terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Não é sobre quem sou. É sobre quem eu desejo ser... Uma reflexão


“Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos”.   Joseph Campbel

       


            Não é sobre quem sou. É sobre quem eu desejo ser...



            E quem eu desejo ser está intimamente relacionado ao bem supremo, o bem querer ser feliz. Aristóteles já mencionava que com leves diferenças, cada homem em particular e todos os homens em comum se propõem um fim, para cuja consecução buscam certas coisas e evitam outras (Aristóteles, Arte Retórica e Poética, Cap. V, p. 49). Sumariamente este fim é a felicidade. Nós somos a felicidade. Nós pertencemos ao universo, às suas energias, contradições, apegos e desapegos, desejos, ciúmes e o que desejo ser... Senão ter a condição de conviver com todas estas contrariedades de forma harmoniosa.

            Mas o que eu quero mesmo?

            Quero poder conviver com quem reclama.

            Quero poder conviver com quem crítica.

            Quero poder entender o mais difícil dos problemas.

            Quero poder conviver com todos os meus defeitos e fazer com que as poucas virtudes os sobreponham.

            Não quero manter tudo como está, até por que a energia e a evolução não o permitem.

            Não quero deixar de criticar, de torcer, de chorar, de aplaudir, de maldizer nos momentos de fraqueza (tomara que isto não aconteça).

            Não quero as drogas, os vícios, não quero ser o melhor exemplo, mas desejo mostrar meu melhor.

            Não pretendo fazer da cultura o meu saber, mas fazer do meu saber um pouco de cultura.

            Não desejo responder por responder, explicar sem entender, mostrar querendo esconder... Mas quero lazer, simpatia e happy end.

            Não quero ter medo de sonhar... Porém se sonhar quero alcançar.

            Quero levar em conta todas as possíveis variáveis para alcançar a felicidade de conviver em sociedade.

            Não quero entender que quem disponibiliza educação, diversão, lazer, agrado está a fazê-lo por que isto é melhor para todos.

            Não quero adaptação, intervenção autoritária, inversão de valores, não quero normas inúteis, não quero acreditar em igualdade, hipocrisia.

            Não quero entender que o sistema é divertido.

            Não quero tolerar para ser simpático, falso educado, radicalmente contrariado.

            Quero acreditar nas possibilidades da perenidade permitida pela educação, pelo respeito às normas sociais, ao próximo, ao que dizem e ao silêncio e desejo que os demais o façam em reciprocidade comigo.

            Não quero ser Paulo Freire, Gabriel Chalita, Chaplin, mas desejo aproveitar o que de melhor deixaram.

            Quero insistir que o que desejo ser tem muito a ver com todos com quem convivo, pois, sem comparar não consigo me encontrar.

            Sabe mesmo o que quero ser... Ser quem sou e gosto disto. Da minha tenacidade, da minha vontade que não é única de vencer.

            Quero ficar longe da preguiça, da cobiça, da malícia perniciosa.

            O que desejo ser é ser mais prudente pra enfrentar o mundo valente sem monoprezar nem as coisas mais simples.

            Não quero ser lobo ou cordeiro, apenas eu mesmo.

            Quero manter preservados o meu pensamento e a minha dignidade, estas farão a diferença frente às dificuldades.

            Quero saber que só vencer não basta é preciso entender como cheguei a vitória.

            Saibam quem sou refletindo, mas sem desejar a igualdade. Saibam quem sou convivendo comigo... Vocês amigos. Eu sou do sim e do não às vezes do senão. Eu sou assim.


Bibliografia

CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. Ed. Palas Athena, SP, 26° Ed. 2008.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Ed. Martin Claret, SP, 2001.

ARISTÓTELES. Arte Retórica e Poética. Ed. Tecnoprint, s.d.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: espírito do tempo I: neurose. Ed. Forense Universitária, RJ, 2011.

Ritual do Grau de Aprendiz – Maçom. 3° Ed. PR, 2001.


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