quarta-feira, 19 de julho de 2023

 QUANTO TEMPO O TEMPO TEM

Esta indicação temática ocorre a partir de obras já lidas de Marcelo Gleiser e Domenico de Mais, como linha mestra e, da signo-leitura do filme com o mesmo título.  Além dos autores citados no transcorrer do filme personagens conhecidos como Nélida Piñon, escritora brasileira vencedora de inúmeros prêmios literários, bem como: André Comte Sponville – escritor e filósofo, Erick Felinto – professor especialista em cibercultura, Alexandre Kalache – médico geriatra, Luiz Alberto Oliveira – físico e cosmólogo e Raymond Kurzweil – cientista futurista entre outros, que discutem a temática intrigante e com a qual nos deparamos nas entrelinhas durante a nossa caminhada maçônica. 

Dos pensadores citados indico obras, as quais já li e consulto durante meus estudos e reflexões, das quais apresentarei alguns excertos para clarear estudos futuros (ao final link do filme disponível em: Netflix):

As águas da vida me levaram e esqueci do menino e do seu peixe mágico. Encantei-me com o Universo e construí uma carreira como físico teórico, interessado por questões que, até recentemente, não eram consideradas científicas. Como o Universo surgiu? De onde veio a matéria que compõe as estrelas, os planetas e as pessoas? Como que átomos inanimados viraram criaturas vivas, algumas delas capazes de refletir sobre sua própria existência? E se a vida existe aqui, será que existe em outros lugares? Será que a imensidão cósmica esconde outras criaturas inteligentes? Gleiser, Marcelo. A simples beleza do inesperado.

De acordo com os escritos de Filolau de Crotona, um famoso discípulo de Pitágoras que viveu por volta de 450 a.C., o centro do universo não era a Terra mas o “fogo central”, a Cidadela de Zeus. A justificativa de Filolau para tirar a Terra do centro da Criação quase 2 mil anos antes de Copérnico era tanto prática quanto teológica: apenas Deus podia ocupar o centro de tudo; fora isso, parecia claro que o movimento do Sol nos céus era bem distinto daquele dos planetas. Como escreveu Aristóteles em sua obra Sobre os céus, “A maioria das pessoas afirma que a Terra ocupa o centro do universo [...] mas os filósofos italianos conhecidos como pitagóricos acreditam em um outro arranjo. Para eles, no centro está o fogo, e a Terra é apenas uma das estrelas, cujos dias e noites são consequência de seu movimento circular em torno do centro iluminado”. Gleiser, Marcelo. A ilha do conhecimento: Os limites da ciência e a busca por sentido.

Quando a furiosa tempestade ameaça naufragar o Estado, nada mais nobre nos resta fazer senão ancorar nossos estudos no chão firme da eternidade. Johannes Kepler, carta a Jakob Bartsch,6 de novembro de 1629. Obras sobre as discussões cientificas de Kepler. Gleiser, Marcelo. A harmonia do mundo.

De fato, um erro bastante comum é usarmos valores ou símbolos da nossa cultura na interpretação de mitos de outras culturas. Outro erro grave é interpretar um mito cientificamente, ou tentar prover mitos com um conteúdo científico. Os mitos têm que ser entendidos dentro do contexto cultural do qual fazem parte. Por exemplo, o mito assírio “Uma outra versão da criação do homem” (c. 800 a.C.) começa com cinco deuses, Anu, Enlil, Shamash, Ea e Anunnaki, discutindo a criação do mundo enquanto estão sentados no céu. Se não sabemos qual o significado dessas divindades para o povo assírio, a imagem de cinco deuses conversando no céu pode nos parecer bastante simplista. Porém, uma vez entendido o que cada deus representa, o mito passa a fazer muito mais sentido. Gleiser, Marcelo. A dança do universo. 

Eu me limito a sustentar, com base em dados estatísticos, que nós, que partimos de uma sociedade onde uma grande parte da vida das pessoas adultas era dedicada ao trabalho, estamos caminhando em direção a uma sociedade na qual grande parte do tempo será, e em parte já é, dedicada a outra coisa. Esta é uma observação empírica, como a que foi feita pelo sociólogo americano Daniel Bell quando, em 1956, nos Estados Unidos, ao constatar que o número de “colarinhos brancos” ultrapassava o de operários, advertiu: “Que poder operário que nada! A sociedade caminha em direção à predominância do setor de serviços.” Aquela ultrapassagem foi registrada por Bell. Ele não a adivinhou ou profetizou. Da mesma maneira, eu me limito a registrar que estamos caminhando em direção a uma sociedade fundada não mais no trabalho, mas no tempo vago. De Masi, Domenico. O ócio criativo. 

As criações coletivas, seja, elas descobertas ou invenções, nascem sobretudo de um grande medo ou de uma grande esperança, difundidos no inconsciente popular. De Mais, Domenico. Criatividade e grupos criativos. 

As memórias me invadem, não têm sequência, não têm ordem, não têm juízo. A memória é alvissareira para os felizes. Para mim é ingrata. Não vale guardá-la entre os meus pertences. Piñon, Nélida. Um dia chegarei a Sagres.

Já assistiu a "Quanto Tempo o Tempo Tem" na Netflix?

https://www.netflix.com/br/title/80187187?s=a&trkid=13747225&t=more&vlang=pt&clip=81615720 

GENALDO LUIS SIEVERT - M.´.M.´.  Oriente de Curitiba, 17 de dezembro de 2022.

A.´.R.´.L.´.S.´. AURORA MAÇÔNICA 186 – GRANDE ORIENTE DO PARANÁ


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