Publicado na Revista Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu - ISSN 1519-8529 - Vol. 8, nº 31 (2014) Julho
EaD:
A ESTRUTURA DE UM CURSO ONLINE SOB A
ÓTICA DA TEORIA
Sievert, Genaldo Luis.[1] SIEVERT, G.L.
Matos, Elizete Lucia
Moreira.[2]
Resumo
Este artigo é um recorte de uma
Dissertação e tem por objetivo descrever a análise realizada em uma estrutura
de um curso online, utilizando como
suporte as teorias desenvolvidas pelos seguintes autores: Harasim (2005),
Mattar (2012), Palloff e Pratt (2004), Silva (2010) e Behar (2009). O curso online foi desenvolvido na plataforma
Eureka, um Ambiente Virtual de Aprendizagem. A pesquisa realizada é
exploratória, qualitativa e realizada em cinco salas virtuais. A seguinte
metodologia foi utilizada: a) acesso ao Plano de Trabalho; b) Expansão do
conteúdo de cada Unidade de Ensino; c) Expansão de cada Atividade das Unidades
de ensino; d) Abertura de arquivos e checagem dos conteúdos; e) Acompanhamento
dos Chats, Fóruns e troca de
mensagens. Para chancelar a análise um Quadro de checagem da teoria utilizada
foi elaborado. A análise apurou aspectos importantes como: conteúdos
apropriados, reconhecimento de diferenças regionais na temática do curso, uma
prévia ambientação além de feedback
positivo por parte dos participantes quanto a conteúdo apropriado e estratégias
de desenvolvimento do curso online.
Os aspectos negativos foram a aplicação dos Chats
e a falta de feedback.
Palavras-chave: AVA. Pesquisa
qualitativa. Curso online. Educação a
Distância.
The
structure of an online course from the theorical view
ABSTRACT
This paper is part of a Thesis and aims to describe an analysis made in
the structure of an online course, basing it on the theories developed by the
following authors: Harpassem (2005),
Mattar (2012), Palloff and Pratt (2004), Silva (2010) and Behar (2009). This
online course was developed with Eureka platform, a Virtual Learning
Environment.The survey was exploratory, qualitative and was taken from five
virtual rooms. The methodology applied was: a) access to the Work Plan; b)
Development of the Content in every Learning Unit; c) Development of every
Activity in the learning unity; d) Opening files and checking on the contents;
e) Following up Chats, Forums and the messages exchanges. In order to highlight
the analysis, it was produced a checking chart.The investigation pointed
important aspects like: suitable contents, acceptance of the regional
differences concerning to the course theme, early environment familiarization,
furthermore a positive feedback from the partakers about setting contents and
strategies adopted for de online course development. The negative aspects were
the appliance of chats and lacking of feedback.
Key-words: LVE. Qualitative Survey. Online Course. Distance
Education.
1.
Introdução
A evolução
proporcionada com o advento da Word Wide
Web[3]
alcançou todos os segmentos da sociedade e não foi diferente com o segmento
relacionado à educação. Este setor, apoiado por ações governamentais, evoluiu e
há ai uma grande oportunidade para pesquisadores, principalmente, àqueles que
desejam realizar pesquisas em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), seja em
cursos regulares, de formação continuada, extensão ou de outra natureza levados
a termo em plataformas virtuais. As oportunidades se multiplicam e oportunizam
a todos que desejam iniciar, continuar ou aperfeiçoar seus estudos condições nunca
antes imaginadas.
Assim, desejoso de
compreender se a estrutura de um curso específico vai de encontro aos anseios
dos participantes e às teorias dos autores citados, iremos tecer nossas
primeiras considerações.
Um curso online deve ter como ponto de partida
uma plataforma consistente que possa oferecer a professores e alunos uma
interface que contemple múltiplas possibilidades. Neste sentido deverá ser
possível estruturar as disciplinas, aportar conteúdos, delimitar horários de
abertura e fechamento de atividades, além de ser possível oferecer espaço aos
alunos e professores para inserção de conteúdos de trabalhos solicitados e/ou
documentos que as partes envolvidas possam considerar útil para contribuição
junto aos participantes. Neste viés estaremos verificando, de forma sucinta, o
que foi ofertado em cada disciplina e a estrutura oferecida como elemento
orientador aos discentes.
O Curso de Extensão
ofertado na modalidade de Educação a Distância (EaD) por meio do AVA Eureka
ocorreu no período compreendido entre o mês de agosto e o mês de novembro de
2012. O curso foi organizado em 12 Unidades de Aprendizagem sendo algumas
compostas por Fóruns e Chats além de
intensa atividade para 60 horas de trabalho e um total de 301 alunos
distribuídos em 5 salas virtuais, e reúne profissionais de diversos estados do
Brasil.
A estrutura e
desenvolvimento do curso e escolha das atividades, o sincronismo entre as
atividades, a caracterização dos conteúdos com a intenção e objetivo do curso
ofertado são preocupações que encontramos em destaque nas obras de Harasim
(2005, p. 189), Mattar (2012, p.117), Pallof e Pratt (2004, p.63-64), Silva
(2010, p. 215) e Behar (2009); estes autores enfatizam a necessidade de um bom
e adequado planejamento e que para isto é relevante a experiência do professor:
Harasim entende que: “o professor precisa determinar de que tipo de treinamento
os alunos precisam – se deve começar o trabalho em grupo ou aos poucos
implementá-lo”; Mattar destaca: “o professor de EaD deve também elaborar o design
das atividades que utilizará com os alunos. Em termos gerais as atividades
podem ser divididas em síncronas e assíncronas”; Pallof e Pratt comentam que: “Reconhecer os
modos diferentes pelos quais os alunos podem responder às técnicas de ensino on-line e estar sensível às barreiras
culturais e aos obstáculos são outros meios de fazer com que a sala de aula on-line se torne mais aberta a
diferentes culturas”; Silva salienta: “O professor precisará estar em sintonia
com o desenho didático do curso para não subutilizá-lo e, a partir dele, formar
e educar”, e Behar sinaliza a importância de “não transferir o conteúdo do
ensino presencial para o virtual, simplesmente”.
2.
Analisando a estrutura do curso online
As atividades iniciais
do curso online foram marcadas pela
ambientação ao sistema Eureka e pela realização de um Fórum inicial para cada
uma das cinco salas virtuais. Muitas atividades marcaram as primeiras
atividades, como por exemplo, enviar uma mensagem de boas vindas a todos os
participantes do curso, via e-mail. Além de participar do Fórum os alunos
também deveriam postar materiais na pasta da sala, além de links de acordo com
a orientação contida nas duas Unidades iniciais.
Nesse
sentido é importante o que apontam Palloff e Pratt (2004, p. 107) que acreditam
que:
[...] a primeira
semana de um curso on-line deve ser utilizada para as atividades de construção
da comunidade, tais como o envio de apresentações pessoais e dados biográficos,
discussão de objetivos de aprendizagem e das diretrizes do curso. Isso
estabelece o ambiente adequado para o curso on-line,
antecipa aos alunos o que acontecerá no curso durante o semestre,
ajudando-os a desenvolver expectativas realistas sobre o tempo que precisarão
dedicar ao curso.
Diante destas
considerações iniciais apresentamos a seguir um Quadro onde estão identificadas
todas as Unidades do curso online.
Quadro
1 – Estrutura do curso online
Unidade 01
|
Informações
Básicas
|
Unidade 02
|
Fórum de
Ambientação e Integração
|
Unidade 03
|
Atendimento
pedagógico educacional do escolar em tratamento de saúde
|
Unidade 04
|
Políticas
Públicas Educacionais voltadas ao escolar em tratamento de saúde
|
Unidade 05
|
Mudança de
Paradigmas na educação e na saúde
|
Unidade 06
|
Educação e
Saúde: cuidados básicos do professor no atendimento pedagógico
|
Unidade 07
|
SAREH – Serviço
de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar
|
Unidade 08
|
Escolarização
hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar – SME
|
Unidade 09
|
Contação de
história
|
Unidade 10
|
Múltiplas
linguagens
|
Unidade 11
|
Portfólio
|
Unidade 12
|
Fórum:
Seminário final
|
Fonte:
os autores 2013.
Os conteúdos são
essenciais na educação à distância e devem ser preparados pelos próprios
professores com o objetivo de se evitar a utilização de materiais elaborados
por conteudistas. Mattar (2012) ressaltada que tal condição pode levar a
situações embaraçosas e que causam desconforto ao Moderador. Para Behar (2009,
p. 27), o conteúdo é “o que” será trabalhado. A autora salienta que este pode
ser desde um simples material instrucional, páginas da Web, objetos de aprendizagem e algumas vezes um software. Se junta a estes fatores o
design do material, além de aspectos pedagógicos, se é motivador e interativo e
a disponibilização dos materiais. Não bastam trazer do ensino presencial os
conteúdos, pois, não há como transferir uma proposta do presencial para o
virtual Behar et al(2009); Palloff e Pratt (2004).
A estruturação e a
ordem de apresentação dos conteúdos tornam-se, desta forma, fator de sucesso e
bom desenvolvimento por parte dos alunos. Para extração dos dados do Plano de
Trabalho do AVA foi estabelecida a seguinte metodologia: a) acesso ao Plano de
Trabalho; b) Expansão do conteúdo de cada Unidade de Ensino; c) Expansão de
cada Atividade das Unidades de ensino; d) abertura de arquivos e checagem dos
conteúdos; e) acompanhamento dos Chats,
Fóruns e troca de mensagens.
Visto que as atividades
iniciais foram de Ambientação vamos a partir de agora nos ater às Unidades.
A Unidade 03 (U03): na
atividade 01 o aluno é convidado a assistir dois vídeos e a ler cinco frases de
autoria de Paulo Freire. Após isto é convidado a elaborar um conceito inicial
sobre o atendimento pedagógico a escolares em tratamento de saúde; após deverá
enviar o arquivo salvo clicando em “Enviar Trabalho”.
Na atividade 02 os
discentes deveriam ler um arquivo disponibilizado intitulado “Descrição das
práticas pedagógicas em efeito: projeto mirim de hospitalização escolarizada”,
composto por 18 páginas.
Na atividade 03 foram
postados para leitura e consulta 06 arquivos e 06 vídeos. Objetivo:
potencializar a prática educativa. Um Chat,
com apoio teórico de um arquivo denominado “Educação e Saúde” em formato Power Point, foi programado com duração
estimada de 30 minutos. Quanto ao Chat é
relevante o que descreve Mattar (2012, p. 119): “Entretanto, é muito
interessante que sejam propostos, antes dos Chat,
alguns temas, textos para leitura, links, vídeos, etc., para que os
participantes cheguem preparados para o debate”.
A Unidade 04 (U04):
denominada “Políticas Públicas Educacionais voltadas ao escolar em tratamento
de saúde”, é composta por duas atividades. Na atividade 01 são disponibilizados
um texto, uma apresentação de conteúdo elaborado pelas professoras responsáveis
pela Unidade com 56 lâminas e um vídeo. O texto intitulado “Políticas
Educacionais para o atendimento a estudantes hospitalizados: algumas questões”.
É composto por 13 páginas.
O objetivo desta
Unidade é gerar uma reflexão sobre Políticas Públicas Educacionais voltadas ao
escolar em tratamento de saúde. Para tal foi solicitado aos alunos que
realizassem a leitura do artigo e do conteúdo da apresentação e, também,
assistir ao vídeo. Após a realização destas tarefas os alunos deverão elaborar
um parágrafo, até cinco linhas, a respeito das Políticas Públicas voltadas para
a Educação Hospitalar, no Brasil ou no seu Estado. Após esta etapa os alunos
deveriam socializar com seus colegas por intermédio de um Fórum. Esta etapa é
conteúdo da atividade 02 desta Unidade.
A Unidade 05 (U05).
Esta Unidade com o tema “Mudanças de Paradigmas na Educação e na Saúde” tem por
objetivo desenvolver o senso crítico do aluno virtual situando-o no ambiente
complexo em que vivemos nas últimas décadas do século XX e início do XXI e que
exigirá destes profissionais uma reflexão para a prática de novas abordagens de
forma inovadora e adaptada aos alunos em tratamento de saúde em hospitais e/ou
domicílio.
O desenvolvimento da
Unidade exigiu a leitura de um texto, assistir a um vídeo e, após isto, a
apresentação de um texto em que o aluno/professor deveria estar relatando uma
experiência que pode ser considerada inovadora na prática de atendimento
escolar hospitalar. O texto indicado para leitura foi: Conexão paradigmática da
saúde e educação: desafio do reencontro possível, de autoria da Professora
Doutora Marilda Aparecida Behrens.
Para desenvolvimento da
Unidade 06 (U06) intitulada “Educação e saúde: cuidados básicos do professor no
atendimento pedagógico”, compostas por duas atividades foram propostos: a
leitura de um artigo destacando a relevância do professor no contexto
hospitalar, assistir a seis vídeos relacionados à temática e um vídeo de boas
vindas, compondo a Atividade 01. A atividade 02 foi composta pela leitura do
texto e a posterior participação em um Fórum para discussão da importância da
aplicação de princípios básicos de higienização, e a importância da formação
continuada para os profissionais que atuam nesta atividade específica. Os
alunos deveriam estar respondendo aos questionamentos do professor, no Fórum,
além de realizar um comentário sobre a atividade desta Unidade de ensino.
A Unidade 07 (U07),
intitulada “Conhecendo o SAREH – Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização
Hospitalar”.
As atividades a
realizar foram: leitura de um texto e de uma apresentação em Power Point, além de links de atividades
relacionadas à legislação. Além destes elementos foram disponibilizados links
para uma webconferência disponível no
site da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, com duração de 46’
(minutos) e o segundo link apontando para um vídeo disponível no site do YouTube.
Como atividade
complementar os alunos/professores deveriam, após assistir aos vídeos e a
realização das leituras apresentar um texto com relato de uma experiência no
atendimento ao escolar em tratamento de saúde.
A Unidade 08 (U08) foi
intitulada “Escolarização Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar”.
O objetivo desta
Unidade foi conduzir o aluno/professor à compreensão do que é realizado pela
Secretaria Municipal da Educação de Curitiba.
Foram disponibilizados
vídeos, além de diversos textos pertinentes à escolarização hospitalar,
política do atendimento pedagógico domiciliar, orientações a este atendimento e
aspectos legais com destaque para a legislação que apoia esta atividade.
Podemos perceber de
forma clara que os vídeos têm permeado as Unidades disponibilizadas pelos
professores/tutores, mesmo por que, estas mídias são altamente motivadoras e
destacam trabalhos realizados por profissionais do contexto em estudo. Estes
momentos são únicos levados a termo por profissionais proativos e que encontram
nestes ambientes uma motivação ímpar própria dos humanos preocupados com o bem
estar e a recuperação de crianças e adolescentes em tratamento de saúde em
hospitais e em domicílio.
A Unidade 09 (U09)
trouxe ao contexto um aspecto que tem permeado a história da humanidade: a
Contação de História. Quem de nós não se lembra de uma história contada por um
de nossos avós, tios, ou pais. Estes momentos sempre foram repletos de visões
elaboradas pela vivência pessoal de cada um em seu espaço/tempo e foram tão
importantes quanto os ensinamentos que nos foram transmitidos nas escolas.
Fantasias ou não o que dá importância a estes momentos é o fato de que nos
somos aquilo que ouvimos, vivemos e presenciamos. Assim, para uma criança ou
adolescente em um leito hospitalar um momento como este pode ser altamente
motivador, pode leva-los a refletir, sorrir e, principalmente, por um breve
momento fazê-los sentir-se inseridos no mundo que ficou lá fora, saber-se
querido e importante para a sociedade e família poderá, neste momento, fazer
uma enorme diferença e motivá-los a prosseguir na luta contra a adversidade que
o acometeu, mesmo que temporariamente.
Durante esta Unidade os
participantes foram convidados a destacar a importância da Contação de História
na formação do indivíduo no processo de ensino e aprendizagem durante o
tratamento de saúde.
Um texto e um link foram utilizamos como material de
apoio.
O Texto apresentado
destaca a importância do planejamento da atividade Contação de História em
Ambientes Hospitalares.
Além das atividades já
citadas o professor/tutor da Unidade solicitou aos alunos/professores que um
relato de vida fosse transformado em um conto de fadas. Este é um momento único
para todos estes alunos/professores, onde poderão deixar fluir a capacidade de
abstração e reflexão, elementos importantes, já destacados e corroborados por
autores de destaque na literatura mundial.
Após transformar esta
experiência numa Contação de História o aluno/professor deveria presentear uma
criança em tratamento de saúde com a história por ela vivenciada e
transformada, de modo a torna-la um elemento didático-pedagógico único. Esta
atividade é altamente relevante visto a transformação de vivencias
experienciais pessoais em vivencias de transformação e transmissão de
conhecimento. O aluno/professor deveria, também, realizar o registro desta
atividade por meio da apresentação de um portfólio incluindo fotos e outros
elementos que considerasse relevante para o registro da atividade.
A professora/tutora
apresentou diversos links de filmes e
de campanhas publicitárias para orientar o aluno/professor em formação
continuada quanto à pertinência do assunto desta Unidade.
A Unidade 10 (U10), com
o título “Múltiplas Linguagens” teve como objetivo dar subsídios teóricos a
respeito do tema objetivando a reflexão sobre a importância desta temática para
aplicação aos escolares em tratamento de saúde.
Assim, foram
apresentados dois textos e um link,
sendo que os alunos/professores deveriam escolher um dos textos, acessar ao link de um vídeo, apresentar um link criativo, também de um vídeo, e
participar do Fórum pertinente à temática.
Após a escolha do texto
e de assistir ao vídeo os participantes deveriam elaborar um posicionamento de
cinco linhas a partir das considerações dos autores e socializar no Fórum,
discutindo os aspectos relacionados às Múltiplas Linguagens.
Unidade 11 (U11) com o
tema “Portfólio Digital” teve como objetivo o seguinte: orientar o
aluno/professor sobre como deveria elaborar o seu Portfólio Digital, sendo este
elemento da avaliação do curso. A avaliação do Curso Online em sua totalidade foi composta por 75% de participação nas
Unidades do Curso e os 25% restantes pela apresentação do Portfólio Digital.
Como estímulo a esta atividade foi considerado que os melhores Portfólios
seriam escolhidos para uma publicação; os alunos/professores foram orientados
quanto aos aspectos de autorização de uso de imagens e filmagens, bem como de
imagens fotografadas, além do termo de livre consentimento assinado por todos
os envolvidos.
A atividade
disponibilizou um tutorial para o desenvolvimento do Portfólio.
Na Unidade em análise
também foi feito convite para a elaboração de um artigo voltado a formação de
professores que atuam com escolares em tratamento de saúde, sendo este inédito
e devendo obedecer às normas da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Outras orientações pertinentes à organização dos artigos foram disponibilizadas
no AVA.
Acrescido a estas
atividades foi proposta a realização de um Chat
com participação não obrigatória.
A Unidade 12 (U12) foi
organizada com o propósito de realização de um “Seminário de Debate Coletivo
sobre o Curso Online”, com a intenção
de obter, em um último momento de interação, as impressões, positivas ou
negativas dos alunos/professores, além de haver a solicitação de apresentação
de sugestões, é solicitado, também, que o participante deixe uma mensagem a
todos que compartilharam este espaço virtual, podendo ainda, interagir com os
demais.
E para comprovar se as
estratégias e conteúdos foram de encontro às citações iniciais adicionamos
abaixo o Quadro 2 que servirá para a verificação da relevância dos conteúdos e
estratégias elencadas pelos professores do curso online.
Quadro
2 – Checando as recomendações dos autores citados
Aspecto
relevante
|
Autor
|
Elemento
teórico citado
|
O início dos trabalhos
|
Harasim (2005)
|
“o professor precisa determinar de
que tipo de treinamento os alunos precisam – se deve começar o trabalho em
grupo ou aos poucos implementá-lo”.
|
O professor deve elaborar as
atividades
|
Mattar (2012),
|
“o professor de EaD deve também
elaborar o design das atividades que utilizará com os alunos. Em termos
gerais as atividades podem ser divididas em síncronas e assíncronas”.
|
Reconhecer o modo diferente do
ensino online
|
Pallof e Pratt (2004)
|
“reconhecer os modos diferentes
pelos quais os alunos podem responder às técnicas de ensino on-line e estar sensível às barreiras
culturais e aos obstáculos são outros meios de fazer com que a sala de aula on-line se torne mais aberta a
diferentes culturas”.
|
Sintonia com a estrutura da
plataforma utilizada
|
Silva (2010)
|
“o professor precisará estar em
sintonia com o desenho didático do curso para não subutilizá-lo e, a partir
dele, formar e educar”.
|
Conteúdo apropriado ao ambiente
|
Behar (2009)
|
“não transferir o conteúdo do
ensino presencial para o virtual, simplesmente”.
|
Fonte:
os autores 2013.
É nosso desejo, também,
apresentar alguns dados pertinentes às interações ocorridas nos Fóruns, pois,
observamos durante nossa análise que a maioria dos professores o utilizaram no
sentido de fomentar o diálogo textual e aprimorar o conhecimento por meio da
troca de informações e por ser esta condição essencial para o sucesso de um
curso online. Nas considerações que
adicionamos a seguir avaliamos a importância de um Fórum inicial para
ambientação e integração dos alunos/professores. Traçamos nossas considerações,
trazendo-as à luz de teorias de autores já consagrados no cenário nacional e
internacional.
Fomentar o diálogo, aprender fazendo, trocando experiências, estímulos,
narrando expectativas e práticas vivenciais, esta é, sem dúvida, uma maneira
humana de socializar, de romper barreiras às dificuldades de comunicação que a
narrativa oral provoca. O que é ouvido e não registrado de pouca lembrança ou
utilidade nos é, porém, ao narrar experiências deixando-as registradas em um
caderno, livro ou mídia eletrônica, provavelmente para a posteridade ficará.
As comunicações online e a participação necessária de todos os
envolvidos acentua o papel do aluno/professor e a sua responsabilidade para a
criação da comunidade. Incentivar os alunos e acompanha-los é essencial para o
sucesso do curso, interação e mediação, colaboração. A diversidade de
comentários é de uma riqueza ímpar visto que há alunos-professores de vários
estados do Brasil.
Os processos
interacionais são originados quando os alunos virtuais são chamados a refletir
e, esta é uma qualidade fundamental aos participantes de um curso online visto que a estes será solicitada
a participação em Fóruns ou Chats em
momentos específicos e para o início de uma destas atividades, quase sempre, os
professores/tutores utilizam um texto, um vídeo, ou mesmo uma mensagem
instigante, para dar início à tarefa. Palloff e Pratt (2004, p. 32) entendem
que:
O fato de apenas
pedir aos alunos para responderem às questões de discussão e às mensagens de
seus colegas é o suficiente para dar início ao processo de reflexão. Os alunos
aprendem que um dos aspectos mais belos da aprendizagem online é que eles têm tempo para refletir sobre o material que
estudam e sobre as ideias de seus colegas antes de escreverem suas próprias
respostas.
A interação quando
estimulada em um Fórum pode se tornar fonte de uma grande massa de dados que poderá
ser utilizada durante vários estudos de pesquisa. Tamanha é a diversidade que
emergem das reflexões dos participantes que as dificuldades de organização do
material pode se tornar uma grande tarefa a ser executada por um longo período.
Um Fórum inicial foi
instituído e teve como proposito: inserir o aluno virtual no ambiente e fazê-lo
perceber a importância de contribuir, de cumprir um período estipulado para a
postagem de conteúdo, compreender a necessidade de socializar-se para, além de
contribuir, obter diferentes percepções a respeito do que realiza
profissionalmente. Para que as trocas experienciais fossem levadas a termo foi
solicitado que os alunos/professores anotassem em seus relatos uma apresentação
criativa, sua formação, área de atuação e uma experiência com escolares em
tratamento de saúde.
De acordo com Moore
(2010, p. 152-153), três tipos de interação distintos podem caracterizar-se
como apresentados no Quadro 1:
Tipo de interação
|
Aspecto geral
resumido
|
Aluno/Conteúdo
|
[...] É a interação
com o conteúdo que resulta nas alterações da compreensão do aluno, aquilo que
algumas vezes denominamos uma mudança de perspectiva. Na educação a
distancia, o conteúdo necessário para esse processo é criado e apresentado
pelos profissionais que elaboram o curso e ajudam cada aluno à medida que ele
interage com o conteúdo e o transforma em conhecimento pessoal.
|
Aluno/Instrutor
|
[...] os instrutores
proporcionam conselhos, apoio e incentivo a cada aluno, embora a extensão e a
natureza desse apoio variem de acordo com o nível educacional, a
personalidade e a filosofia do professor e outros fatores educacionais e
organizacionais.
|
Aluno/Aluno
|
[...] Trata-se da
interação dos alunos, da interação de um aluno com outros alunos. [...] é a
interação de aluno para aluno em ambientes on-line, quando as pessoas não se
reúnem face a face [...].
|
Fonte: Adaptado
de Moore, 2010.
Este procedimento
inicial vai de encontro à necessidade humana de comunicar-se de modo constante,
incessante e, talvez isto tenha sido o fator de sucesso, estrondoso, que se
atribuiu às redes sociais apoiadas na grande rede mundial, a Internet.
Nunca estivemos sós,
nunca nos percebemos absolutamente isolados. Em algum momento, mesmo que
sozinhos, estamos em contato com o ambiente a nossa volta. Kenski (2012, p.
120), nos apresenta uma interessante reflexão de Amir Klink quanto a este
aspecto:
[...] Amir
Klink, que diz que nunca se sente só – apenas desacompanhado. Pela aparelhagem
eletrônica que dispõe em seu barco, ele consegue interagir e se comunicar o
tempo todo com os técnicos que o auxiliam na viagem, a família, os amigos e
muitas outras pessoas. Sem a interação e a colaboração permanente dessas
pessoas, o navegador jamais conseguiria levar adiante seus audaciosos projetos.
Kenski (2012) ressalta
que há uma suposta confusão quando imaginamos que estamos falando de processos
e de momentos diferentes, quanto à interação. Para ela, neste momento estamos
falando de mediação realizada pelas tecnologias o que simplesmente acelerou a
forma como interagimos, pois, desde os mais remotos tempos é possível perceber
a necessidade que a nossa espécie tem de interagir com os outros e com o
ambiente em que está inserido. Estamos apenas em um novo tempo e contexto.
A interação com relação
ao aluno-instituição e alunos-alunos pode ser mais bem compreendida quando
observamos o que destaca Belinski (2009, p. 92-93) com relação ao aluno:
Desde a
pré-inscrição é importante manter contato sistemático e permanente com ele para
estimular sua continuidade. Em alguns casos, é até necessário enviar panfletos
impressos para mostrar o que o curso e a instituição exigem na realidade. Com a
matricula do aluno é possível tornar virtual esse contato por e-mail ou
celular. O importante é planejar como será a interação, se mais constante ou
pontual. Para o aluno é importante criar um sentimento de pertencer a um grupo,
principalmente em cursos mais longos, como uma graduação de quatro anos.
Torres (2003, p. 36-37)
destaca a importância do trabalho colaborativo para a educação a distância e
aponta que há inúmeras soluções pedagógicas que podem auxiliar na superação do
paradigma do trabalho individualizado. Salienta que as soluções online visam à
construção do saber no grupo ou no indivíduo quando destinado a neutralizar a
redução do distanciamento físico e temporal.
Um Fórum é uma das
ferramentas mais adequadas para dialogar em um ambiente online.
Segundo Vaillant (2012,
p. 210), “a comunicação assincrônica através do fórum de discussão foi a que
mais atenção recebeu de pesquisadores”. Não poderia ser diferente nos Fóruns
propostos para os profissionais neste curso online.
É nesta condição que
com certeza iremos encontrar aspectos marcantes da socialização entre estes
alunos/professores e seus tutores/mediadores. A autora destaca, também, que: “A
dimensão social vem a incluir todas aquelas declarações dos alunos ou tutores
nas quais se fomenta a criação de uma dinâmica de grupo, promovem-se as
relações sociais, além da expressão de emoções e a formação de grupos”
(Vaillant, 2012, p. 212).
Entendemos, então, que
os alunos que participam de Fóruns de integração devem fazê-lo de forma a
entregar-se ao diálogo e à troca escrita de relatos de experiências.
É importante por parte
dos alunos, também, atender aos chamamentos dos seus tutores quando houver uma
especificidade, como por exemplo, apresentar-se declinando seu currículo e sua
vivência neste ou naquele campo de atuação, por exemplo. Muitas são as formas
que poderão evidenciar a presença de alunos no ambiente virtual. Entendemos que
comunicar-se, e partilhar sua experiência, vivência e capacidade de transmitir
por meio textual, seja uma das mais importantes.
Para
Palloff e Pratt (2004, p. 47), a comunicação assíncrona, como ocorre em um
Fórum é a melhor maneira de sustentar a interatividade de um curso on-line. Os autores apresentam outros esclarecimentos
importantes: “Uma vez que os alunos determinem um ritmo e comecem a interagir
ativamente, eles assumirão a responsabilidade de sustentar esse contato, seja
pela interação social, seja como uma resposta às perguntas para discussão
enviadas pelo professor”.
3.
Considerações
Podemos considerar que
elementos de importância fundamental foram alcançados como: conteúdo elaborado/organizado
pelos professores/tutores, a sintonia dos conteúdos com a proposta do Curso,
reconhecimento das diferenças culturais regionais entendendo que não ha
apropriação de uma ação específica já realizada em um estado brasileiro como
modelo, o início com a participação de todos no reconhecimento do ambiente
virtual e de um Fórum inicial de socialização.
Outros pontos
importantes ao longo do Curso Online
foram as atividades realizadas com o apoio de Fóruns e Chats. Nestes espaços de comunicação assíncrona e síncrona é que
ocorreram momentos relevantes, sendo possível, perceber nas participações dos
alunos/professores e dos professores/tutores uma enorme vontade para interagir
trocando experiências pessoais e profissionais em um campo de atuação
específico e que se desenvolve em um ambiente dinâmico onde as exigências
profissionais e de equilíbrio pessoal são fundamentais. E as melhores
estratégias foram as aplicações de fóruns e a disponibilização de vídeos e a
aplicação do portfólio. As que obtiveram mais considerações negativas foram o Chat e as eventuais faltas em
devolutivas por parte dos professores/tutores, apontadas que foram pelos
alunos/professores.
Abaixo
apresentamos o Quadro 4 onde é possível perceber o grau de satisfação dos
alunos/professores que participaram do curso online e que comprova a pertinência dos conteúdos abordados, a
interação e compartilhamento.
Quadro
4 – Checando as manifestações dos participantes[4]
Identificação do aluno/professor
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Manifestação
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A11
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O curso teve uma boa organização. Ensinou-nos a lidar com
as ferramentas da internet, para depois adentrar ao assunto propriamente do
curso.
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A48
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A participação e a interação com vários colegas e tutores
foi um dos fatores relevantes que promoveram trocas de informações e
conhecimentos que poderão ser utilizados em nosso cotidiano. O material do
curso foi muito bem escolhido e o atendimento às nossas solicitações foi
relevante e prontamente atendido.
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B43
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Com relação a impressão sobre o curso considero que teve
somente pontos positivos, porque às leituras que realizei foram muito
relevantes, pois os conteúdos dos documentos encaminhados eram de teor
crítico e reflexivo, que proporcionaram aprofundar meus conhecimentos, bem
como, perceber com as trocas realizadas que não estou sozinha nas
dificuldades e anseios. O que me agradou desde o inicio foi a relação humana
dos moderadores com os cursistas, pois quando eu entrava no EUREKA para
acessar o plano de estudo, os e-mails, eu me sentia em casa, pelo cuidado e
atenção com que haviam elaborado a unidade, e também nas mensagens enviadas
[...].
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C2
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As atividades propostas tiveram uma sequência lógica,
proporcionando um aprofundamento teórico necessário, principalmente em nosso
campo de ensino – Educação Hospitalar. Os materiais postados como suporte à
leitura e os vídeos também, tiveram uma riqueza tanto em conteúdo, quanto nas
mensagens de força, perseverança no dia a dia de nosso trabalho.
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D10
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A
equipe muito organizada, a começar pelo 1° vídeo de apresentação das tutoras
que se fizeram presentes durante todo o tempo. Os materiais são ótimos, como
sou tutora em EAD, aproveitei muitos deles, e guardei todo o material para
futuros trabalhos. [...] Outro diferencial nesta formação continuada, são as
oportunidades de publicações que foram dadas aos cursistas! Enfim, o conteúdo
estava sob medida, as estratégias utilizadas foram diversificadas e os
tutores de alto nível de conhecimento.
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E32
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Os
textos, os vídeos, as trocas de experiência através dos fóruns e chats,
enfim, todo o material disponibilizado e a metodologia empregada contribuíram
para a aquisição de novos conhecimentos que, com certeza, farão a diferença
no meu desempenho profissional.
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D24
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Senti falta das devolutivas referentes às tarefas
entregues por parte de alguns professores, creio que poderia ter acontecido.
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D3
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Poucos
professores responderam as atividades, pastas, portfólio. Os chats foram
pouco acessados e a troca bem restrita. Os orientadores poderiam comentar as
publicações do fórum com perguntas provocativas para respostas mais
aprofundadas.
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Fonte: os autores 2013.
Diante das
manifestações e da checagem do que foi aplicado no curso online e do que os
autores citados enfatizam, além das manifestações do alunos/professores, é
possível afirmar que houve a realização de um curso online pertinente, com temática apropriada e inserida de forma
específica em um cenário de atuação único, a atividade de apoio ao escolar
hospitalizado e/ou em tratamento de saúde em domicilio.
REFERÊNCIAS
ATLAS TI. [Programa de computador].
2013. Disponível em: <
www.software.com.br/AtlasTI >. Acesso em: 01 de mar. 2012.
BEHAR, Patricia
Alejandra (Org.). Modelos pedagógicos em
educação a distância. Porto Alegre: Artmed, 2009.
BELINSKI,
Ricardo. Suporte ao aluno. PR,
IESDE, 2009.
HARASIM, Linda [et al]. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem on-line. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a
distância. Campinas, SP: Papirus, 2012.
MATTAR, João. Tutoria e interação em educação a
distância. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
MOORE, Michael
G. Educação a Distância: Uma Visão
Integrada. SP, Ed. Cengage Learning,
2010.
PALLOFF, Rena M.
PRATT, Keith. O aluno virtual: um
guia para trabalhar com estudantes on-line.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
SILVA, Marco.
PESCE, Lucila. ZUIN, Antônio (Ogs.). Educação
online: cenário, formação e
questões didático-metodológicos. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010.
TORRES, Patricia Lupion. Pioneirismo em educação a distância. Natal, RN: CEFET, 2003.
VAILLANT, Denise. MARCELO,
Carlos. Ensinando a ensinar: as
quatro etapas de uma aprendizagem. Curitiba: Ed. UTFPR, 2012.
[1] Mestre em Educação,
Administrador, Professor Universitário. Especializações: Formação Pedagógica do
Professor Universitário-PUCPR e Formação Estratégica de Custos e Preços-PUCPR.
[2] Doutora em Engenharia da
Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, Mestre em Educação
pela Universidade Católica do Paraná-PUCPR, Pedagoga, Especialista em
Psicopedagogia e Recursos Humanos pela PUCPR, Coordenadora dos cursos de
Especialização em Formação Pedagógica do Professor Universitário, Pedagogia
Hospitalar e Tecnologias Educacionais e professora titular da PUCPR. Docente do
Programa de Mestrado e Doutorado em Educação e do curso de Pedagogia.
[3]
Literalmente, “Teia (Rede)
Mundial”. A World Wide Web é um
acervo universal de páginas da Web (Web pages) interligadas por vínculos (links), as quais fornecem ao usuário
informações de um completo banco de dados multimídia, utilizando a Internet
como mecanismo de transporte. Sawaya (1999, p. 516).
[4]
Os códigos
de identificação dos alunos/professores foram mantidos de acordo com o conteúdo
original constante em: SIEVERT, G. L. Formação
online para professores que atuam com
alunos em tratamento de saúde. Orientadora: Elizete Lúcia Moreira Matos.
Curitiba: PUCPR, 2013.
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