gostosa noite de sono; para outros a descoberta de algo que parecia perdido; para muitos outros a conquista de qualquer bem ou sonho alcançado. Mas para nós humanos o que é isto?

            Na medida em que progredimos recebemos uma grande carga de informações e que supostamente deverão nos conduzir na nossa nova caminhada, nos nossos novos desafios. É muita pretensão dizer ou presumir que podemos despertar a consciência de quem quer que seja. Esta só será percebida por cada um, individualmente e colocada em trabalho à comunidade quando assim o permitirmos.

            Mas vejamos o que é Consciência. Recentemente estava a desfrutar de uma leitura da obra do filósofo Joseph Campbell, que discorre sobre diversos temas em uma entrevista concedida a Bill Moyers e lá tive a felicidade de deparar-me com o trecho que passo a grafar abaixo quando este pergunta a Campbell, O que você entende por consciência? Vejamos o que Campbell respondeu:

É próprio da tradição cartesiana pensar na consciência como algo inerente à cabeça, como se a cabeça fosse o órgão gerador de consciência. Não é. A cabeça é um órgão que orienta a consciência numa certa direção ou em função de determinados propósitos. Mas existe uma consciência aqui, no corpo. O mundo inteiro, vivo, é modelado pela consciência. Acredito que a consciência e energia são a mesma coisa, de algum modo. Onde você vê, de fato, energia de vida, lá está a consciência. O mundo vegetal, com certeza, é consciente. E, ao viver no campo, como aconteceu comigo quando criança, você pode ver toda uma série de consciências diferentes se relacionando consigo mesmas. Existe uma consciência vegetal, assim como existe uma consciência animal, e nós partilhamos de ambas. Quando você ingere certas comidas, a bílis sabe se existe algo ai algo que exija a participação dela. Esse processo todo é consciência. Tentar interpretá-lo em termos simplesmente mecânicos não funciona. (CAMPBELL, 1988, p.15).

            Na continuidade da entrevista Bill Moyers indaga sobre, Como transformamos nossa consciência? Ao que o nosso filósofo responde:



Depende do que você esteja disposto a pensar a esse respeito. E é para isso que serve a meditação. Tudo o que diz respeito à vida é meditação, em grande parte uma meditação não intencional. Muitas pessoas gastam quase todo o seu tempo meditando de onde vem e para onde vai o seu dinheiro. Se você tem uma família para cuidar, preocupa-se com ela. Essas são todas preocupações muito importantes, mas, na maior parte dos casos, têm a ver apenas com as condições físicas. Como você pode transmitir uma consciência espiritual às crianças se você não a tem para você mesmo? Como chegar a isso? Os mitos servem para nos conduzir a um tipo de consciência que é espiritual. Apenas como exemplo: eu caminho pela Rua 51 e pela Quinta Avenida, e entro na catedral de St. Patrick. Deixei para trás uma cidade muita agitada, uma das cidades economicamente mais privilegiadas do planeta. Uma vez no interior da catedral, tudo ao meu redor fala dos mistérios espirituais. O mistério da cruz – o que vem a ser afinal? Vejo os vitrais, responsáveis por uma forte atmosfera interior. Minha consciência foi levada a outro nível, a um só tempo, e eu me encontro num patamar diferente. Depois saio e eis-me outra vez de volta ao nível da rua. (CAMPBELL, 1988, p. 15).



            O Despertar da consciência é um momento qualquer na vida de qualquer um de nós. Pode ser uma ação, uma agressão, um abraço, uma palavra de alento, um suspiro ao vento, um olhar, um fazer qualquer para quem quer que seja. Poético isto que foi escrito? Não! Pura reflexão de um momento consciente. Um momento voltado para discorrê-lo, para compartilhá-lo. Consciência pode ser um momento comum ou difuso, confuso? Não, cabe a cada um situar-se no seu tempo, no seu momento. Muitos momentos relacionados ao tempo em que nos situamos passam e poucos percebem o que acontece a sua volta. Louvemos a palavra escrita que nos permite recuperar estes breves e perenes momentos. Um brasileiro ilustre nos provoca em tempo remoto para a tomada de consciência. Quem é ele? Dentre tantos, brilhantes e instigadores, temos Monteiro Lobato que nos brinda com textos críticos, provocadores e que tentam libertar-nos para a tomada de consciência.  Os problemas que hoje vivenciamos já eram, à época, alvo de muitas críticas e corroíam a população carente que habita este país. Lobato destaca que graças à pressão da evidência, cada qual já procura ver com os próprios olhos, convencido de que entre as flores da retórica e os frutos da realidade ocorre séria discrepância. O mesmo Lobato destaca ainda:

Riqueza. Tê-la no seio da terra, no azoto do ar, nas essências florestais, na literatura cor-de-rosa e não tê-la sonante no bolso é ser nabado à moda do chinês em transe megalomaníaco de sonho de ópio. A noção econômica de riqueza, desde Adam Smith, é um pouquinho diversa – a mesma diversidade que vai da palavra libra esterlina à rodelinha amarela chamada libra esterlina. (LOBATO, 2010, p. 23).

            Lobato viveu à época em que dezessete milhões ou mais de brasileiros habitavam estas terras. Quando o descaso ainda era música predominante. Era homem consciente ao momento que vivia. Consciente que era e desperto para as agruras da vida de seus compatriotas tratou de utilizar as ferramentas com as quais tinha domínio e habilidade. Escrever estava entre estas e a utilizou conscientemente para denunciar os desmandos das autoridades que àquela época acreditavam ser esta a melhor maneira de conduzir o povo. Povo que os conduziu ao Poder.

            Lobato, conscientemente, foi precursor na arte da denúncia pública e procurou defender aqueles brasileiros vitimados pelas doenças oriundas da falta de sanidade pública. Naquele momento o “amarelão” vitimava muitos brasileiros. Não nos cabe neste momento citações de caráter cientifico sobre o assunto, mas apenas a ação de tal homem em prol dos fracos e oprimidos. A consciência é uma condição de percepção, do momento em que nos percebemos como cidadãos e prontos para denunciar, auxiliar, esclarecer. Foi assim com Lobato denunciando as mazelas das autoridades que olhavam apenas para o próprio bolso e interesses. Denunciou ainda as precárias condições habitacionais. Alardou as dificuldades enfrentadas por criaturas atoladas nas mais lúgubres situações de miséria. Denunciou, juntamente com Carlos Chagas, as misérias enfrentadas diariamente por crianças e adultos. Vivendo seu tempo Lobato escreve e provoca:

Programa patriótico, e mais que patriótico, humano, só há um: sanear o Brasil.

Guerra com a Alemanha só há uma: sanear o Brasil.

Reforma eleitoral só há uma: sanear o Brasil.

Fomento da produção só há um: sanear o Brasil.

Campanha cívica só há uma: sanear o Brasil.

E saneá-lo antes que o estrangeiro venha fazê-lo por conta e proveito próprios. (LOBATO, 2010, p. 38).

            Lobato deixou como legado a consciência de viver o seu tempo. Intelectual independente e criativo permanece entre nós como exemplo da chamada para realidade consciente de cada um.
 
            Em 1926 Lobato viajou para Nova York, neste ano escreve O presidente negro. Neste seu único romance faz uma previsão sobre um futuro em que haveria a interligação pela rede de computadores. Noção, percepção ou consciência apurada para antever o que poderia acontecer com o avanço da tecnologia?




            Mas onde eu estou? Tenho consciência do que desejo para mim e para as pessoas com as quais me relaciono? Sim! Posso afirmar categoricamente. Os meus anseios são preenchidos por muitas e boas amizades, por boa família, por bons companheiros de trabalho, por estar consciente da minha evolução espiritual. De que as barbáries existem há séculos manifestadas ruidosa ou silenciosamente. De que o bem prevalece sobre o mal em qualquer circunstância. Não se desespere é fato inegável que o melhor sempre acontecerá. Experimente conversar diariamente com o seu interior. Lá você encontrará, acredite um Deus que é a nossa consciência, o nosso momento entre alegrias e tristezas, risos e choros, acessos de raiva vontade de... já passou. Plena é a vida para quem reflete e sabe onde está.

sábado, 16 de julho de 2011

AMIGO

O que é um amigo?

É alguém que te respeita

Que aceita

Que responde

Que questiona sem ofender.

Amizade ou amigo

É algo que demora pra acontecer

Mas quando surge

É simples como o clarear do dia.

Amigo ou amiga é como uma onda

Um vai e vem incessante

Um apreciar, admirar

Um momento sem medo de questionar.

Amigo é cúmplice

É respeitador e confidente

Faz o que é pertinente

É valente

É companheiro.

Genaldo Luis Sievert, pensando na vida, 2011.