quarta-feira, 8 de outubro de 2014

PARADIGMAS CONSERVADORES - ANOTAÇÕES DE UM MESTRANDO I

ANOTAÇÕES DE UM MESTRANDO - I
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PPGE – MESTRADO E DOUTORADO EM EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: PARADIGMAS EDUCACIONAIS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
PROFESSORA: Dra. MARILDA APARECIDA BEHRENS
ALUNO: GENALDO LUIS SIEVERT
PARADIGMAS CONSERVADORES – 29/03/2012
QUADRO SINÓPTICO
Abordagem
Tradicional
Escolanovista ou Humanística
Tecnicista ou Comportamentalista
ALUNO
Um ser receptivo e passivo. Obedece sem questionar. Realizador de tarefas, preferencialmente sem questionar seus objetivos. Mesmo o adulto é visto como aluno miniatura. Ao aluno cabe repetição automática dos dados que a escola forneceu ou a exploração racional destes. Apresenta com frequência compreensão parcial do conteúdo.
Passou a ser a figura central do processo ensino-aprendizagem, levados em conta os aspectos psicológicos. Deve ser responsabilizado individualmente para trilhar caminhos e experiências significativas cujo objetivo é a aprendizagem. Deve ser um sujeito ativo, em busca de descobertas que deem sentido à sua vida na sociedade. Deve ser ativo, ter iniciativa própria, determinado. Deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes à aprendizagem que tem mais significado para ele. Deve se compreendido como um ser que se autodesenvolve. Este processo deve ser facilitado pelas novas metodologias.
Ao educando caberia o controle do processo de aprendizagem. Devem apresentar respostas prontas e corretas. A incessante busca pelo conhecimento torna o aluno condicionado, responsivo e crítico. Fica privado de criticidade, pois segue a risca os manuais e instruções. Demonstra eficiência e competência requeridas pela sociedade.
PROFESSOR
Apresenta conteúdo como pronto e acabado. Proporciona a reprodução e repetição. Dono da verdade. Distante dos alunos. Conteúdos apresentados de forma fragmentada. Conhecimento inquestionável. O professor é o mediador entre os alunos e os modelos. Detém o poder decisório. Compete a este informar e conduzir. As relações sociais praticamente são suprimidas. Professor é o guia.
O professor não transmite conteúdo. Deve ser um orientador, assistente e facilitador da aprendizagem. O conteúdo deve advir das experiências que o aluno constrói ou reconstrói. O professor deve criar condições para os alunos criarem. Este apoio deve ser espontâneo, positivo, acolhedor, assegurando a convivência harmoniosa. Tem autonomia para criar seu próprio material em busca da relação para o crescimento individual de cada aluno. Deve estar aberto às novas experiências que vivenciará com este novo processo. Deve aceitar o aluno tal como é. Aceitação e compreensão são fatores fundamentais na relação professor-aluno. Combs (1965, Apud. Mizukami) o professor é, primariamente, uma personalidade única. [...] daí não ser possível ensinar ao professor um repertório de estratégias de ensino. Este desenvolverá seu próprio método.
Caracteriza sua atuação pela transmissão e reprodução do conhecimento. É um elo de ligação entre a verdade cientifica e o aluno. Aplica o sistema instrucional. A forte influência cartesiana leva o professor ao determinismo e ao racionalismo. Técnica pela técnica em busca do desempenho. Responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem com o objetivo de maximizar o desempenho do aluno (tempo, esforço, custos).
METODOLOGIA
Caracterizada por aulas expositivas e demonstrações do professor. Fundamentada em quatro pilares: escute, leia, decore e repita. Reprodução automática por parte dos alunos; é considerado um indicador de que houve aprendizagem; o produto foi entregue e acabado. Privilegia a lógica, sequencia e ordenação dos conteúdos. Não leva em consideração o aluno que deve: escutar, ler, decorar, repetir.  O ponto fundamental desse processo será o produto da aprendizagem. Privilegia a memorização, repetição e a exatidão. Dar e tomar a lição. Professor agente, aluno ouvinte. Perguntas diversas para chegar ao objetivo proposto. Classe como um auditório.
Nesta nova proposta assumem importância secundária. Centra-se nas unidades de experiências que o professor vai produzir junto com seus alunos. Grande importância às unidades de experiências e trabalhos em grupos. Respeita o ritmo do aluno. O método proposto pelo professor deve levar em conta as características dos alunos. A característica básica dessa abordagem é a importância atribuída à relação pedagógica. É necessário um clima favorável ao desenvolvimento das pessoas, de um ambiente que possibilite aprender com liberdade. Respeito incondicional pelo outro. Apesar de criticar a transmissão dos conteúdos não defende a supressão destes. Estes conteúdos deverão ser significativos; que assumirá a postura da pesquisa, crítica e aperfeiçoamento ou mesmo substituição com a orientação do professor.
Ganha amplitude neste contexto, pois inclui a aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino, quando formas de reforço no relacionamento professor-aluno. A individualização do ensino surge nesta abordagem, decorrente de uma coerência teórico-metodológica (objetivos específicos, envolvimento do aluno, feedback constante, respeito ao ritmo individual de cada aluno). Ensinar para a competência (especificação dos objetivos em termos comportamentais), como um conjunto de atividades que facilitam a aquisição de um ou vários objetivos de ensino. O que se quer ensinar; em que nível se quer que o aluno aprenda e quais as condições às quais os alunos devem responder. O treino aparece como uma meta para atingir a aprendizagem. Valoriza as aulas expositivas e os exercícios repetitivos. O planejamento das atividades foi o grande salto da escola tecnicista (objetivos, conteúdo, procedimentos, recursos e avaliação). Utilização de mídias exigindo do professor habilidades específicas.
AVALIAÇÃO
Impede a criação dos alunos visto que é tradicional. Busca respostas prontas. Inibe a reflexão para a resposta. Apresenta-se como única forma de avaliação. Visa exatidão da reprodução do conteúdo. As notas obtidas funcionam como níveis de aquisição do patrimônio cultural. Mede-se pela quantidade e exatidão das informações que se consegue reproduzir.  
Autores como Rogers e Neill são contrários a qualquer tipo de padronização. Rogers defende a auto-avaliação. Considera-se, pois, que só o indivíduo pode conhecer a sua experiência e que só este pode julgar a partir de critérios internos e externos. O aluno deverá assumir responsabilidades pelas formas de controle de sua aprendizagem, avaliar o alcance de seus objetivos. Tem como pressuposto essencial a busca de metas pessoais. A proposta de avaliação deve ser feita desprezando a padronização. Ressalva: este pressuposto foi aplicado em escolas muito bem equipadas destinadas à elite. Em larga escala de aplicação houve dificuldade, visto a falta de equipamentos e preparo dos professores para assumir esta nova proposta. O discurso era este, porém, a prática continuava tradicional.
A educação é proposta como em uma fábrica: o aluno acaba por resultar como um produto. A avaliação acontece em dois momentos: 1° para estabelecer pré-requisitos para alcançar objetivos. 2° momento avaliação ao que se propôs nos objetivos instrucionais ou operacionais. A abordagem tecnicista leva à repetição. O risco para o aluno permanece como uma variante de preocupação. A questão é como unir tecnologia e políticas para o ensino. Os alunos são modelados com o decorrer das instruções. A avaliação, assim, ocorre no final do processo instrucional com a finalidade de conhecer se os comportamentos foram os desejados.
ESCOLA
Local onde que, por excelência, se realiza a educação. Local austero, conservador e cerimonioso. Função de preparar intelectual e moralmente. Disciplina rígida. Local de apropriação do conhecimento. Reprodutora. Agencia sistematizadora de uma cultura complexa. Utilitarista quanto a resultados e programas preestabelecidos. É vertical – do professor para o aluno. Considera o ato de aprender como uma cerimônia distanciando o professor dos alunos. Ênfase na intervenção do professor para garantir a apropriação do conteúdo.
Influenciada por pensadores como Rogers, Dewey, Montessori, Piaget. No Brasil por volta de 1930 num momento de renovação de ideias, novas aspirações e antagonismos políticos, econômicos e sociais. Surge como um movimento de reação à pedagogia tradicional. Busca dar ênfase ao indivíduo e à sua atividade criadora. Mostrou-se significativa, pois procura alterar a condição existente da escola tradicional. A prática educativa passou a ser a criança. Objetivo: mudança do indivíduo com autodesenvolvimento e realização pessoal. Esta tendência dá ênfase a relações interpessoais e ao crescimento que delas resulta centrado no desenvolvimento da personalidade do indivíduo. O emocional do indivíduo é a preocupação. Orientação para o autoconhecimento para uma visão autêntica de si mesmo com busca da realidade individual e grupal. Deve possibilitar a autonomia do aluno.
É aceita como uma agência educacional que deverá adotar e manter controle de acordo com os comportamentos que pretende utilizar e manter. Manter, conservar e em parte modificar os padrões aceitos como úteis e desejáveis. Procura direcionar o comportamento humano às finalidades de caráter social. O conteúdo pessoal passa a ser o conteúdo socialmente aceito. Tem o papel fundamental de treinar os alunos, funcionando como modeladora do comportamento humano. À educação compete: organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para a integração do indivíduo na máquina social globalizada. A escola tecnicista absorveu os impactos do capitalismo e visa transpor estes do conhecimento de “fábrica”  para educação escolar.
Referências:
BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petropólis, RJ, 4. Ed. Vozes, 2010.

MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino: as abordagens do processo. SP. EPU, 1986.  

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