terça-feira, 23 de agosto de 2011

BREVE história da evolução do ensino à distância.

Resumo


Com o advento da sociedade do conhecimento e da exigência crescente por pesquisas e produção do conhecimento rompe-se com a reprodução e estimula-se a produção daquele. Este sentimento caminhará por todos os setores da sociedade sendo notório o avanço nos campos da Administração, por exemplo, com teóricos como Peter Drucker, Robert Kaplan, David Norton e Henry Mintzberg.

No Brasil a partir da Lei de Diretrizes e Bases, diversas instituições governamentais e particulares aglutinaram-se para em conjunto impulsionar a evolução desta inovadora forma de ensinar.

Assim podemos entender o rápido avanço das redes sociais, propagação dos depósitos de conteúdos de produção literária, das rápidas contribuições que são adicionadas incessantemente aos mais diversos locais disponibilizados por organizações com ou sem fins lucrativos. Ensino e Educação estão atrelados pelas algemas do conhecimento hoje dinâmico e pulsante e mais que tudo aceito pelos indivíduos sedentos que estão de libertar-se pelo conhecimento. A Internet deverá permanecer como uma das mais, senão a mais revolucionária ferramenta de produção e distribuição de conhecimento bem como de união entre as mais variadas nações e suas populações.

A sociedade com sua evolução antes mesmo de Gutenberg, passando pela Reforma Protestante em 1517, protagonizada por Martinho Lutero e avançando até chegar o momento de James Watt apresentar ao mundo a máquina a vapor, deste estendeu-se à chegada de A Riqueza das Nações de Adam Smith. Na continuidade, 40 anos após, a batalha de Waterloo encerra as guerras napoleônicas. A população mundial ainda iria vivenciar duas grandes guerras e o fenômeno da globalização atingindo a economia mundial como um poderoso e incontrolável vírus. As pesquisas no campo educacional avançaram e um novo discurso e ferramentas, como objetos na Internet, chegaram para ficar.


Palavras-chave: Evolução da EAD; Conhecimento; Internet; Rede social.

Introdução

Das rápidas passadas de um mensageiro, do galope de um cavalo dos correios nos Estados Unidos, da aceleração das locomotivas pelas planícies de alguns países, dos vôos curtos em alguns destes mesmos países e depois em escala transoceânica, da evolução da ciência espacial até o momento em que as primeiras informações foram trocadas entre dois computadores surge ao final do século XX, ainda incipiente, a Internet. Uma nova janela para o conhecimento surgia como se fosse o sol nos lembrando por muitas manhãs, as possibilidades de transformação que o conhecimento pode nos proporcionar. Uma longa e tortuosa viagem foi realizada pela humanidade. Estas viagens, muitas vezes, foram registradas em escritas nas formas mais rudimentares, outras vezes em pergaminhos. Em muitas ocasiões e face às dificuldades de material disponíveis muitos povos transmitiram seus conhecimentos apenas pela palavra oral. Não fosse a obstinação dos humanos organizados que foram em sociedades numerosas a diversidade não existiria, as riquezas dos diferenciais de cultura e costumes seriam cinza e fria como uma manhã de inverno na Europa. Graças à coragem, inteligência e ousadia as sociedades organizadas provocaram através da pesquisa e dos interesses econômicos um significativo avanço. Como uma breve e dinâmica passagem do tempo pela nossa Galáxia, descrevemos uma curta história da evolução do ensino à distância.

Desenvolvimento
 
Em 20 de dezembro de 1996 surge oficialmente a EAD no Brasil através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Era promulgada naquele momento a Lei n. 9.394 que foi normatizada através do Decreto 2.561 de 27 de abril de 1998, acrescido de detalhamentos pela Portaria Ministerial 301 de 7 de abril de 1998. A Lei 9.394, LDB, insere de forma específica, através do Artigo 80, a EAD. O Artigo 80 foi regulamentado pelo Decreto 5.622 de 19 de dezembro de 2005 e caracteriza a EAD. Segundo Mattar (2011, p. 68) o Brasil tem várias empresas que oferecem softwares e campi virtuais. Observa-se que muitas Universidades Brasileiras oferecem cursos de graduação e especialização e até mesmo de mestrado e doutorado via online, estas últimas ainda não reconhecidas. Exemplo disto é a Universidade Federal de Santa Catarina através do LED (Laboratório de Ensino a Distância). Estas atividades estendem-se pelo Brasil. Mattar (2011) afirma a presença em São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e em Pernambuco o Projeto Virtus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na esteira do desenvolvimento da EaD surgiu a Abed, Associação Brasileira de Educação a Distância e a Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância. Em 8 de junho de 2006 por meio do Decreto 5.800, o Ministério da Educação instituiu o Sistema Universidade Aberta do Brasil.

Esta nova forma de ensinar a aprender e aprender ensinando surge através da inovadora e revolucionária infovia encontrada no ciberespaço proporcionado pelo advento da internet. A partir dos anos 80 e após anos de estudos realizados e de utilização desta ferramenta para fins militares e governamentais o sistema foi disponibilizado para a sociedade e chegou ao Brasil com força a partir dos anos 90. Quinze anos depois, 2005, é regulamentado o EAD no Brasil. As transformações provocadas trouxerem avanço para a área educacional e rapidamente muitas instituições de ensino obtiveram autorização para ofertar a modalidade. O Brasil de dimensões continentais enfrenta com determinação seus problemas. Os dirigentes são pressionados pela sociedade, pois, a internet e as redes sociais proporcionaram ao público em geral esta poderosa ferramenta e através dela expressam seus anseios. Algumas ações específicas e de incentivo por parte do Governo proporcionaram o acesso a milhares de brasileiros ao fantástico mundo da interação virtual. Mas como inserir ou disponibilizar neste mundo virtual o conhecimento acadêmico nos seus variados níveis? Como medir o nível de satisfação e absorção do conhecimento? Encontramos em Brandão (2010, p. 22-23) a seguinte citação: “A modernidade se caracteriza por uma ruptura com a tradição que leva à busca, no sujeito pensante, de um novo ponto de partida alternativo para a construção e a justificação do conhecimento. O indivíduo será, portanto, a base deste novo quadro teórico, deste novo sistema de pensamento”.

Como ondas no tempo

Moore discorre sucintamente sobre a evolução da EAD, conforme segue:

A primeira geração ocorreu quando o meio de comunicação era o texto, e a instrução, por correspondência. A segunda geração foi o ensino por meio da difusão pelo rádio e pela televisão. A terceira geração não foi muito caracterizada pela tecnologia de comunicação, mas, preferencialmente, pela invenção de uma nova modalidade de organização da educação, de modo mais notável nas universidades abertas. Em seguida, na década de 1980, tivemos a nossa primeira experiência de interação de um grupo em tempo real à distância, em cursos por áudio e videoconferência transmitidos por telefone, satélite, cabo e redes de computadores. Por fim, a geração mais recente de educação a distância envolve ensino e aprendizado online, em classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologias da internet. (MOORE, 2010, p. 25).


Evolução histórica

Para fins de registro histórico sobre a evolução do EAD no Brasil vale a citação integral da organização elaborada por Mattar (2011):



Evolução da EAD no Brasil – 1904 a 1977.
1904
Ensino por correspondência
1923
Educação pelo rádio
1939
Instituto Monitor
1941
Instituto Universal Brasileiro
1947
Universidade do Ar (Senac e Sesc)
1961
Movimento de Educação de Base (MEB)
1965
Criação das TVs Educativas pelo poder público
1967
Projeto Saci (INPE)
1970
Projeto Minerva
1977
Telecurso (Fundação Roberto Marinho)

Quadro 1. Elaborado pelo Autor (Mattar, 2011, p.72-73).


Evolução da EAD no Brasil – 1980 a 2007.
1985
Uso do computador stand alone ou em rede local nas universidades
1985
Uso de mídias de armazenamento (videoaulas, disquetes, CD-ROM etc.) como meios complementares
1989
Criação da Rede Nacional de Pesquisa (uso de BBS, Bitnet e e-mail)
1990
Uso intensivo de teleconferência (cursos “via” satélite em programas de capacitação a distância
1991
Salto para o Futuro
1994
Início da oferta de cursos a distância por mídia impressa
1995
Fundação da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) Disseminação da Internet nas Instituições de Ensino Superior, via RNP
1996
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Criação da Secretaria de Educação a Distância (Seed)
1997
Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Início da oferta de especialização a distância, via internet, em universidades públicas e particulares
1998
Decretos e Portaria que normatizam a EAD
1999
Criação de redes públicas para cooperação em tecnologia e metodologia para o uso das NTIC na EAD
Credenciamento oficial de instituições para atuar em Educação a Distância
2000
Fundação do Cederj
2003
Referenciais de Qualidade em EAD (primeira versão)/Instituição do Dia Nacional da EaD
2005
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
2006
Congresso do ICDE no Rio de Janeiro
2007
e-Tec

Quadro 2. Elaborado pelo Autor (Mattar, 2011, p.72-73).


Para entendermos melhor a evolução das atividades do EAD no contexto global, apresenta-se abaixo a tabela que contempla um resumo da seqüência de eventos ocorridos a partir de 1840 nos Estados Unidos da América e na Europa e destacados na obra de Moore:
 

Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1840 a 1900.
1840
Na Grã-Bretanha Isaac Pitman utilizou o sistema postal para ensinar seu sistema de taquigrafia.
1850
Na Europa o francês Charles Toussaint e o alemão Gustav Langenscheidt iniciaram o intercâmbio do ensino de líbguas, levando à criação de uma escola de idiomas por correspondência.
1862
Instituído o ensino a distância na Universidade de Land Grant devido a política expressa na Lei Morril do mesmo ano que determinava a “oportunidade de obter educação” aberta a pessoas de todas as origens sociais.
1873
Anna Eliot Ticknor cria uma das primeiras escolas de estudo em casa, a Society to Encourage Estudies at Home com finalidade de ajudar as mulheres a quem era negado, em grande parte, o acesso à educação formal.
1881
Criado o Círculo Literário Chautauqua – este evento foi possibilitado devido a criação dos serviços postais em 1880.
1883
Chautauqua College of Liberal Arts é autorizado a conceder diplomas e graus de bacharel por correspondência.
1883
Colliery Engineer School of Mines, oferece curso sobre segurança nas minas, em 1891 passou a ser conhecida como International Correspondence Schools (ICS).
1892
William Rainey Harper foi nomeado presidente da University of Chicago, inspirado por suas experiências no Chautauqua, criou um programa de estudos por correspondência iniciando o primeiro programa formal no mundo da educação à distância.
1900
Martha Van Rensselaer foi indicada para desenvolver um programa para mulheres na região agrícola, norte, do Estado de Nova York. Em cinco anos o programa tinha mais de 20 mil mulheres.

Quadro 3. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).


Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1921 a 1956.
1921
Primeira autorização para uma emissora educacional.
1925
A State University of Salt Lake City oferecia seus primeiros cursos por rádio.
1926
Instituições com fins lucrativos organizaram o Conselho Nacional de Estudo em Casa (NHSC – National Home Study Council).
1934
State University of Iowa  realizou transmissões pela televisão sobre temas do tipo higiene oral e astronomia, em 1939 havia transmitido quase 400 programas educacionais.
1941
Fundado o United States Army Institute, depois United States Armed Forces Institute (USAFI), já oferecia mais de 200 cursos
1945
Após a Segunda Guerra Mundial foram distribuídas as freqüências de televisão. 242 dos 2053 canais foram concedidos para uso não comercial.
1956
Escolas públicas foram unidas em um serviço de televisão em circuito fechado.

Quadro 4. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).


Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1961 a 1974.
1961 (I)
O Programa do Meio-Oeste para Instrução pela Televisão com Apoio Aéreo envolveu seis Estados na criação e produção de programas veiculados a partir de transmissores transportados em aviões. Duraram seis anos. Ajudou a eliminar obstáculos para o intercâmbio educacional. Indicou o caminho para futura transmissão educativa via satélite. Surge o Serviço Fixo de Televisão Educativa.
1961 (II)
ITFS – Instructional Television Fixed Services, sistema de distribuição de custo reduzido e baixa potência que transmite imagens para até quatro canais em qualquer área geográfica, uma antena custava 500 dólares. Professores especializados eram compartilhados para educação continuada de docentes.
1962
A lei federal de televisão educativa financiou a instalação de estações de televisão educativa.
1965 (I)
A Comissão Carnegie de Televisão educativa emitiu relatório que levou à aprovação, pelo Congresso, da Lei para instalação de Televisão Educativa (1967) estabelecendo a Corporation for Public Broadcasting (CPB). Surge o projeto AIM – Articulated Instructional Media Project (Projeto de Mídia de Instrução Articulada) 1964 e a Universidade Aberta da Grã-Bretanha, 1969.
1965 (II)
Iniciada a era do satélite de comunicações em 6 de abril com o lançamento do satélite Early Bird, disponibilizava 240 circuitos telefônicos ou um canal de televisão.
1967
Quatro satélites da INTELSAT – International Telecommunications Satellite Organization estavam em órbita.
1968
Um estudo determinou que houvesse aproximadamente três milhões de estudantes utilizando este sistema de ensino, televisão educativa.
1969
A Stanford Instructional Television Network iniciou a transmissão de 120 cursos de engenharia para 900 engenheiros de 16 empresas. O governo norte americano através do Departamento de Defesa, através de sua Advanced Research Projects Agency (ARPA) criou uma rede para vincular computadores da Forças Armadas, universidades e empresas contratadas.
1971
A University of Alaska oferecia educação continuada para professores via satélite. Surge o microprocessador e o primeiro computador pessoal o Altair 8800 é lançado em 1975.
1972
A FCC, Federal Communications Commission exigiu que todas as operadoras a cabo tivessem um canal educativo.
1974
O USAFI foi substituído pelo Defense Activity for Non-Traditional Education Support (DANTES) um novo programa que terceirizava efetivamente os serviços do USAFI.

Quadro 5. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).
 

Evolução do EAD nos USA e na Europa – 1982 a 2002.
1982
Surge o primeiro consórcio de universidades americanas inicialmente com 66 participantes cresceu para mais de 250.
1984
A California State University em Chico usou o ITFS para transmitir cursos de ciência da computação para empregados da Hewlett-Packard em cinco estados.
1986
Michale G. Moore iniciou os primeiros cursos completos de graduação transmitidos por tele-conferência nos dois sentidos por vídeo compactado.
1989
De acordo com o Bureau of Census dos Estados Unidos, 15% de todas as residências norte-americanas possuíam um computador pessoal.
1990
Desenvolvida a tecnologia DBS – Direct Broadcast Satelite, que permitia que as pessoas ou escolas recebessem programas diretamente a baixo custo.
1992
Surge AACIS, American Association for Collegiate Independent Study, para defender os interesses dos profissionais independentes. Surge a possibilidade de troca de e-mails e arquivo de dados. Neste ano a web continha apenas 50 páginas.
1993
Primeiro navegador da web denominado Mosaic.
1994
O NHSC alterou sua denominação para Distance Education Training Council (DECT), Comissão de Educação e Treinamento a Distância.
1995
Somente 9% dos adultos norte-americanos acessavam a internet, cerca de 17,5 milhões de pessoas.
1999
No final desta década 84,1% das universidades públicas e 83,3% das faculdades públicas com cursos de quatro anos ofereciam cursos online. Os porcentuais foram menores para as instituições privadas, sendo 53,8% e 35,5% respectivamente.
2000
Estima-se que há aproximadamente 1 bilhão de páginas na web.
2002
66% dos adultos nos Estados Unidos utilizam a internet em casa ou no trabalho, em média 8 horas por semana.

Quadro 6. Elaborado pelo Autor. Adaptado de Moore (2010 p.25-47).
Considerações finais

Ao observamos os quadros podemos considerar que as bases fortemente sedimentadas nas Instituições de Ensino na Europa e nos Estados Unidos da América são os pilares que deram sustentação à evolução cultural e tecnológica. Mesmo que os interesses das classes dominantes sejam os motivadores desta conseqüência é fato que a riqueza e a inserção, mesmo que não plena, são fundamentais para que as atitudes sejam levadas a termo pelos membros daquelas sociedades.  O que nos motiva com certeza é que mesmo que tardias as ações serão bem vindas em nossa Nação. A partida rumo aos novos destinos, como: educação, inserção, melhor distribuição de riqueza, melhores professores e cidadãos, melhores governantes, mais tolerância, mais humanidade, mais diálogo, mais participação. Menos ganância, menos preguiça, menos o que é mais fácil, menos futilidades, menos intrigas, menos pobreza, menos corrupção entre tantas outras ações negativas serão bem vindas e conseqüência da boa educação e ensino.

 Referências


BRANDÃO, Zaia (org.). A crise dos paradigmas e a educação. SP, 11. Ed. Cortez, 2010.

MATTAR, João. Guia de Educação a Distância. SP, Cengage Learning, 2011.

MOORE, Michael G. Educação a distância: uma visão integrada. SP, Cengage Learning, 2010.












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