quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sobre justiça

 “Eu vos digo: mesmo que os Homens permaneçam calados, as pedras um dia falarão.” Lucas

            Pedras sobrepostas, sendo a maior apoio para a menor, parecem à primeira vista, ser diretamente o que há de mais harmonioso e justo. Porém, já observei pedras menores equilibrando as maiores. Neste caso específico entendemos haver uma contradição, pois, faz sentido que o maior ou mais forte deve prover apoio, justiça de equilíbrio e harmonia aos menores ou supostamente sem apoio. Na natureza, e isto aprendemos ao longo de nossa existência, há um perfeito e harmonioso equilíbrio entre as mais diferentes espécies e criaturas, sejam elas dos mais diversos reinos que ocupam o nosso planeta. Este fato estende-se para o universo como um todo, mas vamos concentrar forças no que acontece neste pequeno, porém relevante espaço que ocupamos.

            Há, sem dúvida, uma ordem natural para tudo. O que se observa em sentido contrário é fruto da evolução da espécie humana que se destaca por sua inteligência e capacidade de adaptação, por sua consciência, mobilidade, falácia, racionalidade, capacidade de persuasão, interpretação, formalização de posturas e costumes. Não bastassem todos estes sonoros atributos e que na maioria das vezes são elevados ao fator de soberba de subjugar a outrem, coube-nos a possibilidade de entender que usos e costumes de grupos, sociedades e grupos específicos quando determinados em normas serão utilizados para julgar, mesmo que a revelia, aquele que por desconhecimento descumpra uma lei ou ofenda a uma ordem estabelecida.

               O que penso e externo nestas breves linhas não têm a ver comigo mesmo e sim com a sociedade em que estou, pois, consigo me encontrar, aqui estou cidadão e buscando entender o contexto. Se há como afirmei anteriormente uma ordem natural para tudo, então o que vejo é correto? É correta a minha indignação com atos de corrupção, matança, conchavos em qualquer nível ou esfera da sociedade estabelecida? Onde estão os indignados ou os dignos de fazer justiça, bem formados, instruídos e que a público vem em nome da manutenção da ordem? Que universo é este em que desejar o bem e a justiça pode ser visto como um ato de aproveitamento?

            O que penso ser justiça tem a ver com indignação! Devemos demonstrar este sentimento sem vergonha e sem perturbação. A felicidade de outrem deve ser motivo de satisfação e a infelicidade de preocupação. Se há verdade em que os opostos se atraem haverá neste caso uma anulação e com esta surgirá a satisfação harmoniosa do bem querer e do bem viver.

            Fácil assim? Claro que não, estes momentos que deveriam ser perpetuados, mais uma vez serão rompidos pela capacidade única de todos os humanos pensantes: a inteligência, capacidade geradora das análises que tanto atormentam e que levam a espécie para os interesses pessoais e faz com que a desigualdade surja. Dignas são as pessoas propensas à indignação e que já alcançaram o bem maior que é a sabedoria, apoiada pelo amor ao próximo, estas pessoas, creio, são honestas e virtuosas, praticantes da beneficência sem a esperança de retorno em proveito próprio, sem que qualquer vantagem de ordem pessoal antecipe o ato e que, principalmente, esteja material, moral e espiritualmente pronta para realizar.

             O que penso ser justiça tem a ver com o dia-a-dia, com a conduta e a prática de bons atos e costumes. Tem a ver necessariamente com um cumprimento pessoal de bom dia, boa tarde, boa noite, muito obrigado, volte sempre, foi um prazer. Ótimo, estou pronto para atendê-lo.

            O que penso ser justiça tem a ver com o respeito e aceitação, disciplina, ordem, determinação, aceitação e bem fazer, a prudência e o bom senso.

            O que penso ser justiça tem a ver com a química única que une todos os seres humanos: a vontade de ser melhor!

            Ser melhor para quê? Para fazer melhor, entender melhor, observar e analisar melhor, para redigir normas de conduta adequadas e pertinentes ao contexto em que estamos inseridos.

            O que penso ser justiça tem a ver com ser confiante. A confiança é geradora de harmonia, de aceitação e de entendimento entre pessoas e instituições. A confiança é geradora de bem sucedidos cidadãos. Com ela afrontamos perigos e deixamos de ser insensíveis. Deixamos de lado diferenças econômicas e sociais e vamos à busca do bem comum. Passamos a ter como aliados situações contrárias das quais retiramos elementos para entender dificuldades e delas partir para a prática do bem fazer.

            O que penso ser justiça tem a ver com juízo. Juízo tem a ver com os tribunais. Conseqüência disto, confiança nos fatos, nos cidadãos e nas instituições estabelecidas.

            Assim, o que permeia este caminho? As ações humanas, o que podemos ou não evitar ou o que queremos ou não evitar; o que desejamos para nós indivíduos e nós sociedade; somos os autores da história da humanidade e da sociedade em que estamos inseridos por menor que seja. A importância está, sem dúvida, na nossa conduta e no que desejamos para o futuro. A vontade é uma tendência para o bem e será perene desde que possamos, sempre, manter aceso o sinal de alerta aos contra tempos provocados pelos invejosos, insensatos, propagadores do supérfluo.  A reflexão e o desejo do bem querer ao próximo será importante elemento para a redução de diferenças, sejam de justiça social ou econômica.

            O que penso ser justiça não está em igualar, mas em definir o ato ou ação, o limite ou abrangência, a sanidade ou a insanidade, o que é permito ou proibido e que estas definições permitam ao homem ser feliz. A felicidade é um bem supremo e atinge a todos os que habitam este planeta.

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