Avaliando a elaboração de um método para pesquisas em
ambiente virtual de aprendizagem, a prática e a criatividade na pesquisa
qualitativa.
Genaldo
Luis Sievert[1] SIEVERT, G.L.
Aceito, apresentado e publicado na Ata do XXII Colóquio da AFIRSE - PORTUGAL.
ID-162 p. 666-675. ISBN-9789898272256-2015. Universidade de Lisboa
ID-162 p. 666-675. ISBN-9789898272256-2015. Universidade de Lisboa
RESUMO
Este documento tem por objetivo avaliar
e apresentar as etapas iniciais de um processo metodológico elaborado para
conduzir uma pesquisa, em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), tendo,
ainda, como apoio a utilização de software
(Atlas.ti) para auxiliar na organização dos conteúdos e a posterior intenção de
localização de dados para corroborar dados trabalhados em uma dissertação. Ao
longo do documento serão apresentados fundamentos teóricos pertinentes à
aplicação em análise qualitativa de dados. O Corpus analisado são Fóruns de um curso de formação continuada,
para profissionais que atuam com alunos em tratamento de saúde. São dados
empíricos obtidos a partir da extração dos conteúdos disponíveis no AVA. O
resultado oriundo desta organização inicial é a posterior facilidade para a
elaboração de elementos codificadores e categorizadores no software Atlas.ti. As etapas desenvolvidas com o apoio dos
conteúdos elaborados pelos autores citados serão descritas passo a passo. O
presente texto é um recorte de uma dissertação e que encontra no software Atlas.ti apoio técnico e
organizacional que proporcionaram ao pesquisador condições especiais para
ampliar a visão da análise com autonomia e abstração. A pesquisa é exploratória
e qualitativa. O apoio teórico encontrou respaldo nos seguintes autores:
Strauss e Corbin (2008), Stake (2011), Gray (2012), Flick(2009), Lankshear e
Knobel (2008), Gibbs (2009) e Bardin (2011).
O resultado aponta que um planejamento e a aplicação de procedimentos
metodológicos proporcionarão condições adequadas para pesquisa qualitativa em
um AVA, além de segurança no tratamento da coleta de dados.
PALAVRAS-CHAVE
Análise. Pesquisa qualitativa. Software. Grupo focal. AVA.
Évaluant l'élaboration d'une
méthode pour des recherches en environnement virtuel d'apprentissage, la
pratique et la créativité dans la recherche qualitative.
RÉSUMÉ
Ce document a pour objectif d’évaluer et de présenter les premières étapes d'un processus
méthodologique conçu pour effectuer des recherches, dans un environnement
d'apprentissage virtuel (AVA), ayant, ainsi, comme appui l'utilisation de logiciel (Atlas.ti) pour aider à
l'organisation des contenus et l'intention postérieure de localisation de
données pour corroborer des travaux déterminés dans un Mémoire de maîtrise.
Tout au long du document seront présentés des fondements théoriques pertinants
à l’pplication dans l'analyse de données qualitatives. Le Corpus analysé sont des forums d’un cours de formation continue,
pour des professionnels qui travaillent auprès des élèves en matière de soins
de santé. Ce sont des données empiriques obtenus à partir de l'extraction des
contenus disponibles dans AVA. Le résultat issu de cette organisation initiale
est la facilité ultérieure pour l’élaboration d’éléments encodeurs et
catégorisateurs dans le logiciel Atlas.ti. Les étapes réalisées avec le soutien
des contenus développés par les auteurs cités seront décrites étape par étape.
Ce texte est un extrait d'un Mémoire de maîtrise qui trouve dans le logiciel
Atlas.ti l’appui technique et organisationnel qui ont proportionné au chercheur
des conditions particulières pour agrandir la vision de l'analyse avec
autonomie et abstraction. La
recherche est exploratoire et qualitative. Le support théorique a trouvé un
appui chez les auteurs suivants: StrausseCorbin (2008), Stake (2011), Gray
(2012), Flick (2009), Lankshear et Knobel (2008), Gibbs (2009) et Bardin
(2011). Le résultat montre que la planification et l'application des procédures
méthodologiques offront des conditions adéquates pour la recherche qualitative
dans un AVA outre la sécurité dans le traitement de la collecte des données.
MOTS-CLÉS
Analyse.
Recherche qualitative. Logiciel.
Groupe de discussion. AVA.
1. INTRODUÇÃO
A pesquisa qualitativa, notoriamente evoluiu a patir da
década de 1950[2].
As necessidades imperativas em prol de uma maior abrangência de análise de
dados, bem como o desenvolvimento de análises com maior amplitude levaram os
pesquisadores a abstrair, discutir e rediscutir seus argumentos de resultados
de pesquisa.
Desta forma uma nova vertente se desenvolvia até o momento
em que se encontra com a tecnologia, que com seu avanço no desenvolvimento de softwares, permitiu que programas fossem
elaborados com a finalidade de facilitar o manuseio de grandes volumes de dados
além de ampliar a capacidade de organização para os pesquisadores. Stake (2011, p. 25-26) aponta
elementos que tornam a pesquisa qualitativa relevante. Vejamos o que, tem a
contribuir:
[...] o estudo qualitativo
apresenta as seguintes características especiais: a) é interpretativo, pois
fixa-se nos significados das relações humanas a partir de diferentes pontos de
vista; b) é experiencial pois enfoca as observações feitas pelos participantes
do corpus considerando o que eles veem e o que sentem; c) é situacional visto
que é direcionado aos objetos e às atividades em contextos únicos, d) é
personalístico, pois, é empático e busca compreender as percepções individuais,
buscando mais a singularidade do que a semelhança, compromissos de valor; e)
quando bem conduzido, também é provável que seja bem triangulado, com boas
evidências, assertivas e interpretações; f) os pesquisadores qualitativos tem
opções estratégicas podendo trabalhar com generalizações ou particularidades,
interromper ou continuar o estudo posteriormente, podem defender um ponto
vista, destacar uma visão mais lógica ou mostrar múltiplas realidades.
Neste contexto e visando oportunizar aos leitores uma
melhor compreensão do que é pesquisa qualitativa, e a importância da elaboração
de um método para a pesquisa, ou para as pesquisas de um modo geral, é que
vamos abordar esta temática, um desafio que, pretendemos, seja provado com
absorção de conhecimentos adquiridos ao longo da vida e o agregamento destes
àqueles adquiridos ao longo dos nossos estudos.
Não poderiamos deixar de abordar as possibilidades da
pesquisa com a utilização de um software,
que, neste estudo foi desenvolvida com a utilização do Atlas.ti. Abordamos esta
vertente, pois, entendemos que a mente humana dinâmica e incessante, tem suas
limitações quanto à capacidade de armazenamento e organização de dados
diversos. Entendemos ser um software
desta natureza de extrema importância para ampliar o desenvolvimento da
pesquisa, do relatório da pesquisa, da organização e do que esta poderá prover
ao pesquisador no sentido de com habilidade, abstração e criatividade possa
obter sucesso na sua empreitada.
2. DESENVOLVIMENTO
Durante o desenvolvimento da Dissertação analisamos dois
Fóruns sendo um de integração, uma atividade inicial para ambientar os
participantes do curso online,
oriundos de diversas regiões do Brasil; o segundo Fórum é o final no qual os
participantes, professores que atuam com alunos em tratamento de saúde deixaram
expressas suas manifestações de avaliação do curso.
O Fórum inicial, quando da extração do seu conteúdo, gerou
162 páginas de conteúdo e um total de 46.169 palavras, originadas dos diversos
diálogos interacionais levados a termo pelos alunos/professores. Deste trabalho
de pinçamento de dados do Fórum inicial é que surgiu a necessidade de um
caminho norteador para proceder, posteriormente, a análise dos dados.
Objetivando alcançar o
sucesso na intervenção nas salas virtuais de aprendizagem, cujo objetivo é a
análise dos aspectos mediáticos, interacionais e contributivos, uma metodologia
de trabalho específica para o caso em questão, foi elaborada. Para sustentar o que apresentaremos como o
nosso método de pesquisa, ou como os passos que orientariam o nosso trabalho,
buscamos em Strauss e Corbin, (2008, p. 17), que metodologia, métodos e
codificação, são respectivamente:
[...] uma forma de pensar sobre a realidade
social e de estudá-la. [...] um conjunto de procedimentos e técnicas para
coletar e analisar dados. [...] os processos analíticos por meio dos quais os
dados são divididos, conceitualizados e integrados para formar a teoria.
Entenda-se que o
contexto do campo de análise é um AVA e para iniciar um procedimento específico
elaboramos uma sequencia para nos auxiliar em todas as etapas, inclusive,
envolvendo os procedimentos necessários para a utilização do software Atlas.ti, que, é utilizado para
uma etapa seguinte da exploração em estudo.
O método desenvolvido
para análise da pesquisa deste grupo focal em um AVA é detalhado abaixo, numa
etapa inicial, a ampliação da pesquisa e o processo de codificação e
categorização serão descritos sucintamente na sequencia.
Este material foi
extraído com expansão de todos os fóruns sob análise, da seguinte maneira[3]: a) acesso ao espaço online; b) acesso a sala virtual; c)
acesso ao Menu – Fórum; d) expansão de
todas as caixas de diálogo; e) seleção
individual de cada participante seguida da seleção do conteúdo produzido; f)
cada seleção foi copiada e transferida para um arquivo no Word; g) quando o conteúdo era extenso a caixa de resposta era
aberta para possibilitar a seleção e cópia do conteúdo; h) o tempo de duração,
copiar/colar, variou entre 3 e 4 horas para cada um dos fóruns; i) no Word, os conteúdos foram codificados
sendo utilizadas as letras A, B, C, D e E, identificando cada sala virtual;
para identificar os alunos virtuais, as letras foram acrescidas de um número a
partir do número 1, em ordem crescente conforme o acesso de um novo
aluno/professor nos diálogos textuais iniciais com os números inseridos entre
parênteses, A(1), B(3), C(5), D(8) E(31)... E(41); j) para os professores/tutores foi utilizada
a letra P, seguida de um número a partir do número 1, em ordem crescente por
ordem de aparição durante o desenvolvimento dos diálogos textuais com os
números inseridos entre parênteses, P(1), P(2)... P(10); k) após a transferência para o Word, foi efetuada uma leitura total de
todos os conteúdos; l) após esta leitura foi realizada uma formatação para
melhorar a estética dos textos extraídos, mantendo-se os conteúdos intactos; m)
após esta providencia era iniciado o processo de codificação dos alunos
virtuais; n) após a codificação foi elaborada uma planilha para onde os nomes
completos dos alunos virtuais foram transferidos juntamente com a codificação; o)
durante o processo de extração dos conteúdos há a ocorrência de participação,
por vezes, de um mesmo aluno virtual e isto ocasionou, em poucas situações, a
codificação de um mesmo participante com códigos[4] diferentes; p) quando isto ocorria era
mantida a primeira codificação e a posterior não era redirecionada a nenhum
outro participante, prosseguindo-se com a sequencia estipulada; a detecção desta
eventual falha foi possível ao utilizarmos para conferência dos códigos, o
recurso de localização do Word 2010
que apresenta uma caixa lateral onde é possível identificar o que foi digitado
assim quando um nome era digitado trazia consigo o código a ele destinado,
indicando, inclusive, as páginas em que estava inserida a referência a ele
destinada; q) após a codificação todos os nomes dos alunos/professores virtuais
eram excluídos, bem como os dos professores/tutores; r) após esta providencia uma nova leitura era
executada com o objetivo de identificar: apresentação dos alunos virtuais,
relato de uma experiência, citação de utilização de TIC em suas atividades,
desenvolvimento de diálogos entre alunos/professores e
professores/tutores/alunos, entre outras características próprias de um fórum; s)
os autores consultados para apoiar e fundamentar o problema de pesquisa,
metodologia e teoria ao longo do desenvolvimento da dissertação, consta, sem
exceções da lista de referencia; t) após
a citação dos diálogos foi efetuada uma verificação dos conteúdos transferidos
para o corpo de um capítulo, ou elaboração de um artigo, visto que dos relatos
foram utilizados conteúdos para capítulo de livro, por exemplo, utilizando-se
para isto a ferramenta do Word, já
citada anteriormente; u) uma verificação importante utilizando esta ferramenta
foi no sentido de evitar repetição de citação de conteúdo em momentos
diferentes durante a construção da dissertação – para isto foi construída uma
tabela de controle, cabe salientar que esta localização poderá sofrer alteração
se ocorrer acréscimo de conteúdo e/ou correções a executar durante o processo
de desenvolvimento da dissertação, porém a importância está em manter o
controle nas entradas dos diálogos evitando a saturação e/ou repetições; v) o
aspecto segurança na guarda dos dados também deve ser levado em consideração e
nesta pesquisa todos os materiais foram adicionados aos recursos Dropbox e Google Drive, como uma forma de manter e assegurar, intactos, todos
os arquivos, e em condições de acessibilidade de qualquer ponto do planeta a
partir de uma estação de trabalho. Esta
possibilidade existe em função da recente disponibilidade dos serviços
conhecidos como computação na nuvem[5].
Destacamos que durante a
realização do estudo e em função da ampla pesquisa teórica, pertinente a
legislação, aspectos históricos e análise da estrutura do curso online, houve acréscimo no número de Códigos,
para que, desta forma, fosse possível ampliar a pesquisa, indo além dos limites
estabelecidos nos objetivos anteriormente fixados. Desta forma elaboramos
diversos Códigos. Código é um elemento fundamental na pesquisa qualitativa.
Neste caso utilizamos o que Bardin (2011, p.149), descreve como procedimento
por “caixas”, visto que fomos codificando/categorizando a medida que encontravamos
os elementos para poder facilitar a análise dos conteúdos. Para Bardin (2011,
p. 147), “as categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de
elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título
genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes
elementos".
Ao utilizar-se o
procedimento de análise de conteúdo qualitativa alguns cuidados devem ser
observados no sentido de manter o controle da pesquisa. Neste viés Flick (2009,
p. 295), indica alguns pontos-chave que devem permear a condução da codificação
e categorização:
A codificação pode partir
do texto para desenvolver um conjunto de categorias (codificação teórica ou
temática) ou pode adotar um conjunto de categorias como ponto de partida
(análise de conteúdo). Com frequência, pode-se encontrar uma combinação das
duas estratégias. Na codificação teórica, as categorias provenientes da
literatura dos primeiros textos são utilizadas também na codificação dos textos
posteriores. A análise global pode ser uma etapa preparatória desses
procedimentos de codificação, mas não é a única. O mais importante é a
sensibilidade do pesquisador na codificação do material em relação ao que nele
ocorre. A codificação é, muitas vezes, uma combinação de uma análise de boa
qualidade de algumas partes do texto e uma classificação preliminar e resumida
de outras partes.
A pesquisa qualitativa
recebe atenção especial também dos autores Lankshear e Knobel (2008, p. 197)
que destacam a relevância e descrevem ter havido:
[...] um progresso recente
na pesquisa qualitativa que envolve a coleta de dados de observação em espaços
on-line acessíveis, como salas de bate-papo, “universos” de jogos on-line e outros tipos de mundos
virtuais, construídos por membros de websites
para comunicarem-se com outras pessoas. Grande parte da observação que
acontece on-line é baseada no texto.
A escolha de um software para análise dos conteúdos dos
fóruns é a expectativa de facilidade que este artefato poderá proporcionar
quanto à definição de indicadores para localização de passagens do texto que
são relevantes para a pesquisa; além disso, a construção de referências
cruzadas eletrônicas, chamadas de hyperlinks
que são utilizadas para “saltar” entre trechos; é notória, também, a capacidade
para o armazenamento de comentários dos pesquisadores; a indexação de links; a possibilidade de utilização de
filtros para busca por segmentos de textos; a capacidade de recuperação de
segmentos de texto e por último e não menos importante a capacidade para
recuperação de atributos quantitativos do banco de dados; Flick (2009).
É importante destacar
que existem diversos tipos de softwares
para análise de dados qualitativos e que a nossa escolha recaiu em utilizar o
Atlas.ti, por haver no Programa de Mestrado em Educação da PUCPR, uma
disciplina específica para instrução da utilização. Outros programas citados em
Flick (2009), Strauss e Corbin (2008), Udo Kelle (2011), Gibbs (2009), e Gray
(2012) são: NVivo e MAXqda, por exemplo, sendo que estes últimos “têm suporte
mais simples para a codificação hierárquica” Gibbs (2009, p. 138), enquanto o
Atlas.ti suporta hierarquias por recurso de rede. Estes softwares são denominados como um SADQ, software de análise de dados qualitativos.
Para analisar no
Atlas.ti uma nova codificação foi acrescida da seguinte forma:
a) para o
aluno/professor B(1) foi estabelecida a seguinte relação: W-AlunoProfB-01, e
assim sucessivamente para todas as salas em análise; b) para o professor/tutor
P(1) foi estabelecida a seguinte relação: W-ProfB-01, e assim sucessivamente
para todas as salas em estudo. Esta modificação foi
necessária para ampliar a condição de criar grupos ou famílias, pois, toda a
pesquisa foi elaborada por salas, A, B, C, D e E.
3. CONSIDERAÇÕES
Diante do exposto iremos apresentar em nossas considerações
de como uma experiência pessoal tem a contribuir para com o pesquisador.
Um dos aspectos mais relevantes na pessoa do pesquisador é
a iniciativa aliada à pro-atividade, organização, disciplina e reflexão ou
abstração. Deve-se somar a estes pré-requisitos a essência para um trabalho bem
sucedido: saber reconhecer suas deficiências e erros e a aceitação de críticas
pertinentes e enriquecedoras.
Assim como no seu dia a
dia, ele deverá ter a capacidade de refletir sobre o que deseja construir para
obter um determinado resultado, reflexão e interpretação assumem um papel
fundamental na caminhada do pesquisador.
É importante lembrar-se
do que já relizou como indivíduo, visto ser a reflexão e abstração a base da
sua capacidade de traduzir análise de dados em desenvolvimento de pesquisa e o
respectivo resultado.
Ao longo dos anos, e
ainda na minha infância, por exemplo, a aplicação de um método já era palpável.
De muitos auxílios prestados para a minha avo, uma excelente costureira, é
possível extrair um passo a passo para a extração de um molde de uma peça de
costura.
Vejamos como é possível:
a) escolher o modelo a ser extraído do conjunto composto por diversos moldes e
tamanhos; b) estender o “mapa” de moldes sobre uma mesa; c) aplicar sobre o
mapa uma ou mais folhas de papel transparente; d) sobre este papel transparente
estabeler as linhas do molde escolhido, utilizando para isto um lápis, caneta,
ou utilizando uma carretilha para molde de costura; e) recortar o molde
estabelecido no papel; após esta etapa provavelmente o tecido já havia sido
escolhido e seguia-se, então, para a marcação no tecido com o auxílio de um giz
apropriado; f) após o corte do tecido é estabelecido; g) na sequencia a união
das peças com um alinhavo; h) após uma primeira prova e os ajustes necessários;
i) feito isto a costureira efetuava a costura na máquina, fazia os ajustes
necessários e seguia-se uma nova prova com a peça vestida pelo interessado; j)
novos ajustes se necessário, acabamentos e finalização.
Nas diversas ciências
ocorre com frequencia e muitas vezes de forma rotineira esta situação tamanha a
confiança que se adquiriu com as praticas oriundas de diversos processos,
iniciados, analisados, testados ao longo de anos, décadas, séculos. Neste caso
cabe ao pesquisador apropriar-se da dúvida para estabelecer critérios para a
sua pesquisa. Um alto grau de aptidão crítica é, sem dúvida, elemento de apoio
para o enriquecimento da pesquisa.
Insistimos na
importância da coordenação, disciplina e coerência, abstração e reflexão,
anotações em todas as etapas, exploração de possibilidades, ou seja, este ou
aquele é o melhor caminho, aqui entendido como o método a ser aplicado e/ou
seguido.
A Pesquisa Qualitativa
(PQ) está diretamente relacionada ao aprofundamento de um estudo, seja de uma
organização ou grupo social existente em uma área geográfica ou em um ambiente
virtual, disposto nas mais diversas plataformas virtuais nos cinco continentes.
Assim, entendemos haver
sido comprovado, de acordo com procedimentos rotineiros na vida de um
determinado profissional, neste caso uma costureira e deste autor, que um método é o caminho a ser percorrido e
sedimentado com os conhecimentos adquiridos de forma regular e constante,
aprimorados e discutidos para melhoria dos diversos trabalhos de pesquisa.
Para salientar o caráter de comprovação do método aplicado
ao projeto em questão e não ter sido possível encontrar um método já explorado
é que buscamos e apresentamos abaixo um quadro no qual é possível constatar a
importância de se conhecer o que significa seguir por um caminho, sendo este
entendido como um método para pesquisa. O Quadro 1, apresenta dados que visam
chancelar o assunto explorado neste artigo.
Quadro 1. O método
segundo alguns autores.
Autor
|
Teoria apresentada
|
Para este autor: o
método é um processo natural oriundo da percepção e da capacidade de criação
do pesquisador.
|
Flick (2009, p. 18)
|
O conhecimento do cotidiano pode ser
usado como ponto de partida para o desenvolvimento da pesquisa empirica.
|
|
Bonat (2009, p. 21)
|
O método é o caminho a ser trilhado
pelo pesquisador [...]. Pode ser entendido como um conjunto de etapas que serão
vencidas de forma sistematizada na busca pela “verdade”.
|
|
Ciribelli (2003, p. 30)
|
Podemos definir método como o
procedimento, ou conjunto de procedimentos que servem para alcançar o fim da
investigação [...].
|
|
Apolinário (2007, p. 132).
|
Sequência lógica de procedimentos
que se deve seguir para a consecução de um objetivo. Neste sentido mais
geral, todas as formas de conhecimento são caracterizadas pela presença do método.
|
|
Strauss e Corbin (2008, p. 17).
|
[...] um conjunto de procedimentos e
técnicas para coletar e analisar dados.
|
|
Kahlmeyer-Mertens
(2007, p.115).
|
“[...]
método se define como um modo de poceder, seja um fazer, um agir, um
conhecer, para alcançar um fim previamente projetado. Abreviadamente: método
é a ordem dos elementos de um processo para atingir um fim (Descartes, 1999, Apud:
Kahlmeyer-Mertens, 2007).
|
|
Leni (1965 p. 148).
|
[...] o método é a alma da
teoria. Apud: Minayo, (1993, p. 9).
|
Fonte: O autor, 2014,
adaptado das obras citadas.
Por
fim um pesquisador dever ser criterioso, criativo, disciplinado, dedicado e
humilde o suficiente para aceitar críticas, reflexivo e saber interpretar os
dados com os quais estará trabalhando, além de compreender que nada é
definitivo, sempre haverá a possibilidade de se fazer mais e melhor.
REFERÊNCIAS
APOLINÁRIO,
Fabio. Dicionário de metodologia: um
guia para a produção do conhecimento científico. 1. ed. 2 reimpr. São Paulo:
Atlas, 2007.
BARDIN,
Laurence. Análise de conteúdo. São
Paulo: Edições 70, 2011.
BONAT,
Debora. Metodologia da Pesquisa. 3
ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.
CHEES, Brian J.S.; FRANKLIN JUNIOR., Curtis. Cloude Computing – Computação em Nuvem. São
Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2013.
CIRIBELLI,
Marilda Corrêa. Como elaborar uma
dissertação de mestrado através da pesquisa cinetifica. Rio de Janeiro:
7Letras, 2003.
FLICK, Uwe.
Introdução à pesquisa qualitativa. 3.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FLICK, Uwe.
Introdução à Metodologia de Pesquisa: um
guia para iniciantes. Porto Alegre: Penso, 2009.
GATTI,
Bernardete e ANDRÉ, Marli. A relevância dos métodos de pesquisa qualitativa em
Educação no Brasil. In: WELLER, Wivian, PFAFF, Nicole (Orgs). Metodologias da pesquisa qualitativa em
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Graham. Análise de dados qualitativos. Porto
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GRAY, David
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Penso, 2012.
Kahlmeyer-Mertens, Roberto S. [et al]. Como elaborar projetos de pesquisa:
linguagem e método. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
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Análise com auxílio de computador: codificação e indexação. In: BAUER, Martin
W, Gaskell, George (Orgs). Pesquisa
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RJ: Vozes, 2011. p. 393-415.
KRüGER,
Heinz-Hermann. A relevancia dos métodos de pesquisa qualitativa em Educação na
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Vozes, 2010, p. 39-52.
LANKSHEAR,
Colin. KNOBEL, Michele. Pesquisa
pedagógica: do projeto à implementação.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
MINAYO,
Maria Cecília de Souza. O desafio da pesquisa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Editora Vozes:
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SIEVERT, G.
L. Formação online para professores que atuam com alunos em tratamento de
saúde. Orientadora: Elizete Lúcia Moreira Matos. Curitiba: PUCPR, 2013.
STAKE,
Robert E. Pesquisa qualitativa: estudando
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Alegre: Penso, 2011.
STRAUSS,
Anselm; CORBIN, Juliet. Pesquisa
qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria
fundamentada. Porto Alegre: Artmed,
2008.
[1] Mestre em
Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCPR; Especialista em
Formação Pedagógica do Professor Universitário; Especialista em Gestão
Estratégica de Custos e Preços; Administrador de Empresas, Professor
Universitário.
[2] Para aprofundar o
entendimento a respeito consultar Flick (2009 p. 20-38), Bardin (2011, p.19-22), Gatti
e André, (2010, p. 33), Krüger (2010, p.39-52).
[3] Conforme: SIEVERT,
G. L. Formação online para professores que atuam com alunos em tratamento de
saúde. Orientadora: Elizete Lúcia Moreira Matos. Curitiba: PUCPR, 2013.
[5] [...] um modelo de
processamento de informação no qual recursos de computação administrados de
forma centralizada são oferecidos como serviços, à medida que são demandados,
através da rede para uma variedade de aplicativos que permitem a interatividade
com o usuário. Chees e Franklin Jr. (2013, p. 21).
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